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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

5 - O NARRADOR TOMA A VEZ: SOBRE A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA

NEUZA MACHADO


5 - O NARRADOR TOMA A VEZ: SOBRE A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA

NEUZA MACHADO


A Crítica Literária de Orientação Fenomenológica escolhida como diretriz essencial, esclarecedora e comprovadora (a interpretação propriamente dita), permite identificar o narrador de qualquer texto ficcional romanesco da Era Moderna (diferente do narrador épico) como um ser fundamentalmente e holisticamente comunitário, em comunhão ou conflito com seu espaço substancial. Este narrador nitidamente da Era Moderna (repetindo para não haver dúvida: narrador da Era Moderna) se situa em um plano intermediário, entre o Histórico e o Ficcional, ao mesmo tempo em que se insere no plano histórico como singularidade ativa do seu núcleo social, inseparável, por sua vez, da ação do mundo que o cerca. (Atenção: quem assume interagir insolitamente com o plano ficcional, transmutando criativamente o plano histórico-social, é o narrador pós-moderno).

Assim, explicando para futuro entendimento, no decorrer da segunda etapa dessas minhas reflexões sobre A Hora e Vez de Augusto Matraga (um texto ficcional de uma fase de transição do escritor mineiro Guimarães Rosa), submetida a postulados sociológicos, procurarei pensar o narrador em questão como o verdadeiro herói problemático, representante do mundo burguês capitalista, estudado por George Lukács e reafirmado por Lucien Goldmann. Ainda pelo ponto de vista de postulados sociológicos, e usando Max Weber, detectarei a quebra da monotonia memorialista, a queda do herói e a sua assunção centralizando o universo ficcional, tornando-se um semideus com poderes de vida e morte, agindo como único dono de um discurso que reflete as contradições da História do seu tempo (além de refletir, também, os paradoxos de quem narra). Necessito salientar que, com o auxílio de leituras de textos filosóficos weberianos (ainda, válidos, com raras ressalvas, ainda intelectualmente recomendados), pude apreender as faces/fases deste narrador singular contidas na narrativa A Hora e Vez de Augusto Matraga: a face/fase do poder, a face/fase do carisma e a face/fase do ficcional, todas também simbolizando as faces/fases do Mundo.


MACHADO, Neuza. O Narrador Toma a Vez: Sobre A Hora e Vez de Augusto Matraga de Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: NMachado, 2006 – ISBN 85-904306-2-6

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