XXIII – EM QUE PERSISTE A NARRADORA EM VERSIFICAR O DESVIO QUE FINALIZOU O CORDEL DA VIAGEM DA QUIXOTINNA
NEUZA MACHADO
Mesmo Querendo Chegar
Muito Bem DePressinha
Ao Alto da Conceição,
Para Cumprir a Promessinha
De Visitar o Ancião,
O TetraVovô Amadeus,
No Dito Monte em Questão,
Um Descendente de Zeus,
Um Espectro n’Amplidão,
Um Vulto Bem Varonil
Nos Montes do Meu Sertão,
Um TetraVô Bem Gentil
A Viver em Solidão,
Pois Vivo Já Não Estava
Neste Mundão Sem-Razão,
O Veiro Já Habitava
O Reino da Mansidão,
Mas, a Dianna o Cultuava
Com Fiel Veneração,
E a Vei-Figura Invocava
Nos Momentos de Aflição.
E, Naquele Dia Instigante,
O Sol a Iluminar a Amplidão,
A Quixotinn’Adamante
Voava Com o Seu Figurão,
O Faetonte Brilhante,
O Solzão do Meu Rincão,
Filho de Apollo Cantante
De Antiga Veneração,
O Sol Que Muito Brilhava,
Por Apelido, Toinzão,
E, Por Vezes!, Retomava
O Início da Canção,
Em Seu RePensar, Intrigava,
Um RePensar Enrolão!,
E a Carruagem Riscava
O Lindo Céu da Bell Nação,
E a Dita Cuj’Anelava!,
Ao Lado de Quem Amava,
O Grã Jaião Bonitão,
E Meio Acordada, Sonhava,
Embalada na Paixão,
E Em Seu Sonho Já Vibrava,
Pensando Que Já Chegava
Ao Alto da Conceição,
Pois Uma Visita Faltava
Ao Amadeus Antigão.
O Que Aconteceu Realmente,
Botai Fé na Contação,
Parece um Fato De Mente,
Coisa de Assombração,
A Quixotinna Mineira,
Voando a Direção
Da Serra Bem Brasileira,
Serra de Concepção,
Numa Guinada, Altaneira!,
Abraçada ao Toinzão,
Perdeu o Rumo, Carroceira!,
Tirou dos Leões o Guião,
Colocou-os à Dianteira,
Voando Sem Prescrição,
E Sem Menos, Nem Muito Mais!,
Levou a Vimana-Avião
Pra Longe de Minas Gerais
Esquecida da Razão
Do Projeto Inicial
De Sua Nova Canção,
Pois o Primeiro Trajeto,
Depois do Fugir Triunfal,
Seria Visitar o Dileto,
O Amadeus Fantasmal,
O TetraVô, Tão Correto!,
No Grande Templo Florestal
Do Alto da Conceição.
Com Muito Mel no Farnel!,
Com Rumo!, Bem Animada!,
A Viajar Pelo Céu,
Entrou Por Uma Via de Nada!
Não Preencheu o Papel!
Pois a Quixotinna Aluada
S’Encantou Por Um Segrel
De Trovação Renovada,
Deixou de Lado o Cordel
Da Vimana Ensolarada,
E, Com o Talzinho — Sem o Véu!,
Sem Vimana’Iluminada! —,
Saiu, Sem Rota!, Ao Léu!,
Com o Novo, Bem Abraçada!,
N’Um Automóvel Corcel
Que Rodou em Disparada,
Seguindo o Neo-Carretel
Da Estrada Enluarada.
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