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sábado, 25 de abril de 2009

AS AVENTURAS PROSOPOPAICAS DE DIANNA VALENTE

NEUZA MACHADO

AS AVENTURAS PROSOPOPAICAS DE DIANNA VALENTE

NEUZA MACHADO

I

PRÓLOGO

E eis que, naquele deslumbrante dia
de suave letargia,
a Dianna Mineira Valente,
uma Notável Incomum Vidente,
por intermédio do tédio
e de Brilhante Poderosa Lente
e de Registrada Magia,
já havia previsto, a dita,
aventura mui bendita,
aventura por certo! segura,
por certo! muito bonita!,
ao longo da Varredura
da Via um pouco interdita
que vai à Serra Futura,
a qual se chamará Ventania
na próxima nomenclatura
desta narradora Sem-Guia,
pois lá a guedelha eriçada
do tal Mago da Alcaçada
que fica na Serra Vazia,
no alto da espiralada
trilhazinh’abandonada
do Neo-Narrar Inseguro,
que, na Duração Já Sem-Muro,
sem erro!, terá serventia,
pois lá a guedelha eriçada
do Bell Mago da Indomada
recebe a suprema magia
de uma Ventarol’Alada,
um muito! Desordenada!,
também eriçando ela
a Cabeleirinha Branquela
da Narradora do Nada,
pois foi lá que começou,
e a narradora a mim contou,
a Aventura Mui Segura
da Dianna Arthemis Valente,
Honorável Incomum Vidente,
resguardada pl’o Toinzão
Charreteiro Bonitão,
um Charreteiro Eternal,
mas de bom coração,
por oferecer luz sem-igual,
uma luz matricial,
ao pobre’humano vagante
de um passado imortal,
o Toinzão Itinerante,
por ser u’a figura tal,
a tal figura’inflamante,
uma recópi’atual
de Faetonte Gigante,
aquele filho roubante
da Carruagem do Sol,
ou Hélius Apolo Cantante,
um músico itinerante,
por certo!, fenomenal!,
um demiurgo de Escol
que sabe girar o Sol,
um ex-dono incomodante
da Viatura Voante
que no vigor do arrebol
risca a telona gigante
da realidade marcante
do sonho transcendental
com mil paletas faiscantes,
paletas de tons brilhantes,
de cores reverberantes
e muito et cetera e tal.
Então?!
Então, foi nesse dia
de suave letargia
que a Dianna Quiromante
pegou a Carruagem Vazia,
uma Charretona Brilhante,
e foi, com espetacular maestria,
até ao Monte Gigante
com notável companhia,
o tal Faetonte Brilhante,
o seu Charreteiro do dia,
o Charreteiro Importante;
de dia, um Estrello-Guia;
de noite, muito distante.



II

Pela sétima vez,
desde o finalzinho do Século XX
ao final do sexto anno do Século XXI,
a Dianna Arthemis Valente,
Influente Quiromante e Vidente,
recomeçou a escrever as suas memórias
com glórias,
mas, quomodo sempre,
essas memórias deveriam estar ligadas aos fatos míticos
que povoaram e povoavam ainda a sua vida
*,
fatos fecundos
oriundos
de seu Estado Federativo de Nascimento,
o Estado de Minas Gerais
de Belezas Naturais Sem-Iguais,
os quais ― os fatos ―
a transformavam,
em frações de segundos,
segundos profundos,
em diversas mulheres
de Mundos Dilatados,
Agitados,
Mundos Diferentes,
Ausentes,
há milhões e milhões de distância
de Terras Efervescentes,
onde guerras e guerras indecentes
estavam a dizimar as populações inocentes.

Então?
Então, eram terras poderosas do Norte Ocidente
― Orgulhoso, Demente ―
contra as outras,
as dos povos indefesos do Médio-Oriente
do Negro Petróleo Incandescente,
e estes,
coitados!,
tão mal-amados!,
submetidos aos desmandos
arremessados,
acuados,
atolados,
sem as proteções influentes,
secularmente pagando pelos atos
de seus governantes inclementes.

No entanto,
para digitar as suas memórias
e histórias
no atualíssimo invento dos meados do século XX,
e que se tornara a coqueluche dos humanos
no início do XXI,
um aparelhozinho interessante
chamado pelos Inteligentes da época de Computador,
e já que o ato de viver no Terral Global,
naquele momento fenomenal,
já não ofertava vitórias
e glórias
a nenhum ser letrado com sal,
nem mesmo ao Insano Anormal
inventor de estórias de Cantar Maioral,
a Narradora Implexora
d’As Aventuras de Dianna Valente,
uma Honrada Vidente
e Antiga Quiromante Atraente,
viu-se obrigada a pedir a proteção influente
do deus romano instigante, rompente,
o Júpiter Troante,
o Grande Comandante
dos deuses maiores do Olimpo Gigante,
o qual,
a partir daquele mês de março de 2007
até ao outro março de 2008
do Calendário Gregoriano Atual,
reformulado no Século XVI Maioral,
seria ele,
no decorrer do transcurso imperante,
o Fabuloso Regente Astral.


III

INVOCAÇÃO

Para a Narradora Quiromante,
de’mente incomum, vibrante,
o Grande Júpiter Troante
seria um Neo-Atuante,
por certo!, Interessante
e Valeroso Proctetor,
um proctetor sem-igual,
um demiurgo legal
ou defensor universal
de força descomunal,
ilustre propagador
da estirpe sem-igual
do Cantador-Narrador,
o Narrador Maioral,
descendente e seguidor,
com muita verve e valor,
do Romano Inicial.

E foi assim, meu Patrão!,
o pedido de proteção
da narradora em ação
ao Júpiter Troante Por Demais Bonachão
e de Bom Coração,
naquele 2007 de muita emoção,
em que o Brasil Altaneiro
e o Bom Brasileiro,
o Presidente em Ação,
ambos em redefinição,
com vistas a um Futuro de Exaltação,
com a Lua Progressada
Muitíssimo Agitada
já em circulação
e ingressando ela,
brilhante, amarela,
redigo, dourada,
muito animada!,
na Casa Primeira da Grande Nação,
transmitindo-lhes uma nova noção
para um Futuro
Sem-Muro
no amplo Mundão,
pois foi assim, atenção!,
o inquietante pedido da narradora em questão:

Óh! Júpiter Troante!,
Glorioso Guardião
de todos os Sagitarianos de minha Nação!,
neste anno
profano
de sua gestão,
neste 2007, de muita azaração,
repleto de guerrilhas,
armadilhas,
incômodo!, neste Vasto Mundão,
oferte-me um Cantar Maioral
― Sem-Igual,
com muita paixão! ―,
um cantar atual
de intensificação,
para que eu possa contar
― e, quiçá!, encantar ―
aos Leitores Atuantes
de Futuras Durações Mais Vibrantes
quomodo foi o viver incessante
da Dianna Valente,
Honorável Quiromante e Irisante Vidente,
De Mente Agilizada,
Mulher Incansável,
Trabalhadora Notável,
neste Transitar Imperante
do Tempo Presente
da Retomada Agitada
do Mito Resplandecente,
da Retomada Esotérica da Religiosidade Atraente
e do Real Surgimento de um Magno Brasileiro
Por Demais Influente,
conhecido no Mundo Atual
do Ocidente ao Oriente,
o Magno Sensacional;
redigo o já dito,
óh! Júpiter Bonito!
Permita-me encontrar,
neste Novo Narrar,
a fórmula ideal
de um Cantar Sem-Igual,
que mostre aos Leitores de um Futuro Sem-Muro,
do Futuro Sem-Muro
do Porto Seguro,
a vid’agitada
de uma mulher indomada,
uma Mulher Queixo-Duro
DeMente’Afiada,
uma Brasileira Sem-Beira,
quiçá sem a Eira,
Diferente, Encrenqueira,
Alvissareira,
porém, Bem-Amada.


IV

DEDICATÓRIA

É importante que se diga que a narradora em questão,
digladiadora feroz em um mundo de homens em ação,
mundo de guerras inglórias
e indesejáveis vitórias,
possuía ― naquele momento’anormal ―
consciência total
de que, sem a Dedicatória
Com Glória
ao Presidente’Atuante
do Brasil Verdejante,
o seu Neo-Cantar Incessante,
exaltando o destemor e carisma de Mulher Atuante,
em um Mundo de Homens da Força Imperante,
somatório a Dianna de várias mulheres brilhantes,
mulheres que lutam
e labutam
em trabalhos desgastantes,
pois então!,
entendia, a tal narradora em questão,
que, para o desenrolar bem pomposo
de um narrar suntuoso,
uma dedicatória
com glória
ao Governante Popular,
de acordo com as normas da Antiguidade Exemplar,
ao Presidente’Afamado
de seu Brasil Adorado,
o Luís Comandante
da Nação Triunfante,
ela teria de, com orgulho, ofertar.
E foi esta a dedicatória,
com glória!,
da Narradora em Ação
ao Luís Ignácio da Nova Nação,
naquele Anno da Vitória ou Segunda Gestão:

A Vós, óh! Luís! Meu Presidente Presente!
Oferto o meu cantar insistente,
Aqui exaltando o caminhar de uma Brasileira Altaneira,
uma laboriosa guerreira,
a Dianna Valente
Quiromante Influente,
mulher bemmenada,
de vid’agitada,
mulher destemida,
labutante na vida,
âncora segura da família querida,
somatório das outras,
as incansáveis mulheres que passam na Estrada,
do nascer
ao morrer,
sem medo de nada.

A oferta, óh! Luís! é bem validada!
Uma Mulher Importante,
bella e atuante!,
de temperamento vibrante,
é o Porto Seguro de vossa caminhada,
vossa esposa Marisa,
Primeira Dama Glorificada,
Muitíssimo Admirada
per muitos brasileiros da Nação Dilatada,
Primeira Dama Por Certo! Invejada
per as anteriores Consortes da Grandiosa Esplanada,

por ser Dona Marisa per Vós bem amada.

E a tal Narradora
Implexora,
dos Antigos Escribas incansável Leitora,
buscando as Arribas da Canção Precursora,
habitante de um Mundo Por Demais Conflitante,
um Mundo Indomável
e Neo-Guerreante,
da Pós-Modernidad’Envolvente,
do Imigo Intrigante,
da Praga Latente
matando Gigante,
da Aids Inclemente
exterminando o Amante,
do Sexo Premente
com Vírus Inflamante,
Pós-Modernidade Doente
com Bactéria Voante,
Mundinho, o tal, de Narrador’Atuante,
redigo o já dito,
num tom mais bonito,
a tal Narradora
Urdidora
de Narrativa Implexora,
depois do pedido ao deus tutelar,
o Júpiter Troante
de Vozeirão Trilenar,
vozeirão imperante
na serra e no ar,
e da dedicatória com glória
ao Luís Exemplar,
o Luís Comandante
do Brasil Gran Gigante,
a história
com glória
da Dianna Valente,
Mulher Singular,
Notável Vidente,
a tal Narradora,
redigo, Assessora!,
retomou o cantar.

E era um brilhante dia!
A Dianna Quiromante
quis visitar a Abadia
de Amadeus Pivotante,
na Serra da Ventania,
perto de Novo Horizonte,
e buscou a companhia
de Charreteiro Inflamante,
o Toinzão da Nova Via
que vai ao Monte Distante,
filho de Apolo da Guia,
um músico itinerante,
parente de Odisséia Maria,
heterônimo da Adamante,
a mesma Dianna Sem-Guia,
a filha de Jane Du Monte,
que, num dia de magia,
partiu para o Monte Distante.

O motivo do Enduro,
por certo!, Espetacular!,
era conhecer o Futuro
de seu Brasil Exemplar,
que, por ocasião da jornada
ao Monte Pré-Milenar,
vivia uma fas’elevada
em sua História Sem-Par,
pois saía da indigência
de País Sem Numeral,
para a nobre revivência
de seu Dinheirinho Real,
graças à notável regência
do Presidente Maioral,
que, em segunda bel gerência,
e em Campanha Sem-Igual,
conquistara a permanência
no Palácio Principal.

No primeiro de janeiro
do 2007 em questão,
o nosso Bom Brasileiro,
o Luís Real Ação,
aclamado pioneiro
em sua primeira gestão,
iniciou neo-roteiro
como Chefe da Nação,
pois, triste com o Ex-Timoneiro
da direita ocupação
― aquele que dirigiu o Terreiro
sem muita preocupação ―,
digladiou com ardor
em prol de segunda gestão,
e, mesmo sem o favor
dos ricos, sem proteção,
sem o apoio e o calor
de quem se dizia irmão,
lutou com sublime ardor,
carregado em novo andor
pelo pobre sofredor
que não tem sequer um tostão,
e viu no Luís Salvador
a chance de ter casa e pão,
então?!,
no primeiro de janeiro,
o nosso Luís Grande Irmão
recomeçou, pioneiro,
a defender o Povão
do Brasil Hospitaleiro,
o meu querido Rincão,
que, em passado roteiro,
nas mãos de brasileiro-estrangeiro,
quase perdeu a direção,
e, se não fosse o Altaneiro,
o Luís Bom Coração,
o Grande Solo Brasileiro
seria de outra Nação.



V

Quomodo sempre,
a Dianna resolveu consultar
o oráculo do Monte Divinal,
localizado em Minas Gerais Sem-Igual,
e cujo Mago Sensacional,
aquele que o presidia,
e ali também residia,
no tal momento ideal,
substituindo ele, por guia,
a Sábia Väjira do Esplendoroso Diamante
e da Curta Cabeleira Cacheada Branca e Esvoaçante,
era um antigo conhecido seu,
o Mago Amadeus Descendente de Zeus,
o qual, em outras Eras, fora o seu mais fiel escudeiro,
prevendo, hospitaleiro,
para ela,
uma mulher nascida no signo de Sagitário,
uma vida repleta de aventuras mirabolantes,
sem-fim.

E, para encurtar
o Caminho do Serpentear
até ao Incrível Monte Sem-Igual,
Infinitesimal,
Olimpial,
ainda presidido pelo estranhíssimo Mago
de Longa Cabeleira Branca Adamante Fenomenal,
a Dianna viu-se obrigada a relembrar as profecias
feitas por ele em 25 de novembro de 1946,
no dia de seu nascimento
(nascimento da Dianna, naturalmente),
as quais preconizavam-lhe a possibilidade
de incrível e rápida locomoção
intermitente
a qualquer parte do País Revelação,
por meio de um simples estratagema,
uma simples invocação
ao seu milenar Guardião,
o Toinzão Bonitão, o qual,
naquele século XXI,
iria dirigir o Famoso Famigerado
Veículo Desenfreado,
construído só para ela
no princípio da Idade Mítica Mineira,
uma Charrete Mágica,
puxada por meia dúzia de Cachorros Malteses Invisíveis,
os quais a protegiam de qualquer cilada,
de qualquer inveja maligna,
de qualquer olho gordo,
sob as ordens do Charreteiro Toinzão, O Bonitão,
conhecido na Antigüidade quomodo Faetonte Inflamante
Filho de Apolo Brilhante.
Só que, naquele início de século XXI,
o sétimo para ser mais precisa,
ou melhor,
o primeiro mês do sétimo anno do século XXI,
o maroto já havia trocado de nome,
abandonando a alcunha milenar,
só para agradar as gloriosas brasilenas
de lindas melenas,
uma vez que o nome Faetonte Inflamante
Filho de Apolo Brilhante
não lhe granjearia Ibope,
e o vivaldino queria mais era namorar todas as mulheres
do mundo rotundo,
exibindo-lhes o seu espetacular corpo milenar, bonitão, recheado de músculos,
adquiridos em horas e horas de exercícios físicos,
exercícios esses que eram a mania dos jovens mancebos
do final do século XX,
os quais, posteriormente,
quomodo dedicados pais de família,
quomodo aliados fiéis de suas companheiras,
influenciavam seus próprios rebentos masculinos
e femininos,
naquele início de século XXI de muita movimentação,
contaminando-os com a mesma paixão
ao culto do corpo saradão.

E eis que, o Toinzão Faetonte,
o descendente
per linha materna
do poderoso Jano Pereira da Cunha Bifronte,
naquele instante,
estava justamente a dirigir a Milenar Charrete Possante
em direção ao Divinal Monte Importante
das Minas Gerais Instigantes,
com suas minas de pedras preciosas brilhantes
e suas altas montanhas espirantes,
e matas virgens verdes reverberantes.

Então!? Então, foi naquele momento,
em que o Toinzão dirigia a Charrete Alada
dos Mineiros Altaneiros,
que o seu telefone celular tocou
(o celular do Toinzão, naturalmente)
e, ao atender à Insistente,
ou seja,
à simples invocação de seu nome,
o Toinzão ouviu a voz inconfundível da Dianna,
anunciando-lhe o desejo de visitar
o Mago do Monte Divinal, Espetacular,
o Amadeus Descendente de Zeus,
antigo integrante
da Brigada Volante
que presidia os Olimpos da Nação’Atuante,
os diversos Montes da Neo-Terra Brilhante,
e pedindo-lhe
encarecidamente
que lhe enviasse a tal Charrete Supra-Real,
pois, naquele momento sem-igual,
não poderia perder seu tempo
comprando passagem de ônibus,
quomodo fazia em outros tempos idos,
quando saía do Rio de Janeiro,
em 2003,
até ao Monte Divinal
da Zona da Mata Universal,
para ouvir as histórias mirabolantes
da Sábia Väjira Diamante
da Curta Cabeleira Cacheada Branca e Esvoaçante,
sua diletíssima Guru,
uma Professora de História Antiga e Medieval,
inclusive Professora de Literatura Universal,
amiga dileta do Sábio Indiano,
aquele escritor importante
da Antiga Índia Matricial,
o qual,
tão bem!,
soubera colocar em pergaminhos preciosos
ditosos
a Grande Epopéia de seu tempo social imortal,
notabilizando as façanhas de guerreiros corajosos,
tais quais os irmãos Ariuna e Bhima,
filhos de deuses, por certo sensacionais!,
com a rainha Kunti de Magnífica Beleza,
e cujo pai adotivo, o Rei Pandu,
Serena Alteza de um Reino aproximado a Katimandu,
muito os amou
e os idolatrou,
ensinando-lhes,
com especial carinho
e paternal amor estelar,
o imensurável valor da união familiar.

E, num zás-trás maioral,
a Charrete Mágica Sensacional
e o Charreteiro Sem-Igual
Imortal
já estavam à porta da casa da Dianna Quiromante
e Vidente Insinuante.
E, sem perder tempo com as regras de viagens rompantes,
a Dianna colocou alguns objetos importantes
em sua Incomum Courela Viajante,
umas túnicas de seda floridas brilhantes
e seu Manto de Frio Lanoso Esvoaçante,
pois em Minas Gerais,
às vezes de Quentes Belezas Tropicais,
faz um frio tremendamente enregelante,
e saiu,
lépida e faceira,
bamboleante,
em direção ao Monte Distante,
onde,
há milênios,
os deuses e deusas fizeram dali um Olimpo Gigante.

Quomodo sempre,
e isto já lhe acontecia desde o mês final de 1998,
a Charrete Estelar do Monte Mineiro,
aquela que em outros tempos intermitentes
recebera nomes diferentes,
tais quais: Avião Imaginário,
quando elevou,
às alturas,
sua parenta de idéia,
Odisséia Maria
ou Maria Odisséia;
posteriormente,
a mesma Charreti’Alada recebeu o nome de Vimana,
Vimana Voadora,
quando ela mesma,
a Dianna dos Tais,
viajava
de ônibus
até à Cidade do Divino Espírito Santo de Minas Gerais
para receber os ensinamentos da Professora Sábia
Väjira Diamante do Manto Florido Esvoaçante,
Vimana esta que era sempre conduzida per o Bhima
Sentinela do Espaço Sideral,
o qual,
naquele tempo,
em 2003,
se propusera resguardá-la de todos os males
quomodo um Anjo Protector fosse de sua pessoa;
e sem esquecer-me
também
do Veloz Voador Veículo Desenfreado,
o qual,
em 2004,
quando da estadia de Cybele Adamante
na Terra dos Homens, a Gigante,
acrisolada na pele de Almandina Cristina,
uma outra sua parenta desmiolada, provisória, interina,
Maravilhoso Veículo este,
o qual levava a Cybele
para todos os cantos do País Brasil Varonil,
inclusive a própria Almandina Cristina,
pois esta se apoderara
inconseqüentemente
da Carruagem Mágica de Cybele,
incluindo a apropriação
indevida
de alguns pares de Leões Bonitões
da Ilha de Madagascar,
lugar milenar,
Leões esses amáveis e ao mesmo tempo durões,
companheiros leais
da dita Cybele da Terra e Dumar,
os quais,
a Almandina e alguns dos Leões,
afanados e reconquistados pel’Almandina,
naturalmente depois de diversas peripécias discrepantes,
divergentes, discordantes,
foram morar,
todos,
definitivamente,
na Milenar Itália dos deuses mitologizantes.
Então,
até então, o último nome da Charreti’Alada
foi Charreti’Alada, mesmo,
acompanhando a Cybele do Brasil
e a Almandina no Estoril,
pois, a sua outra face, a Circe Irinéia,
uma sua Parenta de Idéia,
de 2005 para 2006,
preferiu se trasladar ao Monte da Invenção Intrigante
por meio de Imaginação Atuante.

E eis que,
naquele dia,
a Dianna estava certa de que aventuras mil
iriam acompanhá-la até ao Monte
Imperante
do País Cor de Anil,
uma vez que o Faetonte Brilhante,
cuja alcunha,
nesta estória,
é Toinzão Bonitão,
se colocara a sua disposição,
dizendo-lhe que ordenasse o rumo da viagem,
para qualquer parte do Brasil Varonil de Belezas Mil,
e que ele,
repleto de obediência milenar,
a levaria sã e salva ao destino previsto,
e que,
em hipótese alguma,
Vilões Portugueses Mui Doutores da Idade Média
ou Sarracenos Obscenos Medievais a molestariam,
pois ele,
já fora informado pelo Mago Amadeus,
teria de protegê-la
de todos os sobressaltos da Via Imaginária,
e que
(ele ouvira falar)
a narradora da estória já havia pedido a proteção
do Grandioso Júpiter Rompante,
o qual,
naqueles dias memoráveis,
estava a presidir o trajeto anual
do Tempo Sideral
de 2007,
e que,
se houvesse alguma armadilha
nas rod’asas da Charrete Maravilha,
o Protetor Rompante,
quomodo precaução,
já havia alugado um Novíssimo Ônibus Interplanetário
Brilhantíssimo,
por intermédio do Presidente Atuante do Brasil Varonil,
o Luís Ignácio Digno Comandante
Enfrentando No Ato Moinho de Vento Inflamante,
construído por americanos do Século XX,
redigo,
um Ônibus Interplanetário Brilhante
construído por russos e americanos do Segre Passante,
para levá-la aonde desejasse,
mesmo que fosse aos confins do Planeta do Nunca,
cujo Imperador,
naquele momento redentor
entre a Razão
e a Emoção Supr’Ação
per a Era de Aquárius Fitante,
um signo propulsor per um Futuro Cravante,
era, quomodo vou lhe narrando neste novelo enroladão,
o Minúsculo Peter Pan Influente
Herói Diferente
da Antiga Estória de Fada Real Recorrente,
a Plim-Plim,
ou Sininho,
Fada Sem Sal da Tevê Global Hoje Não-Maioral
neste Segre 21 Inicial.
E, ainda, dizia-lhe o Carreteiro Tão Bailo!,
Milenar, e de Ação!,
tais ordens seriam melodiosa canção,
pois amava a donzela com suprema paixão,
dês o tempo Fermoso do Mito Famoso,
quando ela galopava silente em Corcel Vaporoso
na Estrad’Atraente do Sonho Ditoso.


VI

Ao Monte Distante
do Divinal Instigante
foi viagem Sem-Par
na Carruagem Estelar.
A Dianna Irisante
estava pensante,
interiormente’afolada,
na Hora Vergada
do Tempo Passante,
e o Toinzão Bonitão,
more or less caladão,
ao longo da Estrada
Por Certo! Enrolada,
à moda d’infanti’amanti’rompante,
estava falante.

E eis que,
naquele deslumbrante dia
de suave letargia,
a Dianna Mineira Valente,
uma Notável Incomum Vidente,
por intermédio do tédio
e de brilhante poderosa lente
e de registrada magia,
já havia previsto, a dita,
aventura mui bendita,
aventura por certo! segura,
por certo! muito bonita!,
ao longo da Varredura
da Via um pouco interdita
que vai à Serra Futura,
a qual se chamará Ventania
na próxima nomenclatura
desta narradora Sem-Guia,
pois lá a guedelha eriçada
do tal Mago da Alcaçada
que fica na Serra Vazia,
no alto da espiralada
trilhazinh’abandonada
do Neo-Narrar Inseguro,
que, na Duração Já Sem-Muro,
sem erro! terá serventia,
pois lá a guedelha eriçada
do Bell Mago da Indomada
recebe a suprema magia
de uma ventarol’alada,
um muito! Desordenada!,
também eriçando ela
a Cabeleirinha Branquela
da Narradora do Nada,
pois foi lá que começou,
e a narradora a mim contou,
a Aventura Mui Segura
da Dianna Arthemis Valente,
Honorável Incomum Vidente,
resguardada pl’o Toinzão
Charreteiro Bonitão,
um Charreteiro Eternal,
mas de bom coração,
por oferecer luz sem-igual,
uma luz matricial,
ao pobre’humano vagante
de um passado imortal,
o Toinzão Itinerante,
por ser u’a figura tal,
a tal figura’inflamante,
uma recópi’atual
de Faetonte Gigante,
aquele filho roubante
da Carruagem do Sol,
ou Hélius Apolo Cantante,
um músico itinerante,
um músico fenomenal!,
um demiurgo de Escol,
que sabe girar o Sol,
um ex-dono incomodante
da Viatura Voante
que no vigor do arrebol
risca a telona gigante
da realidade marcante
do sonho transcendental,
com mil paletas faiscantes,
paletas de tons brilhantes,
de cores reverberantes
e muito et cetera e tal.
Então?!
Então foi nesse dia
de suave letargia,
que a Dianna Quiromante
pegou a Carruagem Vazia,
uma Charretinha Brilhante,
e foi, com espetacular maestria,
até ao Monte Gigante
com notável companhia,
o tal Faetonte Brilhante,
o seu Charreteiro do dia,
o Charreteiro Importante;
de dia, um Estrello-Guia;
de noite, muito distante.

E a viagem seguiu compassante,
em volteios triunfais.
A Dianna, anelante!,
e o Charreteiro, demais!,
querelando armar, triunfante,
uma querelona sagaz,
naquele Bello Horizonte
de Veleidades Astrais
dos tempos prosopopaicantes
que não voltam nunca mais,
realçando a palidez dela
com risos descomunais,
com a cabeleiron’amarela
brilhando cada vez mais,
u’a luz de grande vela
em feixes originais,
as cores da Quinta Estrela
de Grandezas Sem-Iguais
a iluminar a Via Bella
que vai a Minas Gerais.

Enquanto a Dianna pensava,
distraída e anelante,
o Charreteiro brilhava
naquele Céu tão brilhante,
e a tal Carruagem passava
por cima do Mar Atalante,
pois quem dirigia e encantava
era o dito Heliosponte,
cujo brilho irradiava
no Filho de Apolo Amante,
conduzindo a Andarilha
rumo ao santo Santo Monte,
Monte de Maravilha,
de colorido vibrante,
situado e ampliado
nas Minas Gerais distante,
ancorado no passado
desta narradora rolante,
passado idolatrado,
repleto e sacralizado,
com muita estória importante,
tirada de saco engomado
com gomalina marcante,
saco sem fundo, vazado,
de devaneio intrincado,
mostrando no fundo rasgado
um mundo reedificante,
promessa de muito narrado,
narrado reestruturado,
muito bem armazenado
diferente do contado
pelo substancial dominante,
o substancial do Pasmado,
do Pasmado Antiquado,
que por força do Passado,
Passado glorificado,
quer-se acima do Horizonte,
mui longe outrora aprumado
no sem-fim organizado
de um Norte Desencantado,
Terra de Gente Gigante,
pisando no pobre-coitado,
o proto-neo-habitante
deste Sul Interessante,
como se fosse o tal colonizado
um ser insignificante,
unzinho qualquer malsinado.

Pois um Brasil Glorificado,
a Diannazinha buscava no tal Monte Adivinado,
para que o Futuro Assinalado
soubesse que o Brasil Adorado
per seu Povo Maltratado,
de Passado Malsinado,
de Povo Desautorizado,
acordou, bem renomado,
naquele incrível instante,
pois um Pré-Dito sem Calçado
tornara-se um Gran Gigante,
e que o Brasil Colonizado
até ao Vinte Perpassante,
já se via idolatrado
em Vera Terra Distante,
no princípio assinalado
de um Vinte e Um Importante,
o Terceiro Aquilatado,
desde o início pré-julgado
como Milênio Interessante,
e o Brasil Colonizado,
naquele instante’atuante,
se vendo Neo-Governado
por Mão Firme-Comandante,
Mão de Governo’Honrado,
por Deus-Pai abençoado,
por Ele muito estimado,
pois Pernambucano’Atilado,
Governanti’Ajuizado,
pelo Povão Adorado,
era já fato afirmado
no Ágora Fortificado
da Neo-Nação Verdejante.
E, agora, depois do excursado,
com muito parolão recriado,
de longe, a Terra avistada,
a tal Montanha Importante
de sua Terron’Adorada,
pertinho de Belo Horizonte,
Capital Mui Fascinante,
e, por companheiro de Estrada,
contava, a dita Vagante,
com o Toinzão, que ela amava,
o dito Neo-Heliosponte
Filho de Apollo Brilhante.

Mas, o espertinho Truão,
logo que o dia findou,
desapareceu, de roldão,
e a noite logo chegou.
Então.
Então, não?!
Por que não?
Para chegar à Pousada
de Amadeus Quiromante,
o Sacerdote do Nada
além do Tudo Imperante,
situada na entrada
daquele Monte Vibrante,
precisava a Galanada,
a dita Dianna du Monte,
de força revigorada
para seguir adelante,
e sem a presença neopensada
do Filho de Apolo Cantor,
a mineirinha afolada,
da novel estrad’alada
cheia de curva e fervor,
não versaria um nada,
não mostraria valor,
pois, Viajar Deserdada,
totalmente Exerdada,
em Via Espiralada,
por vezes muito intrincada,
é viagem de doutor,
e a mineirinha do d(o)ado
repleto de resplendor
se viu em mato intrincado,
sem saída e sem andor,
sem arma de Bell Passado
para lutar com louvor,
sem palafrém equipado
com mantilha de valor,
sem palavrório atilado,
sem verça de ditador,
e tudo isto, Meu Amado!,
do SolLuz necessitado,
para, com tino dobrado,
registrar com mui agrado
um Bell`Amor divinado
pelo Brasil Redentor,
no Ato deste Enrolado,
resgatado e respeitado,
em Plagas distantes firmado,
firmado e protocolado
como Terra de Valor.

Mas, no entretanto do Ato,
sem o apoio sensato
do Toinzão Itinerato,
a Carruagem Motorizada
de Vida Despoliciada,
em forma de Navio Mercante,
passava desarvorada
por cima do Mar Atalante
e dentro dela, aluada,
ia a Dianna do Monte,
pois, antes de chegar à morada
de Amadeus Quiromante,
precisava, a Espiralada
do Fôlego Reconfortante,
tomar água consagrada
per Netuno Embriagante.
E, buscando uma saída
para seu navegar anelante,
foi a Desconhecida Vivida
do Cantar Incomodante
comprar a renovada bebida
em Adega Preferida,
cujo proprietário de lida
era Netuno Bacante.
E em seu sonho pivotante,
cuja raiz anelante
estava em um Novo Horizonte,
ou melhor, muito melhor,
no alto do Gran Gigante
da Cidadela Esplendor
perto de Bello Horizonte,
foi, a pouco distinguida
na Ara do Trovar Firmante,
conversar, mui comovida,
comovida e enaltecida!,
com o El-Rei do Neo-Atlante.

E foi a Dianna do Monte,
com Netuno Embriagante,
revolver o seu passado,
com saudade confortante
e parolão aluado,
e se recordou do instante,
que alheada e inquietante,
com o coração compassado,
viu o grande Mar Atlante
do Rio de Janeiro Amado,
na hora prima incessante
de seu viver transformado,
longe de Belo Horizonte,
a capital atuante
de seu Estado venerado,
Minas Gerais, triunfante,
lugar de gente inflamante
e de coração adoçado,
seu domicílio distante,
agora só sonho sonhado.

Então a Dianna do Monte,
a revolver o passado,
se recordou do instante,
que alheada e inquietante,
com o coração compassado,
esteve, bem confortante,
diante do Mar Rebrilhante,
no Rio de Janeiro adotado.
É que naquele proto-instante
de sonho desenfreado,
a Dianna Incomodante
não era mais do Roçado
lá de Minas Gerais,
a Cantante
era a Dianna Adamante,
chamada também Del Mar.

Na Praia do Saco Grande,
lá p’las bandas do Mirado,
estava a Dianna Dummont
diante do Jaião Mareado,
o tal Netuno Amarante,
parente do Zeus do Passado,
pois sua voz altissonante
provinha de Veiro Narrado.

E conversando fiado
com o Netuno Maresia,
o Grande Rei do Mar Salgado,
naquela hora do dia,
dia de muita magia,
a Mineira do Pasmado
Repleto de Resplendor,
esqueceu o neo-d(o)ado,
esqueceu seu velho amor,
aquele ser ensolarado,
o tal Toinzão Multicor,
e digeriu um papo bem acabado
com Netuno Adamastor,
que, no Quinhentos, já passado,
pelo Camões, exaltado,
foi brilhante, transformado
em Montanha de Valor,
separando o Mediado
do Moderno Concolor.

O que, no início, não sabia,
nem mesmo desconfiava,
era que, ao longo do dia,
que a findar já começava,
muita aventura sandia
a sua viagem entrevaria,
e tão cedo não chegaria
ao Monte que tanto amava.
Pois, para seguir sempre adelante,
em direção ao Super Monte
da Grandeza Original,
a Diannazinha Voante
teve de enfrentar,
com rompante,
o furor desavisante
de um Veiroto Zagal.


VII

E era um Azagal Implicante,
bolorento, decadente,
antigamente importante,
antigamente influente,
da Idade Medial,
pois para chegar ao Mirante
com palavra-luz, somente,
aventuras neobrilhantes
teria de enfrentar, dali pra frente,
afinal,
uma vez que, no Vinte Um Já Imperante,
neste Brasil Importante,
um cantar altissonante,
narrante e muito rimante,
não constava incomodante
em novíssimo embornal
de cantador impressionante
à moda do tal Zagal,
qualquer cantor neovagante,
de Epopéia Triunfante,
nunca se viu, aqui, atuante,
neste Vinte Um já passante,
e a Dianna Anelante
necessitava, inflamante,
de um Cantar Neo-Importante
para vencer o Azagal,
o tal Zagal Maioral,
que, numa mesinha rasante
de cor insignificante,
apoiado no beiral,
ouvia a conversa incessante,
insólita,
meio girante,
da Dianna Viajante
com o Vei-Netuno Abissal
de Natureza Imortal.

O Azagal Implicante,
com fúria descontrolada,
ria da Dianna do Monte
e de sua parolagem cifrada.
E lá em seu canto borolante,
um lugareco esconsado,
cantinho bem antiquado,
em uma mesinha baloiçante,
de antiguinho pé quebrado,
por certo!, não-vacilante,
ainda vei-resguardado
por livros de antigo falar,
o Azagal, já destronado,
queria com ela lutar,
luta de Narrador Inflamado,
per com ela pelejar,
só para, com fúria, irritado!,
com veira destreza!, provar
que o neo-d(o)ado,
desarmado,
de um neocanto espiralado,
era linguagem neovulgar,
pois se esquecia, o Atrasado,
que o cantar do Vei-Passado,
no tal Segre Começado,
teria de se ajustar,
com muito agrado, enrolado!,
às normas de um neo-renovado
e diferente narrar,
repleno de versos rimados
e história não-linear,
quomodo fez o Pessoa,
o Fernando D`Além-Mar,
o Fernando de Lisboa,
em sua Mensagem sem par,
no século XX já passante,
um Segre mui estressante,
caótico, beligerante,
que vai dar o que falar
no futuro-ali-adiante;
o Fernando de Lisboa
de Portugal Secular,
e cujo Canto ressoa
acá nesta debanda do Mar,
o mesmo Marzão de Água Boa
que banha a Banda de Lá.

Para a Empresa acertar,
a ajuda especial
do Faetonte Milenar
seria coisa normal;
o seu brilhoso sem-par
iluminaria o Neo-Astral
da Diannazinha Dalmar
ou da Serra Original
chamada de Conceição
por seu povo animação,
por seu brilhoso pessoal.

Só que, em d(o)ado aladu’instante,
a Dianna ficou só,
o tal Bonitão Faiscante,
numa tristeza de dar pó,
sumiu entre as nuvens, Brilhante,
deixando a Dianna n’um nó,
um nó no enredo cantante,
enredo desafiante,
um Sol-Lá-Si sem o Dó,
barbante muito enrolante,
com palpitação anelante
no fundo do seu gogó,
u’a palpitação estressante,
por certo neo-intrigante,
tendo de cuidar da Voante
Carruagem Extra-Astral
e da Malta Guard`Atlante,
no final do Arrebol,
a Malta do Veiro Irritante
de Raiva Descomunal.

No entanto, mui rebuscado,
a Dianna estacionava
com o Netuno Vei Primado.
E a Senhora Noite já chegava
com seu mover camuflado,
obrigando a que Andava
a pernoitar no Abrigado,
ou seja,
na Maison, Aquariava,
de Urano Desregrado,
aquele que se exilava
no Galpão Peixe Dourado,
enquanto o dono da Casa,
o Netuno PreAmado,
mareava e marolava
no Chalezinho Encantado,
Chalezinho Aquariado
de Urano Mal-Amado,
os quais, neste Neo-Enrolado,
os dois,
de Casa tinham trocado.

O Heliosponte longe estava,
a brilhantar do outro lado.
No Oriente ele passava
seu Grã Carrão enfeitado,
com mil lanternas, brilhava,
à moda do Orientado,
um Carro de brilho quente,
um Carrão mui colorado,
um Carro bem diferente,
robusto, revigorado,
o símbolo do Sol Nascente,
conduto evidenciado,
diferente do Ocidente,
ad’aonde já chega cansado,
o acá dito Sol Poente
do Ocidental Mumificado.

E o Toinzão Itinerante,
antigamente chamado
de Faetonte Gigante,
o filho desnaturado
de Apolo Helius Brilhante
daquele passado honrado,
por certo! bem decorado!,
o que roubou o carro’ardente
de seu pai sacralizado,
trazendo para o Ocidente
as brasas do Luminado,
só para agradar toda gente
de nosso Bello Cercado,
pois o Brasil Super Potente
é por ele muito amado,
o Sol brilha, incandescente,
do Norte ao Sul, lado a lado.

Mas, de noite, retornando
ao princípio do Ostentado,
ao Oriente regressando
para brilhar neo-redobrado,
as Orientais neobeijando
com beijo revigorado,
e só pela manhã voltando
com neobrilho energizado,
às primeiras horas do dia,
para continuar o firmado,
ou seja,
oferecer companhia
e beijo revitalizado,
um beijo de Estrello-Guia
na Diannazinha Maria
do Cantar Espiralado,
pois, à noite,
no escuro, rumaria,
a Dianna Neo-Narrado,
com a força da assuãrazia
de grupo esoterizado,
lá p’las bandas da Abadia
de Amadeus Mui Amado,
que, junto de neoconfraria,
habitava um descampado
na Gran Montanha Vazia
do Narrar Espiralado,
a Montanha Fiuzaria,
o rumo determinado,
e, por ora,
e por agora,
neste instante
e nesta hora,
Bell sozinha seguiria
e sem rumo vagaria
sem o Faetonte ao seu lado,
mas só depois da assuãrazia,
assuãrazão neo-embolado,
que com muito gosto faria
e novel destacaria
com o Rei do Mar Salgado.

E depois da eixecaria,
repleta de termo cifrado,
palavras sem serventia,
por ser Briga do Togado,
doutor da veira mania
de português latinizado
contra a doutora Dianna
do Brasilês Puridado,
a dona Fiuzaria
do Segredo Companhia
Brasileiro Renovado,
que por supuesto arrostaria
com o Azagal da mesa ao lado,
o douto sem serventia
do Terceiro Começado
prum tempo de gritaria
e parolão repensado
retirado da courelia
do Medial bem trovado,
Neo-Segre da valentia
de romper com o vei-passado,
Neo-Mundo siiralento
a trebelhar com cuidado,
o Vinte e Um de um momento,
por certo!, Regenerado,
em que o Ex-Povo-Mulambento,
no vei-passado humilhado,
escolhe o seu Influente
sem látego no neocostado,
seja ele um Presidente
provindo do Sujeitado,
o Metalúrgico Insistente,
de olhar resplandecente,
o Luís Inteligente,
por duas vezes Presidente
do meu Brasil Muito Amado;
ou um Índio Boa Gente
da América do Sul, Valente,
a guiar mui continente
um País Civilizado;
ou um Mestiço Inteligente,
negro e branco na corrente
do sangue sacralizado,
vencendo a fúria demente
do Presidente Passado,
vencendo batalha afolente,
neocombate acirrado,
na América do Norte De Mente,
no Próximo Assinalado,
o 2008 da Frente do Povo Politizado,
o Obama, Presidente
do Americano Estressado
que, guerreando no Oriente,
por ordem de Imprevidente,
almeja, impetuosamente,
o Americano inocente,
o sossego desejado,
votando no Diferente,
um Negro de Verbo Ardente,
impetuoso, animado,
provando, pra toda gente
do Mundo Civilizado,
que o preconceito existente,
até ao Segre Vei-Passado,
não vingar-se-á no Presente
de um Milênio Renovado,
distante de guerra indecente
e de cogitar atrasado,
buscando o Futuro de frente
sem temor do neo-d(o)ado;
então, eis aí, minha gente!,
o que vos afirma a Vidente
Dianna do Neo-Narrado:
no 2008,
diversamente
do que ocorreu no Passado,
a América do Norte, inclemente,
de preconceito atrasado,
terá, como Residente
do Palácio Esbranquiçado,
um Negro Grandiloqüente
no Pedestal bem firmado.

Pois, agora, estacionada,
parolando com paixão,
um tantinho espiralada,
mas com presilha no chão,
com a companhia d(o)ada
de Netuno Posseidon,
sorvendo história passada
repleta de muito som,
o som que vinha da Pousada
do Veiro Aviziboõ,
olhando PerDuração Puridada
brilhantemente espalmada
na palma de sua mão,
antevendo um Porvir Sem Muro
para o Brasil Neo-Nação,
sabendo-o muito seguro
nas mãos do Luís Grande Irmão,
o disposto com urdidura
para salvar o Mundão.

Assim, Amém!,
Assim Seja!
Que o Deus do Céu o proteja!
E que a nossa Seara seja
uma Sinecura Segura,
um emprego mui disputado
por Brasileiro Constante
ou Estrangeiro Viajante
do Mundo Globalizado,
e que toda Criatura,
deste Mundão Açulado,
antecoante,
em paz,
asado,
na próxima Via Futura,
venha partilhar da Fartura.

Então?!
Então não?
A Dianna parolava
com o dito cujo Jaião,
o Jaião da Maré Brava,
tão longe de seu Sertão,
aquele Sertão da Alcaçava
de Amadeus Antigão,
o tal Mago que habitava
o Alto da Conceição,
um Monte Azul que evolava
de seu Pensamento em Ação,
Aquele que em Minas estava
para lhe dar proteção,
enquanto a Dita morava
na ex-Capital da Nação,
a Cidade que reinava
no fundo do coração,
pois a Cidade adotava
os que vinham do Sertão,
dando guarida, velava,
ofertando proteção
à mineirada’atilada,
que vinha espiralada,
com a escudela na mão.

Mas, a parolagem da Dianna,
com o dito Jaião Mareante,
era uma intriga-gincana
sobre o passado distante,
quando o Netuno reinava
nas águas do Veiro Atlante
e as sereias namorava
nas praias de lá, passante,
no tempo de mil amores
e de muito beijo ardente,
amor de mil’esplendores
despertando o Mar dormente.

Mas, quomodo o dito e grafado,
o outro Jaião Implicante,
o Jaião Latinizado
de um tempo já bem distante,
estava, ali, na mesa ao lado,
pronto para um EntreVero arretado
com a Diannazinha Dummont,
dizendo que o seu Parolado
era Comédia Farsante,
pois a Dianna do Cercado
do Neo-Brasil Imperante
não possuía palafrém neoblindado
para seguir adelante,
e que o seu Novinho Enrolado,
com verso neocamuflado,
era Canto insignificante,
um brasilês sem costado,
do português bem distante,
um português devastado,
destruído e mal-falado,
sem o valor do passado,
para seguir sempre adiante.


VIII

E dizia, o tal letrado,
pra platéia circundante,
em discurso improvisado,
com maldade redundante,
que a Dianna do Cercado,
do Brasil Neo-Imperante,
era cantora sem grado,
sem palavrório marcante.
E que, oimas!,
antecoante!,
a Dianna do Cercado
do Gran Brasil Importante,
não receberia aval selado
dos doutores impetrantes
oriundos de um Falado,
um tantinho embolorado,
repleto de regras, antiquado,
o falar colonizado
do brasilês, importado
de neoterras, imperante
no Segre do vei-passado,
do Mundo Desarmonizado
do dito grupo falante
que se queria exaltado.

E relembrando do D(o)ado
de sua parenta cantante,
a Circe de outro Enrolado,
do 2005,
Passante,
bastiu um entrevero exaltado
com o Jaião perpassante,
enquanto o Netuno, arredado
da tal Contenda Inflamante,
se pôs um pouco de lado,
apreciando a Cantante,
apreciando o ritmado
da Diannazinha Dummont,
a Dianna do Alargado
Neo-Brasil Proto-Gigante,
mas, pronto para um eixeco estressado,
muito bem aquilatado,
disposto a se meter no Intrincado,
se a Dianna do Narrado,
Neo-Narrado Espiralado
longe da Norma Imperante,
falhasse no seu Neo-Rimado,
perdesse o fio vibrante,
caindo no desagrado
de algum Leitor Importante,
e, sem fôlego animado,
sem fôlego gaseificado
de Prima Luz, ofertado,
falhasse no seu rompante,
e, com muito desagrado
perdesse o rumo da Ponte,
a Ponte do Neo-Sagrado,
Pontilhão Espiralado
que liga a mente Pensante
ao Plano Espiritualizado.

E foi assim o eixequinho
da Diannazinha Lunar
com o Jaiãozinh’Avozinho
da outra banda do mar,
na Taberna do Marinho
Netuninho Du Vei-Mar,
tomando gole de vinho
e alteando o parolar,
politizando o Pergaminho
com o Trovar do Neo-Luar,
buscando um Bello Caminho
para acertar o rimar
e vencer o Ávol’inho
com Verça Espetacular.

E foi assim o eixecado
da Diannazinha Dummont
com o Vei Mui Estressado
de um Passado Bell Distante,
aquele do Vei Falado,
falado conceituado,
um tal de pompa importante,
mas sem calor renovado,
sem cotejo neobrilhante
e sem seiva de Primado:

Saiba Vosmicê do Traçado
repleto de circunstância
que, esta, a vos falar enrolado,
não tem muita tolerância
para dialogar alinhado
com gente de veira importância,
pois seu conhecimento alargado
coloca-se espiralado
em cogito diferenciado
em um Neo-Cantar Diletante.

E eis aqui o historiado
deste eixecado inflamante,
neste Armazém Neo-Honrado
de Netuno Veiro’Amante,
neste Vinte e Um, começado
quomodo Segre Apreçante,
um apreço renovado
neste Mundo Guerreante,
necessitando, apressado,
de um Neo-Cantar bem vibrante,
para mostrar ao Pro-Futuro
que um Brasil Já Sem Muro
delineia-se vibrante,
depois de um período escuro
que já se encontra distante.

No terceiro grau alado
de uma Nova de Novembro,
no Quarenta e Seis Porejados
do Segre Vinte Estupendo,
em um vinte e cinco assinalado
quomo data encantatória,
nasceu a Dianna do Narrado,
narrado sem muita glória,
pois seu pensar espiralado
não ganhou fama notória.

Os importantes do Fechado,
daquele Segre Vei-Memória,
um Grupo empoleirado
em fama vei-meritória,
muito bem calcificado
em regras de um tempo findo,
não perceberam o Neo-Mudado
de um falar muito lindo,
um falar necessitado
de um novo tom recém-vindo,
para realçar o Cercado
do Brasileiro sofrido,
que há muito estava alheado
de um Falar concorrido,
seguindo regras de Além-Mar,
calcadas em vei estampido,
o som do passado exemplar
e de um poder já perdido,
um grupo vei-milenar
em velho fardão metido,
com a cabeça no vei mar
do conceitual exigido,
tomando chá secular
no Plano do Corrigido.

E o contra-ataque do Jaião,
contra-ataque de assustar,
meu Ouvinte!, Meu Irmão!,
a vós não quero narrar,
pois o dito cujo Truão
não parava de urrar,
um Truão Atrapalhão,
atrapalhando o Bell Narrar
da Dianna Concepção
que estava alegre a namorar
o Netuno Poseidon
da nossa parte do Mar,
pois, em rota aquariana,
viera, para cooperar
com a viagem da Dianna,
uma vidente lunar,
que naquela eloqüência insana
estava com o Jaiasão a lutar,
enquanto o Netuno Bacana
ficava de lado a olhar
o tal entre-eixeco-gincana
do Jaião com a Lunar,
pois, o de Força Octoniana,
o Netuno PreAmar,
um pouco velho e sem gana,
não estava a fim de brigar,
deixando o cargo p’ra Dianna
Arthemis Luna Du Mar.

Então!?
Então, então, como não?
Foi um quebra-pau de arrasar!
O dito cujo Jaião
contra a Dianna Du Mar.
Na hora do eixeco gritante,
o Netuno, Veiro-Cansado,
ficou de fora, distante,
deixando a Dianna de lado,
mas, com certeza!, oscilante,
a recuperar o Forçado,
se a dita cujo Implicante
precisasse um Ajudado,
pois seu Tridentão Arpoante
conservava o valor d(o)ado
per Homero Edificante,
o Vate do Bell Pasmado
dos Gregos, itinerante,
andando sempre ocupado
em espalhar no horizonte
de um Futuro Puridado
o seu cantar alteante
e as rimas de seu rimado,
cantando a fúria inconstante
de Qualquer Proto-Ativado,
ou Rancho Revigorante,
Vitalizado, Agitado,
provindo, pré-guerreante,
do Mundo Mitificado,
a abalar a Estreante
e seu Cantar Renovado,
enquanto a dita cuja Adamante
recuperava o Passado.


Os urros do Afolido
espalhavam-se no horizonte,
em volta do Enlouquecido
armou-se querel’arfante,
era o povo do lugar
apreciando a Rompante,
torcendo pela Del Mar,
chamada também Del Mont,
pois sua aura sem par
brilhava, desafiante,
com a Lua Cheia a brilhar,
abençoando o neo-instante
do eixeco singular
entre a Dianna e o Gigante.

O Vei Gigante gritava
em cantorio horroroso,
e, à Dianna, intimava
um responso vigoroso,
o qual, a Dianna dizia
que o seu cantar neoformoso
não pertencia a secrelia
de um Vei Cantor Secreloso.

E o Secrelão do Passado,
o dito cujo Jaião,
em prosar desafinado,
criticava a do Sertão,
dizendo que o neo-d(o)ado
era pura invenção
de cogito atrapalhado
distante da Vera Razão,
epos heroicizado
não existia acá mais não,
e mundo mitificado,
com bando de deuses em ação,
era coisa do passado
do português Avozão,
e que o Brasil, Neo-Consagrado
pel Luís em Ação,
não tinha Poeta Grado
para elevá-lo à condição
de País Abençoado
com um Neo-Cantar Bastião;
boa vontade no Cercado,
o Neo-Brasil do Eirão,
para cantar o Primado
do Bom Luís Grande Irmão,
era material descartado
― não existia, isto não! ―
pelo rico endinheirado,
o que recusa um doado,
um simples magro tostão
ao pobre descamisado
que vagueia na amplidão;
e mesmo qualquer galanado,
qualquer doutor da Nação
preso ao Rancho Politizado,
contrário à Limpa Eleição
do Pernambucano Atilado,
deseja que o Laureado
saia do Planalto Elevado
com a escudela na mão,
ou seja,
o rico do Neo-Brasil Muito Amado
não gosta do Luís, não!,
e deseja que, o Premiado
com o voto da população,
erre em seu passo d(o)ado,
para fazer do Gran Cercado,
o Brasil Ex-Exerdado,
em novel bastidor tramado,
um País em Ascensão,
no Mundo todo firmado,
assinado e bem gravado,
quomodo de Direção,
estorvando o Contrariado,
o grupinho aenvidado
que não quer o Luís, não!,
não quer o País honrado,
o tal da oposição,
não quer que seja ovacionado,
no Mundão admirado,
o Brasil Ex-Eixerdado,
pel o Luís comandado,
e per outrem assinalado
com Nobre Classificação
no Mapa recém-desenhado
deste Presente Segrão,
o qual,
em um Amanhã Renovado,
será bem considerado
quomodo Aveziboõ,
Siiralento, Animado,
e nunca mais maculado
com a pecha da eixerdação,
e que o eixerdado já passado
não volte na contra-mão.

No entanto, e, entretanto,
a narradora a mim contou,
quem venceu o EixeCanto,
com muita honra e louvor,
foi a Dianna do NeoManto,
Brilhante, de Furta-Cor,
aquela que nasceu no Monte
do Divino Esplendor,
e que, naquele vero’instante,
já se despedia, anelante,
do Netuno Vei-Amor,
e de seu Tridentado Importante.

Entretanto, intralente,
retomando o Neo-Narrado,
a Dianna tão Valente,
do Gran Brasil Puridado,
estava indócil no Lar,
no Rio Maravilhado,
ou Rio Mui Exemplar!,
e, num momento de mente,
e, de repente, contente,
pegou o seu celular,
telefonou pro Influente,
aquele Sol Bonitão,
solicitou a Alada,
a Charrete Iluminada
repleta de superstição,
e voou em disparada,
com a alma renovada,
ao lado do Brilhantão,
para a Montanha Sagrada
do Alto da Conceição,
localizada e firmada
nas serranias doiradas
de seu Estado Antigão,
a Minas Gerais do Passado,
um passado idolatrado,
com muito empenho guardado
no fundo do coração.
Só que, ao longo da Estrada,
a tal, diferente e alada,
a Carruagem Dourada
seguiu por uma neo-estrada,
a chamada Via Honrada,
e foi parar, indomada,
na Praia do Grande Saco,
ou Saco Grande da Praia,
onde o parente de Bacco,
o Netuno PreAmar,
estava ali a morar.
E, antes que este enredo
sem medo
se transforme em um torpedo
e saia do linear compressão,
é preciso explicar,
com justa consideração,
e, com grande verve, narrar
a terrível confusão,
uma confusão de rascar!,
e de muito complicar
o teor da neocanção,
quando o Toinzão Milenar
deixou a Dianna no ar
e se mandou, num piscar,
para o Oriente Antigão,
mas, prometendo voltar,
para, em viagem, levar,
na prima hora sem-par
do seguinte diapasão,
ou medida do narrar,
por certo!, espetacular,
a Diannazinha Dumar,
saudosa de seu sertão,
até ao Alto Estelar
da Montanha Secular,
chamada pelos de lá
de Montanha Basilar
ou Monte da Conceição.




IX

Então!?
Então, por que não?!,
já e já, antecoante,
no princípio do horizonte,
ressoava, mui vibrante,
a barulhada marcante
do Carro de Apolo Cantor,
trazendo na boléia, alojante,
o Toinzão Multicolor,
antigamente chamado
de Faetonte Terror,
ou Faetonte Roubante,
por ter, com muito valor,
roubado o Carrão Alado,
o Carrão Iluminado
de quem lhe deu vida e amor,
trazendo-o, acalorado,
para o Brasil Redentor,
para beijar a Dianna,
uma Sacerdotisa Bacana,
que, pela manhã, muito sana,
retornava a Caravana
até ao Monte do Amor,
em busca de seu Passado,
um Passado Idolatrado,
por certo, sacralizado,
repleto de resplendor.

Mas, retomando o passado,
na noite do neonarrado,
a Dianna do Cercado,
chamada também Dumar,
havia a Dita se abrigado
per esperar o Sol’Asado,
o Carro Oportunizado
do Toinzão, por ela, amado,
que estava a brilhar no Oriente,
o filho americanizado
do Gigante Heliosponte,
chamado, antigamente,
de Brilhante Faetonte,
um filho desnaturado
que roubou o Carro’ Alado
de seu Papai desamado,
trazendo-o para o Ocidente,
para brilhar redobrado
no Terral Neo-Aclamado,
o Brasil Muito Influente.

Então!? Então, por que não?!,
É preci(o)so re-explicar:
a Dianna Encarnação
estava ali a pernoitar
na Maison do Puro Vinho
de Netuno PreAmar,
ou Maison AquaMarinho
de Urano Bom Velhinho,
que, por fatalidade tirana,
estava alá,
no tal Terral Albergana
de Netuno Piradinho,
a curar a carraspana
de bom vinho vermelhinho,
naquela hora bacana
repleta de torvelinho,
um cogitar doidivana
ou pensar redemoinho,
exilado, sem força insana,
a sua neurose romana,
em um Grandioso Ninho,
ou seja,
na Maison Pisciana
da Pura Água Fontana
do mesmo Netuno Marinho.
E este Embaraço consentido,
ou se quiser, sem sentido,
meu Leitor!, meu Amiguinho!,
só será bem entendido
por quem ler o Pergaminho
do Astrólogo Precavido,
o Amadeus Mui Precatado,
o Oraculante Preferido
dos deuses do Vei-Passado
da Astrologia do Fingido,
que fala do vei-narrado,
amadurecido,
extinguido,
do Astral Instituído,
um Pergaminho Velhinho
um tanto amarelecido,
mas com valor revivido,
um neovalor renovado.

Co a chegada do Toinzão,
a Dianna, mui contente,
despediu-se do Jaião,
o doutor impertinente,
que, ali, na contramão,
armou entrevero quente
co a Dianna Eixerdação,
distante do Sol Poente,
o qual,
antes da Prima Hora,
estava a viajar no Oriente,
mas, no ato do agora,
voltava, muito contente,
para iluminar a Alada,
a Dianna Espiralada,
uma Sacerdotisa De Mente
airosa e bem ativada,
viajante, incontinente,
por certo, espiritualizada,
por um nadica, um nada,
arruma as trouxas, diligente,
e vai, sem destino ou pousada,
tocando o Carro pra frente,
sorteando a estrad’alada,
se, por destino patente,
surgir, assim, bem de repente,
repentina encruzilhada,
fazendo-a, impertinente,
escolher a estrad’asada.

Do Netuno Preamar,
a Dianna se despediu,
prometendo o visitar
lá pelo novembro exemplar
do 2008 Gentil,
um Anno Espetacular
como acá nunca se viu,
porque, nesse Anno Sem-Par,
o Mundo evoluirá,
deixando o preconceito findar
em um Passado Senil,
prescrevendo ũa Paz Sem-Par
para um Porvir de Cem Mil.

Co a chegada do Toinzão,
a Dianna, mui contente,
despediu-se do Jaião
e tocou o Carro à frente;
despediu-se do Netuno,
um amor bem antigão,
e buscou um novo rumo
para realçar a Canção,
pois a Estrada Rebuscada,
que vai per a Serra Alada
do Alto da Conceição,
é estrada esburacada,
com armadilha fincada,
não é estrada mareada,
não tem nenhuma Enseada,
nem Taberna Adivinada,
nem Netuno de Roldão;
está longe da Baía,
da Costa do Brasilzão,
está na Montanha Vazia,
em direção ao Sertão,
ou das Altas Serranias
das Minas de Ouro e Carvão,
e para a Dianna Sem-Guia,
à moda de Veiro Narrar,
uma neo-invocação pré-urgia,
para a Via alumiar,
e, com grande maestria,
retomar o Neo-Cantar,
para seguir, com alegria,
e em boa companhia,
o Toinzão Neo-Milenar,
até a Serra Ventania,
a Serra da Alegria de Amadeus Trilenar,
o Chefe da Confraria
de o Zeus de o Antigo Troar.

O destino, pré-declaro!,
da Viagem de Roldão,
era visitar o Preclaro
do Alto da Conceição,
o Amadeus do Olho Raro
no Centro de seu Frontão,
morador do Monte Claro,
vizinho do de São João,
nas Serranias de Minas,
Estado Bem Antigão,
das iguarias divinas
feitas por divas mãos,
mãos de diligentes Meninas
e Velhas de Muita Ação,
das Cozinheiras Faceiras
cozinhando cereais
nas Cozinhas Hospitaleiras
do Estado de Minas Gerais.

A Serra, por ela amada,
de beleza sem-igual,
situada e assinalada
bem longe da Capital,
era Serra Espiralada,
pertinho de Laranjal,
ou melhor,
a Serra Asada,
ficava, bem situada,
perto de um outro local,
chamado de Carangola,
a Princesinha Frajola
da Mata Fenomenal,
Zona Mui Caipirona
de meu Estado Natal,
fronteiriça Faixa Urbana,
por certo!, mui Grandalhona,
do Pedestal Racional.

Assim, assim!
Assim, não!
Assim, então, por que não?
Com a chegada do Toinzão,
a figura ensolarada
da cabeleirona dourada
repleta de animação,
de cabeleiron’assanhada
iluminando a amplidão,
o dia se iluminou,
e a Dianna se animou
a retomar a Estrada,
a tal Estradazinh’Alada,
que serpenteia, agitada,
a Serra Espiritualizada
do Caparaó Cantochão,
cantado em verso e prosado
por Menestrel de Expressão,
manifestando o d(o)ado
com grande imaginação,
até à novel Alcaçada
de Amadeus Antigão,
uma Via Espiralada,
repleta de Trovoada
e muito Ar-de-Monção,
Vento que vem da Enseada
de Netuno Ancião,
que fica na Porta’Alada
da Entrada Espiralada
do Reino da Invenção,
para, depois, bem-menada,
alcançar a Renomada
Serra da Conceição,
uma Serra imaginada
com muita consideração,
por ter, com honra ganhada
de Deus Pai do Vei-Cristão,
acolhido a pro-manada
de gado e galinha assada,
além de semente d(o)ada
para verdejar o Sertão,
e que, aqui, nesta Enrolada
Cantoria Bem Menada,
não deve ser profaçada,
deve, sim!, ser muito honrada,
com finura trebelhada,
fazendo sembrante bõo,
mostrando ser a Galanada,
uma Serra Abençoada,
o Alto da Conceição,
pois foi lá que a Afolada
Dianna Anunciação
começou a caminhada
neste Mundão Sem Frontão,
quando o seu Pai Aquileu,
descendente de Peleu,
na Alvorada Encantada
de um dia-revelação,
plantou semente bem louvada,
ou semente vida’alada,
em sua esposa adorada,
a Jane do Grã Sertão,
quando, em um Fevereiro exemplar,
estavam os dois a namorar,
muito de bem a brincar
na Casa do Guardião
da Montanha Milenar,
o Amadeus Avozão,
cujo nome trilenar
era Amadeus Secrelão,
três Segres a vivenciar
as voltas do Temporão,
do Tempo de Bem Amar,
de bem amar com paixão,
para em Novembro Sem-Par
do 46 de então
dar vida ao Embrião,
ou seja,
a Diannazinha Lunar,
mas, que fato espetacular!,
mesmo sendo suplementar,
a dita cuja sem par
Dianna da Serra e Dumar,
nasceu mesmo no Sertão.

Ao desviar o caminho,
passando per o Mar Atlante,
a Dianna do Arminho
Branquinho Reverberante,
ou Dianna do Caminho
da Lua Nova Adamante,
foi conversar com o Marinho
Netuninho PreAmante,
enquanto o Toinzão Bonitinho
voava ao Oriente Distante,
para voltar, bem cedinho,
e os dois seguirem adelante.

E, de manhã, com ventinho,
quando o Faetonte voltasse,
e lhe fizesse um neocarinho
com os raios da matinada,
a Dianna se animaria
a retomar a Estrad’Alada,
e asinha se enlaçaria
ao Toinzão da Revoada
de Pássaros e Batucada
e da Fiz Neo-Caminhada,
pois, oimais,
antecoante,
dali pra frente, doravante,
o Jaiazão Neo-Gigante,
o Toinzão Itinerante
dela não se livraria,
a Dianna Afolante
ou Dianna Enluarada,
e os dois, em carreat’atirada,
press pressa subiriam
a Charretona Aluada,
Charrete Desatrelada,
por certo!, Desengonçada,
e, com nova assuãrazia,
em novel Via Vazia,
a caminho seguiriam
ao Horizonte Trifrontante.
E, certamente, seria
um ensolarado dia,
e a meiga cotovia
um belo dia prediria,
e para os Amantes faria
uma Estrada Bem Asada,
estrada despovoada,
de ventarol’animada,
cheia de curva enrolada
e parole ávol e dada,
parole mui bem tramada,
por certo!, abençoada
na Escudelona Gigante
do Sacerdote do Nada,
― o Nada Edificante,
do Velho Conceito distante,
da Era Neo-Pivotante
ou Era Descondensada
do dois mil e sete, passante,
século de gente enfezada
a guerrear por nanada,
a passar em revoada ―,
o Júpiter Tonitruante
da Ordem Latinizada.

Entretanto,
a Viagem ao Santo Monte,
ou Monte do Bello Horizonte,
distanciara-se um tantinho,
necessitando antecoante
de retomar o neo-cadinho
de argila refratante,
de operação quimicante,
per temperatura de vinho,
pois, sem gasolina brilhante,
a Carruagem Voante
não chegaria ao Pré-Ninho
de Amadeus Pivotante,
o Sacerdote Bonzinho,
que, com ternura e carinho,
augurava, à Quiromante,
um caminho bonitinho,
sem pedregulho ou espinho.

A Viagem ao Santo Monte
desviara-se um tantinho,
pois, perto de Belo Horizonte,
havia um neoburburinho,
a dizer que um Pré-Gigante
estava a bloquear o caminho
da Diannazinha Du Monte,
em seu cantar afolinho.

O fato desiderato
foi o seguinte relato
de este narrar consentido.
A Diannazinha do Matto,
com seu vestido florido,
esqueceu-se do Alado,
seu Charreteiro Querido,
e foi asinha, de fato,
falar com o Destemido,
que estava, em aparato,
a imprecar contra o Precato
que fez o Luís Querido.


X

E era um total desacato
contra o Luís Mui Querido,
o Presidente de fato
do Neo-Brasil Destemido,
que no ato do Eixecato
do Jaião Adolescido,
com muita pompa e aparato,
o Luís Inácio ― de fato!,
um Presidente Elegido ―
era o nosso Intimorato,
no Mundo inteiro aplaudido,
aplauso, não-insensato,
aveziboõ, consentido,
jubiloso, fervoroso,
por Deus-Pai sempre valido,
para quem é admitido
em Patamar Mui Honroso,
Airoso, Mui Grandioso!
Por certo! Espetaculoso!
Aplauso bem merecido.

Pois, então!,
ao se desviar
do caminho circular,
que vai ao Eremitério,
Eremitério Sem-Par
do Santo do Presbitério,
o Amadeus Milenar,
o Vei-Dono do Mistério
do Monte Espetacular,
pois, ao se desviar do caminho,
em busca do Avezibõozinho,
chamado de Avozinho,
o Amadeus Quiromante,
o Amadeus Amorzinho,
o Insólito Incorporante
do Manto Esvoaçante,
um Manto Muito Branquinho,
de Barba Longa, instigante,
a prever muito carinho
para a Dianna Adamante
Arthemis Luna Marinho,
a Novel Pré-Viajante
de um diferente Caminho,
que veio de tão distante,
Lua Vestida de Arminho,
Arminho RedeFicante,
em busca de um Neo-Cadinho
para fermentar, implicante,
seu Cogitar-Desalinho,
um tantão desalinhante,
mas, por certo! bem novinho!,
um tal cogitar importante,
que, daqui a um bom tempinho,
vai desvendar o Dominante,
o nosso Presente Ninho,
o Brasil Neo-Comandante,
quero crer com gran rompante,
no Futuro Ali-Adiante
será País Importante,
ou Nação Revigorante,
no Clarão a Rebrilhar
em Nova Era Estelar,
pois, então!,
foi bem ali,
naquele instante,
afolida,
incomodante,
com vida,
com barulho altissonante,
que neocontenda inflamante,
guerrinha acontecida,
estava a esperar,
bem vibrante,
pela Dianna Dumar,
ou Diannazinha Du Monte,
quem sabe?,
Du Horizonte,
a obstruir o caminho
que vai ao Santo do Monte,
do Monte Santo Importante
do Bem-Menado Bom Velhinho.

Já era Abril na caminhada
do 2007 Inflamante,
e a Dianna Espiralada
na busca do Santo Monte
da Serra Espiritualizada.
E estava a Galanada
do Monte muito distante,
pois o Marte Espad’Alada,
chefiando malt’atlante,
prerrogava e regalava,
com discurso eixecante,
falando mal da Bem-Menada
e do Presidente Atuante,
dizendo que a Dita Alada
não tinha apoio importante,
e que a Canção Puridada
não era pura o bastante,
e que a homenagem-d(o)ada
ao Atual Comandante,
o Luís da Esplanada
do Centro Revigorante,
não tinha Carta Selada
de Madrinha Renomada
ou de Padrinho, Informante
de Firma Sacralizada,
para ser re-afirmada
no Gran Livro Edificante
do Futuro-Ali-Adiante.

E o Jaiãozinho Afolento
contra o Luís pré-rogava
pragas terríveis, lamento
de quem no contra jogava,
a aproveitar o momento
para destilar reza-brava
contra o Aveziboõ, Siiralento,
aquele que muito honrava
o Brasileiro Altaneiro,
o Povo que o Luís amava,
e que, por ele, o Mundo Inteiro
(naquele momento flecheiro)
muito valorizava,
colocando em Parlamento
a Nação, que iniciava
Caminho Deslumbramento
e entre os Grandes se firmava.
O Neo-Brasil, Neo-Monumento,
aos do G-Vinte energizava.

E recuperando a Indomada
Narrativa Exerdação,
a Dianna da Enrolada
Cantiga Aveziboõ
solicitou Carroç’Alada
e Charreteiro Jaião,
a Figura Bem-Menada
de Faetonte Toinzão,
chamado nesta Embolada
de Toinzão da Neo-Canção,
beijou a Cainçalh’Amestrada
dos Perros de Estimação,
a matilha sublimada
que lhe dava proteção,
além de puxar a Trilhada
Carruagem do Sertão
por meio de palavra d(o)ada
e muita imaginação,
a cachorrad’atilada,
feroz, mas de bom coração,
protegendo a Espiralada
de qualquer perturbação,
saindo de madrugada
para fazer rara inspeção
de parola recriada
com penas de bell pavão;
e a Cainçad’Animada
fazendo sembrante bõo
― os Invisíveis da Estrada
Muito Bem Iluminada,
que se aplicam, em matinada,
à apreensão puridada
da realidade tachada,
sempre bem conceituada,
mas, com maior precaução,
por ser matéria-imitação,
busca, com energia redobrada,
a Cainçad’Apurada,
a do Mundo da Invenção
ou Insolidez Bem Tramada
repleta de superstição.

No entanto, entretanto
— a Lunar a mim contou —,
a Dianna do Bell Canto
o tal Jaião encontrou,
na Via do Monte Santo
do Mineiro Resplendor,
imprecando contra o Manto
do Neo-Luís Redentor,
o Presidente Mui Amado,
o Luís, já galanado,
muito bem ornamentado
em terras de bell valor,
um louvor aquilatado
o qual, para o dito cujo aenvidado,
o dito contrariado,
o tal Jaião opressor,
era gala sem andor,
e que o Muito Aclamado,
pelos brasileiros da dor,
não possuía costado
para agüentar o suor.

Para o Jaião Marciano,
que, naquele instant’insano,
exilava-se e amoitava
no Asilo Pisciano
de Netuno Maré-Brava,
disputando com o Urano
a dita cuja Alcaçava,
numa conjunção ribombante,
por certo!, impressionante!,
pra saber quem dominava
o Astral muito importante
da Nação, que iniciava
Segunda Passada Asante,
pel’o Luís, chefiada.

Então?!
Então, para o dito Marciano,
meio aloucado e doente,
em exílio pisciano,
o nosso Luís Boa Gente,
sem diploma de doutor,
era apenas um engano
da Votação Com Louvor;
para o Jaião Marciano
Pré-Demente Cantador,
o nosso Pernambucano,
o nosso Luís Redentor,
não se comparava ao Gaturamo
Viajante Opositor;
para o dito Marciano,
o Luís Pernambucano
não possuía valor,
e que o Brasil Neo-Aprumado,
no próximo, assinalado,
2008, transformado e aquilatado
por Saturno Viajor,
em Virgem, qualificado
no Setembro do Amor,
o Signo Imperador
do nosso Brasil Multicor,
ano prognosticado
para mudar o vei-andor
do Norte Incivilizado,
ou Americano Falado
da Guerrona Tão Sem Cor,
pois então,
para o afolido Jaião
do Parolão-Confusão,
o Neo-Brasil-Revelação,
o Grande País-Nação
do nosso Luís Grande Irmão,
no Bolor cairia
da negra estagnação,
em Andor não reinaria,
e também não venceria
a Terrível Recessão
que viria de roldão
(já prevista, com horror!,
per Magos de ocasião).

Ao ouvir a cantilena
do Jaião Endoidecido,
a Dianna Lua Plena
bradou alto, em seu ouvido,
uma parolagem replena
de valente proteção,
defendendo o Ofendido,
o Luís Real Ação,
que, longe, estava aprumando,
com muito amor redimido,
o País ex-exerdido,
com coragem!, restaurando
o nosso Brasil Destemido.

O confronto com sentido
entre a Dianna e o Jaião
― o do Partido Vencido,
a vociferar sem-razão,
o Jaião, endoidecido,
gritando na contra-mão,
e a Dianna do Vestido
a brilhar na confusão,
seguidora do Partido
do Trabalhador Sem-Tostão —
foi um eixeco bastido
em bastidor-problemão,
pois, o Dito-Cujo Enxerido
pré-rogava confusão
para o Presidente Querido
pel’os Pobres da Nação,
dizendo, um tantão presumido!,
com reles orientação,
que, o Governo Com Sentido
do Luís Revelação,
até ao junho exigido,
do 2007 em ação,
um mês de resolução,
ou de problema ou questão,
seria ao estrangeiro vendido,
pois, per o Jaião Afolido
que estava na contra-mão,
o nosso Luís Destemido,
tal qual o Pássaro Conduzido,
venderia a Neo-Nação,
e que, do Pobre Coitado Oprimido,
aquele da Votação,
Aquele que lutou, decidido
pel’o Luís Nosso Irmão,
o nosso Luís Mui Querido,
Per Sempre Fortalecido
per uma Segunda Gestão,
então?!,
então, por obra de Presumido
Maracoteiro Truão,
a trebelhar afolido
em nome de ávolado Jaião,
algum Jaião Ressentido,
nadica avezeboõ,
no junho, mês concorrido,
do 2007 em questão,
um ano astral combalido
em cada canto do Mundão,
o nosso Luís, tão Querido!,
mesmo com ânimo renhido,
intensamente movido
por Campanhas de Ação
para salvar a Neo-Nação,
sofreria oposição,
e, pelo povo, mal-querido.

Ah!, isso assim! Isto, não!”
Disse a Dianna Valente
do Alto da Conceição,
num rompante neocandente
repleto de emoção.

A resposta da Dianna,
para vencer o Jaião
de Mentalidade Insana
e Pouco Amor no coração,
foi assũar parolão
que resolvesse a questão,
questão de muito falar!,
pra defender, com razão!
ou paixão de exaltar!,
o Luís Revelação,
o Presidente Exemplar
de nossa Grande Nação,
o Brasil, tão Singular!,
o qual terá condição,
no 2009 Sem-Par,
de sair da inação
e muita glória alcançar.

E a briga seguiu afolada
entre a Dianna e o Jaião.
A Dianna Espiralada
defendendo o da Mansão,
o Presidente d’Alvorada
da Pátria Revigorada,
o Brasil DiviNAçãO,
a rebrilhar, puridada,
em cada Canto do Mundão.

E o Marte, Espad’Alada,
fazendo sembrante ávol,
a implicar com a BemMenada,
que (por certo!, iluminada
por brilhante Astro-Sol,
a conduzir a Alada
desde a primeira passada
— aqui se diz arrebol —,
ou princípio da jornada
de uma Viagem de Escol,
Viagem, com certeza!, aclamada
num Futuro-Ali-Adiante,
naquela hora vergada,
uma horinha interessante,
hora flexibilizada,
um tanto desgovernada,
bastia entrevero boõ),
ao buscar a Via Asada,
encontrou o Ávol Jaião,
o contrariado de nada,
numa curva do Sertão.

E a Bem-Menada Atilada
bradou no ouvido do Jaião:
Vosmicê já criticou
o Presidente da Nação.
Agora, a partir de Nada, vou
a reverter o cordão
de sua palavra praguejada
repleta de profação
contra o Luís da Esplanada
do Centro de Convenção
de Brasília, a Ensolarada,
a Capital da Neo-Nação,
Cidade Revigorada
do meu Brasil Revelação,
Pátria Amada e Endeusada
Ab Imo Coração,
per sempre glorificada
por quem pisar o seu chão.

Saiba, ó Marte da Linguagem
abarrotada de fel
que, neste Abril de Visagem,
neste 2007 Sem Mel,
haverá muita eixecagem,
e muita gente cruel,
querendo acabar com a Gerência
do Pernambucano Atilado,
que tem Vera consciência
de seu comportamento adequado,
pois, a sua bell regência
já é fato bem firmado
nos Anais da Presidência
do Brasil Abençoado
por Deus-Pai da Onipotência
e do Céu Sacralizado,
o Deus-Pai, Muito Adorado!,
da Sublime Complacência
e do Ver’Amor Redobrado.

O Luís Escorpiano
é um homem de valor!
E Então?!
Nenhum praguejar insano
acabará com o louvor
que o Brasileiro mediano
oferece com amor
ao Luís Pernambucano,
que não é nenhum doutor
diplomado Terciano,
não é nenhum professor
a gringolear sonido’humano
submisso ao Invasor,
mas, sabe mais que o Pelicano
e, também, o Ameriricano
― do Norte ― Vei-Opressor ―,
a lidar com a pouca grana,
provinda do Anterior,
reduplicando a tirana,
para que o brasileiro não-bacana
possa sair do horror,
pois, a cada dia da domaana,
tem de pagar, com suor,
uma dívida mui insana
ao FMI Cobrador.
E, graças ao Condutor,
de Origem Pernambucana,
e graças ao Trabalhador
do Vei-Brasil Pouca Grana
(hoje, Neo-Brasil de Valor),
o Saco-Sem-Fundo-Rotundo
de um crédito muito opressor,
já está rasinho, no fundo,
e, em breve, em Influente’Andor,
com muito aplauso do Mundo,
o Brasil Neo-Vencedor
não será mais devedor.

O povo que assistia,
com redobrada atenção,
a siiralada contenda
entre a Dianna e o Jaião,
o Marte Parolão da Encomenda
Sem Um Pingo De Razão,
à Lunar aplaudia
com neovigor,
com emoção,
vaiando o neocontendor
com fala de ocasião,
obrigando o Opositor
a se afastar de roldão,
mandando o Marte Infrator
de volta à sua Mansão,
à sua Casa Ariana,
ad’onde ele é o mandão,
pra acalmar seu furor
contra o Chefe da Nação,
pois na Alcaçava Pisciana,
a última do Viajor,
em exílio, doidivana,
um tantinho sem louvor,
com mente ávol’ada, insana,
guerreava com ardor,
e só em sua Casa Espartana
descansará em paz, sem rancor.

Depois da briga afolada,
entrevero piradão
entre a Dianna Espiralada
e o Marte Jaião Garotão,
uma briga enluarada
do Calendário Cristão
― já era quase madrugada,
o final da noite, pois não?! ―,
a Lunar, só, na estrada
que vai dar no seu Rincão,
Minas Gerais da Alcaçada
de Amadeus Secrelão,
a Serra Abençoada,
ou Alto da Conceição
de Carangola Adorada,
Cidade-Concepção,
invocou a defesa do(a)da,
propícia ao seu Cordão,
do Toinzão da Matinada
Repleta de Superstição,
e saiu, em disparada,
buscando a tal proteção,
pois já visualizava, animada,
os raios em rotação
da cabeleirona indomada,
brilhando na amplidão,
do Toinzão Neo-Madrugada,
ou Faetonte d’Alvorada
da Grande LuminAção.

E era quase madrugada!
O Carro de Apolo Cantor,
já voltava, em disparada,
do Oriente, do Amor
oferecido à namorada
de olhinhos de primor,
olhinhos, tão rasgadinhos!,
repletos de mel, carinhos,
transbordantes de amor;
mas, com certa certeza d(o)ada,
o Condutor da Neo-Alada
Carruagem Iluminada,
preferia, por Amada,
a Dianna Espiralada,
a Lua Plena Dourada
do Gran Brasil Multicor.

Depois do entrevero afolado
com o Neo-Marte Opositor,
no 2007 entrevado
repleto de detrator
contra o Luís do Gran Cercado,
o meu País Multicor,
a Dianna do Enrolado
de Extravasante Destemor,
seguiu com passo redobrado,
passo alado vigorado,
junto de seu vero amor,
o vero amor do primado,
o Toinzão Ensolarado,
Filho de Apolo Cantor,
pelos Ares do Afamado
Neo-Brasil Neo-Redentor,
em busca do Neo-Sagrado,
o Monte Dignificado
de Amadeus Gran Senhor,
que fica assim per o lado
do Citadino Esplendor,
o Carangola Animado,
lugar per sempre Abonado
por Deus-Pai do Ver’Amor,
um Recanto Confortado
da Zona da Mata, Dourado,
de Minas Gerais do Louvor,
Carangola, de um passado,
por certo!, superior,
vizinho prognosticado
do Divino Redentor,
o Divino afamado
quomodo Terra de Valor,
Terra de Bravo Indomado,
mas repleto de amor.

E a viagem multi’alada
na Charrete Iluminada
foi seguindo, espiralada,
por rota desconhecida,
pois a direção da Indomada,
em trilha espiritualizada,
sem linha determinada,
não era vida vivida;
era certeza, doada
por seres da Luz Sagrada,
pré-videntes da jornada
de um Povo de Muita Lida,
gente representada,
na Esplanad’Abençoada
de Brasília Agigantada,
pelo Luís Destemido;
por Deus-Pai reorganizada
com o auxílio do Querido,
mas, que, em data assinalada,
em Aquário, anunciada,
em 14, bem firmada
como data neo-venida,
de 2009, enviada;
a Lua, em Libra, formada,
na 7a Casa Dourada,
e a Astrologia animada,
o Sol, buscando a Alvorada
de Nova Era Sentida,
a Mansão Iluminada,
muita luz na Alvorada,
Alvorada Nova-Vida,
rota-luz bem alinhada,
Marte e Júpiter, de mãos dadas,
buscando a Paz puridada,
puridada e destemida,
na Celestial Alcaçada
da Avenida Aquariada
em Aquário construída,
a Paz guiando os Planetas,
e os Perversos Picaretas
depondo as armas senis,
a Vida Revigorada,
completamente Feliz,
e a Brasileirada Ativada
a unir os Mil-Brasis.

E a viagem seguiu sempre à frente
com o Toinzão na direção,
a Dianna, mui contente!,
repleta de gratidão
por uma vida mui contente,
neo-vida de louvação,
pois, falando francamente,
o brasileiro p’ra frente
segue a revelar ação;
e a Diana Mui Valente,
falando verticalmente,
explodindo lunação;
rezando per o Luís Presidente,
neste Milênio em questão,
rezando pr’Onipotente,
pedindo a Deus Proteção,
para que o Pernambucano Valente
vença sempre a Oposição,
a Oposição mui resistente
do Pássaro Veiro Influente
de Antiga Governação,
que não soube, simplesmente,
zelar pelo pobre irmão,
na governança aparente,
até ao 2001 da Corrente
dos Anos de Solidão,
oito anos prepotentes,
sempre na contra-mão
de um Futuro Previdente
para a nossa Neo-Nação;
e o brasileiro, doente,
brasileiro sem o pão,
milhões morrendo, indigentes,
naquela infausta ocasião,
mui brasileiros doentes,
por falta de arrumação,
a Casa desarrumada
até à data em questão;

e. agora, a Cambulhada atilada,
partidária do Vei Jão,
esquecida da embrulhada
de anterior Secrelão,
repleta de fala tramada,
instigando oposição
àquele que veio do Nada
para restaurar a Nação.

Hoje o Brasil da Esplanada
— dos Estados da União —
é Terra Glorificada
em cada canto do Mundão;
a Fome, ainda não-sanada,
mas, falta pouco, meu Irmão!,
o Luís da Esplanada
só quer o bem da Nação.

E o Pássaro da Era Azada,
Era Moderna Azarada,
azarada sim, por que não?,
cheio de eixecada guardada,
inveja mal ocultada!,
de parolagem malvada,
a fazer oposição
ao Luís da Esplanada
do Brasil-Revelação,
Brasil de Gente Animada,
Brasileiro D’Alma Lavada
e muito amor no coração,
buscando a Paz Puridada,
e por Deus-Pai Sacralizada,
no Planeta da Armação,
muitos de arma apontada
na direção do Irmão.
A Ocidental Norteada
apontando seu Canhão,
repleta de ambição avolada,
querendo mandar no Mundão.
E o Brasileiro Altaneiro
a confiar, siiraleiro,
no Neo-Governo da Nação.


XI

Nesse ínterim de defesa,
de defesa verdadeira
— provinda só da Razão,
e de muita neo-certeza —,
ao Bom Presidente-Irmão,
o Luís da Nova Empresa
que quer salvar a Nação,
a visita-realeza
ao Monte da Conceição,
ao Amadeus da Vei Nobreza
dos Mineiros do Sertão,
por ser um Sonho de Empresa,
ou seja,
um Bello Caminho-Surpresa
saído da Imaginação,
vai seguir, sempre à francesa,
mudando de direção,
pois a Carruagem Voante
da Dianna do Sertão,
vai estacionar com rompante
neste 2007 em questão.


XII

O 2008, por certo!,
será um anno de arrasar!
O nosso Luís, in deserto,
muito lhano, a resgatar
a aprovação convincente
do apoio popular.
A direitada, inclemente!,
querendo ao Luís julgar,
a instalar veneno quente
em quem não sabe ajuizar,
colocando o Dirigente
numa posição insular,
a impedir o Presidente
de com destreza atuar,
falando mal do Residente
do Planalto Singular,
com a linguagem imprevidente
de quem só deseja o venal
— nos dois sentidos com correntes
desta palavra plural —;
pois, então!, ó Boa Gente!
do meu Rincão Maioral!,
o 2008 Demente,
no meu Brasil Sem-Igual,
será anno impertinente,
um prenúncio do Vei-Mal,
que virá na Neo-Corrente
do 2009 Letal,
e sacudirá, inclemente,
a nossa Paz Mineral.

E a Dianna Boa Mente
voando pro vertical,
querendo chegar, bem contente!,
ao seu rumo inicial,
visitar o seu Parente,
o Amadeus Primacial,
naquela Serra Influente
da Concepção Sem-Igual,
ou Conceição Transmanente,
a que fica Além-Normal,
pois, sua altura proeminente
vigora no Ascensional
do Pensamento Sem Lente,
Sem Princípio, Sem Final,
Serra de Gente Valente,
de Intrepidez Sem-Igual.

E o Pernambucano, pra frente!,
no 2008 Vital,
vai lutar com o Imprevidente
que só almeja o seu mal,
e com a Imprensa Maldizente,
partidária do Azagal,
que, num passado recente,
submisso a Estranho Dirigente
do Nortenho Ocidental,
quase levou nossa Gente
para o Abismo Total.

Assim, pois não?!, mui contente!,
com a força de Verbo Quente,
grito, mui diligente:
Viva o Presidente Atual!


XIII

E o 2009 chegou,
com muita alegria sana!,
e Deus-Pai abençoou
o nosso Luís Tão Bacana,
e a esta narradora
doou a História da Dianna,
uma Sacerdotisa Sem Grana,
ou Sacerdotisa Lunar,
a que, em 2007, Multi-Plana!,
foi com o Toinzão a buscar
uma Aventura Gincana,
uma Aventura Sem-Par,
no Monte Santo da Serrana
Narradora Du Neo-Mar
(que confusão pós-montana!;
não se sabe se a Dianna
pertence à Serra ou ao Mar!),
filha de Antoizinho’Aquileu
e de Jane Borromeu,
neta do Zeca Estelar
de Minas Gerais Aveziboõna,
a minha Praça Albergana,
a minha raiz, o meu Lar,
Serra Muito Antigona
do Alto Espetacular
de Carangola Romana,
uma Cidade Franco-Italiana
da Zona da Matta Exemplar.

Mas, enquanto o Mundo sofria
uma recessão de assustar,
uma recessão que valia
muito mais ficar no ar,
causada per secrelia
de um Norte Sem Bem-Estar,
um Norte da vei-mania
de querer no Mundo mandar,
o nosso Brasil Tão Querido,
regido per o Neo-Ungido
pel’a Massa Popular,
desde o 2002, de o Sumido
Anterior Governar,
daquele momento em diante,
do 2002 per a frente,
estava a se tornar Possante,
graças ao Neo-Presidente,
um Presidente Atuante
que, apesar de muita gente
dar-lhe bordoada constante,
bordoada maldizente
de brasileiro inconseqüente
que não quer perder a fonte
do ganhar muito imprudente,
do que não sabe plantar semente,
mas tira o pãozinho quente
de quem trabalhou incessante;
redigo:
apesar da Maldizente,
o nosso Grande Presidente
já nos leva ao Patamar,
pois, a nossa Nação MultiGente,
o nosso Brasil Singular
já põe as Cartas na Frente
e vai ao Mundo a Guiar,
o Mundo da Recessão Demente
produzida per Dirigente
que se dizia Solar,
que teimava em mandar na Gente
que não sabia lutar,
e apesar do Oponente
― não apreciando o Governar
de nosso Luís Presidente
e está sempre a criticar
o seu Mandato Exemplar,
e terá de se curvar, continente,
a cumprir a Lei Corrente ―,
o Gran Luís Presidente,
Governante Singular,
in início de Anno Afolente,
o 2009 Inclemente,
está no Mundo a Brilhar,
e espero, sinceramente,
que, até ao final, coerente,
de seu Mandato Exemplar,
o nosso Cordial Presidente,
em meio à Crítica Maldizente
do PIG de Malsinar,
vença qualquer oponente
que o queira derrubar.


VOCABULÁRIO:

Afolar = enlouquecer
Antecoante = quanto antes
Asinha, aginha, azinha = depressa
Assũar = reunir
Aveziboõ, aviziboõ = venturoso, feliz
Ávol = insensato, mau
Azagal = azagaia, lança curta de arremesso
Bastir = urdir, tramar, construir
Boõs = bons
Courela = bolsa, estojo
Domaa = semana
Eixeco = contenda
Exerdar = deserdar
Envidos, aenvidos = contrariado, contra a vontade
Escudela = tigela de madeira, malga de madeira, tigela pouco funda
Fazia sembrante = fazia semblante, fingia, mostrava
Fis = leal, verdadeiro
Fiúza = esperança
Jaiam, jaião = gigante
Mal menado = maltratado
Oimais = doravante, daqui em diante, daqui para frente
Profaçado = desonrado, desmerecido
Puridade = segredo
Secreloso = seculoso, antigo
Segre = século, mundo profano em oposição à vida monástica
Siira = alento, ânimo
Trebelhar = trabalhar, construir bem
Vegada = vez
Vergada = flexível, delgada
Verça = hortaliça, verdura, ervas, ramo
Veiro = velho, antigo
Vei = velho, antigo

* Esta narrativa de Neuza Machado vislumbrou o seu início em 18/12/2006, às 10h56m, em um dia de maravilhoso Sol Hiper-Cariocjônio, espantoso, no Urbano Encantado do Rio de Janeiro, muito amado!, ex-capital do incomparável país Brasil Varonil, situado na América do Sul de Encantos Mil.

quarta-feira, 25 de março de 2009

SERTÃO: CASA DA INFÂNCIA

NEUZA MACHADO

A “Poética da casa” de Gaston Bachelard [A poética do espaço] reporta-se interativamente ao sertão da narrativa A hora e vez de Augusto Matraga de Guimarães Rosa. O sertão roseano como a casa inesquecível, com seus recantos secretos, seus refúgios e abrigos.

O artista de origem sertaneja, narrando as aventuras de Augusto Esteves das Pindaíbas e do Saco-de-Embira, recorda (matéria lírica no espaço da ficção) o sertão da infância, seu passado inesquecível, seus fundamentais primeiros anos de vida.

Investigando apenas os trechos que reproduzem o estado anímico do ficcionista — trechos de alto conteúdo lírico —, verifica-se que se encontram além da objetividade histórica. Recordando o sertão, traz à memória a casa da infância, e é por isto que, em um determinado trecho narrativo, se liberta do jugo do narrador experiente (cf.: Walter Benjamim), para “apresentar” liricamente os pormenores da viagem de retorno do personagem Augusto Matraga ao Arraial do Murici.

Mudanças ocorrem no discurso do narrador, graças a esta interferência da matéria lírica. Estas mudanças discursivas representam um momento de transição: o narrador roseano abandonando o cogito(1), sintagmático (vide as narrativas de Sagarana, excetuando, evidentemente, “A hora e vez de Augusto Matraga”), passa a comandar seu processo de ascendência para os cogitos superiores da consciência argumentativa (vide Grande Sertão: Veredas). O narrador — alter ego do ficcionista — se deixa contagiar pelas minúcias do espaço externo do sertão recolhidas em seu íntimo. Recolhe os fragmentos de suas lembranças — suas recordações infanto-juvenis — transformando-as em acontecimentos narrativos. Há uma superabundância de pensamentos que se entrechocam e se ajustam, mas o discurso retórico — característica do literário — impõe suas diretrizes.

De repente, na altura, a manhã gargalhou: um bando de maitacas passava, tinindo guizos, partindo vidros, estralejando de rir. E outro. Mais outro. E ainda outro, mais abaixo, com as maitacas verdinhas, grulhantes, incapazes de acertarem as vozes na disciplina de um corpo.(...) E agora os periquitos, os periquitinhos de guinchos timpânicos, uma esquadrilha, sobrevoando... E mesmo, de vez em quando, discutindo, brigando, um casal de papagaios ciumentos. Todos tinham muita pressa: os únicos que interromperam, por momentos, a viagem, foram os alegres tuins, os minúsculos tuins de cabecinhas amarelas, que não levam nada a sério, e que choveram nos pés de mamão e fizeram recreio, aos pares, sem sustentar o alarido – rrrl, rrrl! rrrl-rrril!...

Os estranhamentos em nível de discurso textual: os fonemas r, i, l agrupados de forma a caracterizarem o alarido dos tuins. Por que a manhã gargalhou com a revoada de pássaros?

Mas o que não se interrompia era o trânsito das gárrulas maitacas. Um bando grazinava alto, risonho, para o que ia na frente: — Me espera!... Me espera!... — E o grito tremia e ficava nos ares, para o outro escalão, que avançava lá atrás.

Os estranhamentos, em nível de discurso textual, aparecem sob novas formas de expressão, registrando as transformações sofridas pelo Narrador e pelo Narrado. Estes se encontram sob as exigências do mágico mundo ficcional, mas todas as contribuições poéticas são bem-vindas. A mimésis ficcional (diferente da mimésis dramática) se sobressai apenas no texto visível. Nhô Augusto é um simples receptor das variações mentais do narrador. Agora, o discurso está repleto de matéria poética: metáforas, antíteses e estranhamentos. Agora, o narrador faz seu personagem cantar velhas cantigas e se encantar com a natureza.

E Nhô Augusto pegou a cantar a cantiga, muito velha, do capiau exilado: “Eu quero ver a moreninha tabaroa, arregaçada, enchendo o pote na lagoa...” Cantou, longo tempo. Até que todas as asas saíssem do céu.

“Asas” conotando “pássaros”. “Asas” apresentando a visualização da grandiosidade do espetáculo do bando de maitacas, maracanãs e tuins voando em direção ao sul, em períodos cíclicos.

Depois que os pássaros passam, Nhô Augusto raciocina: “Não passam mais... Ô papagaiada vagabunda! Já devem de estar longe daqui...” Logo a seguir, observa-se a perplexidade do próprio narrador, interrogando a realidade do texto: “Longe, onde?”, se não há distâncias geográficas no mundo ficcional. Estes estranhamentos explicam o insólito da narrativa, apreendido apenas na camada visível do texto. As recordações da infância permitem esta instabilidade — intercalação de versos sertanejos — através do ato de cantar do personagem.

Como corisca, como ronca a trovoada, no meu sertão, na minha terra abençoada...

O narrador apresentara, antes, um bonito dia ensolarado. Novamente, interrogando a realidade do texto, apresenta aos leitores (ou ouvintes) a sua perplexidade diante de uma descoberta que se delineia subjetivamente, ainda incubada: “Longe, onde?” Intercala outros versos, efetivando um discurso insólito.

Quero ir namorar com as pequenas, com as morenas do Norte de Minas...

Como desejar namorar as morenas do Norte de Minas, se ele, Nhô Augusto, já se encontra no Norte? “Longe, onde?”.

“Norte” simbolizando o mundo ficcional. No literário-arte não há fronteiras histórico-substanciais (“Longe, onde?”), não há distâncias temporais, não há imposições lingüísticas, não impera a lógica da razão. “Longe, onde?”, então, se tudo é possível no mundo de um deus-que-garante-tudo.

É o passado inesquecível do ficcionista que se sobressai, quando o narrador do século XX se descontrola (cf. Walter Benjamim) ao narrar os acontecimentos que pautam a volta de Nhô Augusto. A volta do personagem representa o retorno das recordações da infância e adolescência, a recuperação das imagens da antiga morada. Por isto, o tom poético, o discurso estranho, diferente, que se verifica a partir da decisão do personagem de retornar ao Arraial do Murici.

O narrador informa que seu personagem não percebia os rumos que tomava; o narrador também não percebe os rumos que a narrativa toma. Por meio de contribuição filosófica bachelardiana, há como compreender o impasse ficcional: a casa — o sertão — faz o narrador “devanear”, faz seu personagem poetizar. Sertão inesquecível. O narrador moderno — inserido na sociedade capitalista — não conseguiu esquecer o castelo que permaneceu vívido em suas lembranças. Valores verdadeiros de um passado revigorado no imaginário-em-aberto. Não são os valores objetivos que contam; contam mais as sensações que permanecem no íntimo do ficcionista. Narrador-Poeta ou Poeta-Narrador ou, simplesmente, Poeta? Os Poetas não delegam poderes, apenas sentem, recordam (novamente ao coração), devaneiam; não transitam entre dois mundos diferentes.

Bachelard cita Jung em sua Introdução (A poética do espaço):

Temos que descobrir uma construção e explicá-la: seu andar superior foi construído no século XIX, o térreo data do século XVI e o exame mais minucioso da construção mostra que ela foi feita sobre uma torre do século II. No porão descobriram fundações romanas e, debaixo do porão, acha-se uma caverna em cujo solo se descobrem ferramentas de sílex, na camada superior, e restos de fauna glaciária nas camadas mais profundas. Tal seria mais ou menos a estrutura de nossa alma.

O sertão ficcional de Guimarães Rosa se encontra nas bases da estrutura de vida do narrador, extensivo, portanto, às bases de estrutura de vida do próprio ficcionista. O andar superior foi construído no século XX — narrador moderno —; o térreo — ligado ao sertão mineiro — denuncia os séculos iniciais da História do Brasil ancorados no sertão; mas se observado ponderadamente, verifica-se que esse sertão tem seu alicerce cravado na Era Medieval. Observando as camadas mais profundas, chega-se a uma origem sueva, localizada numa fase pré-medieval de Portugal, num tronco familiar bárbaro, cujo apelido (sobrenome) de família era Guimaranes.

Observe-se o depoimento de Guimarães Rosa ao crítico alemão Günter Lorenz (Entrevista a Günter Lorenz - 1965):

Para sermos exatos, devo dizer-lhe que nasci em Cordisburgo, uma cidadezinha não muito interessante, mas para mim, sim, de muita importância. Além disso, em Minas Gerais: sou mineiro. E isto sim é o importante, pois quando escrevo, sempre me sinto transportado para esse mundo: Cordisburgo. Não acha que soa como algo muito distante? Sabe também que uma parte de minha família é, pelo sobrenome, de origem portuguesa, mas na realidade é um sobrenome suevo que na época das migrações era Guimaranes, nome que também designava a capital de um estado suevo na Lusitânia? Portanto, pela minha origem, estou voltado para o remoto, o estranho. Você certamente conhece a história dos suevos. Foi um povo que, como os celtas, emigrou para todos os lugares sem poder lançar raízes em nenhum. Este destino, que foi tão intensamente transmitido a Portugal, talvez tenha sido o culpado por meus antepassados se pegarem com tanto desespero àquele pedaço de terra que se chama o sertão. E eu também estou apegado a ele.

O sertão é a casa do narrador e do Ficcionista. Dentro da casa íntima de cada sertanejo há um sertão que não se esquece. A literatura de Guimarães Rosa nasceu de sua vida inicial, sua literatura só sabe recordar o sertão. A memória (matéria épica) é insuficiente para transmitir sentimentos que remontam a pré-fase da alma humana inserida na alma de um único homem. Não se objetiva aqui avaliar o fenômeno pela ótica psicológica, mas reconhecer que a primeira morada é a base das futuras recordações. As primeiras lembranças, mesmo que aparentemente esquecidas, permanecem alojadas, armazenadas em íntimos compartimentos. O espaço interior desse sertão — sua intimidade — é captado através (no mais puro sentido etimológico da palavra “atravessar”) do olhar nostálgico do ficcionista (atenção: narrador ¹ ficcionista). Se a narrativa, nas últimas seqüências, se processa por meio de um discurso diferente do comumente usado para reproduzir a realidade, isto se apresenta graças à complexidade de se lembrar — recordar — de quem narra. A recordação é caótica e, pelo prisma da criação, valiosa; por isto, as imagens se encontram dispersas (cf. Bachelard), e, ao mesmo tempo, há um corpo de imagens.

Seguindo ainda as teorizações de Bachelard, verifica-se que esse acúmulo de imagens (ou imaginação além dos limites) aumenta os valores da verdadeira realidade do sertão mineiro (no sentido material). O sertão foi a primeira morada do escritor, o sertão roseano concentra as imagens dessa casa. No sertão da infância, ele foi um ser protegido, antes de tomar para si as rédeas de seu próprio destino. Foi ali que conheceu o calor do fogão-de-lenha e o calor do afeto familiar. Depois, o mundo o envolveu.

Bachelard diz: “a casa é o nosso canto do mundo”. O escritor adquiriu inúmeros talentos, projetou-se socialmente e intelectualmente, transformou-se em cidadão do mundo, mas o sertão permaneceu como seu “canto do mundo “ no mundo.

Eu sou antes de mais nada um “homem do sertão”; e isto não é apenas uma afirmação biográfica, mas também, e nisto pelo menos eu acredito firmemente, que ele, esse “homem do sertão”, está presente como ponto de partida mais que qualquer outra coisa. (...) Este pequeno mundo do sertão, este mundo original e cheio de contrastes, é para mim o símbolo, diria mesmo o modelo de um universo. (Entrevista ao crítico Günter Lorenz)

O sertão foi seu primeiro e verdadeiro universo, e o que veio depois não o satisfez realmente. Não se encontra satisfação particular em um mundo refletor de hipocrisias, e o mundo moderno, mundo que circunda o sertão roseano sem afetá-lo inteiramente, espelhou a degradação do homem do século XX, distante temporalmente dos valores irretocáveis da Antigüidade. O narrador de A hora e vez de Augusto Matraga traslada-se, em sua narrativa, ao “país da infância imóvel” (cf. Bachelard), de onde resgata, por meio da nostalgia, os tesouros de um espaço verdadeiro, pois suas lembranças são verdadeiras, assim como sua antiga felicidade. As histórias de grandes homens ou de violentos senhores-de-terra são verdadeiras, porque se encontram registradas nas recordações, não estão registradas simplesmente na memória, não fazem parte da memória histórica replena de falsos testemunhos.

Bachelard, como filósofo, procura abordar as imagens da casa reflexivamente, diligenciando “não romper a solidariedade da memória e da imaginação”, aspectos racionais da realidade. Os teóricos da literatura dignificam mais o imaginário-em-aberto do texto ficcional. Para Bachelard, “a casa abriga o devaneio, protege o sonhador, permite sonhar em paz”: a casa-sertão de Guimarães Rosa só se faz verdadeira graças ao devaneio, ao sonho do sonhador, às recordações da infância. Bachelard afirma que “os pensamentos e as experiências sancionam os valores humanos, ao devaneio pertencem os valores que marcam o homem em sua profundidade”. O objetivo do narrador roseano não é a aprovação dos valores sertanejos (matéria épica); é mais importante realçar os valores que marcam esse povo em sua profundidade. Por isso, o narrador “sonha em paz” (Bachelard), quando recria o sertão da infância, pois assim valoriza um espaço que lhe é caro, vivenciado em um clima de devaneio. As lembranças do narrador encontram-se ancoradas nesse sertão de sonho, integra pensamentos, imagens, recordações. Nessa integração sustenta-se o retorno de Nhô Augusto (agora, personagem secundário, uma vez que, de ora em diante, o personagem principal será o próprio narrador), retorno pautado por um discurso intrincado, no qual a realidade se encontra modificada pelo crivo dos sentimentos interiorizados. Neste discurso (típico da estética de transição do modernismo para o pós-modernismo), vale mais a criatividade do imaginário-em-aberto poetizado, mesmo que esta criatividade apareça dentro dos moldes ficcionais.

Este artigo faz parte de um capítulo da Tese de Doutorado de Neuza Machado: DO PENSAMENTO CONTÍNUO À TRANSCENDÊNCIA FORMAL (Sobre a obra ficcional de Guimarães Rosa), defendida na Pós-Graduação da Faculdade de Letras da UFRJ, já registrada na Biblioteca Nacional/Ministério de Educação e Cultura (MEC), Rio de Janeiro.

Este artigo foi publicado em MOMENTOS DE CRÍTICA LITERÁRIA IX – ATAS DOS CONGRESSOS LITERÁRIOS DE CAMPINA GRANDE – 1994 (Coord. e Org. de Elizabeth Marinheiro). Campina Grande: Editora Universitária, 1996, p. 290-295).

segunda-feira, 2 de março de 2009

SERTÃO ROSEANO: UMA LEITURA BACHELARDIANA

NEUZA MACHADO

Observando e dialetizando o sertão em A hora e vez de Augusto Matraga, João Guimarães Rosa remexe a poeira da realidade sertaneja e se deslumbra com as novas possibilidades literárias que estão, agora, à sua disposição. Neste momento, o Artista brasileiro alcançou o cogito(2) da consciência questionadora e suas lembranças do sertão da infância serão, de ora em diante, reavaliadas ficcionalmente. Nos contos iniciais de Sagarana, o narrador experiente das comunidades fechadas do passado [cf.: Walter Benjamim] se materializou, direcionando-o para a elaboração de narrativas exemplares. Entretanto, graças a esta nova perspectiva dialetizada, ele intui a possibilidade de ultrapassar a sublimação condicionada da realidade convencional para o território da sublimação absoluta da realidade literária. Propõe, em seguida, em Grande Sertão: Veredas, a examinar e descrever o interior maravilhoso de uma comunidade primitiva, sob os ditames da perspectiva maravilhada, ainda ligada à perspectiva dialética. Por este novo ponto de vista ficcional, há a ultrapassagem da crosta, e um sertão diferente do sertão da primeira fase surge, mas ainda conservando a influência da perspectiva anterior.

A terceira perspectiva de intimidade é a que revela um interior maravilhoso, um interior esculpido e colorido com mais prodigalidade do que as mais belas flores. Tão logo a ganga é retirada, assim que o geodo é aberto, um mundo cristalino nos é revelado; a seção de um cristal bem polido revela flores, entrelaçamento, figuras. Não se pára mais de sonhar. Essa escultura interna, esses desenhos íntimos em três dimensões, essa efígies e retratos estão ali como belezas adormecidas. [Bachelard. A terra e os devaneios do repouso. S.P.: Martins Fontes, 1990: 23]

Não se pára mais de sonhar, porque, além de alcançar o estágio da perspectiva maravilhada, o sonhador do sertão está saindo da “meia-noite psíquica, onde [germinavam] virtudes de origem” [Bachelard. O direito de sonhar. RJ: Bertrand Brasil, 1991, p. 160], e retornando ao plano dos sonhos aumentadores, dilatados e retos, da vigília do amanhecer. Encontra-se no espaço intermediário entre o sono profundo e o despertar, começando já a administrar seus sonhos grandiosos e coloridos, escrevendo as quinhentas e sessenta e três páginas de Grande Sertão: Veredas num só fôlego.

(...) O centro possui forças novas. O ser era plástico, ei-lo agora plasmador. Em lugar de um espaço com dimensões preferidas, direções desejadas, eixos de agressão. Como são jovens as mãos quando se fazem a si próprias promessas de ação, promessas de antes do amanhecer! O polegar toca o teclado dos outros quatro dedos. Uma argila de sonho responde a esse tato delicado. O espaço onírico próximo ao despertar possui feixes de retas finas; a mão que espera o despertar é um tufo de músculos, desejos e projetos. [Bachelard (1991): 162]

Nos domínios do devaneio do despertar (multiplicidade do cheio, do maravilhado), o ficcionista não se preocupa em recuperar sintagmaticamente as imagens reprodutoras do sertão (não há mais a seqüência lógica das imagens). Agora, o espaço ficcional é, em sua totalidade, horizontal e vertical e “enche-se de objetos que provocam mais do que convidam” [Bachelard (1991): 162]. O longo narrar de Riobaldo representa o auge dessa fase. As forças oníricas se multiplicam, os sonhos se dilatam e o sertão do passado se transforma numa imensa travessia de vida, subordinando-se à memória, aos questionamentos e às recordações.

O narrador Riobaldo pede emprestado o olhar do Criador Literário, para que a narrativa alcance os domínios da autêntica criatividade literária. Este foi também, na infância, habitante daquele lugar de pura maravilha. Viu as árvores, as flores, os caminhos, o povo; conheceu o calor e o frio; partilhou dos hábitos; ouviu as estórias de honradez e bravura, mas adquiriu, posteriormente como participante ativo da moderna sociedade brasileira, outros valores. Ao desenvolver sua longa narrativa, agora sob a inspiração da perspectiva maravilhada — o que teoricamente chamamos de plano mítico-substancial — ele descobre o lado resplandecente dessa realidade que o faz sonhar, obrigando seu narrador-personagem a acompanhá-lo em seus devaneios luminosos.

Observemos um trecho de A hora e vez de Augusto Matraga:

E ele achava muitas coisas bonitas, e tudo era mesmo muito bonito, como são todas as coisas, nos caminhos do sertão.

Parou, para espiar um buraco de tatu, escavado no barranco; para descascar um ananás selvagem, de ouro mouro, com cheiro de presépio; para tirar mel da caixa comprida da abelha borá; para rezar perto de um pau-d’arco florido e de um solene pau-d’óleo, que ambos conservavam, muito de-fresco, os sinais da mão de Deus. E, uma vez, teve de escapar, depressa, para a meia-encosta, e ficou a contemplar, do alto, o caminho, belo como um rio, reboante ao tropel de uma boiada de duas mil cabeças, que rolava para o Itacambira, com a vaqueirama encourada – piquete de cinco na testa, em cada talão sete ou oito, e, atrás, todo um esquadrão de ulanos morenos, cantando cantigas do alto sertão. [Guimarães Rosa, A hora e vez de Augusto Matraga]

O narrador aqui, direcionado pelo Criador Literário, obriga seu personagem Augusto Matraga a apreciar o aspecto exterior do sertão. Neste momento de transição criativa submetida à perspectiva dialetizada, o ficcionista coloca o sertão da infância diante de seus próprios olhos e, posteriormente, transporta-se, como num passe de mágica, para o interior desse sertão, miniaturizando-se, para acompanhar de perto o olhar de seu personagem-narrador, descobrindo, aos poucos, as riquezas desse temporariamente minúsculo espaço.

E também fez, um dia, o jerico avançar atrás de um urubu reumático, que claudicava estrada a fora, um pedaço antes de querer voar. E bebia, aparada nas mãos, a água das frias cascatas véus-de-noivas do morro, que caem com tom de abundância e abandono. Pela primeira vez na sua vida, se extasiou com as pinturas do poente, com os três coqueiros subindo na linha da montanha para se recortarem num fundo alaranjado, onde, na descida do sol, muitas nuvens pegam fogo. E viu voar, do mulungu, vermelho, um tié-piranga, ainda mais vermelho – e o tié-piranga pousou num ramo do barbatimão sem flores, e Nhô Augusto sentiu que o barbatimão todo se alegrava, porque tinha agora um ramo que era de mulungu. [Guimarães Rosa, A hora e vez de Augusto Matraga]

De acordo com Bachelard, “todo conhecimento da intimidade das coisas é imediatamente um poema” [Bachelard (1990): 10]. O ficcionista, mediante seu narrador, até então captara apenas as belezas externas do sertão; agora, depara-se com a intimidade desse mesmo sertão. O minúsculo começa a transformar-se em imenso, sob as ordens dessa visita minuciosa do olhar atento.

Nessa fase de transição, fase sem dúvida alguma criativa, o escritor brasileiro observou o lugar da infância transmutativamente, questionadoramente, poeticamente, e viu, nessas minúcias, belezas encantatórias. Essa fase propiciou-lhe o reconhecimento de um plano maravilhoso (no sentido técnico do termo), de “um interior esculpido e colorido com mais prodigalidade do que as mais belas flores” [Bachelard, op. cit.], um mundo submetido à perspectiva maravilhada do narrador sertanejo e, ao mesmo tempo, pós-moderno.

Graças a essa fase embrionária, ou de transição, ou dialética (A hora e vez de Augusto Matraga), o escritor predispõe-se a criar a sua obra maior, Grande Sertão: Veredas, obra de ficção, repleta de matéria mítica, e muitas vezes classificada erroneamente como narrativa épica.

Caminhando com Nhô Augusto pelos caminhos do sertão, em A hora e vez de Augusto Matraga, espiando o buraco de tatu, escavado no barranco, o Artista, muito além do narrador, alcançou a possibilidade de remexer a fundo os segredos de sua matéria de análise, graças ao poder da imaginação dilatada.

Depois da transição, não parou mais de sonhar/criar, e, em Grande Sertão: Veredas, páginas e páginas vieram à tona, sob as ordens da perspectiva maravilhada, registrando e recriando a grandeza de um mundo até então obscuro e fechado, modelado nas primeiras narrativas de Sagarana pela técnica da oralidade. Remexendo a poeira desse mundo de formas vagas, intuiu o momento da criação e o abandono da repetição, percebendo que essas formas vagas necessitavam ser significadas.

A criação de Grande Sertão: Veredas é o momento de conscientização de suas novas perspectivas ficcionais. Nessa fase, escritor e narrador se unem intimamente, formando o aspecto singular do personagem Riobaldo. Por intermédio dessa união, busca a profundidade do interior do sertão, remexe a superfície da terra, retira a ganga do geodo, e esculpe, com essa nova matéria, as várias figuras e formas que compõem o espaço místico-mítico de suas lembranças, espaço recriado por intermédio dos impulsos estéticos dos sonhos mais grandiosos.

Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. (...) Esses gerais são sem tamanho. [Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas]

Eis o momento de penetração na crosta de terra do sertão. Submetido à perspectiva maravilhada, o Artista remexe a poeira de terra, ultrapassa a crosta e retira do fundo os segredos abrigados sob toneladas de pó. Os gerais são sem tamanho, e, agora, também, são sem tamanho os sonhos sertanejos do Criador. O rio Urucuia passa a adquirir dimensões especiais, e seus reflexos proporcionam imagens grandiosas. A matéria água aqui recebe a gota de tinta, permitindo-lhe uma penetração maior em seus domínios. As paisagens do sertão reproduzem uma determinada realidade relembrada nos momentos de íntima solidão.

Observadas por este prisma, em Grande Sertão: Veredas convivem as duas perspectivas bachelardianas, aqui retomadas como bases teóricas: a dialética — iniciada com A hora e vez de Augusto Matraga — e a maravilhada.

O personagem-narrador Riobaldo, sujeitando-se à vontade da imaginação minuciosa do Artista ainda preso à perspectiva dialética, insinua-se em toda parte, alcança todos os espaços, conhece todas as veredas do sertão; enrola-se em suas divagações, e suspira pensativamente o passado.

Travestido de Riobaldo, o Artista pós-moderno visita sua infância inesquecível, ancorada no plano das probabilidades infinitas; transita nos recantos desse espaço, ressuscita os jagunços, que povoaram seus sonhos infantis, seus medos e superstições. Valendo-se dessa visita, protege-se das angústias do mundo moderno, realidade palpável e angustiante, repleta de seres ansiosos e doentes.

O sertão, nesta narrativa, é simbolicamente o sussurro [o chamado] que o induz a penetrar as camadas profundas das confortantes recordações; é o abrigo entre as finas camadas de terra, ou entre os suaves reflexos das águas — o Verde, o Chico, o das Almas, o Urucuia, o rio maior, berço dos deuses sertanejos.

Aumentadas nos sonhos da infância, vejo de muito perto as migalhas secas de pão e a poeira entre as fibras de madeira dura ao sol. [Tzara. In.: Bachelard (1990: 15]

A dialética do pequeno e do grande se instala nas páginas de Grande Sertão: Veredas. A imaginação criadora transmuda o seu objeto de análise: as areias do Suçuarão – deserto – realçam o “estralal do sol” [op. cit., p.50] e a fome intensa, real, dos jagunços: “Era uma terra diferente, louca, e lagoa de areia. (...) O sol vertia do chão, com sal, esfaiscava” [op. cit.: 44]; o rio das Almas se agigantava, caindo dos altos claros da montanha das Almas. Essas lembranças de paisagens denunciam um sertão alargadamente mítico.

Quem me ensinou a apreciar essas belezas sem dono foi Diadorim. (...) Quando o senhor sonhar, sonhe com aquilo. Cheiro de campos com flores, forte, em abril: a ciganinha, roxa, e a nhiíca e a escova, amarelinhas... Isto — no Saririnhém. Cigarras dão bando. Debaixo de um tamarindo sombroso... Eh, frio! Lá geia até em costas de boi, até nos telhados das casas. Ou no Meãomeão – depois dali tem uma terra quase azul. Que não que o céu: esse é céu-azul vivoso, igual um ovo de macuco. Ventos de não deixar se formar orvalho... Um punhado quente de vento, passante entre duas palmas de palmeira... Lembro, deslembro. [Op. cit.: 24]

O escritor brasileiro revira o pó da terra, suas substâncias, em seus aspectos grandes e pequenos. “Se sabes pôr para fora o que está dentro e para dentro o que está fora, diz um alquimista, és um mestre da obra” [Bachelard (1990): 17]. A terra do Meãomeão é quase azul, não da cor azul do céu, é um céu-azul vivoso, só visível nos sonhos ousados. Ele revira e limpa o sertão. O sertão roseano é puro e limpo, mesmo circundado pelas impurezas da modernidade, porque nascido das imaculadas recordações da infância.

Foi um arraso de um tirotêi, p’ra cima do lugar Serra-Nova, distrito de Rio Pardo, no ribeirão Traçadal. Agente fazia má minoria pequena, e fechavam para riba de nós o pessoal dum Coronel Adalvino, forte político, com muitos soldados fardados no meio centro, comando do Tenente Reis Leme, que depois ficou capitão. Agüentamos hora mais hora, e já dávamos quase de cercados. (...).

Trape por meu cavalo — que achei — pulei em meu assento, nem sei em que rompe-tempo desatei o cabresto, de amarrado em pé de pau. Voei, vindo. Bala vinha. O cerrado estrondava. (...) Uma duas ou três balas se cravaram na borraina de minha sela, perfuraram de arrancar quase muita paina do encheio. (...) Baleado veio também o surrão que eu tinha nas costas, com poucas minhas coisas. E outra, de fuzil, em ricochete decerto, esquentou minha coxa, sem me ferir, o senhor veja: bala faz o que quer – se enfiou imprensada, entre em mim e a aba da jereba! Tempos loucos... Burumbum! [Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas: 18]

Tempos loucos, tempo épico, tempo escondido na poeira sertaneja. Os alimentos, por exemplo, são perigosos: a mandioca doce convive com a mandioca brava, que pode matar; as águas dos rios, riachos e poços possuem qualidades díspares, pois podem matar a sede, no sentido salutar do verbo matar, mas, também, matar o sedento se estas estiverem contaminadas por minerais ou plantas nocivas à saúde. “Tem até tortas raças de pedras, horrorosas, venenosas – que estragam mortal a água, se estão jazendo em fundo de poço; o diabo dentro delas dorme: são o demo” [Op. cit.: 10]. O apenas visível, que nos contos de Sagarana cerceava a imaginação literária, foi transposto. O pequeno sertão, reduto de retorno e busca, transformou-se, tornou-se um gigante, graças à imaginação maravilhada do sonhador. Agora, o sertão é apenas do Criador, porque cabe por inteiro em suas mãos demiúrgicas, dilatando-se infinitamente através de seu olhar. “O minúsculo é enorme! Para assegurar-se disso, basta ir em imaginação habitá-lo” [Bachelard (1990) p. 12]. As pequenas guerras entre jagunços alcançam proporções épicas, ampliadas pela perspectiva maravilhada. Realçados por esta perspectiva, os alimentos tornam-se perigosos, as águas dos rios, riachos, poços, venenosas. Os limites visíveis foram transpostos: o Artista capta a essência dos elementos e os diviniza.

O amor também é dialetizado, alcançando, agora, a perspectiva maravilhada:

Eu era só mole, moleza, mas que não amortecia os trancos, dentro, do coração. Arfei. Concebi que vinham, me matavam. Nem fazia mal, me importei não. Assim, uns momentos, ao menos eu guardava a licença de prazo para me descansar. Conforme pensei em Diadorim. Só pensava era nele. (...) Eu queria morrer pensando em meu amigo Diadorim. (...) Com meu amigo Diadorim me abraçava, sentimento meu ia – voava reto para ele. [Op. cit.: 19]

O personagem-narrador, alter ego do ficcionista, vive o avesso do amor; questiona este sentimento desconhecido que o incomoda e o enleva; sentimento possível nos domínios do mito.

Depois da mítica luta, em Serra-Nova, distrito de Rio Pardo, no ribeirão Traçadal, surge o mítico amor do jagunço Riobaldo por seu amigo Diadorim. “O verdadeiro amor é selvagem e triste; é uma palpitação a dois nas trevas...” [Lawrence, D. H. In:. Bachelard (1990): 22]. O mundo mítico é o mundo das trevas. Diadorim, dos longos silêncios, dos olhos verdes misteriosos, é a essência do amor mitificado. Graças a esse amor, Riobaldo aprendeu a apreciar as belezas sem-dono do sertão: os rios, as cachoeiras; o cio da tigre preta na Serra do Tatu; a gargaragem de onça; a garoa rebrilhante da Serra dos Confins; a madrugada quando o céu embranquece; a garoa da Serra-da-Raizama, “onde até os pássaros calculam o giro da lua – se diz – e canguçu monstra pisa em volta. Lua de com ela se cunhar dinheiro.” [Guimarães Rosa, op. cit.: 24]

Ao dialetizar o sertão, revolvendo a terra mítica (Deus e diabo; masculino e feminino; bem e mal; juventude e velhice...), o Artista se extasia com as descobertas de seu personagem, extasia-se também com o repensar de velhas ideologias. O amor em Grande Sertão: Veredas é maior, é selvagem e triste, porque Diadorim representa o próprio sertão, eternamente amado, morto em seu jazigo do passado, mas vivo nas recordações do amante; um amor não concretizado por exigências históricas.

Agora, já é possível compreender a ambigüidade de tal relacionamento: Diadorim é um jagunço, corajoso, imbatível, é homem; o sertão é másculo. O personagem-narrador não aceita amar a um seu igual. No entanto, o Artista (o Ficcionista, o Criador) ama o sertão da infância, e o sertão da infância é por força ambíguo, é feminino e masculino, é aconchegante e terno, mas é também violento e guerreiro. E eis aqui a dialética do masculino/feminino: o sertão é Diadorim e Diadorim é o sertão. Sertão criado sob a égide do mito e do místico. Os anjos não têm sexo definido; as duas essências existem e se transmutam.

O Artista conhece os meandros de seu próprio sonho, as veredas do plano mágico e as exigências do mundo moderno. Ele pode amar o sertão; seu personagem Riobaldo — seu alter ego — pode amar o guerreiro Diadorim?

Seu personagem — másculo — não pode amar Diadorim, seu companheiro de lutas épicas, porque a sociedade moderna impõe preceitos de vida. A dialética masculino/feminino se faz presente, ao longo da narrativa, para salvar esse amor, concebido além dos limites da realidade ordinária: o lado feminino do sertão aparece em sua grandeza mítica, transformando o macho em fêmea; transformando Reinaldo/Diadorim em Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins, “que nasceu para o dever de guerrear e nunca ter medo, e mais para muito amar, sem gozo de amor...” [ Op. cit.: 565]

O escritor se contagia com a sua descoberta: seu amor pelo sertão é uma palpitação a dois nas trevas, nas trevas do pensamento mítico e criador. O seu íntimo sertão é masculino e forte, e feminino e frágil, assim como Diadorim e Maria Deodorina, duas pessoas distintas numa só encarnação; a terceira pessoa — essência divina — é o Sertão. O Artista aprofunda-se nesse ato de remexer a poeira da terra e penetrá-la, porque cada vez mais busca o seu passado sertanejo: mundo mítico, estranho, verde e andrógino; mundo de Riobaldo e Diadorim, o jagunço de olhos verdes (o verde do sertão), estranhos e silenciosos (sertão estranho e silencioso), Diadorim, a dos silêncios.

Que vontade era de pôr meus dedos, de leve, o leve, nos meigos olhos dele, ocultando, para não ter de tolerar de ver assim o chamado, até que ponto esses olhos, sempre havendo, aquela beleza verde, me adoecido, tão impossível. [Op. cit.: 43]

Eis o chamado do sertão. Não é muito difícil, agora, compreender os estranhamentos de Diadorim, o jagunço de olhos verdes, diferentes e silenciosos. Aquela beleza verde. Para o sertanejo do passado é impossível possuir novamente o sertão, apesar do chamado que vem de distâncias temporais. Para o adulto citadino, nascido nas gerais, o sertão da infância encontra-se distante no tempo, suspenso no plano vertical infinito, porque houve um momento de rejeição anterior, restando agora apenas as lembranças.

Aqui, faz-se indispensável uma observação: o sertão do passado morre com Diadorim (o sertão em seu aspecto mítico-pagão), mas será ressuscitado na fase seguinte (Primeiras estórias, Estas estórias, até o final), sob o comando da perspectiva de intensidade substancial infinita, “onde o interior [do sertão] é conquistado no infinito da profundeza para o infinito dos tempos.” [Bachelard (1990): 27]

Falaremos, posteriormente, ao analisarmos “A terceira margem do rio”, de um sertão intacto, vivo, irreal, depositado numa canoinha de nada, rio abaixo, rio acima, navegando ao sabor das recordações sem limites.

O ficcionista intui e antecipa esse futuro momento narrativo: “as coisas que acontecem, é porque já estavam ficadas prontas, noutro ar, no sabugo da unha; e, com efeito, tudo é grátis quando sucede, no reles do momento” [Op. Cit.: 408]. As coisas acontecem suspensas no instante entre o antes e o depois [Bachelard], propiciando uma terceira margem surreal, no vertical do tempo infinito e solitário. Riobaldo, por ora, copia o seu destino, porque seu Criador, no plano da pura maravilha, descobriu que Diadorim é o sertão e vice-versa, assim como Riobaldo, o cego Borromeu, e todos os outros personagens.

Na meia-detença, ouvi um limpado de garganta. Virei para trás. Só era o cego Borromeu, que moveu os braços e as mãos; feio, feito negro que embala clavinote. Sem nem sei por que, mal que perguntei:” — Você é o sertão?!” [Op. cit.: 552]

No meio da batalha, Riobaldo descobre o lado feio do sertão: o cego Borromeu é feio e representa também o sertão. Diadorim é o lado bonito; o cego inspira medo e nojo, assim como as batalhas sangrentas entre jagunços. O cego não mata, mas os jagunços matam; o sertão mata e morre miticamente — seu aspecto pagão — nos sonhos do ficcionista, assim como o suave e destemido Diadorim, ou Maria Deodorina, também prestes a morrer num combate extraordinário, mas que ficará eternamente vivo no mundo da ficção.

Não ter de tolerar de ver assim o chamado: o sertão chama o Artista mediante as lembranças da infância. Seu interior maravilhoso, colorido, inspira-lhe férteis páginas. As belezas da natureza, os combates entre jagunços (matéria mítica), o Amor maior (matéria poético/ficcional), vêm à tona saídos da imaginação maravilhada. A terra do sertão (masculina e feminina) se amalgama aos sensíveis rios (femininos e masculinos), entrelaçam-se. E eis uma nova dialética: terra-masculina e rios-femininos e vice-versa. As águas são naturalmente femininas, simbolizando Amor, Maternidade, Encantamento, mas, de acordo com a visão de quem as vê, podem também se transformar em matéria masculina. A terra e a água, amalgamadas miticamente, inspiram essa fase roseana dialética e maravilhada, que levará o escritor, posteriormente, aos cogitos superiores de seu intelecto singular.

Este artigo, sobre a obra de Guimarães Rosa, faz parte da Tese de Doutorado de Neuza Machado. Título: DO PENSAMENTO CONTÍNUO À TRANSCENDÊNCIA FORMAL (tese defendida na Universidade Federal do Rio de Janeiro).

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

DIVINO DO CARANGOLA

A MÁGICA PRAÇA DE UM LUGAR DIVINO
NEUZA MACHADO

Divino, 09/02/2003

A pracinha é a da Cidade de minhas raízes. Estou esperando o ônibus que me levará de volta ao Rio de Janeiro. Rimas à parte, hoje a Cidade está magicamente iluminada pelo sol de fevereiro. Um Domingo ensolarado de fevereiro. As imagens da televisão da Rodoviária não param de mostrar os encantos do Havaí [a voz do locutor de um programa que repete um esporte de americanos, o surfe, sacode a solidão de um Domingo no interior]. Um homem passa pedindo dinheiro. O senhor de chapéu de palhinha não lhe deu dinheiro [“— Não vou lhe dar dinheiro pra comprar cachaça, não senhor!”]. O deserdado da boa sorte no mundo não desistiu de ganhar seu dinheirinho. Um pouco trôpego, aproxima-se de mim [“— Dona, me dá um trocadinho pra comprar um pão!”]. Digo-lhe que não tenho trocado, mas acabo sacudindo a bolsinha e dando-lhe vinte e cinco centavos. A colaboração é pequena, porque sei que é para comprar cachaça. Ele avalia a pratinha de vinte e cinco centavos [“— Deus que ajude a senhora!”]. Reconheço que a colaboração é pequena, um real não iria fazer-me falta [mesmo sabendo que é para a cachaça]. [“–—Deus que ajude a senhora!”]. Deus há de ajudar-me! Preciso muito da ajuda de Deus. Não sei o que me reserva o futuro.

Estou sentada no grande banco da Estação Rodoviária. Alguns motociclistas passam; jovens casais passeiam de braços dados em volta da Praça. Duas moças estão sentadas ao meu lado. Já saborearam seus deliciosos sorvetes de fabricação caseira e esperam também um ônibus.

Cheguei cedo à Rodoviária da Iluminada Cidadezinha. Algumas moças descem a ladeira que circunda a Igreja da Cidade, dirigindo velozes motocicletas. Neste exato momento, outras duas moças passam de motocicleta, alegres, felizes, usando reduzidos shorts, à moda das garotas do Rio de Janeiro. Com certeza, são de lá, e estão aqui em férias. Não acredito que elas sejam daqui, mesmo sabendo que a minha Cidade de Minas, interiorana, luta para alcançar as benesses do progresso do século XXI. Tenho plena consciência de que os jovens divinenses lutam para se modernizarem, contrariando as severas tradições, em um grave momento de pós-modernidade. Estão vivendo um impasse. As leis antigas do lugar ainda permanecem sob as cinzas da Era Moderna e os grupos progressistas já caminham para a Pós-Modernidade. As últimas Idades do Mundo se entrelaçam ante os meus olhos deslumbrados, neste preciso momento, e nesta tão amada Cidade do interior de Minas Gerais. O meu amor por esta Cidade não possui limites. As pessoas que estão à minha volta, por enquanto, não têm conhecimento deste meu grande afeto por elas e pela Cidade que as abriga.

O homem voltou. Já bebeu a sua cachaça e quer pedir-me mais dinheiro. Mal abre a boca para pedir-me e eu respondo-lhe condoída, penalizada de sua triste sorte: “— Já lhe dei dinheiro!” Ele sai cambaleando. Coitadinho! Ou será que a coitada sou eu? Até este momento, repleta de responsabilidades diárias, mal tendo tempo para apreciar as últimas maravilhas do Mundo. Agora, tenho! Estou sentada em um grande banco da Rodoviária, diante de uma encantadora Praça do interior de Minas Gerais, repleta de sonhos e esperanças, apreciando as diversas Eras do Mundo a entrelaçarem-se ante os meus olhos deslumbrados.

Os habitantes do lugar olham-me curiosos. Desconfiam que partilho com eles o conhecimento de seus mágicos e antigos segredos. Mesmo que a minha aparência seja diferente, de quem mora há anos em uma Cidade Grande, eles sabem que a minha massa corpórea é oriunda da matéria mítica deste pequeno lugar. É verdade! O lugar é pequeno, mágico, aconchegante, mas o brilho de sua aura é imensurável. Aprecio a movimentação ao meu redor. Com certeza, pelo menos alguns dos que estão aqui, olhando-me, são meus parentes de sangue [e eu ainda não os conheço!].

O sorveteiro aproxima-se. Ele sabe que vou comprar-lhe um sorvete. Peço-lhe um sorvete de milho verde, para metaforicamente saborear o gosto de minhas origens meio divinas. Agora, ele conversa com as duas moças que estão sentadas ao meu lado. Uma delas está rindo, feliz, conversando com o sorveteiro. Ele pergunta-lhe de onde ela é, onde ela mora. Com certeza, ela mora nos arredores, em uma das centenárias grandes Fazendas de café da região.

A minha presença na Rodoviária é como se fosse algo insólito para os habitantes do lugar. Afinal, estou aqui, esperando o ônibus do Rio de Janeiro, olhando atentamente a movimentação do lugar, e escrevendo ininterruptamente. “O que será que ela está escrevendo?”, pensarão. Estou registrando minhas impressões mais caras. Estou intimamente recordando a minha infância, as minhas antigas e bem vividas férias passadas aqui, neste lugar. Estou de volta ao meu aconchego!

A pracinha é antiga. Desde que me entendo por gente, conheço esta pracinha. As árvores são as mesmas de minha infância? Penso que são! São pés de Ficus, plantados há muito tempo, erguendo-se majestosos no pequeno quadrado a eles destinados. No momento, algumas pessoas estão voltando da Igreja. Assistiram à missa das onze, ou onze e meia, na bela Matriz Católica, construída, talvez, a partir do final do século XIX. Com certeza, ficaram por lá um pouco mais, já que, agora, são mais de treze horas.

Daqui a pouco, o meu ônibus vai chegar, levando-me para a barulheira infernal do Rio de Janeiro. Mas, a pracinha é a mesma de minha infância. Nada mudou! Aparentemente, ocorreram mudanças! Os jovens e os velhos que se sentam em seus bancos de pedra possuem os mesmos sonhos e esperanças das pessoas de meu tempo. Quantos gostariam de se aventurar também em direção à grande Metrópole do Rio de Janeiro, ou outra grande Cidade do Brasil. Muitos vão... Mas voltam. Não estão preparados para viver nas Grandes Cidades. São poucos os que ousam enfrentar as drásticas mudanças impostas pelas engrenagens do progresso. Voltar às vezes poderá ser a conseqüência de uma inadequação. É gratificante voltar, mas que seja uma volta aureolada. Não vale a pena voltar para ser motivo de constrangimento. Os que saem e são derrotados pela Cidade Grande, quando voltam, percebem na própria alma a frustração sentida por aqueles que não conseguiram alcançar suas metas.

A praça está animada. Os que estão à minha volta perscrutam sobre o motivo de minha presença. Será que sou um deles?, pensarão. Mas, plagiando o grande escritor Guimarães, “aqui em Minas, sou mineira!” As crianças brincam. Um ônibus se aproxima. Será o ônibus do Rio de Janeiro? Não é. As duas moças embarcam nele, distanciando-se de minhas íntimas elucubrações. Estou escrevendo para passar o tempo à espera do ônibus interestadual. Que momento supremo para quem convive com a correria do Rio de Janeiro. Para mim, especialmente, que momento indescritível! Se houver outras oportunidades, vou continuar a escrever sobre as maravilhas desta Cidade divina, neste mesmo banco desta pequena e agradável Estação Rodoviária.

Pretendo voltar sempre. Meus conterrâneos vão acabar se acostumando. Mas, estão todos curiosos. Uma senhora passa usando um elegante bermudão jeans. Que bela novidade! Há uns anos atrás, com certeza, não seria bem considerada por usar bermudão. Agora, já é permitido. Minha Cidade já está mais tolerante.

Mas, a Cidade continua mágica...