NEUZA MACHADO
25 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 10
NEUZA MACHADO
Meus Amigos e Amigas do Futuro! Hoje mudarei o rumo do meu missivo. Quero enviar-lhes outros assuntos. Não lhes escreverei sobre Guerras e muito menos tristezas. O motivo desta decisão se encontra em meu Mapa Astrológico de Nascimento. Descobri que o Mistério do Futuro me fascina e possuo, graças ao meu Sol em Sagitário (três graus, mais ou menos) e Ascendente em Escorpião (21 graus mais ou menos), a faculdade de conversar com vocês através de Cartinhas. Descobri, também, que, até este preci(o)so momento, ainda não lhes falei de mim. Sou apreciadora de Oragos Astrais e Culinárias Exóticas. Além disso, gosto de escrever textos reais ou insólitos e não sei lidar com imposições que limitem meus procedimentos existenciais. Por uma grande sorte do destino – os Sagitarianos sempre se acham proprietários da Sorte Benfazeja, não aceitarão nunca a tal sorte malfazeja –, nasci em um lugar fora do comum e, ali, aprendi a Arte de Cozinhar. Por isto, quero que conheçam meus Escaldantes Segredos Culinários, em outras palavras, os
SEGREDOS DE CULINÁRIA DE ODISSÉIA MARIA
Desde meu nascimento, eu, Odisséia Maria, vi-me envolvida com a arte de comer bem. Só para vocês terem uma idéia, pendurei-me aos seios de minha Jane Mamãe e mamei seu precioso leite, ininterruptamente, até aos sete anos. Ocorre que Jane Mamãe era uma camponesa saudável, uma descendente de Valerosas e Imortais Caçadoras de Onços Pintados e Jaguatiricos Noturnos de Minas Gerais, uma região mítica, mágica, sem-igual no Mundo Global, localizada na parte Leste do Brasil Varonil, e, assim, Jane Mamãe aguentou, com galhardia, o apetite descomunal de sua excêntrica filhinha. Quomodo Vocês já notaram, nasci em um Alto de Serra Florestada of hinterland de Minas Gerais (aqui, em minha Pátria Natal, no Brasil governado pelo FHC, neste Anno de 2001 – não s’esqueçam da Data desta Cartinha –, adoramos os idiomas estrangeiros; principalmente o idioma inglês) e, portanto, possuo o conhecimento dos Segredos Inumeráveis, Mitológicos, sobre culinária, ervas, simpatias e muito mais, todos ainda guardados a sete chaves pelas Matriarcas Mineiras. Obtive o direito de aprender as Sigilosas Receitas de Minas Gerais com minha Avó Justiniaña de Ogiges, descendente da lendária Calipso, aquela que muito amou o navegador grego Ulisses, o Eversor de Cidades, também parente distante do Centauro Quirón. Foi graças a essa minha inesquecível avó camponesa (entretanto, muito Lady, uma senhora da roça mui fidalga), a poderosa Maga Quiromântica Justiniaña, neta de uma portuguesa de olhos glaucos, misteriosos, oriunda da indescritível Ilha de São Miguel, aquele Arcanjo Poderoso, que Jane Briseides, a Jane Mamãe, filha de Emiliano de Brises, teve a feliz idéia de batizar-me, nas águas eternais do Rio Carangola, com o nome de Odisséia Maria.
Depois destas explicações, necessárias, e antes de revelar-lhes os meus Segredos, gostaria de dizer-lhes que esta minha predileção por culinária (incluindo a minha vocação para literatura) já havia sido pressagiada pelos Astros que presidiram o instante, aquele espaço pequeníssimo, mas indeterminado, de tempo, de meu nascimento. Naquele momento, a Lua estava a 19o graus do signo de Sagitário, em minha Casa Dois do Dinheiro Vagamundo, se penso em meu ascendente a 21o do signo de Escorpião. Ocorre que o meu Sol de nascimento estava a 3o de Sagitário, na Casa Um, compartilhando com Escorpião o privilégio de também direcionar a minha vida interior práláde agitada. Por esta razão, o meu signo de nascimento sempre se imiscuiu na Casa Um do Ascendente e, também, na Casa Dois do dinheiro volátil, a bagunçar para sempre as misteriosas exigências de vida de meu misterioso Ascendente Escorpionino. Também por esta razão, a minha paixão por horizontes dilatados, sem preocupações existenciais, quomodo as preferências dos sagitarianos sortudos, encontrou, por parte do Ascendente em Escorpião, a intimação, em função de direito suposto, de impulsionar, para minha vida, uma série de transformações radicais.
Ah!, meus Amigos e Amigas do Futuro!, durante esses anos todos, completados hoje, às 4h20min/horário Verdadeiro no Brasil (5h20min/horário de Verão), nesse Domingo práláde radioso de Novembro de 2001, foram inúmeras as minhas transfigurações. Saibam vocês qu’eu nasci em uma Segunda-Feira Misteriosa, dia de Lua Nova, em meados do Século XX, e, desde esse dia, tive a sensação de que o mundo seria, exclusivamente para mim (vejam Vocês!), uma ficcionalmente egocêntrica, uma Grande Aventura. Jane Mamãe, em nossas discussões homéricas, hesíodas, vyásicas, dantescas e camonescas, nas quais não faltaram as famosas e doloridas chineladas, acusava-me de ser portadora da chamada Mania de Grandeza (a tal mania de grandeza sagitariana, tão propalada pelos Astrólogos do Brasil Varonil). Pensando bem, Jane Mamãe e os todos os Astrólogos do Passado tinham razão! Não foi sem motivo que Júpiter, patrono de meu nascimento, soprou nos ouvidos dela (de Jane Mamãe, naturalmente) o nome que faria de minha humilde pessoa uma incansável viajante transtemporal.
Mas, voltando ao assunto principal – quomodo aprendi a famosa culinária de minha Terra Natal –, o fato de ter nascido em uma Segunda-feira, dia consagrado ao culto da Lua, também o fato da Lua – por supuesto, muito de bem com o Sol – estar localizada em Sagitário, um signo famoso por possuir nativos adeptos da boa mesa e, principalmente, pelo fato de Jane Mamãe, uma dominadora ariana de 01 de abril de 1917, casada com um aquariano (acho que papai era do signo de Peixes, 18 de fevereiro de 1910/noite), não ter sido uma boa cozinheira – mamãe, coitadinha, não sabia cozinhar –, repetindo, penso que tudo isso tornou-me uma apreciadora da Arte de Cozinhar. Valorizo, também, para explicar esta minha qualidade de Cozinheira – este meu talento extraordinário –, o fato de possuir cinco planetas domiciliados nos signos de fogo: o Sol, a Lua e Marte em Sagitário, Plutão e Saturno em Leão, acrescentando o Meio do Céu em Leão (pelo Ascendente Escorpionino), a Cauda do Dragão em Sagitário e a Lílith, a outra Lua Misteriosa, também em Sagitário. Convenhamos, meus Amigos do Futuro!, o Fogo teria de fazer parte de minha vida. Por todos esses motivos, tornei-me uma fogosa cozinheira de deliciosas iguarias e uma avultada degustadora de comidas apetitosas.
Além da culinária mineira, aprecio também a culinária estrangeira. Já aprendi, por exemplo, a cozinhar de acordo com os preceitos portugueses, chineses, japoneses, indianos, et cetera – inclusive, sou fanática por comida oriental –; aprendi a cozinhar de acordo com os costumes dos Caboclos de Manaus, quomodo, por exemplo, um Peixe ao Iskabaj à Moda Cabocla (escabeche: molho, conserva de temperos refogados, especialmente cebolas, aos quais se adicionam coentro, vinagre e muito azeite doce e, principalmente, muita pimenta murupi e pimenta doce, além de muito amor pela culinária manauara), iguaria deliciosa, sem-igual, realmente, um Alimento dos deuses de Homero Beocianato e dos deuses da Floresta Amazônica.
Meus Amigos e Amigas do Futuro! Neste final de Novembro de 2001 (jamais s’esqueçam das datas de minhas Cartinhas, estão sendo escritas em 2001), e, por agora, terminando de digitar este meu missivo, estarei, aqui (espero que por um bom tempo!), passando-lhes os meus segredinhos da incomparável Cozinha Mineira e, também, de outros Estados do Brasil Varonil e do Mundo Rotundo, para que, aí, no Futuro Sem-Muro, vocês possam conhecer a Arte de Cozinhar de meu tempo histórico (a mania que se instalou por acá, neste primeiro Anno do Século XXI, um Século pré-anunciador de Guerras, Crianças Desnutridas e Fome Implacável, na maior parte do Planeta Terra).
Quanto às notícias dominicais, estarei de volta no Domingo que vem!
Recebam, Homens e Mulheres do Futuro, o meu afeto incondicional e um imenso, amplo e carinhoso abraço transtemporal.
ODISSÉIA MARIA, filha de Antônio Aquileu Papai e Jane de Brises Mamãe, descendentes de imortais Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma região incrivelmente mágica situada na parte Leste do Brasil Varonil.
25 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 10
NEUZA MACHADO
Meus Amigos e Amigas do Futuro! Hoje mudarei o rumo do meu missivo. Quero enviar-lhes outros assuntos. Não lhes escreverei sobre Guerras e muito menos tristezas. O motivo desta decisão se encontra em meu Mapa Astrológico de Nascimento. Descobri que o Mistério do Futuro me fascina e possuo, graças ao meu Sol em Sagitário (três graus, mais ou menos) e Ascendente em Escorpião (21 graus mais ou menos), a faculdade de conversar com vocês através de Cartinhas. Descobri, também, que, até este preci(o)so momento, ainda não lhes falei de mim. Sou apreciadora de Oragos Astrais e Culinárias Exóticas. Além disso, gosto de escrever textos reais ou insólitos e não sei lidar com imposições que limitem meus procedimentos existenciais. Por uma grande sorte do destino – os Sagitarianos sempre se acham proprietários da Sorte Benfazeja, não aceitarão nunca a tal sorte malfazeja –, nasci em um lugar fora do comum e, ali, aprendi a Arte de Cozinhar. Por isto, quero que conheçam meus Escaldantes Segredos Culinários, em outras palavras, os
SEGREDOS DE CULINÁRIA DE ODISSÉIA MARIA
Desde meu nascimento, eu, Odisséia Maria, vi-me envolvida com a arte de comer bem. Só para vocês terem uma idéia, pendurei-me aos seios de minha Jane Mamãe e mamei seu precioso leite, ininterruptamente, até aos sete anos. Ocorre que Jane Mamãe era uma camponesa saudável, uma descendente de Valerosas e Imortais Caçadoras de Onços Pintados e Jaguatiricos Noturnos de Minas Gerais, uma região mítica, mágica, sem-igual no Mundo Global, localizada na parte Leste do Brasil Varonil, e, assim, Jane Mamãe aguentou, com galhardia, o apetite descomunal de sua excêntrica filhinha. Quomodo Vocês já notaram, nasci em um Alto de Serra Florestada of hinterland de Minas Gerais (aqui, em minha Pátria Natal, no Brasil governado pelo FHC, neste Anno de 2001 – não s’esqueçam da Data desta Cartinha –, adoramos os idiomas estrangeiros; principalmente o idioma inglês) e, portanto, possuo o conhecimento dos Segredos Inumeráveis, Mitológicos, sobre culinária, ervas, simpatias e muito mais, todos ainda guardados a sete chaves pelas Matriarcas Mineiras. Obtive o direito de aprender as Sigilosas Receitas de Minas Gerais com minha Avó Justiniaña de Ogiges, descendente da lendária Calipso, aquela que muito amou o navegador grego Ulisses, o Eversor de Cidades, também parente distante do Centauro Quirón. Foi graças a essa minha inesquecível avó camponesa (entretanto, muito Lady, uma senhora da roça mui fidalga), a poderosa Maga Quiromântica Justiniaña, neta de uma portuguesa de olhos glaucos, misteriosos, oriunda da indescritível Ilha de São Miguel, aquele Arcanjo Poderoso, que Jane Briseides, a Jane Mamãe, filha de Emiliano de Brises, teve a feliz idéia de batizar-me, nas águas eternais do Rio Carangola, com o nome de Odisséia Maria.
Depois destas explicações, necessárias, e antes de revelar-lhes os meus Segredos, gostaria de dizer-lhes que esta minha predileção por culinária (incluindo a minha vocação para literatura) já havia sido pressagiada pelos Astros que presidiram o instante, aquele espaço pequeníssimo, mas indeterminado, de tempo, de meu nascimento. Naquele momento, a Lua estava a 19o graus do signo de Sagitário, em minha Casa Dois do Dinheiro Vagamundo, se penso em meu ascendente a 21o do signo de Escorpião. Ocorre que o meu Sol de nascimento estava a 3o de Sagitário, na Casa Um, compartilhando com Escorpião o privilégio de também direcionar a minha vida interior práláde agitada. Por esta razão, o meu signo de nascimento sempre se imiscuiu na Casa Um do Ascendente e, também, na Casa Dois do dinheiro volátil, a bagunçar para sempre as misteriosas exigências de vida de meu misterioso Ascendente Escorpionino. Também por esta razão, a minha paixão por horizontes dilatados, sem preocupações existenciais, quomodo as preferências dos sagitarianos sortudos, encontrou, por parte do Ascendente em Escorpião, a intimação, em função de direito suposto, de impulsionar, para minha vida, uma série de transformações radicais.
Ah!, meus Amigos e Amigas do Futuro!, durante esses anos todos, completados hoje, às 4h20min/horário Verdadeiro no Brasil (5h20min/horário de Verão), nesse Domingo práláde radioso de Novembro de 2001, foram inúmeras as minhas transfigurações. Saibam vocês qu’eu nasci em uma Segunda-Feira Misteriosa, dia de Lua Nova, em meados do Século XX, e, desde esse dia, tive a sensação de que o mundo seria, exclusivamente para mim (vejam Vocês!), uma ficcionalmente egocêntrica, uma Grande Aventura. Jane Mamãe, em nossas discussões homéricas, hesíodas, vyásicas, dantescas e camonescas, nas quais não faltaram as famosas e doloridas chineladas, acusava-me de ser portadora da chamada Mania de Grandeza (a tal mania de grandeza sagitariana, tão propalada pelos Astrólogos do Brasil Varonil). Pensando bem, Jane Mamãe e os todos os Astrólogos do Passado tinham razão! Não foi sem motivo que Júpiter, patrono de meu nascimento, soprou nos ouvidos dela (de Jane Mamãe, naturalmente) o nome que faria de minha humilde pessoa uma incansável viajante transtemporal.
Mas, voltando ao assunto principal – quomodo aprendi a famosa culinária de minha Terra Natal –, o fato de ter nascido em uma Segunda-feira, dia consagrado ao culto da Lua, também o fato da Lua – por supuesto, muito de bem com o Sol – estar localizada em Sagitário, um signo famoso por possuir nativos adeptos da boa mesa e, principalmente, pelo fato de Jane Mamãe, uma dominadora ariana de 01 de abril de 1917, casada com um aquariano (acho que papai era do signo de Peixes, 18 de fevereiro de 1910/noite), não ter sido uma boa cozinheira – mamãe, coitadinha, não sabia cozinhar –, repetindo, penso que tudo isso tornou-me uma apreciadora da Arte de Cozinhar. Valorizo, também, para explicar esta minha qualidade de Cozinheira – este meu talento extraordinário –, o fato de possuir cinco planetas domiciliados nos signos de fogo: o Sol, a Lua e Marte em Sagitário, Plutão e Saturno em Leão, acrescentando o Meio do Céu em Leão (pelo Ascendente Escorpionino), a Cauda do Dragão em Sagitário e a Lílith, a outra Lua Misteriosa, também em Sagitário. Convenhamos, meus Amigos do Futuro!, o Fogo teria de fazer parte de minha vida. Por todos esses motivos, tornei-me uma fogosa cozinheira de deliciosas iguarias e uma avultada degustadora de comidas apetitosas.
Além da culinária mineira, aprecio também a culinária estrangeira. Já aprendi, por exemplo, a cozinhar de acordo com os preceitos portugueses, chineses, japoneses, indianos, et cetera – inclusive, sou fanática por comida oriental –; aprendi a cozinhar de acordo com os costumes dos Caboclos de Manaus, quomodo, por exemplo, um Peixe ao Iskabaj à Moda Cabocla (escabeche: molho, conserva de temperos refogados, especialmente cebolas, aos quais se adicionam coentro, vinagre e muito azeite doce e, principalmente, muita pimenta murupi e pimenta doce, além de muito amor pela culinária manauara), iguaria deliciosa, sem-igual, realmente, um Alimento dos deuses de Homero Beocianato e dos deuses da Floresta Amazônica.
Meus Amigos e Amigas do Futuro! Neste final de Novembro de 2001 (jamais s’esqueçam das datas de minhas Cartinhas, estão sendo escritas em 2001), e, por agora, terminando de digitar este meu missivo, estarei, aqui (espero que por um bom tempo!), passando-lhes os meus segredinhos da incomparável Cozinha Mineira e, também, de outros Estados do Brasil Varonil e do Mundo Rotundo, para que, aí, no Futuro Sem-Muro, vocês possam conhecer a Arte de Cozinhar de meu tempo histórico (a mania que se instalou por acá, neste primeiro Anno do Século XXI, um Século pré-anunciador de Guerras, Crianças Desnutridas e Fome Implacável, na maior parte do Planeta Terra).
Quanto às notícias dominicais, estarei de volta no Domingo que vem!
Recebam, Homens e Mulheres do Futuro, o meu afeto incondicional e um imenso, amplo e carinhoso abraço transtemporal.
ODISSÉIA MARIA, filha de Antônio Aquileu Papai e Jane de Brises Mamãe, descendentes de imortais Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma região incrivelmente mágica situada na parte Leste do Brasil Varonil.
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