FESTA BRASILEIRA
DILMA ROUSSEFF: PRESIDENTE DO BRASIL
31 DE OUTUBRO DE 2010
MENINOS! EU VI!
NEUZA MACHADO
Sobre os milhões e milhões de carentes brasileiros dos anos de 1990 (o atual “Polvo” Brasileiro Malquerido da Revista Veja de 2010; não posso compreender o porquê da malquerença), a mesma Revista Veja mostrou o problema com nitidez em uma publicação datada de 06/05/1998 (busquem a capa da Revista Veja no Site Conversa Afiada do Paulo Henrique Amorim – http://www.conversaafiada.com.br/).
(Patrus Ananias – Coordenador da Campanha de Dilma Rousseff em Minas Gerais, in: O Estado de São Paulo, reportagem de Malu Delgado, 28/10/2010): “Promessa de Dilma é erradicar a miséria - Já estamos acabando com a fome no Brasil. Hoje a fome é pontual. Há pontos ainda, até porque a pobreza muitas vezes é oculta. Mas a fome endêmica, a vergonhosa que o Brasil tinha até recentemente, aquelas multidões no Nordeste, no Norte de Minas, quando se criavam aquelas frentes de trabalho sem nenhum critério e nenhuma interlocução com políticas públicas, isso não existe mais”.
Posso dizer-lhes sem nenhum receio de críticas à parte que sou uma testemunha histórica do anterior Brasil Empobrecido. Desde os anos de 1960 até o final dos anos de 1990, fui testemunhando a nossa triste degradação (e sofrendo também), fui acompanhando e sofrendo a degradação do meu Valoroso Povo Brasileiro. Até o final do Século XX, eu não percebia soluções satisfatórias Então, vamos esclarecer por etapas:
Lá por volta de 1961 ou 1962 (não posso precisar o ano), o governo importou carne de baleia para vender principalmente para os mais pobres. Meu pai comprou um quilo da tal carne para experimentarmos. A família não apreciou. Para o nosso paladar brasileiro (paladar próprio de um País naturalmente agraciado com muita fartura, mas que, naquela época, era tudo exportado para outros países), a carne de baleia não era nada agradável. Parece-me que os muito pobrezinhos também não gostaram ou não tinham dinheiro para comprá-la. Em 1977, a carne de baleia voltou a se fazer presente em nossos açougues. A tal carne nunca fez parte do cardápio cultural do pobrezinho brasileiro do Segundo Milênio, e mesmo que fizesse parte, torno a repetir, o pobrezinho não tinha dinheiro para comprá-la. MENINOS! EU VI, sim, Senhor!
Lá por volta de 1962 ou 1963, eu e meus irmãos enfrentávamos filas quilométricas para comprarmos feijão de péssima qualidade (feijão cascudo). Feijão de qualidade só se comprava no câmbio negro e muito caro. MENINOS! EU VI E VIVI!
Nesse mesmo período dos anos 60, houve a falta de café. Eu e meus dois irmãos enfrentávamos filas quilométricas para comprar 1 quilo de pó de café (cada um comprava 1 quilo = 3 quilos de pó de café para durar algum tempo na despensa). Os muito pobrezinhos não tomavam café. MENINOS! EU VI E VIVI!
Por falar em filas, na dita década de sessenta enfrentávamos filas quilométricas para comprar diversos produtos alimentícios. Acreditem!, até para comprar macarrão enfrentávamos filas. MENINOS! EU VI E VIVI!
Lembro-me que houve uma época, naqueles terríveis anos, que os plantadores de tomate preferiram queimar toneladas e toneladas de tomates. Motivo: não valia a pena o trabalho de vender barato para os atravessadores (que ganhavam muito dinheiro sem fazer esforço algum). Foi uma espécie de protesto. Preferiram queimar as toneladas de tomates ao invés doá-las para os pobres (e eram muitos pobres sem uma alimentação decente!). MENINOS! EU VI PELA TELEVISÃO!
Não vou relembrar as fogueiras onde os agricultores queimaram também toneladas de café em grão (pelo mesmo motivo da queima de tomates). É pura maldade comentar tal assunto. Os agricultores preferiram queimar os grãos de café ao invés de doar o café para os pobres.
Para cuidar da saúde, era um sacrifício só. Durante as minhas quatro gravidezes, nos anos 60, eu enfrentava lotações cheias para ir até o Posto de Atendimento Médico do IAPB (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários) ou para o Hospital da Lagoa Rodrigo de Freitas (era o Hospital dos Bancários o mais bem aparelhado da América do Sul, mas, à época, só atendia aos bancários e suas famílias). O meu marido era bancário. Recebia um salário melhorzinho, mas, mesmo assim, o dinheiro não dava para pagar médicos e clínicas particulares. O jeito era o Assalariado se conformar com o antigo IAPB. Cada classe trabalhista tinha o seu Instituto: IAPI (dos Industriários), IAPC (dos Comerciários), IAPB (dos Bancários; por sinal, o melhor da época). Tinha também o Instituto dos Marítimos, Ferroviários e assim por diante. Mas, eram poucos Postos espalhados pela Cidade do Rio de Janeiro. Daí, a dificuldade de locomoção. Em 1967, todos os Institutos se reuniram em um só: o INPS. MENINOS! EU VI E VIVI e SOFRI!
Sobre filas quilométricas até o final dos anos de 1990: os aposentados, até o final dos anos 90, para receber a ínfima esmola-benefício mensal (e olha que eles, os aposentados, pagaram mensalidades caríssimas, enquanto foram trabalhadores assalariados, para terem direito ao tal benefício), no início de cada mês eram obrigados a enfrentar filas de Bancos imensas, que circulavam amplos quarteirões de ruas. Mas, não vou comentar sobre os dias de muito calor (escaldante) e de muita chuva (torrencial). Todos os pobrezinhos aposentados-vagabundos ali, OBEDIENTES, enfrentando tudo (o dia todo) para receber o benefício a que tinham direito por lei, como se aquilo fosse esmola. Esta triste realidade, MENINOS! EU VI E VIVI E SOFRI! Motivo: Depois do falecimento de meu pai (em 1990), minha mãe herdou a pequena aposentadoria, mas, quem enfrentava a fila longitudinal do pagamento era eu (minha mãe já quase não se locomovia). MENINOS! EU VI E VIVI E SOFRI!
Não vou, por exemplo, comentar a dificuldade que era para comprar um apertamentinho de Conjunto Residencial. E, mesmo assim, só os que tinham um salário melhorzinho tinham direito de comprar o tal apertamentinho (graças a Deus, meu marido bancário foi um dos felizardos, no final dos anos 60; fomos premiados com a chave em Dezembro de 1969 - prêmio de Natal com pagamento mensal, bem entendido - em Jacarepaguá – Conjunto Residencial dos Bancários). Não vou comentar, por exemplo, que o Felizardo tinha direito de pagar o tal apertamentinho no "pequeno" espaço temporal de 20 anos (praticamente, um aluguel mais em conta a vida toda). E ai dele se não tivesse o dinheiro do pagamento-aluguel! O apertamento era tomado na marra pelo Banco Nacional de Habitação.
ATÉ DOMINGO - 31/10/2010
NÃO TENHA DÚVIDAS NA HORA DE VOTAR
NEUZA MACHADO
No dia 31 de Outubro de 2010,
Você deseja Retrocesso?
Você quer ver (Meninos, eu vi!) Milhões e Milhões e Milhões e Milhões de Brasileiros Pobrinhos Com Fome, Sem Luz e Sem Água Potável?
Ou Você deseja um Futuro Seguro Para Todos os Brasileiros Sem Nenhuma Distinção?
Você deseja um Brasil Atolado e Endividado e Curvado? (Meninos, eu vi!).
Então, não tenha dúvidas na hora de votar!
Escolha o seu Candidato de acordo com o que você deseja, de acordo com o que você deseja para você e para o Brasil.
Se você não quer que o Brasileiro Pobrinho se alimente mais um pouquinho, isto aí é com você!
Se você não quer que o Pobre das Favelas do Brasil possua uma casa novinha, isto aí é com você!
Se você não quer partilhar a sua riqueza sem suor com o Brasileirinho Pobrezinho Sudoroso, isto aí é com você!
Se você faz parte dos 18% que não gostam do Presidente Metalúrgico Lula da Silva, que cuidou de você também e você não viu (ou não quis ver), isto aí é com você!
Se você deseja ver novamente o Brasileiro Altaneiro com o pires na mão, submisso e servil, tirando os sapatos nos Aeroportos do Mundo, isto aí é com você!
PRESIDENTE LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA: MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS POR SEUS OITO ANOS DE AMOR E DEDICAÇÃO AO BRASIL
NEUZA MACHADO
Presidente Lula:
Um Chefe de Nação verdadeiramente amado por seu povo. Um Presidente Incansável que teve a felicidade de constatar, ao final de sua administração, que 82% de brasileiros aprovaram a sua atividade governamental. Foram oito anos de muita luta positiva e persistência. Graças a Deus, Presidente Lula, 18% de brasileiros incomodados e invejosos de sua saudável popularidade e carisma, e pior ainda preconceituosos, não pesam muito nesta balança final.
Presidente Lula: Em seu final de glorioso mandato, por intermédio da Internet, envio-lhe os meus agradecimentos. Muito obrigada! Muito obrigada por sua autêntica posição de brasileiro em terras estrangeiras (quando de suas viagens ao exterior, protegendo-nos e defendendo a nossa Nação). Muito obrigada por se comunicar com os estrangeiros falando o nosso idioma português-brasileiro sem se curvar às pretensas supremacias linguísticas alheias. Muito obrigada por não ter vendido aos estrangeiros cobiçosos as nossas riquezas naturais. Muito obrigada por pensar também em nossos irmãos africanos, em seu governo, ajudando-os na medida do possível e sem pretensões de dominá-los. Muitas felicidades, Presidente! Não abandone o seu povo, incluindo os 18% de opositores preconceituosos e encabrestados (há ainda um percentual de brasileiros precisando muito de sua atenção, precisando tomar café reforçado, almoçar e jantar e ser feliz). Lembre-se, Presidente, 18% de brasileiros da turma do contra não pesam muito (5% de opositores ferrenhos e 13% de desavisados preconceituosos e encabrestados). Muitas felicidades!
PRECIOSA INFORMAÇÃO ASTROLÓGICA: CÉU DE BRASILEIROS - REVISTA BRASILEIROS
NEUZA MACHADO
Meus Amigos! do Brasil, das Américas e de Além-Mar!, agradecendo-lhes as visitas diárias aos meus humildes Blogs Sem Patrocínio Real, peço-lhes que leiam a excelente Revista Brasileiros (a minha propaganda da Revista é gratuita). Há, na Revista Brasileiros, para aqueles que não apreciam dados astrológicos, outras preciosas informações sobre a verdadeira realidade desta nossa Brasileira Fase Final do Anno de 2010.
Enquanto eu viver aqui neste Mundo Geral Enrolado, estarei sempre desejando o que há de melhor para o meu Brasil Muito Amado!
http://www.revistabrasileiros.com.br/
Esteja pronto para uma semana de paixão, intensidade e determinação. Primeiramente, Mercúrio entrando no signo de Escorpião torna acessível "aquela" informação que estava faltando para completar o quadro. No dia 22, a Lua Cheia em Áries inflama as paixões e, finalmente, no dia 23 o Sol entra no passional signo de Escorpião. É ver para crer!
20 de outubro - Mercúrio entra no signo de Escorpião
Agora, entramos nas águas profundas do sentimento e da intuição. Mercúrio, planeta da comunicação neste signo tão intenso e determinado, permite que você enfoque sua mente em assuntos pendentes. Pesquisas profundas, investigações, resolução de problemas, aquela conversa, tudo isto é possível com esse trânsito. Cuidado para não ficar obcecado por um assunto, pois esta é um das características dessa configuração.
Para o Brasileiro Consciente do Brasil-País do Futuro lembrar-se sempre que existiu um Brasil-Tristes Trópicos até o Final do Século XX
AGRADECIMENTOS AOS QUE VERDADEIRAMENTE LUTARAM E SE SACRIFICARAM POR UM BRASIL SEM AMARRAS EM NOSSO POLÍTICO PASSADO TUMULTUADO.
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES...
Composição: Geraldo Vandré
Ver o Vídeo (http://www.youyube.com) com a música “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré na incomparável voz de Zé Ramalho: http://neumac.blogspot.com
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)
DILMA ROUSSEFF PARA PRESIDENTE DO BRASIL
NEUZA MACHADO
Tomo a liberdade de reproduzir o e-mail do Senhor Sérgio Malta, enviado ao jornalista Paulo Henrique Amorim em 8 de outubro de 2010.
DILMA PRESIDENTE, PARA O BRASIL CONTINUAR VENCENDO
SÉRGIO MALTA
NEUZA MACHADO
PARA A SENHORA DILMA ROUSSEFF UMA NOTÁVEL MULHER BRASILEIRA - SINCERA MENSAGEM TRANSTEMPORAL DE 1998
ODISSÉIA MARIA PITONISA SERTANEJA DO FINAL DO SÉCULO XX - 1998 / 1999
NEUZA MACHADO
... por sorte
[Senhora Dilma Rousseff],
a minha mágica e preciosa caneta esferográfica comprada no Bazar Minas Gerais
está em minha bolsa
neste Final de Anno de 1998
(prestem atenção por favor!
Minha Irmã e meu Irmão!
às Datas do Ontem
do Calendário Cristão!),
o meu Caderno de Políticas Anotações
das Direitistas e Terríveis Armações
está na Bolsa de minha Viagem Temporal também,
neste Final de Anno de 1998;
o que não tem remédio, remediado está;
por ora e agora,
neste momento de 1998,
só me resta esperar que os Santos do Céu
e Outros Protectores Mui Merecedores
nos socorram, Amém!,
comandados pelo Valente São Brás
Eversor de Sinistros Obstáculos
Plantados e Envenenados;
todos os aqui invocados
Desentupindo o Futuro Luminoso Vitorioso
do Caminho Brasileiro, Amém!,
no momento desta escrita,
Dezembro de 1998,
replecto de lama cheirosa
e sujeira cheirosa
e espinho cheiroso,
que cheiro ruim, oh meu Deus!;
vou rezar mesmo é a Salve Rainha Mãe de Jesus,
para proteger a Vitoriosa Mulher Brasileira
no Próximo Século XXI
e os Verdadeiramente “Pobrinhos” do Ônibus Lotado
nessas horas de homéricas e insanas Disputas Políticas do Final do Segundo Milênio Encrenqueiro;
eu, Sofressora,
neste Mês de Dezembro de 1998
estou dentro do Ônibus
dos Verdadeiramente “Pobrinhos” Trabalhadores Sem Digno Soldo
e das Pobres Mulheres Sofressoras Professoras Doctoras sem Digno Soldo também
e sei que o Povão Sofredor
do Ônibus Brasileiro no momento,
neste Anno de 1998,
dirigido por Velho Insensato Condutor,
sairá Vencedor no Futuro Redentor
(eu lhes disse, minha Irmã e meu Irmão!, “Mulheres”,
por favor, rejeitem aí no Futuro Sem-Muro do Terceiro Milênio
o Milenar Preconceito Patriarcal contra as Mulheres Doctoras
e contra as Mulheres Mui Simples também);
óh, meu Deus dos Hebreus!,
a fé das Origens é muito mais forte!;
o Perigo Direitista Cheiroso
ronda esta tarde sinistra funesta danosa medonha do Final de 1998!;
não permita Senhor!,
que o Perigo Direitista continue no Brasil no Século XXI;
confio em Nossa Senhora do Perpétuo Socorro dos Momentos de Aperto,
ela solucionará os imediatos e desastrosos e dolorosos e insolúveis problemas cheirosos do Mês de Dezembro de 1998
e os Perigos Tais não voltarão, nunca mais!;
o Brasileiro Ônibus do Povão Sofredor
deste Anno Inglório de 1998
enfrentará a Lama Cheirosa
e as Pedras Cheirosas
e os Espinhos Cheirosos
e sairá Vencedor...
O DETONADOR DA LUTA
NEUZA MACHADO
O "detonador" da luta foi um capanga de seu Joãozinho, o Teófilo Sussuarana, homem bronco, que partiu para cima de Nhô Augusto. Este percebeu que a sua vez chegara: “— Epa! Nomopadrofilhospritossantamém! Avança cambada de filhos-da-mãe, que chegou minha vez!” (Guimarães Rosa, A Hora e Vez de Augusto Matraga).
Seu Joãozinho reivindicou o direito de luta com Nhô Augusto sem interferência. E na "epifania", na manifestação final: “— Sai, Cangussu! Foge, daí, Epifânio! Deixa nós dois brigar sozinhos!” (Op. cit.).
Foi uma glória. Os dois sozinhos em luta. O povo observava à distância, enquanto as balas se entrecortavam, e as facas se entrechocavam. Nhô Augusto chamando o outro de “meu parente”. Equivalem-se, pois se ambos morrem.
No decisivo da narrativa ficcional de meados do século XX, vê-se a força do poético:
“— Se entrega, mano velho, que eu não quero lhe matar...
— Joga a faca fora, dá viva a Deus, e corre, seu Joãozinho Bem-Bem...
— Mano velho! Agora é que tu vai me dizer “quantos palmos é que tem do calcanhar ao cotovelo!...
— Se arrepende dos pecados, que senão vai sem contrição, e vai direitinho pra o inferno, meu parente seu Joãozinho Bem-Bem!
— Ui, estou morto...”
Nhô Augusto esfaqueara mortalmente seu Joãozinho, mas também se vê ferido de morte.
Dois personagens poderosos se enfrentaram; dois personagens possuidores de idênticos dons. Não seria justo que um fosse o vencedor. Ambos perderam; ambos venceram. Como na matéria trágica, os dois têm igualmente razão — por isso se aniquilam. O ato da morte simboliza o renascimento, o “sentido de vida” perene só acessível por meio do poder criador-ficcional do imaginário-em-aberto.
Pelo ponto de vista sociológico, os dois não podiam fracassar pois ambos eram forças do Poder. Nas teorias de Weber encontro algo que me reconduz a este momento.
“Os fundadores das religiões mundiais e os profetas, bem como os heróis militares e políticos, são os arquétipos do líder carismático. Milagres e revelações, feitos heróicos de valor e êxitos surpreendentes são marcas características de sua estatura. O fracasso é a sua ruína” (Weber).
Se ambos não podiam fracassar, a solução perfeita foi a morte em território ficcional. A morte como uma espécie de redenção, de compensação. Os dois personagens seriam lembrados; aquela briga seria sempre lembrada.
O povo começava a idolatrar Nhô Augusto:
“Foi Deus quem mandou esse homem do jumento, por mor de salvar as famílias da gente!...
E o velho choroso exclamava:
— Traz meus filhos, para agradecerem a ele, para beijarem os pés dele!... Não deixem este santo morrer assim... P’ra que foi que foram inventar arma de fogo, meu Deus?!...” (Op. cit.).
Morrendo, o personagem carismático do mineiro sertão roseano (ainda um carismático oriundo do “ontem eterno” da grandeza política do Brasil de meados do século XX) tinha o rosto radiante. Estava santificado e glorificado (nas esferas superiores do pensamento puro). Experimentara o Poder do "Ontem Eterno", submetera-se à "Força de Deus", e soubera com muita grandeza desenvolver seu carisma (atenção: um poder carismático oriundo do poder do “ontem eterno” de meados do século XX; Nhô Augusto não representa o carismático oriundo do proletariado que surgiria no início do século XXI). Somado a tudo isto, um outro "deus-que-garante-tudo", desconhecido e onírico, estivera ali, até o fim, dando sentido à sua vida ficcional. “Sua hora havia chegado”, ou por outra, já chegara há muito tempo, quando o narrador sertanejo do século XX abandonou o tom memorialista e “tomou a vez” do herói.
MACHADO, Neuza. O Narrador Toma a Vez: Sobre A Hora e Vez de Augusto Matraga de Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: NMachado, 2006 – ISBN 85-904306-2-6
POST SCRIPTUM:
O CARISMÁTICO "POPULISTA" DO SÉCULO XX PERDE A VEZ PARA O CARISMÁTICO "POPULAR" DO SÉCULO XXI
NEUZA MACHADO
O personagem Major Consilva, representante do contra-poder que aspira ao poder, também poderá ser avaliado da mesma forma. Ambos representam o poder do “ontem eterno”, apenas são de partidos políticos diferentes, utilizando-me de outras palavras, representam um rico poderoso querendo vencer outro rico poderoso.
Portanto, nestas minhas páginas, peço-lhes que não confundam o Carismático Político “Populista” (oriundo do “ontem eterno”; por exemplo, Getulio Vargas, Juscelino Kubitscheck, João Goulart e outros do Final do Século XX), com o Inigualável Político Carismático “Popular” do Século XXI, um Grande Líder do Povão Brasileiro (oriundo das camadas mais pobres de nossa Anterior Realidade Terceiromundista): Presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Neuza Machado – neumac@oi.com.br, neuzamachado@ig.com.br
NEUZA MACHADO
“SOMADAS AS LÉGUAS E DEDUZIDOS OS DESVIOS” DO ATO DE NARRAR
NEUZA MACHADO
“Mas, somadas as léguas e deduzidos os desvios, vinham eles sempre para o sul, na direção das maitacas viajoras. Agora, amiudava-se o aparecimento de pessoas – mais ranchos, mais casas, povoados, fazendas, depois, arraiais brotando do chão. E então, de repente, estiveram a muito pouca distância do arraial do Murici.
— Não me importo! Aonde o jegue quiser me levar, nós vamos, porque estamos indo é com Deus!...
E assim entraram no arraial do Rala-Coco, onde havia, no momento, uma agitação assustada no povo” (Guimarães Rosa, A Hora e Vez de Augusto Matraga).
Se antes o arraial do Tombador se caracterizou como espaço intermediário para a permutação de papéis dos personagens, ou seja, Nhô Augusto saindo do Histórico para o Ficcional, e seu Joãozinho saindo do ficcional para adquirir existência histórica, agora, se dá o contrário no arraial do Rala-Coco: Nhô Augusto quer reconquistar seus poderes históricos retornando ao arraial do Murici, seu espaço de origem. Seu Joãozinho procura retornar ao Ficcional, de onde “aparentemente” havia saído. Ao mesmo tempo, também, o narrador e o personagem permutam seus papéis na estória narrada. Seu Joãozinho jamais saiu do ficcional. O ficcional como um espelho refletindo o real-substancial. Na opacidade do espelho, ao contrário do vidro e sua natureza translúcida. Caminhando em direção ao Sul, Nhô Augusto, em verdade, caminha sempre em direção ao “Norte”, ou seja, torna-se personagem ficcional. Ele não volta, não retoma o Histórico. A respeito de seu Joãozinho, e suas proezas históricas, o narrador abstém-se de falar. Percebe-se que ele está retornando para o Norte (“descendo para a Bahia...”), depois de ter ajudado a um amigo, e sua condição de personagem ficcional continua inalterada. O arraial do Rala-Coco (plano intermediário) é o lugar onde acontece o reencontro. O arraial em questão ligado às três dimensões: social, mítica e ficcional, está a pouca distância do arraial do Murici, porque no mundo ficcional não existem fronteiras geográficas.
Os imprevistos se sucedem: a morte do Juruminho, um novo convite de seu Joãozinho, para que Nhô Augusto fizesse parte do bando, oferecimento das armas de Juruminho, “essa estava sendo a maior de suas tentações”, recusa de Nhô Augusto, e, finalmente, o imprevisto central que desencadeará o desfecho da narrativa: a chegada do velho desvalido, que pede clemência para sua família, ameaçada por seu Joãozinho, por ter sido um de seus filhos o matador do Juruminho. Seu Joãozinho queria vingar-se da morte de seu capanga, matando um irmão do assassino e “presenteando” as irmãs do assassino ao bando de jagunços.
O velho pedia e implorava e foi aos poucos despertando a consciência de Nhô Augusto, um destronado herdeiro do “ontem eterno” (ou do narrador brasileiro de meados do século XX?). Em determinado momento, depois de implorar e não ser atendido, o velho tomou-se de fúria e enfrentou o jagunço: “— Pois então, satanás, eu chamo a força de Deus pra ajudar minha fraqueza no ferro da tua força maldita!” (Op. cit.).
E a “força de deus” aparece. O que vem a ser esta “força de Deus”?
A “força do deus que garante tudo” e o carisma recém-rejeitado continuavam incólumes no personagem. Nhô Augusto interfere:
“— Não faz isso, meu amigo seu Joãozinho Bem-Bem, que o desgraçado do velho está pedindo em nome de Nosso Senhor e da Virgem Maria! E o que vocês estão querendo fazer em casa dele é coisa que nem Deus não manda e nem o diabo faz!
Nhô Augusto havia falado; e a sua mão esquerda acariciava a lâmina da lapiana, enquanto a direita pousava, despreocupada, no pescoço da carabina” (Op. cit.).
“Nhô Augusto havia falado”. Esta assertiva prova o retorno do poder sócio-substancial, um diferente poder que já não se encontra sob as ordens de afirmativas históricas. Nhô Augusto falou e acariciou a lâmina da lapiana e a carabina, dados irrefutáveis de poder: voz de comando, força física escorada por armas, transformação facial, ocasionada pelo esforço de se fazer obedecer. Poder da força de Deus; poder excepcional e carisma sustentado por um “deus-que-garante-tudo”.
“Dera tom calmo às palavras, mas puxava forte respiração soprosa, que quase o levantava do selim e o punha no assento outra vez. Os olhos cresciam, todo ele crescia, como um touro que acha os vaqueiros excessivamente abundantes e cisma de ficar sozinho no meio do curral” (Op. cit.).
O discurso deste “incomodado” narrador sertanejo não é ideológico (naquele momento, o narrador de Guimarães Rosa apropriou-se criativamente de diretivas ficcionais), pois reflete um lado desconfortável da realidade sócio-política do Brasil de meados do século XX (a inexorável atuação política de reduzidos grupos de “herdeiros do ontem eterno” submetendo a população “deserdada” ao seu domínio).
Seu Joãozinho percebe o sério. No mundo das essências conflitantes, o enfrentar-se também não é sinal de estima?
MACHADO, Neuza. O Narrador Toma a Vez: Sobre A Hora e Vez de Augusto Matraga de Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: NMachado, 2006 – ISBN 85-904306-2-6