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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

ODISSÉIA MARIA - VI

NEUZA MACHADO



ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



SEXTO CANTO


PROPOSIÇÃO


mas, monami do Futuro, retomando o fio de Ariadne Aracnídea da Epo-Novella Enrolada, reconto-lhe os feitos da anti-heroina cinqüentona astuciosa e fragmentada do século XX final, sua peregrinação nesses ares poluídos nunca dantes navegados por nenhum Brilhante Foguete de Carreira Espacial, des aquele início de viagem em 12 de dezembro de 1998, véspera do dia dedicado a Santa Luzia Protectora dos Cegos Borromeus de Carangola de Minas Gerais Sem-Igual; agora estou sozinha no Rio de Janeiro, e lá vou eu, Circe Calíope da Ilha Mágica dos Brasileiros Heróicos, Veneranda Calipso da Côncava Gruta da Rua Garibaldi da Floresta da Tijuca, Dianna Valente Vájira Diamante dos Ocidentais e Orientais; para os íntimos, Odisséia Maria Guerreira, Descendente de Emiliano Martins SantAnna, ou Emilianno Guerreiro de Brises Caçador de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas nas Florestas Encantadas de Minas Gerais, pai de minha Gran Mother Joana Martins Damatta D’Amorim, a Jane Coragem do Interior do Brasil; então!, lá vou eu à procura do Ulisses Saturnino Ponderoso da Silva, à procura do Incrível e Insólito Amor Transcendental Epo-Ficcional ou daquele amor endinheirado das causas do mundo; neste final de milênio, todos idolatram o vil metal; eu não sou diferente de ninguém, saiba você, leitor do século XXI; você aí no Futuro Sem-Muro do Século XXI pensando que essa Viajante do Tempo Perdido é uma heroína boazinha do século XX; ledo engano, seu Pagano!, nasci no século da ambição desmedida, tudo continua por aqui como dantes, nada mudou no Quartel de Abrantes; por isso, vou sair à procura do futuro Ulisses Endinheirado da Silva Ponderoso; quando eu me apoderar dele e do dinheiro dele, já ia escrevendo “do seu dinheiro”, quando eu me apossar do dinheiro suado de Ulisses Jupiteriano da Silva Equatorial, jogarei todas as notas ficcionais ou reais para o alto, ou, quem sabe?, da janela de um avião supersônico sem-igual, aquele avião imaginário que o Ulisses Ulissiponente me dará de presente; em verdade, guardarei o bastante para as minhas viagens lírico-epo-ficcionais, mesmo assim, jogarei a metade pela janela do avião; o dinheiro jogado pela janela do avião aplacará a fome (preste atenção na data do anno em questão) dos atuais seculares seis milhões de famintos do Brasil Varonil, neste próximo anno de 1999, e os pobrezinhos terão a sua parte do bolo de enrolo de arroz brasileiro; corro e corro atrás do Ulisses Endinheirado Pra Lá De Fogoso; estou pensando em seduzir o Dagoberto Terrestre, o homem mais rico do Brasil Varonil; ou, quem sabe?, o Sálvio dos Anjos, o dono do Baú da Felicidade-Sem-Fim, um baú cheio de riquezas mil; depois pagarei a Dívida Sem-Fim do País e distribuirei o restante da fortuna com os pobres mortais do Nordeste Brasileiro; o leitor do século XXI está pensando, exatamente agora, neste momento do Futuro Sem-Muro, no quanto sou ambiciosa, e não se enganou, não senhor!!!, sou mesmo uma mulher ambiciosa do final do século XX e vou tomar a armadura poderosa e brilhante do meu pai greco-romano-português-africano-carangolano e vou sair por aí em pelejas sem fim; eu, Circe Calíope de Sousa Costa do Marfim (descendente, per o lado paterno, do Imortal Zéca de Souza das Terras do Choro Sentido de Minas Gerais e de sua Mortal Consorte Costureira Antoniña Pereira, pais de meu pai, o herói Apolônio Antônio Aquileu de Sousa Borromeu, de voz maviosa e músico exemplar) ou Odisséia Maria Machado Guerreiro, em outras eras casada com Deocleciano Machado do Clã Valeroso do Calderão Tampado de Minas Gerais; eu, Odisséia Atualmente Sem-Terra, jamais serei a Teresa Batista Cansada de Guerra, a Teresa do meu amado Jorge; me perdoe Dona Zélia por amar seu marido; sou mineira, encantada!, mas amo demais da conta os escritores baianos; faço parte de uma facção de mineiras oblíquas, mineiras matreiras soltas no Mundo, Amazonas Indomadas Guerreiras são essas mineiras, ariscas e engenhosas, por isso amo o seu amado Jorge com muito fervor; amo também os poetas de Minas Gerais; do Centro e do Sul do Brasil; enfim, amo os poetas e escritores de todo o Brasil; mas, reafirmo, quero o meu Ulisses Hermes Termegisthus Armador de Viagens Epo-Transcendentais; depois vou para Pasargada, lá eu sou amiga do Rei de Melinde Poeta Manuel e terei o Estupendo Dom Juan qu’eu quiser, na cama que escolherei, lá eu sou amiga do Rei, aquele não deu bandeira na Irene no céu; no entanto, atenção!, se você definir-me quomodo uma oportunista, vou renunciar ao Ulisses Endinheirado de Reais Dólares Americanos e me contentarei em continuar solteira; não sou muito sociável, percebe?; agora vou colocar uma nova máscara no rosto, vou-me transformar em Maria Felix Mexicana do Perpétuo Amor Sofredor; eu sou mesmo uma Maria Felix Qualquer, Odisséia Maria é uma mulher fragmentada; agora é a vez de Maria Felix Estrela de Cinema Brasileiro-Mexicano-Americano; eu sou Maria Felix Mascarada da Selva Brasileira, saiba você, meu leitor do anno 2001 e seguintes, sou uma rechonchuda brasileira-mexicana em meus sonhos de amor mais ousados; ou apenas uma simples brasileira, muito prazer!; sim senhor, vou-me transformar em Maria Felix Bonita de Lara, em homenagem ao meu amor Agustin; sou agora a estrelíssima chiquita que fez derreter o coração do Agustin; ay! ay! ay! ay!, eu amo o divino Agustin e me enlevo toda ao ouvir sua voz de cantor, digo, ao ouvir os boleros de amor qu’ele fez para mim; viajo agora até Vera Cruz, monamour, transformando-me em Maria Felix Cheia de Glamour num passe de mágica; Odisséia Maria é uma mulher infiel, possui uma legião de amantes fiéis, todos os grandes poetas e narradores do Mundo Profundo; as mulheres-poetas, as escritoras-mulheres são por mim admiradas, mas leio seus livros comodamente sentada em uma poltrona azulada na sala do meu micro-casulo de seda da Tijuca Encantada; para a cama só levo os poetas mui ombres, talequal o meu divino Agustin do passado distante, Agustin-Amante da bellíssima Doña Maria Felix Bonita de Verdade escreveu lindos versos de amor e paixão; ay!, ay!, ay!, ay!, ay!, ay!, eu amo o divino cantor Agustin, e me enlevo toda ao ouvir sua voz sonorosa, digo, ao ouvir os lindos boleros de amor qu’ele fez para mim; viajo agora até Vera Cruz, vou ao encontro de Agustin, beijo o Agustin, e pense você o que quiser quomodo foram as minhas noites calientes com o Agustin; vou deixar você imaginar e sentir; o sonho é real, Amaral, o real é o mundo pensável; o meu amor por Agustin foi imenso; ele nasceu em 1900, não pude conhecê-lo pessoalmente naqueles annos da juventude; assim mesmo, Agustin, você está presente em minha vida, em meus sonhos, em seus boleros; quando puder, me telefone, Agustin!, terei muito prazer em conversar com você!; por que não me telefona?, está com ciúme do Bienvenido Granda da Ilha do Cocondrillo Verde?; eu amo também o telúrico Bienvenido Bigodudo, sinto cócegas quando ele me beija, sabe?; é por causa do bigodão imenso; quando ele canta “Señora, te llaman Señora”, implicando com a minha infidelidade amorosa, morro de chorar, quando a saudade aumenta e fico pensando no meu bigodudo cubano, é choro para três dias, um mar de salgadas lágrimas mui sentidas; nesses dias de saudade, os vizinhos escutam todo o repertório musical dele e do Agustin, e não sem razão começam a xingar e a gritar, pedindo-me aos berros para eu diminuir o som do meu atualíssimo CD Player deste final de 1998, um compact disc player praláde de pós-moderno; sou uma velha muito avançada, meu amor; em meu Casulo de Seda da Famigerada Famosa Tijuca não existe nada do tempo da vovó, meu netinho!; somente umas xícaras de porcelana chinesa para tomar o chá das dezassete horas à moda inglesa; sou muito esnobe, sim senhor!; adoro as boas coisas do século XX!; só não tenho dinheiro para manter uma vida luxuosa; por isso estou correndo atrás do Ulisses Milionário da Silva Tropical; mas, quomodo eu ia dizendo, os vizinhos reclamam do som barulhento, nem todos gostam de bolero mexicano, muito menos de bolero cubano, nem todos gostam de boleros de cabaré de primeira, segunda, terceira, quarta ou quinta categoria, e o meu apartamento, nesses dias, transforma-se, recebendo os fantasmas do passado; quando o choro acaba, refaço a maquiagem e saio à procura do meu Anjo-Guru Habitante da Mágica Montanha da Urca dos Shows Memoráveis do Cassino Real, o Bairro mais lindo do Rio de Janeiro Sensacional, aquele do bondinho aéreo, o transporte aéreo dos Turistas do Mundo ao Topo da Montanha Sagrada da Cidade do Rio; o Rio de Janeiro, a Cidade Encantada, possui duas Montanhas Sagradas, uma é o Pão de Açúcar de Confeiteiro do Céu, um doce de Montanha, uma montanha açucarada no Bairro da Urca, na outra Montanha reina o Cristo Redentor Francês-Brasileiro, abençoando a Cidade com seus braços abertos; mas, como eu ia dizendo, refaço a maquiagem e saio à procura do meu Anjo-Guru, passeando pela Urca, tomando banho de mar talequal Policasta Fermosa olhando de longe os mergulhos vigorosos dos Telêmacos Sarados Garbosos do Rio de Janeiro, fermosos, talequais deuses eternos, viris, valerosos, a banharem-se nas águas salgadas da Urca divina dos Cartões Postais do Brasil Varonil; ou mesmo apreciando o Palácio do Rei Menelau, atualmente edificado no alto da Sagrada Montanha, lugar paradisíaco, só acessível aos privilegiados abonados graças aos trilhos aéreos de seus bondinhos famosos famigerados; olhando de longe os Telêmacos Sarados Vistosos Garbosos do bairro da Urca divina e sociabilizando-me com os habitantes da Terra do Ão,

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