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sexta-feira, 29 de março de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: CASO VERÍDICO ACONTECIDO NO ALTO DE CARANGOLA EM UMA SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO


A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: CASO VERÍDICO ACONTECIDO NO ALTO DE CARANGOLA EM UMA SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO


ANTÔNIO DE SOUSA COSTA

 

 

Minha mãe Antoninha contava um caso verídico, acontecido pouco abaixo do Arraial de Alto-Carangola, quase no final do século XIX. Nessa época, minha mãe tinha quase quinze anos, era ainda uma mocinha, quando ocorreu a notícia de um homem que tinha virado bicho no Alto-Carangola. Todos ficaram assombrados com aquela notícia, um homem virar bicho!?, não era possível nem acreditar em tal notícia. Mas era preciso verificar se era verdade mesmo. Aí, reuniu-se minha mãe com mais algumas colegas e foram ver de perto se era verdade que um homem tinha virado bicho.

 

Minha mãe Antoninha e as colegas foram até ao tal lugar indicado e constataram a verdade. Elas chegaram e viram dentro de um quarto um homem cabeludo deitado em uma cama de esteira, no chão. O homem estava com o corpo coberto de cabelo, com os dedos enrolados, com as unhas grandes e falava muito. Tinha muita gente que foi fazer visita, e todos de longe. Ninguém se atrevia a chegar perto do homem.

 

Mas, naquele momento em que minha mãe ali estava, chegou um amigo do homem que tinha virado bicho, por nome João Martins, e perguntou pelo o Egídio, como ele estava passando. De lá do quarto, onde ele estava deitado, ele ouviu a voz do amigo e deu um grito: “– Chega pra cá, João Martins. Eu preciso falar com você”. Esse fato, desse homem que virou bicho no Alto-Carangola, era muito comentado por muitos, pois o lugar ficou assombrado por muitos anos.

 

Eu conheci a casa do Egídio Fagundes, de chão, pé direito baixo, de pau-a-pique e de estuque, coberta com telha. A casa ficava em uma curva da estrada, do lado esquerdo pra quem sobe, quase chegando em Alto-Carangola, que, ultimamente, passou a chamar-se Arizona [*Orizânia]. Diziam que, se alguém passasse naquele lugar e dissesse, “é aqui que o homem virou bicho?”, ele aparecia.

 

Diziam, os mais antigos do lugar, que ele não morreu, desapareceu de uma noite para o dia. Ninguém viu a morte de Egídio Fagundes. Uma história triste e comovente de um moço que não chegou a ficar velho.

 

Contava-se que, em uma noite de sexta-feira da paixão, Egídio Fagundes arriou uma mula para repassá-la, e sua mãe detestou aquela atitude, querer repassar animal naquele dia, por ser sexta-feira santa. O moço respondeu que não tinha a ver uma coisa com a outra, e não quis atender ao pedido da mãe. Enquanto ele foi trocar de roupa, sua mãe soltou a mula e, quando ele voltou, e viu que a mula estava solta, ficou muito nervoso, e disse pra própria mãe: “– Agora vou te montar!”, e montou mesmo, na própria mãe, que o havia gerado e criado, até àquele dia, com todo carinho. Não se sabe se a mãe rogou praga nele, só se sabe que, daquela hora em diante, ele amuou em cima da cama e não levantou mais, desaparecendo sem ninguém ver o seu fim.

 

Quando eu nasci, minha mãe Antoninha já estava com trinta e dois anos, já tinha passado dezessete anos depois desse acontecimento. Alguns anos depois, eu já contava vinte e oito anos, eu e alguns companheiros músicos fomos tocar em uma festa em Alto-Carangola. A festa terminou às dez horas da noite e nós resolvemos voltar para casa. Até o momento que saímos da festa, dava pra passar naquele lugar, mas, à meia-noite, quando nos aproximamos do lugar, quando já estávamos em frente da casa, um dos colegas gritou: “– É aqui que o homem virou bicho!”, desabalamos numa correria e ninguém queria ficar para trás.

quarta-feira, 27 de março de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: ALTO DE CARANGOLA NO TEMPO DA MATA VIRGEM


A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: ALTO DE CARANGOLA NO TEMPO DA MATA VIRGEM

ANTÔNIO DE SOUSA COSTA




 
Alto de Carangola, no tempo da mata virgem, tinha nome de Quilombo, por ser o lugar aonde os escravos se escondiam dentro das matas, por não quererem sujeitar-se ao trabalho forçado que o Sinhô exigia deles. Os escravos fugiam para o quilombo e formavam um verdadeiro exército e faziam muitos roubos. Eles viviam iguais aos índios, mas, mais conhecedores do que se passava nas Fazendas. Eles saiam de noite e roubavam o que fosse necessário para o sustento deles, trabalhar não era com eles.

 

Quando um escravo fugia da Fazenda, já se sabia que ele estava no Quilombo. E, para chegar lá, quem se atrevia em ir com pouca gente?  Naquela época não existia policiamento para fazer prisão de fugitivo. Em lugar atrasado, longe do comércio, os próprios fazendeiros saíam com alguns de seus parentes e amigos, e com alguns empregados de confiança, e iam até ao Quilombo, e traziam os fugitivos. E botavam o fugitivo no tronco até castigar bem. Depois, tiravam do tronco, e o escravo era obrigado a trabalhar com a perna algemada na perna de outro escravo que não devia aquele castigo. Se fosse fazer uma capina de café em carreira, aquele escravo que não devia nada não saía da sua carreira, mas, o outro, o que devia o castigo, de pé em pé, ele tinha que atravessar, para conseguir levar a capina, até chegar ao final.

 

Alto de Carangola continuou, por muito tempo, com o nome de Quilombo. Mesmo quando eu era ainda bem menino, muitos falavam Quilombo, referindo-se ao Alto de Carangola. Ali, no Alto de Carangola, existiu um homem que virou bicho. Sobre o homem que virou bicho, o Egídio Fagundes, o caso foi muito comentado durante muitos anos, dizia-se sempre, referindo-se ao Egídio Fagundes e ao lugar do acontecido: o Bicho do Quilombo. E, hoje em dia, o lugar não é chamado nem de Quilombo, nem de Alto de Carangola, é conhecido com o nome de Arizona [*Orizânia].

terça-feira, 26 de março de 2013

O BANHO DE LULA QUE DILMA DEU EM EDUARDO - CONVERSA AFIADA


O BANHO DE LULA QUE DILMA DEU EM EDUARDO - CONVERSA AFIADA







No rosto de cada um de vocês vejo um Pernambuco gigante, como o compaheiro Lula
 


Bezzera mostra Pajeú a Dilma no mapa. Cadê o Eduardo ? (Foto de Roberto Stuckert Filho)


Saiu no Blog do Planalto:

Conseguimos fazer um conjunto de obras que mostram uma nova face para esse novo Nordeste, afirma Dilma


Entrega de retroescavadeiras, motoniveladoras e caminhões-caçamba para prefeituras do Semiárido Nordestino com mais de 50 mil habitantes, prorrogação do Seguro-Safra e Bolsa Estiagem e R$ 3,1 bilhões em investimentos para Pernambuco. Essas medidas estão entre os anúncios feitos pela presidenta Dilma Rousseff durante a inauguração do primeiro trecho do Sistema Adutor do Pajeú, nesta segunda-feira (25), em Serra Talhada (PE). No evento, ela ainda falou de crescimento econômico e da importância de se combater as desigualdades regionais e sociais.

Para combater os efeitos da seca, a pior dos últimos 50 anos, Dilma ressaltou a importância dos investimentos em obras estruturantes, que já somam R$ 32 bilhões em adutoras, barragens, canais, estações, canais, entre outras. A presidenta também falou do volume de investimentos em Pernambuco, que chega, somando as verbas de financiamento, do Orçamento Geral da União e das estatais, a R$ 60 bilhões.

Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de entrega do trecho Floresta-Serra Talhada do Sistema Adutor Pajeú e de 22 máquinas retroescavadeiras a municípios do estado de Pernambuco – as ênfases são minhas – PHA
25/03/2013


Serra Talhada-PE, 25 de março de 2013


Eu queria desejar primeiro, boa tarde, um boa tarde muito emocionado, muito amoroso a todos os homens e mulheres aqui de Pernambuco, a homens e mulheres desse nosso Brasil.

Queria cumprimentar um grande parceiro, um parceiro extremamente respeitado pelo meu governo – e, eu acompanhei de perto pelo governo do presidente Lula – nosso governador de Pernambuco, Eduardo Campos.



Eu queria dirigir um cumprimento especial a ela, – que nós te amamos – tomando emprestado do Eduardo, de dona Renata. Todos nós chamamos de dona Renata. Esse “dona” é extremamente carinhoso. A dona Renata, ela é um exemplo de mulher nordestina comprometida com uma das questões principais do nosso país, que é a questão das crianças. Eu reconheço, aqui de público, a contribuição que a Renata deu no meu governo para a questão das creches. Muita coisa aprendemos com a Renata.

(…)

… eu queria cumprimentar cada um de vocês, cumprimentar com um beijo no coração, as minhas companheiras mulheres. Eu me orgulho muito, que num país como o Brasil, ser a primeira mulher presidenta. E quando eu assumi o governo, eu disse que ia honrar as mulheres porque, para nós mulheres, é um momento muito importante. Uma mulher presidenta é, como dizia o presidente Lula: “um metalúrgico na Presidência, ele não pode falhar, uma mulher também não.” Porque aí vão dizer: “olha, lá, ela falhou porque é mulher”. Então, eu cumprimento as mulheres, porque elas sabem disso. Sabem que conosco o desafio é duplo. Sempre é duplo.



Agora, eu queria dizer também para meus companheiros e para as minhas companheiras aqui presentes: estar no Nordeste, eu posso dizer para vocês, nos últimos tempos eu tenho viajado por quase todos os estados do Nordeste, e estar no Nordeste sempre me emociona porque o Nordeste, no Brasil, é o início do Brasil e também eu acho que é a solução do Brasil. É o início, porque foi aqui que nós começamos como civilização depois dos índios, lá na Bahia. Aqui em Pernambuco, onde se estruturou uma parte da nossa vida política, da nossa vida tanto na fase da Colônia como no Império, mas também na República. E, estar no Nordeste é especial ao estar aqui em Pernambuco. Eu olho no rosto de cada um de vocês, nos sorrisos, nesse jeito que eu não acho que é seco, viu, Eduardo, eu acho que é caloroso, é suave. Esse jeito de falar de vocês que envolve a gente.


Mas eu olho em cada um de vocês e eu vejo em cada um dos rostos, o rosto de um pernambucano gigante, um pernambucano especial que deu para o Brasil uma grande contribuição, que é o companheiro presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.


Eu aprendi a olhar muito do Nordeste, lendo alguns livros, assistindo Vidas Secas, percebendo a tortura da seca. Mas eu aprendi mesmo, mesmo a amar o Nordeste, a perceber que o meu país não seria um país integral enquanto o Nordeste não fosse uma parte plena, desenvolvida e com todos os direitos das outras regiões. Com o Lula, que de fato sempre amou o Nordeste, em especial Pernambuco, a sua Garanhuns e lá para mim sempre disse: quando eu nasci, não existia a separação entre Garanhuns e Caetés, não tinha. Então, eu quero dizer que ele amava aquela região que ele nasceu. E com ele eu aprendi a olhar o Nordeste também pelo fato que o Nordeste deu grandes contribuições ao nosso país. Nós podemos lembrar de várias contribuições: Frei Caneca, Joaquim Nabuco, Francisco Julião, Paulo Freire, Mário Schemberg, enfim, podemos lembrar de várias pessoas. Mas eu tenho de lembrar que essa terra fez nascer um cearense-pernambucano politicamente, que é Miguel Arraes. E tenho sempre, e lembro sempre do imenso carinho com que ele me tratou, além do imenso carinho, um grande e imenso respeito que todos os brasileiros que se dedicaram à transformação do país devem a Miguel Arraes.


E esta terra para mim também tem um aspecto muito especial: aqui nasceu um gênio criativo chamado Ariano Suassuna. Nasceu na Paraíba, mas sempre me disse que era pernambucano por opção e por engajamento ele era nordestino. Agora pela sua grandeza universal ele é brasileiro. E eu tenho um grande respeito e uma grande admiração por Ariano Suassuna, que se eu não me engano é tio da nossa dona Renata.


Eu estou fazendo aqui em Pernambuco hoje a mesma coisa que o Lula sempre fez quando eu o acompanhava o Lula nessas viagens. Ele vinha, conversava com o Eduardo, que trazia, porque tinha a determinação e o compromisso de fazer, trazia sempre uma obra e um benefício. Trazia obras e benefícios. Trazia o seu compromisso com o que eu vou chamar, com a pátria nordestina dele, mas eu vou chamar, sobretudo, com o Brasil. Porque desenvolver o Nordeste é algo que o Lula percebeu sempre, era desenvolver o Brasil. Tanto como acabar com a pobreza é uma obra crucial para formar nossa nacionalidade, acabar com a perversa distribuição de renda regional é uma obra de constituição da nossa nação. É uma imposição que aqueles que tem compromisso em garantir que nós sejamos mais que um grande país, nós sejamos uma grande nação devem a todos os nortistas, nordestinos e todos aqueles que foram durante séculos marginalizados e excluídos de forma deliberada por vários governos que me antecederam.


Vocês sabem muito melhor do que eu que, durante muito tempo, negaram ao povo pernambucano o que ele merecia. Eu acredito que isso veio acabando. Acho que várias iniciativas, como o governo do Miguel Arraes, mudaram esse padrão de exclusão de Pernambuco, do Nordeste, das questões brasileiras. Mas acredito que quando o Lula chegou à Presidência da República um novo ciclo de desenvolvimento se instalou no Brasil. Um novo ciclo que contempla todo o povo brasileiro. Que torna o povo brasileiro o centro da preocupação do governo. e que torna a necessidade de um reequilíbrio nas relações entre as regiões do país com a imposição do desenvolvimento.


O Lula era uma criança que, possivelmente, estaria condenada a não sobreviver, a não ter uma vida plena. E, como muitos nordestinos, era essa a condenação que pesava sobre ele. Mas ele superou isso. Ele é um caso que mostra perfeitamente a imensa capacidade e determinação do homem e da mulher nordestinos no sentido de sobrevier, viver e mudar sua vida.


Por isso, eu acredito que ele teve um papel fundamental no Brasil. Ele teve um papel fundamental no Brasil porque ele jamais esqueceu de onde ele veio. E nós não só não podemos esquecer de onde viemos, como não podemos nos esquecer dos compromissos políticos que ao longo de nossas vidas nós lutamos por eles, nós constituímos todo um processo de luta e de mudança. E essa mudança não é uma mudança que está nas estatísticas, que está lá nos números. Não é. Essa mudança que começa em 2003, podem ter certeza, ela só é real porque é uma mudança na vida da pessoa, lá dentro da casa da pessoa. É essa mudança que eu me refiro, aquela que significa que no Brasil as pessoas hoje não têm certeza que o Brasil não tem aquela cara feia que tinha da miséria, aquela cara feia da exclusão, aquela cara feia da desigualdade. O Brasil hoje tem outra cara. É a cara que nós vemos quando a gente olha na rua e olha aqui: é a cara da mãe, que conseguiu tirar seus filhos da pobreza extrema, com o Bolsa Família, com a valorização do salário mínimo. É a cara da mãe que vai colocar o seu filho em uma escola de tempo integral, que vai colocar sua filha na creche. É a cara do pai, que pela primeira vez tem acesso à casa própria. É a cara e os rostos de 19 milhões de trabalhadores com carteira assinada, com carteira assinada. É a cara do estudante que jamais poderia entrar em uma escola privada, e agora pode, através do Prouni. É a cara que o Brasil tem quando a gente olha os brasileiros no mundo, é a cara do respeito e da autoestima, a cara de um Brasil que inspira cada um dos seus filhos, porque nós só somos respeitados lá fora porque nós mudamos aqui as condições, e provamos que era possível mudar.

 

Eu sei que estou aqui hoje inaugurando uma obra. E inaugurar uma obra que melhora a vida das pessoas e começa melhorando já no início, quando contrata trabalhadores – e aqui eu quero homenagear todos os trabalhadores, que com as suas forças e com a sua mão, fizeram essa obra magnífica. Nós sabemos que entregar uma obra é um prazer quando ela é uma conquista. Eu sempre escuto do Fernando Bezerra a seguinte frase: “Presidenta, essa obra está prevista há dez anos”. Às vezes ele diz pra mim há cinquenta anos e eu acho que uma obra como essa não podia estar prevista há dez anos. Nós hoje só temos ainda dificuldade em relação à seca porque isso que nós estamos fazendo, hoje, tinha de ser feito há um século atrás. É isso, é por isso. Por isso eu fico muito feliz de estar entregando esse primeiro trecho do sistema Pajeú.


Nós vamos garantir aqui um direito dos mais sagrados: a água. E a água, para nós… e eu acho que, de fato, uma questão que o governador falou e ele tem toda razão: não só nós quebramos o clientelismo da água, mas nós quebramos também o clientelismo com o Bolsa Família. Quando nós… nós acabamos com o clientelismo quando criamos o cartão, acabamos com o intermediário, acabamos com alguns clientelismo no Minha Casa, Minha Vida. Todo mundo que tem… todo brasileiro tem direito ao Minha Casa, Minha Vida. Nenhum órgão tem poder de falar: olha, eu estou te dando a casa. A casa é um direito de cidadania, assim como a água é um direito de cidadania. E a água que faz brotar vida – e nós somos quase todos água –, essa água tem de ser considerada uma das questões estratégicas do Brasil.



Por isso, essa obra não vai terminar aqui. A ministra Miriam disse: “essa obra de Serra Talhada vai chegar a Afogados da Ingazeira, e de Afogados da Ingazeira ela vai a Taperoá, lá na Paraíba, passando por todas as cidades desse trecho. Nós vamos fazer Entremontes, nós vamos assegurar que aqui tenha segurança hídrica construindo também todo sistema do Agreste, o Canal do Agreste, a Adutora do Agreste. Nós iremos investir aqui de forma substantiva, porque um país como nós não pode ter esse tipo de relação com a seca que nós tivemos até hoje. Nós estamos há dez anos no governo, nós tivemos parcerias estratégicas como essa aqui em Pernambuco e várias outras em outros estados. Nós temos obrigação de construir no Brasil, uma garantia de água que permita que a seca seja um evento da natureza, mas não provoque, não mude e não diminua o ritmo das conquistas do povo brasileiro e do povo nordestino.


Por isso, aqui, no Nordeste, nós estamos investimento em torno de R$ 32 bilhões em adutoras, barragens, canais, estações de tratamento, redes de abastecimento de água, programa água para todos.


Nós, e eu faço questão também de lembrar que no próximo ano a interligação da bacia do São Francisco vai chegar ao reservatório de Jati, na divisa do Pernambuco com o Ceará. E isso vai significar que nós estamos cercando, cercando, criando uma barreira contra a seca, através dessas adutoras, dessas barragens e de todo um processo de construção como é esse que o governo do Estado vem fazendo com o governo federal nos últimos anos.
 

Nós sabemos que estamos enfrentando a maior seca dos últimos 50 anos. Em alguns lugares é a maior seca dos últimos 100 anos. Esse é um dado científico, é um dado comprovado. Há um ano nós viemos atuando juntos: os governadores e o governo federal, e as prefeituras. Nós mudamos a questão da operação carro-pipa no governo federal. Quem faz a operação carro-pipa no governo federal é o Exército Brasileiro e é o Exército Brasileiro que está hoje com quase cinco mil carros-pipa, distribuindo água complementarmente ao que fazem os estados que também têm carros-pipa, mas também não nessa proporção. E o Exército vai continuar e vai aumentar a operação carro-pipa.


Aqui nós temos 826 carros-pipa e também vamos continuar instalando cisternas, vamos continuar instalando cisternas, passando recursos para o governo estadual fazer barreiros e fazer poços. Nós vamos continuar também pagando o seguro garantia-safra de R$ 140 e o bolsa-estiagem de R$ 80. Agora, no dia 02, ele será prorrogado até julho, mas enquanto durar a seca nós iremos pagar seguro garantia-safra e bolsa estiagem.
 

Nós vamos continuar vendendo milho. Só que agora de uma forma também mais aperfeiçoada, vamos acertar essa venda com os governadores. O governo federal compra milho e vende para o agricultor a um preço mais baixo, para o agricultor do semiárido nordestino. Nós vamos também garantir que assim que a seca pare, assim que a chuva comece, o governo federal vai ter um programa de recomposição de rebanhos. Eu tenho dito isso em todos os estados da União. Eu não sou de prometer sem cumprir, e eu quero dizer para vocês que nós não iremos perder as conquistas que tivemos nesses dez anos. Nós não vamos perder por que? Porque temos coragem, determinação e vontade política de assegurar que o povo daqui dessa região, de todo o Nordeste e do semiárido, tenha condições de voltar a ter a situação que tinha, a melhor situação que tinha antes da seca.


Nós vamos discutir isso nessa reunião que é muito importante e que vai acontecer dia 2 de agosto, desculpa, de abril. Porque eu acredito o seguinte: eu acredito que nós temos que avançar. Nós temos que avançar e temos que assegurar que os mecanismos de combate à seca eles têm que ser permanentes. Não é que nós vamos, de jeito nenhum, ficar com a mesma história todo tempo, mas a hora em que acabar a seca e vier a chuva, nós vamos ter que criar mecanismos que durem e assegurem que as pessoas não sejam atingidas. Exemplo: nós vamos ter que tratar de uma questão que é o estoque da alimentação dos rebanhos. Como é que nós garantimos que haja permanentemente um estoque de segurança, de garantia dos rebanhos aqui na região.


Bom, eu queria dizer também para vocês que durante muito tempo o povo nordestino foi levado a acreditar, ou melhor, até não acho que o povo nordestino acreditava não, mas o resto do Brasil acreditava, que o problema aqui do Nordeste era o clima. E que porque tinha o clima não tinha saída. Eu acho que o problema não é o clima. O problema do Nordeste é a valorização do homem e da mulher pernambucanos, baianos e nordestinos. Valorizar significa perceber, e eu acho que nós provamos isso, que é possível combater a seca de outra forma. É possível combater a seca olhando a seca e percebendo que o homem e a mulher são capazes de vencer quando providenciam os instrumentos corretos. E é isso que nós queremos. Sistema adutor, sim. Sistema adutor, sim. Proteção à pequena agricultura, sim. Garantia do milho, porque o governo federal vai garantir o milho. Se tiver que importar milho, vai importar milho e garantir milho aqui nessa região.


Eu queria dizer para vocês que em que pese tudo isso, nós estamos vendo uma mudança acelerada aqui na região. Pernambuco, eu acho, que é um novo Pernambuco nos últimos dez anos e, sem dúvida, o governador tem um grande papel nisso, e o governo federal, tanto com o Lula quanto na minha gestão, também tem. Nós aqui conseguimos uma questão fundamental. Nós conseguimos que a economia crescesse e que a indústria aqui também aumentasse a sua presença. Nós conseguimos fazer um conjunto de obras que fazem e mostram uma nova face para esse novo Nordeste.


Eu me refiro ao Porto de Suape, à Refinaria Abreu e Lima, à duplicação de estradas federais, o Gasene, a integração do São Francisco e eu queria dizer, tem gente que fica falando, não vai sair a Refinaria Abreu e Lima. São aves de mau agouro, aves de mau agouro que estão erradas, porque nós vamos fazer a Refinaria Abreu e Lima e logo, logo, ela vai estar processando seus 230 mil barris por dia e isso vai significar não só um ganho aqui para Pernambuco, mas para o Brasil, porque essa será a primeira, a primeira refinaria em 33 anos no nosso país.


Eu acredito que obras como o Atlântico Sul, a petroquímica do Nordeste aqui em Suape, tudo isso e as obras da Fiat, elas mostram um novo cenário, um cenário em que essa parceria tem resultado, tem dado resultados efetivos, melhorando aquilo que interessa para as pessoas. As pessoas querem ter um emprego, querem ter um salário certo no fim do dia, querem ter oportunidades, é isso que as pessoas querem.


E aí eu quero dizer para vocês uma coisa: todos esses investimentos que nós fizemos aqui em Pernambuco, se você juntar os investimentos federais e aqueles feitos pelas nossas estatais, nós chegamos a um volume extraordinário, um volume de R$ 60 bilhões, aqui nós botamos R$ 60 bilhões. Porque o governo coloca não só na forma de Orçamento Geral da União, mas coloca na forma de financiamento.


Hoje nós entregamos, aqui, tanto as retroescavadeiras como os ônibus escolares. Mas eu queria dizer para vocês que, além dos investimentos em infraestruturas e empresas, é importante destinar aos prefeitos um trio, um trio que é constituído por um caminhão-caçamba, uma retroescavadeira e uma motoniveladora. Todos os municípios menores de 50 mil habitantes vão receber, mas nós, nesse programa do dia 2 de abril – eu vou antecipar para vocês –, vamos estender também para os municípios do semiárido que tenham mais de 50 mil e estejam no semiárido.


Tem um cartaz ali falando: 10% para a educação. Da minha parte, eu considero que o futuro do Brasil passa pela questão da educação, passa por várias questões da educação, passa pelo curso técnico profissionalizante que nós estamos fazendo, em parceria com o Sistema S, criando 8 milhões de vagas pelo Brasil afora – além disso nós, aqui em Pernambuco, é bom que se diga, matriculamos 42 mil jovens no Pronatec –, passa pelas escolas técnicas estaduais, passa pelas novas universidades.


Nós prometemos 10 institutos federais, institutos técnicos federais até 2014. E nós iremos implantá-los. Entre eles, nós vamos implantar, aqui, todos os projetos já definidos. Eu queria lembrar que inclusive vamos implantar aqui em Serra Talhada um instituto federal de tecnologia e escola profissional.

 

Agora, eu queria explicar para vocês uma coisa. Nenhum governador, nenhum prefeito tem dinheiro suficiente para pagar professor no Brasil. E pagar professor no Brasil é essencial. Ninguém vai melhorar a educação sem dar uma nova importância e um novo status ao professor. Aonde que está o dinheiro? Não, não adianta me bater palmas, não adianta. Eles não têm de onde tirar, eles não têm de onde tirar o recurso, nem os governos estaduais. Por isso, nós mandamos para o Congresso Nacional, numa medida provisória, que todos os royalties do petróleo do governo federal, dos governos dos estados e das prefeituras fossem destinados à educação, porque esse país só vai para a frente se nós investirmos, de forma significativa, na educação. E aí não é só construir escola, construir escola faz parte. Aí é valorizar, valorizar aquele que ensina nossos filhos, nossos netos. É valorizá-los. Mas não é só valorizá-lo, é formá-lo melhor.


E eu quero dizer aqui para todos que nenhum país do mundo virou uma nação desenvolvida sem alguns requisitos. Primeiro, sem escola em tempo integral. Escola em tempo integral não é aquela que primeiro ensina matemática, português e uma língua e ciências de manhã e de tarde faz arte e faz esportes. Não é isso não. Escola em tempo integral faz português, matemática, ciências, um língua o dia inteiro. Em todos os países desenvolvidos é assim. Pode fazer também futebol e artes, mas isso é complementar, suplementar. Escola em tempo integral é para que nossos filhos sejam melhores do que nós. Que é o anseio de todo pai e de toda mãe, os seus filhos serem melhores que eles. Daí só tem um dinheiro de onde a gente pode tirar, e esse dinheiro é dos royalties do petróleo no Brasil. Por quê? Porque nós temos de fazer isso nos próximos dez anos, nós precisamos fazer isso nos próximos dez anos. Nos próximos dez anos nós temos de garantir que as crianças até oito anos de idade saibam fazer as contas de aritmética, saibam ler um texto simples e interpretar. Isso chama-se alfabetização na idade certa. O Brasil precisa que suas crianças tenham uma qualidade de educação que vai, progressivamente, atingindo a cada um de nós, as indústrias, a agricultura, aos serviços.
 

Por isso, eu quero dizer para vocês que 10% da educação… eu não sei se são só 10[%], se no início é um pouco mais de 10[%] e depois vira 10[%]. Agora, eu sei de onde sai o dinheiro. O dinheiro sai de onde tem dinheiro, que é dos recursos originários da exploração do petróleo no nosso país.


Nós diminuímos a distância entre ricos e pobres. Todo mundo hoje pode se orgulhar disso. Você pega um avião hoje, e gente que nunca entrou num avião nos últimos dez anos, está lá sentada junto com todo mundo. Nós sabemos que a questão fundamental do nosso país é que diminuiu a distância. O que mudou no Brasil? Se perguntarem para vocês: o que mudou no Brasil? Sabem o que mudou no Brasil? Nós diminuímos as distâncias entre ricos e pobres, mas nós fizemos isso acelerando a renda dos mais pobres, que cresceu mais de 90%, enquanto a renda dos mais ricos também cresceu, mas cresceu menos, cresceu 16%. Essa é uma questão fundamental para um país como o nosso.


Nós também não seremos uma grande nação enquanto não acabarmos com a pobreza. Não seremos, não tem jeito. Aquela visão que excluía uma parte da população e uma parte do Brasil foi, nos últimos dez anos, enterrada. Foi isso que aconteceu no Brasil. Nós mudamos, completa e totalmente, o que vinha acontecendo.

 

E eu quero dizer para vocês que nós iremos mudar ainda mais. Nós iremos mudar a infraestrutura do país, que precisa ser mudada. E aqui eu vou antecipar aquilo que o ministro estava doidinho para anunciar, e ele tem razão de querer anunciar, porque uma parte ele sempre defendeu essa questão e eu acho que ele tem razão, que é a questão das ferrovias. Nós vamos fazer uma ferrovia por dentro do estado de Pernambuco.


O ministro defendeu porque tinha previsto uma ferrovia que nós vamos manter que sai de Salvador e vai até Recife, ou vai de Recife a Salvador. E a proposta do ministro era uma outra ferrovia, que saindo desse trecho, da Transnordestina, subiria por dentro do estado e chegaria a Petrolina. É Garanhuns-Petrolina, Parnamirim, Petrolina e depois Salvador. Você pode levantar e falar sua ferrovia. Não, eu vou deixar… aqui meu filho … ô gente, ele está se fazendo… porque eu avisei a ele que eu ia chamar…


Ministro Fernando Bezerra: Pessoal, na realidade esse é um pleito antigo de Pernambuco, a gente brigou muito junto à equipe do setor de infraestrutura do governo federal e a presidenta Dilma nesta semana bateu o martelo. Além de lançar a concessão ferroviária que liga o Porto de Suape ao Porto de Aratu, que é essa ferrovia Recife-Salvador, nós vamos também ter a opção – que é um sonho antigo, sonho de mais de 60, 70 anos, que é pegar a linha em Parnamirim, a ferrovia desce para Petrolina, atravessa o São Francisco em Juazeiro e leva a ferrovia, que é a Centro Atlântica, de Juazeiro até sair em Salvador.


Esse é o pleito que a gente lutou com apoio do governador Eduardo Campos, com apoio da presidenta Dilma, a gente está ganhando uma grande conquista, esta se chama a integração ferroviária do Nordeste.
 

Presidenta Dilma: E ela faz parte de uma decisão do governo federal de investir pesadamente em infraestrutura. Nós fizemos uma primeira parte de ferrovias, em torno de 10 mil quilômetros. O governo federal está licitando esses 10 mil quilômetros no qual está essa integração entre o porto de Aratu e o de Suape, Salvador e Pernambuco. Mas agora nós estamos entrando já na segunda fase, e nessa segunda fase está contemplada essa ferrovia da integração que eu chamo a integração do interior de Pernambuco com o restante do Nordeste.


E eu queria encerrar lembrando o nosso querido Ariano Suassuna. Em dois momentos da vida do Ariano Suassuna, ele disse, primeiro com uma indignação de poeta, que “o Brasil oficial devia se tornar a expressão do Brasil real”. O Brasil oficial sempre foi aquele que excluiu uma parte da população brasileira das oportunidades e do benefício do desenvolvimento. Por isso, coincidir o Brasil real e o Brasil oficial foi algo que eu acho muito importante dizer aqui para vocês que o governo do presidente Lula deu início, e eu tenho a honra de ter continuado.



E, depois, o Ariano, refletindo sobre a luta que nós travamos nos últimos 20 a 30 anos – eu não vou falar quanto tempo eu estou nisso, porque tem muitos anos, vocês vão ficar impressionados como eu estou velha –, mas ele reconheceu, naquela época, com grande realismo, mas não havia nenhuma rendição nesse reconhecimento, ele reconhecia que era muito difícil vencer a injustiça secular que dilacerava o Brasil em dois países, dois países distintos: de um lado, o país dos privilegiados e, de outro, o país dos despossuídos.

 

Eu acredito que os poetas, eles têm essa clareza de simplificar as coisas, de mostrar com lucidez e clareza qual é o caminho. E o nosso querido Ariano tem razão: é mais que necessário que o Brasil oficial se torne o Brasil real, que no Brasil oficial, que é o Brasil do Palácio, entre aquele catador de papel. É fundamental que a política desse Brasil oficial tenha um governo que coloque: “país rico é país sem pobreza”. Porque no Brasil já teve época em que país rico era país que não se tratava da questão social. Se tratava só da questão econômica.

Eu quero dizer também que essa injustiça secular que dilacerou o Brasil, ela vem sendo superada, e isso que nós fizemos nesse ciclo é algo extremamente importante. E quero dizer para vocês que agora, em 2013, nós vamos acelerar ainda mais essa transformação. O Brasil vai continuar numa trajetória de estabilidade e de controle da inflação, mas de crescimento. Nós vamos continuar sendo um dos países com a menor taxa de desemprego do mundo, mas, sobretudo, nós vamos, cada vez mais, provar que o país só será um país forte, um país desenvolvido se nós tivermos a determinação, a coragem de continuar por esse caminho, e esse caminho é um caminho deste país complexo, deste país com tantas diferenças, deste país grande e democrático, deste país sem guerra. Somos uma das poucas regiões do mundo que há mais de 150 anos vivemos em paz com os nossos vizinhos. Mas, sobretudo, dessa capacidade de construir, democraticamente, uma coalizão para dirigir este país. Nenhuma força política sozinha é capaz de dirigir um país com esta complexidade. Precisamos de parceiros, precisamos que esses parceiros sejam comprometidos com esse caminho.

 
 

Nós todos aqui temos, talvez, a maior das energias para levar à frente a tarefa de sustentar nosso projeto de nação. Essa tarefa de sustentar o projeto de nação, ela tem uma fonte de força e de energia. Eu diria que tem duas fontes. Primeiro, é a força do povo que caminha junto com a gente nesse caminho, e, segundo, é o imenso amor pelo Brasil que esses nossos parceiros, todos, têm demonstrado na sua história.

 

Eu queria terminar pedindo a todos vocês que se levantassem e que nós disséssemos um “viva” em conjunto: viva Pernambuco! Viva! E viva o Brasil! Viva!

domingo, 17 de março de 2013

DOM CLÁUDIO HUMMES: UM EXEMPLO A SER SEGUIDO


DOM CLÁUDIO HUMMES:
UM EXEMPLO A SER SEGUIDO
















Dom Cláudio Hummes ao Papa Francisco: "Não se esqueça dos pobres"

quarta-feira, 6 de março de 2013

HUGO CHÁVEZ: OS POBRES CHORAM SUA MORTE


HUGO CHÁVEZ: OS POBRES CHORAM SUA MORTE




(Foto: Ariana Cubillos, da AP:
"Os deserdados não choram por acaso")