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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

ODISSÉIA MARIA - VI

NEUZA MACHADO



ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



SEXTO CANTO


PROPOSIÇÃO


mas, monami do Futuro, retomando o fio de Ariadne Aracnídea da Epo-Novella Enrolada, reconto-lhe os feitos da anti-heroina cinqüentona astuciosa e fragmentada do século XX final, sua peregrinação nesses ares poluídos nunca dantes navegados por nenhum Brilhante Foguete de Carreira Espacial, des aquele início de viagem em 12 de dezembro de 1998, véspera do dia dedicado a Santa Luzia Protectora dos Cegos Borromeus de Carangola de Minas Gerais Sem-Igual; agora estou sozinha no Rio de Janeiro, e lá vou eu, Circe Calíope da Ilha Mágica dos Brasileiros Heróicos, Veneranda Calipso da Côncava Gruta da Rua Garibaldi da Floresta da Tijuca, Dianna Valente Vájira Diamante dos Ocidentais e Orientais; para os íntimos, Odisséia Maria Guerreira, Descendente de Emiliano Martins SantAnna, ou Emilianno Guerreiro de Brises Caçador de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas nas Florestas Encantadas de Minas Gerais, pai de minha Gran Mother Joana Martins Damatta D’Amorim, a Jane Coragem do Interior do Brasil; então!, lá vou eu à procura do Ulisses Saturnino Ponderoso da Silva, à procura do Incrível e Insólito Amor Transcendental Epo-Ficcional ou daquele amor endinheirado das causas do mundo; neste final de milênio, todos idolatram o vil metal; eu não sou diferente de ninguém, saiba você, leitor do século XXI; você aí no Futuro Sem-Muro do Século XXI pensando que essa Viajante do Tempo Perdido é uma heroína boazinha do século XX; ledo engano, seu Pagano!, nasci no século da ambição desmedida, tudo continua por aqui como dantes, nada mudou no Quartel de Abrantes; por isso, vou sair à procura do futuro Ulisses Endinheirado da Silva Ponderoso; quando eu me apoderar dele e do dinheiro dele, já ia escrevendo “do seu dinheiro”, quando eu me apossar do dinheiro suado de Ulisses Jupiteriano da Silva Equatorial, jogarei todas as notas ficcionais ou reais para o alto, ou, quem sabe?, da janela de um avião supersônico sem-igual, aquele avião imaginário que o Ulisses Ulissiponente me dará de presente; em verdade, guardarei o bastante para as minhas viagens lírico-epo-ficcionais, mesmo assim, jogarei a metade pela janela do avião; o dinheiro jogado pela janela do avião aplacará a fome (preste atenção na data do anno em questão) dos atuais seculares seis milhões de famintos do Brasil Varonil, neste próximo anno de 1999, e os pobrezinhos terão a sua parte do bolo de enrolo de arroz brasileiro; corro e corro atrás do Ulisses Endinheirado Pra Lá De Fogoso; estou pensando em seduzir o Dagoberto Terrestre, o homem mais rico do Brasil Varonil; ou, quem sabe?, o Sálvio dos Anjos, o dono do Baú da Felicidade-Sem-Fim, um baú cheio de riquezas mil; depois pagarei a Dívida Sem-Fim do País e distribuirei o restante da fortuna com os pobres mortais do Nordeste Brasileiro; o leitor do século XXI está pensando, exatamente agora, neste momento do Futuro Sem-Muro, no quanto sou ambiciosa, e não se enganou, não senhor!!!, sou mesmo uma mulher ambiciosa do final do século XX e vou tomar a armadura poderosa e brilhante do meu pai greco-romano-português-africano-carangolano e vou sair por aí em pelejas sem fim; eu, Circe Calíope de Sousa Costa do Marfim (descendente, per o lado paterno, do Imortal Zéca de Souza das Terras do Choro Sentido de Minas Gerais e de sua Mortal Consorte Costureira Antoniña Pereira, pais de meu pai, o herói Apolônio Antônio Aquileu de Sousa Borromeu, de voz maviosa e músico exemplar) ou Odisséia Maria Machado Guerreiro, em outras eras casada com Deocleciano Machado do Clã Valeroso do Calderão Tampado de Minas Gerais; eu, Odisséia Atualmente Sem-Terra, jamais serei a Teresa Batista Cansada de Guerra, a Teresa do meu amado Jorge; me perdoe Dona Zélia por amar seu marido; sou mineira, encantada!, mas amo demais da conta os escritores baianos; faço parte de uma facção de mineiras oblíquas, mineiras matreiras soltas no Mundo, Amazonas Indomadas Guerreiras são essas mineiras, ariscas e engenhosas, por isso amo o seu amado Jorge com muito fervor; amo também os poetas de Minas Gerais; do Centro e do Sul do Brasil; enfim, amo os poetas e escritores de todo o Brasil; mas, reafirmo, quero o meu Ulisses Hermes Termegisthus Armador de Viagens Epo-Transcendentais; depois vou para Pasargada, lá eu sou amiga do Rei de Melinde Poeta Manuel e terei o Estupendo Dom Juan qu’eu quiser, na cama que escolherei, lá eu sou amiga do Rei, aquele não deu bandeira na Irene no céu; no entanto, atenção!, se você definir-me quomodo uma oportunista, vou renunciar ao Ulisses Endinheirado de Reais Dólares Americanos e me contentarei em continuar solteira; não sou muito sociável, percebe?; agora vou colocar uma nova máscara no rosto, vou-me transformar em Maria Felix Mexicana do Perpétuo Amor Sofredor; eu sou mesmo uma Maria Felix Qualquer, Odisséia Maria é uma mulher fragmentada; agora é a vez de Maria Felix Estrela de Cinema Brasileiro-Mexicano-Americano; eu sou Maria Felix Mascarada da Selva Brasileira, saiba você, meu leitor do anno 2001 e seguintes, sou uma rechonchuda brasileira-mexicana em meus sonhos de amor mais ousados; ou apenas uma simples brasileira, muito prazer!; sim senhor, vou-me transformar em Maria Felix Bonita de Lara, em homenagem ao meu amor Agustin; sou agora a estrelíssima chiquita que fez derreter o coração do Agustin; ay! ay! ay! ay!, eu amo o divino Agustin e me enlevo toda ao ouvir sua voz de cantor, digo, ao ouvir os boleros de amor qu’ele fez para mim; viajo agora até Vera Cruz, monamour, transformando-me em Maria Felix Cheia de Glamour num passe de mágica; Odisséia Maria é uma mulher infiel, possui uma legião de amantes fiéis, todos os grandes poetas e narradores do Mundo Profundo; as mulheres-poetas, as escritoras-mulheres são por mim admiradas, mas leio seus livros comodamente sentada em uma poltrona azulada na sala do meu micro-casulo de seda da Tijuca Encantada; para a cama só levo os poetas mui ombres, talequal o meu divino Agustin do passado distante, Agustin-Amante da bellíssima Doña Maria Felix Bonita de Verdade escreveu lindos versos de amor e paixão; ay!, ay!, ay!, ay!, ay!, ay!, eu amo o divino cantor Agustin, e me enlevo toda ao ouvir sua voz sonorosa, digo, ao ouvir os lindos boleros de amor qu’ele fez para mim; viajo agora até Vera Cruz, vou ao encontro de Agustin, beijo o Agustin, e pense você o que quiser quomodo foram as minhas noites calientes com o Agustin; vou deixar você imaginar e sentir; o sonho é real, Amaral, o real é o mundo pensável; o meu amor por Agustin foi imenso; ele nasceu em 1900, não pude conhecê-lo pessoalmente naqueles annos da juventude; assim mesmo, Agustin, você está presente em minha vida, em meus sonhos, em seus boleros; quando puder, me telefone, Agustin!, terei muito prazer em conversar com você!; por que não me telefona?, está com ciúme do Bienvenido Granda da Ilha do Cocondrillo Verde?; eu amo também o telúrico Bienvenido Bigodudo, sinto cócegas quando ele me beija, sabe?; é por causa do bigodão imenso; quando ele canta “Señora, te llaman Señora”, implicando com a minha infidelidade amorosa, morro de chorar, quando a saudade aumenta e fico pensando no meu bigodudo cubano, é choro para três dias, um mar de salgadas lágrimas mui sentidas; nesses dias de saudade, os vizinhos escutam todo o repertório musical dele e do Agustin, e não sem razão começam a xingar e a gritar, pedindo-me aos berros para eu diminuir o som do meu atualíssimo CD Player deste final de 1998, um compact disc player praláde de pós-moderno; sou uma velha muito avançada, meu amor; em meu Casulo de Seda da Famigerada Famosa Tijuca não existe nada do tempo da vovó, meu netinho!; somente umas xícaras de porcelana chinesa para tomar o chá das dezassete horas à moda inglesa; sou muito esnobe, sim senhor!; adoro as boas coisas do século XX!; só não tenho dinheiro para manter uma vida luxuosa; por isso estou correndo atrás do Ulisses Milionário da Silva Tropical; mas, quomodo eu ia dizendo, os vizinhos reclamam do som barulhento, nem todos gostam de bolero mexicano, muito menos de bolero cubano, nem todos gostam de boleros de cabaré de primeira, segunda, terceira, quarta ou quinta categoria, e o meu apartamento, nesses dias, transforma-se, recebendo os fantasmas do passado; quando o choro acaba, refaço a maquiagem e saio à procura do meu Anjo-Guru Habitante da Mágica Montanha da Urca dos Shows Memoráveis do Cassino Real, o Bairro mais lindo do Rio de Janeiro Sensacional, aquele do bondinho aéreo, o transporte aéreo dos Turistas do Mundo ao Topo da Montanha Sagrada da Cidade do Rio; o Rio de Janeiro, a Cidade Encantada, possui duas Montanhas Sagradas, uma é o Pão de Açúcar de Confeiteiro do Céu, um doce de Montanha, uma montanha açucarada no Bairro da Urca, na outra Montanha reina o Cristo Redentor Francês-Brasileiro, abençoando a Cidade com seus braços abertos; mas, como eu ia dizendo, refaço a maquiagem e saio à procura do meu Anjo-Guru, passeando pela Urca, tomando banho de mar talequal Policasta Fermosa olhando de longe os mergulhos vigorosos dos Telêmacos Sarados Garbosos do Rio de Janeiro, fermosos, talequais deuses eternos, viris, valerosos, a banharem-se nas águas salgadas da Urca divina dos Cartões Postais do Brasil Varonil; ou mesmo apreciando o Palácio do Rei Menelau, atualmente edificado no alto da Sagrada Montanha, lugar paradisíaco, só acessível aos privilegiados abonados graças aos trilhos aéreos de seus bondinhos famosos famigerados; olhando de longe os Telêmacos Sarados Vistosos Garbosos do bairro da Urca divina e sociabilizando-me com os habitantes da Terra do Ão,

domingo, 18 de outubro de 2009

ODISSÉIA MARIA - V

NEUZA MACHADO

Palácio de Versalhes
Foto de Rogel Samuel


ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



QUINTO CANTO


2a INVOCAÇÃO


mas, como eu ia contando, invoco também a ajuda de São Sebastião de Milão, para guiar-me nesta viagem transcendental; meu São Sebastião hoje do Rio de Janeiro!, Vossa Mercê, um mártir da fé, protegei-me neste infinito aéreo caminho!, quero chegar sã e salva, neste Brioso Avião Imaginário das Ilusões Perdidas, em Pasargada, lá eu sou amiga do Rei Manuel Venturoso Poeta do Século XX Brasileiro, e terei o homem musculoso e heróico que eu quiser, na cama que escolherei, mesmo que esse homem não seja o próprio Manuel, aquele não deu bandeira na Irene no céu, mesmo que esse homem não seja o João Rosa, paixão antiga e esplendorosa, minha paixão sertaneja, por quem, quomodo disse o Anjo Rochel, eu teria me apaixonado perdidamente, se tivesse tido tal prazer, durante sua curta permanência aqui na Terra Rotunda e Azulinda; não conheci o João, mas descobri o seu mundo, redescobri o meu mundo de Minas Gerais, passeei nas Veredas do Grande Sertão, conheci a Verde Gruta de São Marcos dos Ocultos Meandros, cumprimentei a Verde Família de Buritis Majestosos, envolvi-me tensamente com A Hora e vez de Augusto Matraga, convivendo diariamente com Nhô Augusto Filho do Coronel Afonsão do Saco-da-Embira, o Poderoso do Arraial do Muruci; envolvi-me também com o jagunço ficcional Seu Joãozinho Bem-Bem; viajei de avião com o Brilhante João até às Margens da Alegria Infantil em suas Primeiras Estórias repletas de glórias, vi lá do alto as nuvens de algodão de amontoadas delicadezas, convivi com a Tia e o Tio Engenheiro Construtor da Grande Cidade No Meio Do Nada, a Grande Cidade Central do Brasil, e sofri pra caramba com o assassinato do peru de Natal; estórias maravilhosas de um sertão para sempre eterno neste mundão; mas, como eu ia dizendo, retomando o fio de Ariadne Aracnídea do Misterioso Tecido Enrolado a Conduzir-Me ao Território de Vênus Conselheira Amorosa, ela nunca me faltou em meus epo-ficcionais casos de amor, neste 16 de dezembro de 1998, preste atençããão!, com ela transitando em Capricórnio das Altas e Inóspitas Montanhas da Antiga Grécia, minha Casa das Finanças Voláteis Reais no Horóscopo Solar e Casa Três no mapa do Ascendente, vou com certeza obter o esperado, por intermédio de um telefonema, quem sabe?; ou de uma carta; ou mesmo quando eu sair do Casulo de Seda Preciosa da Rua Garibaldi da Tijuca, para passear na Cidade Maravilhosa do Brasil Varonil; lá com certeza um velho financista divorciado charmoso endinheirado e carinhoso estará em uma esquina qualquer; para fisgá-lo, bastar-me-á estar alerta, com os sentidos e olhos bem abertos, e quem sabe?, zás!, com certeza, uma aparência de Vênus Dengosa e Brilhante não me faltará desta vez; hoje, 16 de dezembro de 1998, Marte Guerreiro Temível Terrível está favorável em Libra e Urano Estranhíssimo Planeta, superfavorável em Aquário, em seu domicílio de facto, em seu domicílio legal, e com a Lua Escorpiana Brilhante passando para o signo de Sagitário Arqueiro Centauro às 13 horas e quarenta e cinco minutos, horário de Verão no Rio de Janeiro, e com o Sol Exuberante dos Vaidosos Leoninos brilhando em Sagitário, meu signo querido e especial, sorte a minha ter nascido em Sagitário!, hoje, inclusive, com Marte Muito Garboso Machão em Libra, como eu ia dizendo, com certeza esbarrarei por aí com alguém desse signo; os librianos sempre se enredaram em minhas teias ficcionais, não sei o motivo?, o meu pouco conhecimento em Astrologia ainda não me permitiu compreender; quando eu nasci, Netuno estava em Libra, solitariamente em Libra, quero dizer, mas eu não sei qual é a força de Netuno em minha sortuda vida terrena; Netuno, hoje, 16 de dezembro, se encontra em Aquário, segundo os Astrólogos Adivinhos do Brasil Varonil, o Aguadeiro beneficia o Jovial Arqueiro; assim, com certeza, esbarrarei por aí com algum libriano taludo fortudo e cheio de gás; por falar em Libra, nos áureos tempos de minha vida amorosa conheci dois librianos sensacionais; um, coitado!, não tinha onde cair morto de tão pobre que era; o outro, doutor em literatura hispano-brasileira; mas, como eu ia dizendo, a minha estrela sagitariana sempre me envolveu com estrangeiros sensíveis, sempre me induziu a ouvir sussurros de amor e paixão em outras línguas, lendo, por exemplo, em francês, Fragmentos do Discurso Amoroso de Roland Barthes, ou, em castelhano, O Amor tomado pelo Amor do Doutor Warat, argentino e brasileiro com muito prazer, brasileiro-argentino de Santa Catarina, de Florianópolis, quero dizer, cidadão do mundo rotundo, quero dizer; o eloqüente Doutor Warat, num rápido e passageiro conhecimento, um quase amigo; de qualquer maneira, para não perder o fio da meada americana de Shirley Valentine Ariadne Mitológica, quando eu nasci, Vênus Assanhada estava retrógrada e sem brilho dourado em Escorpião e isto me prejudicou horrores, prejudicou-me no setor amoroso, quero dizer, o motivo de minhas derrotas amorosas foi esta Vênus retrógrada em Escorpião em meu nascimento; mas não me queixo não, eu fui muuuito amada na vida; poucas mulheres foram amadas na História Literária da Humanidade, eu fui uma privilegiada, ainda sou!, e com certeza esbarrarei por aí com O Amor de meus sonhos, nome de um romance açucarado não-realizado; fui muito amada na vida!, por que estou aqui e acolá a me queixar de Vênus Madrinha?!!!, ela sempre me ajudou em meus casos de amor, ou mesmo nos momentos críticos e solitários desta minha vida terrena; por falar em solidão, a solidão sempre foi a minha Estrela da Vida Inteira; plagiando sem pejo o Poeta Manuel, aquele não deu bandeira na Irene no Céu; penso que a solidão interior é um mal de quem nasce no signo do Cachorro do Horóscopo Chinês, o Manuel que o diga, ele nasceu em 1886; a solidão, ninguém percebeu!, sempre foi minha sombra fiel, ela sempre me acompanhou e ninguém notou, sou agitada, indomável, com algum conhecimento e uma legião de semelhantes à minha volta, todos os personagens do mundo rotundo e profundo; de qualquer maneira, em realidade, só conto comigo, e não terei quem acenda uma vela por mim na hora da travessia final para o Reino dos Mortos; todavia, para mim, a grande travessia é esta viagem, viagem dentro de mim, desnudando os mais íntimos recantos de minha alma peregrina, trazendo à luz meus desejos escondidos, relembrando o distante futuro sem-muro repleto de felicidade; sim senhor, em 31 de dezembro de 1999, na passagem para o anno 2000 virarei a página do passado; novos horizontes vão abrir-se para mim, e o último anno do milênio de Cristo será a coroação de tudo; por enquanto, 1998 ainda não acabou, e eu retorno de 2001 feliz da vida, lá eu encontrei a minha Verdade Secreta Secretíssima, verdade ainda não descoberta, descobrirei com certeza!; deixo agora os anos vindouros em paz e recupero 1991, numa fantástica e estupenda viagem de volta ao passado, em Paris, quando vi pela primeira vez a Torre Eiffel e pude pensar no Brasil Varonil repleto de belezas mil; mesmo assim, sinto saudade, muita vontade de rever Paris, passear no Boulevard Saint Michel e no Boulevard Saint-Germain, jantar no Cafe de Flore com meu Anjo-Guru, visitar o Arco do Triunfo, rever a Vênus de Millus e a Gioconda Italiana domiciliadas em Paris; elas deveriam estar na Itália, mas estão em Paris, monami!; beba um cálice de aguardente pra queimar a língua ferina!; oh, Odisséia Maria!, que Deus a proteja, Mulher!; Deus me livre e guarde de uma Inquisição Intelectual neste final de milênio!, Deus Misericordioso que nos guarde!, Deus me livre de ser mal compreendida neste final do século XX; eu só quero viajar tranqüilamente nestas minhas humildes páginas ficcionais; não atiro pedras em ninguém, sou covarde e medrosa, não nasci para o papel de heroína!, pobre criatura pusilânime sou eu, de alma pequenina, sim senhor, fracota de ânimo, sim senhor, não tenho muita firmeza na vida, tão pouco sou decidida; apenas vou vivendo a minha vidinha sem graça; mas muito feliz, graças a Deus!!!; tive muuuita sorte por nascer sob a proteção de Júpiter Justiceiro, e vou começar o janeiro de 1999 com o pé direito e comerei à meia-noite do Anno Novo sete sementes de uva italiana, para ter muita sorte durante o anno todo; e usarei uma calcinha amarela de baixo americana, para ter muita sorte com money só se for americana; e vestirei um vestido branco rendado francês para ter muita paz e felicidade; e usarei um anel de cobra indiana para conquistar o tal amor prometido por Vênus Dengosa da Suprema Paixão Sem-Razão no já mencionado Orago Astral, a Sagrada Cobra do Amor Indiano, e et cœtera e etc e etc e tal; e brindarei com autêntica champanha francesa fabricada made in Brazil; sou uma doutora caipira pra lá de metida; e cantarei louvores ao Senhor, Ele sempre me protegeu com amor; na verdade só Deus Pai me protege e ampara, amém, as crenças esotéricas são a mania deste final de milênio; é bem verdade, há alguns fanáticos, mas eu não sou fanática, graças a Deus!, apenas me distraio dos problemas normais lendo revistas esotéricas mensais; o que seria de mim, neste final de século e de milênio, em meio a esta realidade caótica, se não tivesse essas gotas de ilusão empurrando-me pra frente?!!!; mas, como eu ia dizendo, no próximo Anno Novo de 1999, cantarei louvores ao Senhor, abençoarei meus filhos supermaravilhosos, desejando-lhes muitas alegrias e saúde nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano, estendendo as minhas bênçãos maternas para todos os outros anos vindouros do século XXI; e dizendo ao Deocleciano, pai de meus filhos, seja sempre feliz, Déo!; ele, um ex-marido perfeito e continua sendo um amigo perfeito, um ser abençoado nascido em 13 de junho, e pediu-me em casamento, digo, ficou meu noivo no dia do seu aniversário, e casou-se comigo em um bellíssimo 31 de dezembro, há mais de trinta e um anos; minha Nossa Senhora!, a juventude ficou para trás!!!, envelheci e não percebi, tornei-me uma velha decrépita, minha Nossa Senhora das Grandes Graças!; mas, como eu ia sonhando, a primogênita Bete, de 13 de novembro, sem falar nos gêmeos abortados no anno anterior, espontaneamente, durante a gravidez, um menino e uma menina, bivitelinos; com certeza os gêmeos estão agora passeando tranqüilamente no Limbo da Teologia Católica, habitação celestial dos inocentes falecidos sem o batismo cristão; o Deocleciano colocou o 13 em minha vida para dar-me sorte para todo o sempre; e saiba Déo!, foi uma grande sorte ter-me casado com você, não estaria hoje viajando insolitamente através de mim mesma se tivesse me casado com outro; o Deocleciano compreendeu o meu desejo de voar livremente em um avião supersônico; ele, talequal Mercúrio Veloz do Signo de Gêmeos também possui asas nos pés; assim exigiu a própria liberdade e saiu voando para o Ocidente; mas deu-me liberdade também; permitiu-me voar em direção ao Oriente, o Oriente de minha fascinação, com as suas Histórias das Mil e Uma Noites e os seus Leques do Afeganistão, os leques fascinaram igualmente as divinas Lygia Fagundes e Sônia Coutinho; o Déo é do signo de Gêmeos e não aceita ser acorrentado; e acredite Déo!, somente os que têm liberdade dão liberdade, só os privilegiadamente livres permitem aos semelhantes liberdade também, o outro a sair por aí pedalando contra o vento sem lenço e sem documento, à moda do divino Caetano Baiano; e eu sei, Déo!, o nosso casamento no último dia de 1963 estava escrito nas estrelas, teria de ser realizado na terra e no céu, somos seres opostos nos Horóscopos SolarOcidental e Chinês; os opostos se atraem e, às vezes, se repelem; sem jamais esquecer a influência de Gêmeos; em meu horóscopo pessoal, na hora de meu nascimento, Urano se encontrava em Gêmeos, a 26o de Gêmeos; Urano Enigmático Fora Do Comum, Senhor do Estranhamento também; Gêmeos é a minha Casa Sete, Casa do Casamento no Horóscopo Solar, quero dizer; assim, Déo, eu pude aprender com você enquanto lhe ensinava algumas coisas importantíssimas quomodo, por exemplo, ser para sempre feliz, transformando o limão em limonada e o abacaxi em abacaxizada saborosa; agradecimentos por demais sinceros pelo fato de ter colaborado comigo; graças à sua participação eu pude me tornar a mother da Bete dos longos e sedosos e encaracolados e bellos cabelos cor de ébano, minha primogênita dos olhos profundos e mágicos, de olhos melífluos, bondosos, iluminada para além da realidade vital, nascida no anno da Serpente Chinesa de 1965, a mesma do dia 13 de novembro das páginas atrás; do Aleph Deiforme dos Macros Programas Computadorizados, o Aleph conforme com Deus, um missionário suasório de Deus, fiel discípulo do Filho de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, nascido em 24 de outubro de 1966, dia dedicado aos Gênios da Humanidade, o príncipe herdeiro da linhagem do pai; e da Daleth, a caçula dos olhos de esmeralda, brilhantes, olhos glaucos de Athena semelhantes, nascida em um 12 de maio de 1968; filhos queridos, por todas os inúmeros momentos bons de nossa vida em comum, gratie plena; enfim, Déo, não foi ruim o enlace, não foi desagradável nossa vida em comum; você deu sonoras e gostosas gargalhadas, quand’eu contava piadas e mais piadas na hora de nossos incríveis, maravilhosos, estupendos, magníficos, fartos, incomuns almoços dominicais,

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

ODISSÉIA MARIA - IV

NEUZA MACHADO



ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO


QUARTO CANTO



DEDICATÓRIA



...atravessei o dia e seu perigo na Ponte do Arco da Aliança Entre Mortais e Imortais, agora, posso retomar a minha viagem real; infelizmente, neste minuto-mito do tempo, não verei os navios do Cais de Niterói, não imaginarei bellas incríveis aventuras de marinheiros, olhando de longe o Almirante Guillén; esta minha viagem marítima a bordo de um ônibus velho continua, o anoso veículo enfrenta agora as ruas abandonadas e alagadas do Bairro de Neves Eternas, a poucos minutos de São Gonçalo do Estado do Rio, vai ser difícil chegar na hora certa, o dito cujo é velhíssimo e não consegue atravessar a corrente de lama; seja o que Deus quiser!, óh, Mulher!, mesmo se tivesse de ficar parada aqui até o apocalipse total, esperando as coisas melhorarem no Reino do Ão, neste final de noventa e oito praláde cansadão, prest’atençããão!; talvez os políticos resolvam fazer algumas obras na Cidade, quiçá no Brasil Varonil e arredores; por favor, oradores!, não fiquem só prometendo, cumpram pelo menos a metade das promessas já feitas; por isso agora eu confio no Governador Menininho, Governador do Estado do Rio de Janeiro, no momento, neste anno de 1998, preste atenção! (não sei se vou continuar confiando), confio por ora no Menininho, ao Menininho do Brasil dedico esta minha viagem sonhada, ele é um crente em Jesus e jamais fará algo que desrespeite as Leis do Senhor, pelo menos eu espero tal sorte, neste final de 1998, preste atenção!, anno de 1998, pois não confio na Gerência Atual, e conto com a misericórdia divina para colocar no Planalto Central do Brasil Varonil, nas próximas eleições, alguém carismático e sincero, alguém que se preocupe cada vez mais com o povo, sem lero-lero, alguém que se preocupe realmente com o povo brasileiro e não faça nada de desabonador, lembrando-se sempre, o Confiável Futuro Carismático, antes de tudo, de sua função primordial, o eleito para cuidar da Nossa Casa com carinho e amor (com certeza, se isto acontecer, vou cantar epopéias sinceras em sua homenagem, para o Carismático do Futuro, bem entendido!, preste atenção!, Carismático do Futuro!); o Atual, deste anno da graça de 1998, preste atenção!, eu disse 1998, foi eleito no passado para cuidar da casa e a casa pertence ao povo brasileiro; será que o Atual da República, neste anno de 1998, preste atenção!, 1998, cuida direito de nossa casa, será?, por isso rezo a Deus todos os dias, não é fácil cuidar de uma grande casa cobiçada pelo mundo inteiro!; ele pode se desmazelar; mas, quomodo o cogitado, estamos parados dentro do rio-rua, e penso e repenso e não paro de pensar, nem mesmo Caronte Mitológico das Histórias Antigas enfrentou tantos problemas sociais ao levar as almas gregas afamadas para o Hades Tenebroso, atravessando, com sua barquinha branquinha, tão mítica!, o Rio Lethes das Almas Penadas, ou mesmo quando transportou Dante Alighieri D’Itália em uma viagem pelo Inferno Medieval, numa famigerada famosa Divina Comédia à moda pré-renascentista do século XIV; na verdade, aqui, no momento, o Inferno de Dante se faz presente, há no ar um dantesco calor infernal, o ônibus força os motores num barulho provindo das quentes ardentes profundezas; neste momento, 1998, preste atenção!, lá vai ele, devagarzinho, quase parando, devagar-quase-parando, ainda não pifou, não deu prego, quomodo se diz no Norte e Nordeste do Brasil Varonil; coitadinha da cidade de São Gonçalo!, tão jogadinha e abandonada nesse anno de 1998, servindo de plataforma política para os políticos do Estado do Rio; agora, lá vamos nós!; eu, aqui, no meio do povo sofredor, que está voltando do trabalho estafante, vou agora para o trabalho nosso de cada dia; trabalho de noite e durmo de dia; na hora do meu nascimento fui abençoada, graças a Deus!, desta vez o suplício terminou, ainda não, desta vez o suplício vai terminar, parece que vai terminar, penso que está quase terminando; o orago astrológico do dia garantiu-me uma bellíssima tarde sem problemas, está para existir um oráculo mais fajuto do que este neste final de século XX, o temporal de hoje não está para brincadeiras, não, mesmo assim, confio em minha sorte sagitariana, Vênus Estrelíssima não me vai faltar desta vez, ai dela!, se isto acontecer!, Vênus Madrinha do Trabalho Exemplar e da Saúde Regular e do Amor Estrelar em Capricórnio não me vai faltar, não senhor, eu sou monoteísta com muito fervor, o meu Deus é maior do que Vênus Brilhante e nas horas de aperto só penso em Deus Pai; graças a Deus!, até agora o ônibus não enguiçou, se Deus quiser, não enguiçará; e rom-room-rom-roooom, lááááááá vamos nóóóós!, este trecho de minha viagem não quer acabar; infelizmente o rom-rom-rom foi alarme falso, o ônibus continua parado no centro da lama pegajosa; e que lama terríííível, meu Deus!; há milhares de ônibus à nossa volta e à nossa frente, todos parados, indefesos, no meio da lama e do lixo, impedindo o caminho, num homérico engarrafamento, num colossal e barulhento problema de trânsito, Deus me livre e guarde de tal momento sinistro!; por sorte, a minha mágica e preciosa caneta esferográfica está em minha bolsa, o meu caderno de anotações está na bolsa também; o que não tem remédio, remediado está; só me resta então esperar que os Santos do Céu nos socorram, comandados pelo valente São Brás Eversor de Obstáculos; peço também ao Buda Tibetano de meu Anjo-Guru Amazonense Rochel para secundar os meus santos; todos os aqui invocados desentupindo o caminho repleto de lama; não sei o porquê?, estou agora misturando rezas e crenças praláde milenares e esoterismo e cristianismo; não sei se rezo aos meus santos cristãos ou se faço uma branca bragata ou se recito mantras budistas, aprendidos com o meu Anjo-Guru; vou rezar mesmo é a Salve Rainha Mãe de Jesus; nessas horas do medo, óh, meu Deus dos Hebreus!, a fé das origens é muito mais forte!; o perigo ronda esta tarde sinistra funesta danosa medonha!; confio em Nossa Senhora do Perpétuo Socorro dos Momentos de Aperto, ela solucionará os imediatos e desastrosos e dolorosos e insolúveis problemas; o ônibus velhíssimo enfrentará a lama e sairá vencedor, sim senhor!; Nossa Senhora da Penha Mais Alta cuidou deste momento terrivelmente tenebricoso e danoso; o ônibus, agora, vai atravessar a Mimética Via Férrea dos Novos Trens Imaginários das Linhas Silenciosas, a Via Férrea Longa Infinita do Bairro das Neves de Niterói e por São Gonçalo do Estado do Rio também, e vai a direção do infinito-sem-fim dos meus sonhos dourados; o ônibus, agora, atravessa a linha divisora, aquela divide o Norte Silencioso das Idéias Ficcionais Geniais do Sul Barulhento da Massa Concreta; e está na hora do Trem Fantasma dos Parques de Diversões de Outrora passar, senhor doutor; nós vamos atravessar sim a linha imaginária do Fantástico Trem dos Meus Sonhos de Infância; eu que nasci e cresci num alto de serra of hinterland, perto do Pontilhão de Ferro que corta o Sertão, uma verdadeira obra-de-arte importada da Bélgica, o Pontilhão da Leopoldina-Princesa e da Velha Maria-Fumaça, a Via Férrea dos meus sonhos de infância dourados, me levando e embalando-me até Lacerdina; mas, agora, o apito estridente do Trem do Bairro das Neves Eternais vai acordar-me; estava sonolenta, dormindo dentro do ônibus velho; o ônibus parado dentro da lama; o barulho infernal das buzinas em volta; Nossa Senhora das Reais Causas Perdidas é poderosa e vai ajudar-me, vou rezar um rosário de lágrimas e risos agradecendo a ajuda, e pedirei por todos os passageiros do ônibus assinalados para uma viagem folhetinesca; darei graças e louvores ao Rei dos Reis dos Cristãos, e acenderei muitas velas em agradecimento fervoroso e repleto de fé; aproveitarei o momento de muita tensão, nessas horas as rezas saem espontâneas e límpidas, e pedirei a Nossa Senhora da Penha Mais Alta permanente proteção, pedirei por todos os desconhecidos do ônibus, por meus pais já falecidos, per meus irmãos vagamundos do mundo rotundo; agora, todos gritam e falam impropérios e reclamam, e os carros buzinam, buzinam, buzinam, o barulho é pior do que o do Inferno de Dante, o calor é mais forte do que o calor das labaredas subterrâneas infernais, neste dia 15 de dezembro de 1998, às 17 horas da tarde, horário de Verão no Brasil Varonil, menos em Manaus Capital do Amazonas, lá o fuso horário sai fora do tempo vital, quando o governo atual decreta o Horário de Verão Econômico e Legal; o horário de lá não acerta com a hora oficial do Brasil Varonil; mas, como ia contando, já estamos parados há uns 179 minutos; este dia ficará eternamente marcado em minha memória sem-fim, este dia ficará marcado para sempre no espaço intermediário de meu Calendário Astrológico da Duração Perpétua, suspenso no tempo do pensamento individual, suspenso entre o antes e o depois, o passado e o futuro, quomodo um dia me disse o meu inesquecível filosófico amor Bachelard, momento inesquecível, quomodo ensinou-me o inesquecível francês, naquelas tardes excitantes dos anos 90, enquanto eu escrevia uma excitante e ambiciosa tese de doutorado; neste momento, praláde tumultuado, saí do patamar da glória intelectual, o meu título suado não vale muito no Brasil, não significa nada no Brasil Varonil, só os doutores não doutores ganham muito dinheiro em minha Terra Explorada, defender tese é em verdade ilusão na Terra do Ão; no entanto, mesmo assim, defendi a minha vontade, a vontade de me tornar uma velha doutora sem eira nem beira; mas, quomodo ia dizendo, o meu título de doutora não significa muito por acá, viajo de ônibus para trabalhar, trabalhar, trabalhar; no meu caso, significa ganhar o pão, receber um salário para pagar as contas, as inúmeras contas e os impostos altíssimos; não há jeito de driblar o Imposto de Renda, o Felino Voraz; não há jeito de diminuir o Imposto Predial e Territorial Urbano, o famigerado IPTU do Brasil Varonil; os inúmeros Impostos impostos me deixam mui louca, os Impostos impostos para solucionarem os problemas do País Varonil, e quem paga sempre é o pobre assalariado, ele não tem nem mesmo sal para temperar a sopa de domingo, coitado!; sou uma pobre doutora de literatura brasileira sem-eira-nem-beira, se hoje não tem, amanhã deusdará, amanhã Deus me dará o emprego com ânsia almejada, almejo trabalhar pertinho de casa, para não enfrentar esses ônibus lotados e as longas distâncias, afinal a PVC está em meus calos; a porra da velhice está quase chegando, e os velhos aposentados morrem nas filas do INSS; se os velhos não trabalham, são vagamundos no Mundo e no Brasil Varonil com seus cem vezes seiscentos desempregados mil, assim pensa a minoria doutora pra lá de privilegiada, endinheirada; entretanto, saí melancolicamente do patamar da glória intelectual, viajo em direção a São Gonçalo do Estado do Rio neste ônibus assinalado, cuja placa é RJ 117 117, vindo da Rua do Passeio, uma rua encantada do Rio de Janeiro, agitada, a Cidade mais linda do Mundo Rotundo, em direção a São Gonçalo Casamenteiro padroeiro das solteironas portuguesas, e o motorista não sabe que o personalizo agora, nestas páginas mágicas de mágicas retortas, a curva mágica do Baco Pastoral, páginas de vidro ou de louça com gargalo recurvo repleto de química rosada, por intermédio de minha caneta mágica e esotérica comprada no Bazar Ilusões de Minas Gerais; nem mesmo o rapaz sentado à esquerda, jovem de óculos de tartaruga brilhantes azuis e usando calça jeans de índigo blue, cujo nome não sei, mas gostaria de perguntar o seu nome, rapaz!; não sei se devo, mas vou perguntar assim mesmo, sentindo as dores mortais da coluna arruinada pelo tempo sem tempo que vem de nortada, a PVC não me deixa em paz sequer um momento; o jovem gentil é estudante da Escola Técnica Federal do Rio de Janeiro, está no primeiro anno do Curso de Mecânica Futurista, tem 16 anos e se chama Eduardo; Eduardo Primeiro, Rei das Moçoilas, mora em São Gonçalo, no Bairro Paraíso do Canhão da Ágora para ser mais exata; no Paraíso de São Gonçalo, leitor!, existe um canhão de guerra no centro da Praça; Eduardo, o Primeiro, está preocupado com seu venerável papai; Papai Saturnino Severo de Antiga Linhagem Judaica está voltando também do trabalho estafante, viajando também em um ônibus velho, e com certeza estará enfrentando também o engarrafamento colossal sem-igual, talvez agora em cima da Imensurável Incomensurável Estupenda Ponte Rio-Niterói, a Última Grandiosa Maravilha do século XX, mil vezes maior do que o Memorável Colosso de Rodes da Antiga Civilização, neste incerto trajeto da História do Mundo Rotundo; coitadinho do pai de Eduardo Primeiro, meu temporário amiguinho do ônibus assinalado, estará certamente passando por momentos terríveis incríveis também, atravessando a Ponte Dos Que Lutam Para Ganhar A Vida Todos Os Dias, debaixo do fenomenal temporal apocalíptico, e desconhece, coitado!, a aflição de seu filho Eduardo, o Primeiro; graças a Alá dos Antigos Muçulmanos, o filho foi visitar a avó tão velhinha; mas, graças a um Gênio Ruim do Deserto Muçulmano, quando retornou para casa, o Eduardo foi obrigado a conhecer o Inferno de Dante Alighieri D’Itália e Florença; enfim, Alá protegeu o jovem Eduardo, São Brás desentupiu as ruas de São Gonçalo Padroeiro, Santa Bárbara acalmou a fúria da tempestade esquerdista tupiniquim, Santa Luzia dos Cegos Borromeus de Carangola, minha padroeira, guiou o motorista temporariamente sem rumo certo de boa política, e nosotros rompemos os obstáculos gigantescos, três horas dentro daquela caldeira infernal, rompemos todos os obstáculos, graças ao Deus dos Hebreus e também dos Cristãos!; eu, triunfante, Odisséia Maria Guerreira do Século XX Desequilibrado, pude subir as escadarias do Templo do Glorioso Saber sem ter molhado sequer um fio de cabelo; subi as escadarias, assinei o ponto, pratiquei alguns necessários rituais, e fui cumprir a minha obrigação de sofressora, realizar o meu trabalho, senão, como pagar as contas mensais e os impostos impostos e et cœtera e tal?; porsupuesto, tudo isto aconteceu neste memorável 15 de dezembro de 1998, preste atenção!; entretanto, os astros já haviam previsto tais ocorrências; assim predisseram os Imensuráveis Incomensuráveis Magos Adivinhos dos Vaticínios Astrais do século XX; e tudo terminou bem, a Lua estava favorável em Escorpião, Marte Benfazejo Apesar de Brigão em Libra, e Urano Rei Por Um Bom Tempo Tranqüilamente Em Aquário, Urano Esquisito reinará em Aquário ainda por muitos anos, até 30 de dezembro de 2003; além disto, o oráculo do dia intimava-me a fazer meditação para equilibrar o astral, e foi exatamente o que pratiquei durante a travessia tenebricosa tenebrosa horrorosa do Mar de Lethes Fluminense, depois de ter almoçado com meu Anjo Guru Amazonense no Restaurante Vegetariano da Praça Tiradentes; no entanto, a minha caneta esotérica de Madagascar me diz que ando devagar, digo, a divagar, e não conto os contos que deveria contar,

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ODISSÉIA MARIA - III

NEUZA MACHADO


ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



TERCEIRO CANTO



mas, quomodo ia contando, sou Odisséia Maria Intelectual Sertaneja, uma hétero-descendente de Bravos Caçadores Mui Machos de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas e Gatas do Mato e de Mineiras Matronas Mui Fêmeas, Caçadoras também de Onços Pintados e Jaguatiricos Noturnos e Gatos do Mato, Mineiras Cozinheiras Fagueiras do Leste de Minas Gerais do Brasil Varonil, uma viajante interiorizada destes annos finais do Século XX, deste final de noventa e oito, preste atenção!, de azarações mui políticas; leitora amadora de Gabriel Garcia Marquez; amante delirante de escritores hispânicos; do uruguaio Juan Onetti; daquele divo escrivinhador que foi casado com a tia Júlia, tia dele, prest’ atenção!, aquele escreveu sobre a Guerra de Canudos acontecida no Brasil, sem ser brasileiro, sem ter vivenciado a tal Guerra, o pós-moderno, genial e bellíssimo Mario Vargas Llosa; leitora de Jorge Luís Borges, o divino argentino; e tantos outros divinos latinos; eles, os latinos, me seduziram nesses annos todos, ficcionalmente, press’tenção!, quero dizer; incluindo aqueles escritores franceses e brasileiros e portugueses mui loucos dos anos 50 e 60 e 70; eu, leitora e amante de escritores latinos começo hoje uma insólita e incrível viagem, sabendo sempre pitonisamente, para viver um Singular Grande Amor Imaginário, durante esta minha epo-viagem repleta de ficção e lirismo, será necessário, antes de tudo, sagrar-me Odisséia Maria Guerreira, a enfrentar os moinhos de vento do Reino do Ão e do Reino dos Ões, amar o divino Vinícius, o divino Cervantes e o divino Camões, perscrutando minha mente favorecida, graças aos favores daqueles deuses de Hammurabi Sétimo Rei de Babilônia, os quais na hora do meu nascimento pronunciaram com muito muitíssimo respeito o meu nome, benfazejamente, é claro!, perscrutando meu sólido coração cinqüentão ainda aberto para o telúrico amor, perscrutando minha realidade terceiromundista avassaladora; por tais motivas reais totalmente avassalada, desestruturada, massificada, desequilibrada, lá vou eu, Circe Irinéia dos Anjos Guerreiros Antigos, voando atrás de Ulysses da Silva Ponderoso, querendo prender Ulysses em minha Ilha Mágica, singrando estes ficcionais ares poluídos nunca dantes navegados por nenhum avião de carreira, mas ansiosa por chegar a um aeroporto seguro, sem poluição atmosférica ou mesmo da mídia atual, com a ajuda de Vênus Maravilhosa Madrinha do Trabalho e do Amor Redentor em Capricórnio; e Mercúrio Carteiro Mensageiro dos Deuses Eternais novamente direto em Sagitário, neste dia memorável de 12 de dezembro de 1998, prest’ tençããão!, quando inicio esta epo-ficcional-fantástica viagem em meu próprio interior; talvez, James Joyce, no início do século, com o seu Ulysses volumoso, em apenas um dia, tenha feito uma caminhada mais agradável, mas não sou James Joyce, não sou Clarice Pernambucana Lispector, não sou Murilo Mineiro Rubião, não sou Roberto Mineiro Drummond e tantos outros portentosos divinosos, eles souberam narrar com criatividade seus incríveis desencontros com a realidade caótica do Século XX, e, óh!!!, coitadinha de mim!!!, estou apenas tentando descrever aqui esta minha aérea viagem já agora iniciada, e seja o que Deus quiser!, pois quomodo dizia o divo Machado Carioca Poeta, o que fica realmente da espécie humana é a glória de ter vivido aqui nesta Terrinha Azulinda; por isto, retomando o fio de Ariadne Aranha da Teia Esburacada, lá me vou à procura do Amor neste final de milênio, lutando sem medo contra o deus da decadência existencial, quomodo sempre fiz, des aquel’outro dia memorável do início de minha vida, há tantos e tantos e tantos anos atrás, em Minas Gerais, enfim, lutando para continuar mulher, querendo ser ainda bella na terceira idade; seria bom ser bella quomodo estas sedutoras atrizes das novelas das oito da Rede Globo de Televisão do Brasil Varonil, ainda hoje, há mais de quarenta anos, seduzindo seus parceiros de trabalho televisivo com seus sensuais beijos e olhares langorosos, belezas eternas, esqueceram elas a passagem do tempo, freqüentando os especialistas da eterna juventude, esses vendedores-doutores de ilusão, privilegiados dos deuses atuais, esses souberam compactuar com aqueles diferentes anjos habitantes das sombras, os anjos tortos do poeta mineiro Drummond, conhecedores quomodo ninguém de quomodo alegrar as mulheres do Século XX; por tudo isto, eis-me aqui, Diana Athenas Caçadora de Ilusões, neste 12 de dezembro de 1998, preste atenção!, meu Irmão!, relembrando Osíris Rolando Lero Amoroso, aquele que numa tarde de novembro me disse ser um enviado dos deuses eternais e meu amador para sempre, até à morte, apesar de ser imortal e tomar o chá dos imortais na Academia Brasileira de Letras; todavia, meu Osíris Amoroso Lero Rolando, divino Osíris, aquele que sabe quomodo ninguém alcançar os mais recônditos labirintos do infinito, falou da boca para fora e jamais cumpriu seus votos de amor, jamais me mostrou suas artes marciais no campo de guerra da sedução ficcional; assim, eu, Diana Afrodite Desiludida dos Antigos Deuses Egípcios Eternais, continuarei cantando, para sempre, aqueles versos inventados para ele, meu longínquo Osíris, hoje esses versos esquecidos são a minha lanterna-canção de Lionoreta Brasileira de França e Portugal e Afeganistão; eu, Diana Caçadora da Grande Floresta Verde d’Amazônia, com uma pequenina luzinha, embarco agora em um avião imaginário e vou para Campina Grande, Paraíba, Brasil, descobrir o Nordeste e os nordestinos, descobrir, quero dizer, um nordestino capitalista que me faça feliz, e, quando eu voltar, no anno de 1992, estarei flertando com um imberbe budista tibetano, seguidor religioso do Venerável Dalai Lama, perdido e encontrado aqui no Brasil, vinte anos mais novo, e que poderia, ai! Jesus!, ser meu filho; no entanto, o tibetano glabro mostrou-me o caminho da verdadeira felicidade amorosa, ensinou-me o desapego das coisas terrenas e a busca da iluminação; por isto, eu, Vájira Diamante Forte e Resistente batizada em 30 de junho de 1990 no Antigo Budismo Teravada do Olimpo Maravilhoso de Santa Teresa, do Bairro de Santa Teresa, quero dizer, eu, Vájira Diamante, amiga inconteste do Venerável Monge Vipassi do Manto Dourado, jamais fui budista, mas convivo e amo os budistas, tive essa amizade transcendental com aquele discípulo de Buda de outra corrente filosófica, é claro!, mas nem por isto menos verdadeira; eu, Vájira Diamante da Antiga Língua Pali dos Budistas Antigos, continuo a minha viagem, e espero jamais colocar um ponto final em minhas aventuras seguras por estes ares poluídos nunca dantes navegados; atenção!, a minha viagem só será pontuada com vírgulas e voltas necessárias; depois de 1992, retomo a minha contra-viagem sem destino final e recordo 1991, na França, viajando com o meu Anjo-Guru budista e intelectual Amazonense Rochel; não sei o motivo, a França me pareceu tão exótica; eu, Odisséia, habitante do país mais exótico do Universo, em 1996, morei em Manaus, o lugar mais exótico do Planeta, e convivi com índios, caboclos, escorpiões, anacondas e sucuris; hoje, 12 de dezembro de 1998, véspera do dia de Santa Luzia, minha padroeira, a padroeira de minha cidade natal perdida nos confins da Zona da Mata de Minas Gerais, enfim, repito, hoje, não quero falar de coisas tristes, neste final de século e de milênio, só as alegrias valem lembranças; por isto, recordar Paris será glorioso, principalmente o Hôtel Gerson, 14, rue de la Sorbonne, onde vivi os momentos mais bellos de minha vida terrena, ouvindo os suspiros de amor dos parisienses, eles não têm vergonha de demonstrar em alto som seus momentos de incríveis paixões, Paris, de madrugada, eu, professora do Brasil Varonil, ouvindo os gemidos de amor de um casal no quarto vizinho, a amante exaltada gritou de prazer duas horas seguidas, seu furor uterino espalhado sonoramente na madrugada de Paris, o amante parisiense amoroso retribuiu com barulhentos beijos estalados; e também as brigas sexuais dos gatos nos parisienses telhados; enfim, solitariamente em Paris, invejando os amantes felizes; mas o que é isto?!, sou tremendamente feliz!, por que invejei o casal desconhecido?!, sou uma mulher livre e viajo e canto na hora que bem desejo, sou uma egocêntrica descendente de Bravas Caçadoras de Onços Pintados, Jaguatiricos Noturnos e Gatos do Mato de Minas Gerais, heroína brasileira fragmentada de um mundo fragmentado, uma mulher-somatório de todas as mulheres-heroínas do Brasil Varonil; mas de Paris falarei depois, páginas adiante, por certo!, a minha perspectiva mágica me obriga a pensar o presente, e o presente agora é um ônibus velho, viajo agora de ônibus velho em direção a São Gonçalo, vizinho velhinho de São Sebastião do Rio de Janeiro, atravesso a incrível Ponte Rio-Niterói, a Ponte Incomensurável do Destino dos Gloriosos Homens do Brasil Varonil, misturando-me ao povo trabalhador muito mal remunerado neste final de 1998, preste atenção!, por favor!, eu disse 1998, desci temporariamente do mirante ideológico da imaginação mágico-substancial, daqui a pouco vestirei a minha farda de Alferes do tempo de Machado Carioca de Assis, quero dizer, o atualmente desvalorizado jaleco formal de Professora Universitária de Literatura Geral, na verdade, um deslumbrante overall azul metálico à moda americana, para dar aula em São Gonçalo vizinho de São Sebastião; viajo agora de ônibus velho gaiola dos pobres, atravessando a Ponte Interminável do Destino Brasileiro, situada no insólito imaginário-em-aberto dos juízos de descoberta, sob uma chuva imensa e aterradora, sem fim, em direção ao infinito dos meus sonhos secretos; ouço um barulho estranho, assustador, sem igual, é um velho homem fechando a janela do ônibus velho, decrépito, pois teme a chuva a invadir o nosso mundo praláde caótico; agora, atravessando a Ponte Rodoviária dos Motoristas Intrépidos, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro nos proteja, amém!, vou a direção de São Gonçalo do Estado do Rio; e esta é uma viagem epo-lírica ou epo-ficcional ou epo-dramática, não sei!, não sei precisar o Gênero Atual desta minha narrativa enrolada, espero que não seja epo-paraliterária!, que Deus me proteja!, tamanho é o perigo a nos rodear, a cerração política provocada pelo descomunal temporal apocalíptico; enfim, graças ao Senhor Deus Onipotente dos Antigos Hebreus, dos Católicos e Crentes, no qual acredito deveras, atravessamos o perigo!; o Rio Lethes fluminense-brasileiro em dias ensolarados é uma baía tão linda!,

ODISSÉIA MARIA - II

NEUZA MACHADO




ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



SEGUNDO CANTO




DIÁRIO / NARRAÇÃO

... 12 de dezembro de 1998, 9 horas e 35 minutos, horário de Verão no Brasil Varonil, 10 horas e 35 minutos no Relógio Central do Rio de Janeiro; a Lua está em Libra, o Sol em Sagitário, Vênus inicia a sua caminhada, atravessando os domínios de Capricórnio, prometendo-me um grande amor milionário do ar; eu, Odisséia, de vez em quando Irinéia, nasci sob as bênçãos de Júpiter Patrono e ele estava em paz convosco, óh! divo Mercúrio!; ora, Capricórnio é o meu signo das finanças voláteis, volúveis, e a minha Vênus Madrinha do Trabalho e do Amor, passeando em território capricorniano, não me faltará desta vez; e por falar em Júpiter, este quase me deixou na mão; quando nasci, lá pelas bandas de Minas Gerais, o praláde benigno dos Oráculos Modernos/Pós-Modernos estava naquele momento ensimesmado, desconfiado, calado, domiciliado temporariamente no signo de Escorpião, e todo astrólogo que se preze sabe que Escorpião é o Inferno Astral dos sagitarianos; entretanto, a minha estrela de boa sorte não me faltou naquela hora tão importante de revelação existencial, as novíssimas Parcas do século XX, três superprotetoras amigas, seguraram o corte da linha divisória entre o Nada e a Vida, naquela zona da mata mineira de abertura que determina ao ser humano a capacidade de pensar, para que o nascimento se desse exatamente na madrugada de vinte e cinco de novembro, e adivinhe você, futuro leitor destas linhas, leitor da hora certa, hora de revelação do Mundo Tenebricosamente Silencioso, às vezes estático, daqui a alguns anos, quando estarei ainda muito viva e com saúde, eternamente, quem estava, naquele momento, pontificando no céu, tornando-se para sempre o meu signo ascendente?, Escorpião; talvez Sagitário!; Júpiter e Vênus e Mercúrio estavam ali unidos, também, enviando-me seus fluidos benéficos, e o mais importante é que Vênus retrogradava; o acontecimento ao invés de prejudicar-me ajudou-me horrores e maravilhas; Vênus, na Casa Um do Ascendente poderia tornar-me uma mulher sem complexos vitais, se estivesse caminhando para frente, mas isto não aconteceu, ela estava andando para trás, e, felizmente, pude tornar-me uma mulher menos preocupada com os desejos carnais e mais preocupada com as metas inatingíveis do coração; então, hoje, Vênus Madrinha está em Capricórnio, minha Casa Dois do Horóscopo Solar e Três do Ascendente, por certo, tenho motivos para me rejubilar, desta vez, aquele rico amor luminoso e inatingível não me escapará; é bem verdade!, o inatingível me seduz, sempre me seduziu e seduzirá, mas Vênus Brilhante não me faltou na hora do meu direito de livre-arbítrio, de decidir sobre o que fazer da minha vida naquele antigo mundo mineiro patriarcal; mesmo andando para trás, Vênus em Escorpião será sempre indicadora de força amorosa, assim dizem os Imensuráveis Incríveis Magos Adivinhos do século XX; graças a Vênus Implexora em Escorpião, sou uma mulher-teceloa, entrelaçando os fios da substancial imaginação, fios que se cruzam e entrecruzam com urdidura, tecendo uma teia de sonhos e risos sem-fim; o riso, óh meu leitor do Futuro!, ainda é a melhor arma para balançar as estruturas hipócritas deste final do século XX, de passagem para o XXI, mesmo que você não acredite em mim, apesar da PVC e das rugas e do desenrolar do tempo, a PVC, você descobrirá depois, é o meu maior problema atualmente, a conseqüência natural da Vida, no entanto, a partir de hoje, terei toda a probabilidade de realizar todos os meus sonhos, é Vênus Amorosa Madrinha afirmando-me tal prognóstico, o super-homem dos meus anelos mais bellos, ele na casa dele e eu em minha casa, em festivos e intermitentes encontros; as minhas viagens vitais, mentais e astrais; graças a Vênus Madrinha andando para trás, possuo a glória de ser uma ilustre desconhecida, jamais verei o meu nome inscrito na calçada hollywoodiana das estrelas; quanto a Júpiter Troante, em Escorpião, naquele longínquo 25 de novembro, hoje, dia 12 de dezembro, véspera do dia dedicado à Santa Luzia, mártir da Igreja de Roma e padroeira de Carangola, “minha Santa Luzia!, imploro-lhe que ilumine o meu caminho, para qu’eu possa enxergar somente o itinerário que leva à santificação da alma”; hoje, o Astro Patrono Júpiter Tonitruante está em Peixes, sua Casa domiciliar, no passado, antes da descoberta de outros planetas, Sagitário dividia com Peixes o privilégio de hospedar Júpiter, o Senhor Todo-Poderoso do Olimpo Romano; em verdade, os romanos, muito espertos, tomaram Zeus dos gregos e o transformaram em Júpiter, no entanto, para mim, vejo sempre em Júpiter o poder de Zeus, o danadinho usurpador, o malandro usurpou o trono de seu pai Saturno; por falar em Saturno Severíssimo, regente de minha dita Casa Dois do Mapa Solar e Casa Três do Ascendente, hoje em Áries, depois de uma rápida passagem por Touro neste 1998, mas, como eu ia contando, brilhando em Áries, em sentido direto, naquele longínquo nascimento estava em Leão, abrilhantando a minha Casa 9/10, não s’esqueça do meu ascendente!, juntamente com Plutão Especulador dos Segredos Alheios, no auge dos seus treze graus, no Signo de Leão, esticando seus raios até Júpiter Protetor Vigoroso, a treze graus de Escorpião, numa quadratura que teria tudo para sacudir maleficamente minha vida, se não fosse Júpiter Intrépido meu guardião e amigo, o dito defendeu-me bravamente naquele passado distante, possibilitando safar-me das Leis do Destino e oferecendo-me o número treze quomodo número de sorte, assim, o treze entrou em minha vida, Marte Corajoso Guerreiro, quero crer, estava também a treze graus de Sagitário, 13° ou 14°, os astrólogos às vezes se enganam, um pouco distante do meu Sol sagitariano, meu Sol a 3° de Sagitário, graças a essa pequena distância de 10° não se chocaram; felizmente, para mim, fui batizada em 13 de julho, pude ficar noiva em 13 de junho, casar com um homem nascido em 13 de junho, em um 31 de dezembro, a primeira filha de 13 de novembro, e permiti-me continuar cultuando o número 13, sem nunca temer a sua força purificadora, olhando-o sempre como símbolo de renovação, no Tarot, não vejo o lado negativo deste número de superstição, observo apenas os aspectos positivos; lá se vão meio século e dois anos de vida, com uma Carta Astral predicando uma quadratura exata entre Plutão e Júpiter, a 13° (treze graus), no entanto, tal quadratura nunca me prejudicou, conheci uma caminhada de vida dificultosa, sim, mas sempre realizei insólitos e implexores pensamentos, outros teriam renunciado ante a quantidade de obstáculos; assim aqui vou eu, Circe Irinéia Capitulina do Brasil, viajando em mim mesma, descobrindo, sempre, os astros não são os donos do destino de um ser humano, existe o livre-arbítrio nos dias atuais; e milhões de bolas de ar para o destino pagão, sou católica romana e creio em Deus Pai, mas não deixo de perscrutar o futuro; a minha realidade de habitante de um mundo caótico, participante ativa de uma mudança de século e de milênio, me leva a pensar no amanhã e massifica-me com estas revistas de horóscopo espalhadas por aí, enfim, não deixo de perscrutar o Futuro Sem-Muro, ele é uma incógnita, o atual Futuro Inseguro, e o que seria de mim, Matusalém, se não tivesse o ópio dos oráculos do final do Milênio a ajudar-me a enfrentar o porvir e a buscar cada vez mais uma distração para a minha vida agitada aqui nesta Terra Azulinda;

terça-feira, 13 de outubro de 2009

ODISSÉIA MARIA - I

NEUZA MACHADO



ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



PRIMEIRO CANTO


1a INVOCAÇÃO


Conta-me, óh! Mercúrio Veloz!!!, fiel mensageiro dos deuses mui poderosos das Idades Antigas Greco e Romana e da Astrologia Pós-Moderna, neste 12 de novembro de 1998, quomodo foi o passado, como será o dia de hoje, quomodo será o futuro, e quomo se desdobrará esta minha insólita e necessária viagem nesta minha existência terrena, esta incursão transcendental nos meus mais íntimos pensamentos?, conta-me tudo!; mostra-me, óh! Mercúrio Dinâmico Praláde Veloz!!!, um epo-lírico-ficcional caminho aéreo-espacial, certinho, a esta minha nova face de mulher de cinqüenta, trabalhadora, viajante incessante incansável na vida, Odisséia Maria dos Últimos Anos do Século XX e das Durações Sombreadas do Segundo Milênio de Peixes Final, mas, à espera expectante brilhante do início do século XXI, do Terceiro Milênio Sensacional ... ... ...

domingo, 4 de outubro de 2009

HOMENAGEM AO PRESIDENTE LULA

NEUZA MACHADO


“... eu ainda vou escrever uns versos laudatórios pra ele, para homenageá-lo à moda de alguns poetas brilhantes do passado distante, puxa-saquismo ainda é prática no País do Ão, e eu vou puixar à moda de então ...” (In: NEUZA MACHADO, ODISSÉIA MARIA, narrativa de 1998 a ser publicada em breve)



Em 2003 escrevi As Aventuras de Bhima na Terra dos Homens, uma narrativa sócio-mítico-ficcional em que previ (sem querer, em absoluto, me autodenominar Profetisa) os sofrimentos políticos e a certeza das vitórias do Presidente Lula. Em todas as minhas narrativas, de 2003 para cá, a presença, sempre marcante, do nosso Presidente Metalúrgico foi uma constante. Neste ano de 2009, estou muito feliz com a consagração, em termos mundiais, do nosso atual Presidente, enquanto Homem de Bem e Grande Político. Que morram de inveja os adversários, pois, apesar dos ataques e maledicências, ele já entrou para a História dos Grandes Homens do Mundo.

Eis aqui um trecho d’As Aventuras do Bhima escrito por ocasião da vitória do primeiro mandato de Lula:

“Naquele dia, o Bhima chorou muito!, mas era um choro de pura alegria. Aprendera a amar aquele povo sofredor e ao mesmo tempo feliz, o qual, naquele momento histórico, aclamava o Novo Governante, O Abençoado e Ungido, com lenços vermelhos e bandeiras coloridas, depositando em seu ombro esquerdo o Luminoso Saco do Papai Noel repleto de verdes esperanças em um futuro radioso somadas a brancos estímulos de paz e vermelhas motivações de vida saudável. Sim!, para aquele povo sofredor e, ao mesmo tempo, alegre e barulhento, o vermelho não era sinônimo de guerra e sangue, de jeito nenhum! Para aquele povo, secularmente subjugado e desmerecido por outros povos aparentemente superiores, naquele momento, o vermelho significava o precioso e valeroso sangue que pulsava em suas veias, o qual deveria ser naturalmente saudável, por meio de uma saudável alimentação, uma saudável forma de existir no mundo, e que, infelizmente, até aquele momento, lhe fora negado por outros anteriores acomodados governantes. Em verdade, naquele País Terceiromundista, até àquele momento, só uns poucos privilegiados possuíam suas despensas fartas, suas mesas com saborosas iguarias, boas roupas e calçados de primeiríssima qualidade, e muito dinheiro nos inúmeros bolsos e Bancos. A educação, até àquela data, infelizmente, era precária, tanto para os muito ricos quanto para os muito pobres. Quanto aos sessenta milhões de miseráveis, esses, coitados!, até àquela ocasião, não possuíam o direito de receber nem mesmo a tal precária educação! Emocionou-se mais ainda quando viu o Longamente Esperado (há treze annos o povo o esperava) levar a mão esquerda até ao ombro direito, numa clara expressão de dor. Somente ele pode ver, com seus grandes e amendoados e luminosos olhos de Extra-Terrestre, o volumoso fardo que, a partir daquele momento, amoldara-se pesadamente ao ombro direito do Novo Governante, aquele que fora há vários séculos anunciado pelo Mago Nostradamus, obrigando-o a externar a dor física que estava sentindo. O Bhima chorou lágrimas ardentes, muito mais e dolorosamente, porque tinha consciência de que levaria algumas luas-luz, com certeza!, antes que o Realmente Aclamado pudesse realizar as esperanças de seu povo amigo e cordial. Chorou lágrimas sentidas porque não lhe era dado, pelo Supremo, o direito de revelar ao povo que ele tanto amava se aquele novo Chefe da Nação, predito por Nostradamus do século XVI em suas Centúrias no início do cinqüecento, iria sair-se vitorioso em sua empreitada de Combate Contra a Fome que, há muuuiiito!!!, grassava no País.

Naquele dia, a Tela Mágica do Futuro ficou bem resguardada em sua Vimana Voadora, a sua Nave Estelar Maravilhosa. O Solitariozinho não quis olhar a Sorte Vindoura daquele povo por ele muito amado, uma vez que o Senhor Supremo, a poderosa divindade dos hindus antigos; o God dos ingleses e americanos do norte; o Dieu dos franceses; o Dio dos italianos; o Diós dos espanhóis; o Deus dos portugueses e brasileiros e alguns povos da África; o Tupã dos homens vermelhos da Grande Floresta Tropical; o Oxalá da religião africana; ou seja lá o nome que os humanos dão ao Senhor Supremo Criador de Todas as Coisas; repetindo, uma vez que o Senhor Supremo impusera-lhe a Lei do Silêncio quanto à Sucessão Temporal. Então, graças a essa Lei, os humanos só poderiam viver o presente, relembrar apenas alguns fatos marcantes do passado, esquecendo-se dos pormenores vividos, e não poderiam, de jeito nenhum!, conhecer o dia do amanhã. No máximo, poderiam alcançar o dom de uma incerta premonição com ar de probabilidade. Assim, quanto ao Porvir Luminoso, este seria sempre uma incógnita para os terráqueos.

Por tudo isto, o Bhima também chorou de alegria, feliz em observar o clamor espectacular do povo daquele País Tropical ante o novo Governante, um homem forte, de superior inteligência racional e emocional, capacitado para dirigir com mão-de-ferro e coração de mel a Nação, a qual estivera, até aquele momento, se encaminhando para o desastre total. Então, surgiu aquele homem, nascido entre roupinhas modestas e muito amor de mãe pernambucana, prometendo ao povo, se fosse eleito Governante, um rumo diferente para a Nação, um rumo diferente para a História Nacional inserida na História Geral da Humanidade. O Bhima apreciou, por meio de sua Luneta Mágica, o clamor do povo abençoando aquele homem sorridente e amoroso, firme em suas convicções, um Governante que fora, pela primeira vez na História da Nação, escolhido realmente pelo povo, sem nenhuma maracotaia eleitoral. Homem do povo que o povo escolheu, ao depositar, com fervor, nas inúmeras urnas eleitorais espalhadas pelo País, seu voto de confiança naquela nova gestão.”


Eis aqui a Dedicatória ao Presidente Lula, inserta em minha narrativa As Aventuras de Circe Irinéia, escrita em 2005:

“DEDICATÓRIA AO GOVERNANTE ATUAL
QUE PASSA POR UM MOMENTO RADICAL
EMARANHADO NAS TEIAS DE POLÍTICOS
INTRIGANTES QUE TRAMAM SEU MAL

Mas, esta história que quero contar,
por pertencer a um Gênero do Antigo Narrar,
do passado dos gregos e dos romanos de então,
necessita por certo de total proteção,
a proteção de um homem exemplar
e de boa intenção.
E per a razão de meu cogitar,
ao Luís Ignácio do Pernambucano Rincão,
atual Chefe de minha Nação,
fenomenal governante,
Presidente Presente de meu Brasil Triunfante,
a ele, em primeiro lugar,
esta nova estória vou dedicar.
E por ser ele um homem cristão,
nascido e criado em meio ao povão,
pernambucano ou mineiro ou paulista de ação,
quomodo Governante Presente
de meu Chão Resistente,
certamente!,
não se importará
e acredito! permitirá
que, ao meu Povo Brasileiro da Serra e do Mar,
do Oiapoque ao Chuí e do Grande Sertão,
esta dedicatória
com glória
também chegará.

Então, quomodo estava a contar,
esperando que a dedicatória não se perca no ar,
para você, óh! Luís!, e para o meu Povo Exemplar,
e para o povo global que vive a sonhar,
As Aventuras de Circe Irinéia do Insólito Narrar,
uma parenta arredia
de Odisséia Maria,
desejo tramar.”


Em 18/12/2006, com muita consciência do valor do Presidente Luís Inácio, iniciei uma terceira narrativa sócio-mítico-ficcional, concluída neste início de 2009, denominada As Aventuras Prosopopaicas de Dianna Valente. Aqui destaco a Dedicatória e alguns trechos, escritos à época sob o impacto das notícias jornalísticas, quase todas desfavoráveis ao Presidente Lula, jornalistas estes que hoje, por motivos óbvios (mesmo contra suas vontades), se vêem obrigados a apresentar em seus textos a face vitoriosa do nosso ímpar Presidente da República (até agora, no Brasil, não existiu outro igual!).

DEDICATÓRIA

É importante que se diga que a narradora em questão,
digladiadora feroz em um mundo de homens em ação,
mundo de guerras inglórias
e indesejáveis vitórias,
possuía ― naquele momento’anormal ―
consciência total
de que, sem a Dedicatória
Com Glória
ao Presidente’Atuante
do Brasil Verdejante,
o seu Neo-Cantar Incessante,
exaltando o destemor e carisma de Mulher Atuante,
em um Mundo de Homens da Força Imperante,
somatório a Dianna de várias mulheres brilhantes,
mulheres que lutam e labutam
em trabalhos desgastantes,
pois então!,
entendia, a tal narradora em questão,
que, para o desenrolar bem pomposo
de um narrar suntuoso,
uma dedicatória
com glória
ao Governante Popular,
de acordo com as normas da Antiguidade Exemplar,
ao Presidente’Afamado
de seu Brasil Adorado,
o Luís Comandante
da Nação Triunfante,
ela teria de, com orgulho, ofertar.
E foi esta a dedicatória,
com glória!,
da Narradora em Ação
ao Luís Ignácio da Nova Nação,
naquele Anno da Vitória ou Segunda Gestão:

A Vós, óh! Luís! Meu Presidente Presente!
Oferto o meu cantar insistente,
Aqui exaltando o caminhar de uma Brasileira Altaneira,
uma laboriosa guerreira,
a Dianna Valente
Quiromante Influente,
mulher bemmenada,
de vid’agitada,
mulher destemida,
labutante na vida,
âncora segura da família querida,
somatório das outras,
as incansáveis mulheres que passam na Estrada,
do nascer ao morrer,
sem medo de nada.

A oferta, óh! Luís! é bem validada!
Uma Mulher Importante,
bella e atuante!,
de temperamento vibrante,
é o Porto Seguro de vossa caminhada,
vossa esposa Marisa,
Primeira Dama Glorificada,
Muitíssimo Admirada
per muitos brasileiros da Nação Dilatada,
Primeira Dama Por Certo! Invejada
per as anteriores Consortes da Grandiosa Esplanada,
por ser Dona Marisa per Vós bem amada.

E a tal Narradora
Implexora,
dos Antigos Escribas incansável Leitora,
buscando as Arribas da Canção Precursora,
habitante de um Mundo Por Demais Conflitante,
um Mundo Indomável
e Neo-Guerreante,
da Pós-Modernidad’Envolvente,
do Imigo Intrigante,
da Praga Latente
matando Gigante,
da Aids Inclemente
exterminando o Amante,
do Sexo Premente
com Vírus Inflamante,
Pós-Modernidade Doente
com Bactéria Voante,
Mundinho, o tal, de Narrador’Atuante,
redigo o já dito,
num tom mais bonito,
a tal Narradora
Urdidora
de Narrativa Implexora,
depois do pedido ao deus tutelar,
o Júpiter Troante
de Vozeirão Trilenar,
vozeirão imperante
na serra e no ar,
e da dedicatória com glória
ao Luís Exemplar,
o Luís Comandante
do Brasil Gran Gigante,
a História
Com Glória
da Dianna Valente,
Mulher Singular,
Notável Vidente,
a tal Narradora,
redigo, Assessora!,
retomou o cantar.

(trecho do capítulo VI):

"Pois um Brasil Glorificado,
a Diannazinha buscava
no tal Monte Adivinado,
para que o Futuro Assinalado
soubesse que o Brasil Adorado
per seu Povo Maltratado,
de Passado Malsinado,
de Povo Desautorizado,
acordou, bem renomado,
naquele incrível instante,
pois um Pré-Dito sem Calçado
tornara-se um Gran Gigante,
e que o Brasil Colonizado
até ao Vinte Perpassante,
já se via idolatrado
em Vera Terra Distante,
no princípio assinalado
de um Vinte e Um Importante,
o Terceiro Aquilatado,
desde o início pré-julgado
como Milênio Interessante,
e o Brasil Colonizado,
naquele instante’atuante,
se vendo Neo-Governado
por Mão Firme-Comandante,
Mão de Governo’Honrado,
por Deus-Pai abençoado,
por Ele muito estimado,
pois Pernambucano’Atilado,
Governanti’Ajuizado,
pelo Povão Adorado,
era já fato afirmado
no Ágora Fortificado
da Neo-Nação Verdejante.
E, agora, depois do excursado,
com muito parolão recriado,
de longe, a Terra avistada,
a tal Montanha Importante
de sua Terron’Adorada,
pertinho de Belo Horizonte,
Capital Mui Fascinante,
e, por companheiro de Estrada,
contava, a dita Vagante,
com o Toinzão, que ela amava,
o dito Neo-Heliosponte
Filho de Apollo Brilhante.

CAPÍTULO FINAL D’AS AVENTURAS PROSOPOPAICAS DE DIANNA VALENTE, escrito no início de 2009:

E o 2009 chegou, com muita alegria sana!,
e Deus-Pai abençoou o nosso Luís Tão Bacana,
e a esta narradora doou a História da Dianna,
uma Sacerdotisa Mui Sana,
ou Sacerdotisa Lunar,
a que, em 2007, sem grana!,
foi com o Toinzão a buscar
uma Aventura Gincana,
uma Aventura Sem-Par,
no Monte Santo da Serrana
Narradora Du Neo-Mar
(que confusão pós-montana!;
não se sabe se a Dianna
pertence à Serra ou ao Mar!),
filha de Antoizinho’Aquileu
e de Joanna Borromeu,
neta do Zeca Estelar
de Minas Gerais Aveziboõna,
o meu Estado Bacana,
a minha Raiz, o meu Lar,
Serra Muito Antígona,
do Alto Espetacular
de Carangola Timoneirana,
a Cidade Altiplana
da Zona da Matta Exemplar.

Mas, enquanto o Mundo sofria
uma recessão de assustar,
uma recessão que valia
muito mais ficar no ar,
causada per secrelia
de um Norte Sem Bem-Estar,
um Norte da vei-mania
de querer no Mundo mandar,
o nosso Brasil Tão Querido,
regido per o Neo-Ungido
pela Massa Popular,
desde o 2002 do Sumido
Anterior Governar,
daquele momento em diante,
do 2002 para a frente,
estava a se tornar Possante,
graças ao Neo-Presidente,
um Presidente Atuante
que, apesar de muita gente
dar-lhe bordoada constante,
bordoada maldizente
de brasileiro inconseqüente
que não quer perder a fonte
do ganhar muito imprudente,
do que não sabe plantar semente,
mas tira o pãozinho quente
de quem trabalhou incessante;
redigo: apesar da Maldizente,
o nosso Grande Presidente
já nos leva ao Patamar,
pois, a nossa Nação MultiGente,
o nosso Brasil Singular
já põe as Cartas na Frente
e vai ao Mundo Guiar,
o Mundo da Recessão Demente
produzida por Dirigente
que se dizia Solar,
e queria mandar na Gente
que não sabia lutar,
e apesar do Oponente
― que não aprecia o Governar
de nosso Luís Presidente,
e está sempre a criticar
o seu Mandato Exemplar,
e terá de se curvar continente,
a cumprir a lei ocorrente ―,
o Grande Luís Presidente,
neste 2009 Afolente,
está no Mundo a brilhar.”

Outros trechos serão destacados em futuras postagens.