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sexta-feira, 6 de abril de 2012

A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - OBSCURA ERA CRUEL DOS OITENTA MILHÕES SEM FARNEL

NEUZA MACHADO


A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - OBSCURA ERA CRUEL DOS OITENTA MILHÕES SEM FARNEL

NEUZA MACHADO


Por meio de escrita lenta,
revelando o Espectral
– o de Vida Desgrenhenta,
o Brasileiro Braçal –,
a que narra, agora enfrenta
“Demanda” Vei-Temporal:
recontar a Virulenta
Realidade Frontal,
do Princípio dos Quarenta
ao Dois Mil e Dois Final
de uma Era Violenta,
guerreira, muito bructal,
a Vida Dura e Visguenta
de um Povo em Crise Abismal,
sem dinheiro e vestimenta
para um Viver Menos Mal,
pois, desde o Dicto Quarenta
ao Dois Mil e Dois Amoral,
a Tormenta Torturenta
da Pobreza Sem-Igual
atacava, Violenta,
o Pobrinho-Marginal
(à margem da Vida Benta
somente p’ro Fidalgal),
com a Fome Fraudulenta,
Abusiva e Imoral,
uma Fome Turbulenta
levavando-o à Morte Factal.

O Eixeco desta Ementa
é para um Trovar Neo-Graal
sobre a Vida Desgracenta
do Esfaimado Braçal,
Aquelle sem Vestimenta
e sem Salário Legal,
e sem a Protecção Isenta
do Mandante Oficial
daquelles Annos Noventa
da Veira Folhinh’Astral,
e para Tal Siira Lenta,
nesta Contenda Graal,
a que narra agora intenta
um Contar Alavancal
pra narrar a Vei-Tormenta,
em meio ao Caos Social,
dos Oito Milhões, no Noventa,
passando Fome Lectal.
Noventa da Era Sangrenta,
pior que a Medieval.

Depois dos Annos Quarenta
da Segunda Mundial,
– a Guerrona Violenta
replecta de fúria e mal –
o Brasil empobreceu
de uma maneir’anormal,
pois o País conheceu
Obscura Era Factal,
em que o Cras era um só Breu
e a Domaa um só Treval,
um Amanhã com pouco mel
num Segre mui profanal,
pois, já pobre e malmenado,
mais pobre o Brasil ficou,
muito Jaião eixerdado,
perdendo o que afanou
do Pobrezinho Iletrado
que por ele trabalhou
sem receber o agrado:
pagamento a quem suou.

João Sem-Terra Profaçado,
perdendo tudo o que ganhou
como Vei-Herdeiro Grado
que nada não trabalhou,
ou um Augusto Marcado
como rês, por quem domou
em trabalho escravizado,
pois, sem pagar a quem suou,
foi perdendo o seu Roçado
p’ro Vizinho que enricou,
e em Gran Encrenca Atolado,
esbanjando o que herdou,
aquelle foi o Antes falado,
o Herdeiro que afolou
no Dezenove, do fado
de não urdir o que sobrou;
aquell’Outro, o do Eixecado
para vencer o que Ancorou
em Regras de Vei-Passado,
foi o Esperto que tomou,
no Sec’lo XX Azado,
as terras de quem lucrou
com Trabalho Escravizado:
o Neo-Rico que ficou
Co’o Cetro do Profaçado.

Foi então que aconteceu,
naquelles Annos Seguintes
da Dicta Era Factal,
a tal Idade do Breu,
o Dicto Século XX,
Era Trans-Conjuntural,
replecta de Sinhô Plebeu
escravizando, com requintes
de crueldade anormal,
o que se trabalhou e morreu
como Execrado Pedinte
sem recompensa vital;
então, repito, aconteceu
algo mui fenomenal,
de modificada infração:
na política apareceu,
um Ricaço fiz, leal,
pra governar a Nação,
um Herdeiro Neo-Plebeu
da Escravidão-Serviçal,
mas Sinhô Bom Coração
que ao Pobre concedeu
algum Direito Legal,
tornando-se, por tal razão
(não se dicta o que ocorreu
com Parolinha Normal!)
o Presidente-Paizão
do Povinho Pigmeu
da Escravatura Mensal,
amado, com emoção!,
colocado em apogeu
no Panteón Principal;
com muita convicção!,
o Dicto Cujo Neo-Plebeu,
Presidente Nacional,
Deu guarida ao Pobretão,
ao celebrar o Himeneu
do Povo com o Capital,
e, por ter bom coração,
afrontou o Briareu
da Elite Sem-Moral,
que não queria o Povão
tractado com Pão e Mel
pelo Chefão Principal.

E o Presidente da Nação,
naquelles Annos de Breu
de Veira Folhinh’Astral,
por amar o Sem-Tostão
– o Brasilerim-Pigmeu –
com Afeto Paternal,
não aguentou a tensão,
provocada por Sandeu
da Elite Radical
– a escravizar seu Irmão,
aquelle que muito sofreu,
co’um trocadinho mensal –,
pois, tal protecção lhe rendeu
o ódio da Oposição,
– Oposição Sem-Moral –
e o Getúlio então morreu,
pois “Demandou” pro Povão,
envidando o Ávol-Sacal.

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