
18.11 - AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: O CORTEJO DOS ARCANJOS DO CÉU COR DE MEL
NEUZA MACHADO
É bem verdade que,
em princípio,
a Veneranda assustou-se,
mas, depois,
começou a observar
com atenção,
evidentemente escondida!,
a Incrível Aparição.
Assim,
a Velhíssima Raciocinou,
e o Bhima,
que estava ali perto,
o Raciocínio dela
acompanhou.
“Já sei!”,
pensou a Diana!,
“os Anjos de Deus
estão levando os Espíritos
dos Sofredores Incréus
deste Lugar Divinal
para o Banquete Celestial!
Mas, por que, então,
os Anjos,
Glorificados,
não arrebentaram
as Correntes
que prendem os Pés
e as Mãos
dos Falecidos
Escravos,
Martirizados,
Chicoteados,
Torturados
e Assassinados
por Feitores
Ferozes
Malvados,
a mando
de Sanguinários
Senhores-de-Terras
que se diziam Cristãos
e por Deus Estimados?”
Logo que a Diana
o Tal Pensamento
Comum
Insensato
Formulou,
Uma Voz Poderosa,
Espectaculosa
e por demais
Sonorosa
retrucou,
fazendo a Nobre
Velhinha
se Sacudir
de Tanto Pavor:
“Hoje é o dia
dedicado a mim,
Archanjo Raphael!,
e também dedicado
aos Anjos do Céu,
conhecidos quomodo
Gênios da Humanidade
Sem-Rumo
e Sem Véu.
E eu vi Você,
óh! Diana!,
andando
alheada
nesta parte
da Estrada.
Eu sou
o Archanjo
que protege
os Viajantes
Andantes,
e Você
que é uma
Andarilha
Contumaz
e Valente
e Otomante
De Mente
não sabe que
estou sempre
ao seu lado,
protegendo-a
nos Tombos
que costuma levar,
nessas suas
Aventuras
de arrepiar.
Sou eu que a seguro,
quando você tropeça
nas Pedras
de seu Caminho
Inseguro,
ou quando
a Inveja dos Outros
a Joga no Chão
Muito Duro.
Protejo-a tanto,
e tanto!,
que o seu Filhão,
Aleph Deiforme
de Bom Coração,
ConForme com Deus
e um Bom Cristão,
há Trinta e Sete Annos,
Nesta Mesma Data
de Hoje,
Nasceu,
para Gáudio de Deus!,
e lá no Rio de Janeiro
espera
um telefonema seu.
Assim, não deixe
de telefonar
para o seu Filhão,
que está esperando
o seu Parabéns
com ansiada emoção!
O Cortejo de Escravos
é só para lembrar-lhe
que a Saudável Mistura
de Sangues Vermelhos,
de Negros e Brancos,
existe em Você,
e Uma Vela Sagrada
Você Deverá Acender,
não para os Escravos
Torturados
e Assassinados
com requintes
malvados,
pois esses
já fazem parte
do Reino de Deus,
mas a Vela Bendita
é para Aquele
Seu Antepassado
Mestiço
e Malvado,
que aos seus Próprios
Consanguíneos,
sem piedade!,
mandava Açoitar.
Na verdade,
óh! Diana Valente
Viajante Com Rumo!,
os Escravos Mortos,
há muuuuuuito!,
já se livraram dos Grilhões
que os prendiam
na Terra dos Homens
Sem-Rumo.
Esta Cena Tristonha
é uma Visão,
para ser Registrada
em seu Coração.
Nunca se esqueça
de seu Sangue Mestiço,
D(o)ado por sua Trisavó,
a Mulata Antoninha
Filha do Ciço,
Casada no Papel
e na Religião
com o Grande
Fazendeiro
Português
João Pereira
Barba de Argolão;
e não se esqueça
que o seu Bisavô,
Fazendeiro
Mestiço
e Malvado,
ainda Hoje
na Porta do Céu
Implora
para ser
Perdoado.
Só Você,
óh! Diana!,
De Mente
Tão Sana
possui
nas Mãos
o Poder
do Perdão!
Vá, então,
à Igreja
do Divino
Espírito
Santo
do Antigo
Sertão
e Acenda
uma Vela
per a Alma
de seu Bisavô
Joaquinzão!”
A Veneranda,
admirada!,
ouviu as Palavras
do Archanjo
dos Anjos
Celestiais,
e correu,
Assustada!,
a direção à Igreja
do Alto Divinal,
Igreja Exemplar,
para
a Vela Acender
e Encantar,
e, com isto,
a Alma Trevosa
do Bisavô
Joaquinzão,
enfim,
Descansar!
O Bhima,
que estava
ali por perto,
acompanhando
todo o desenrolar
da Insólita Conversa,
passou a compreender
tudinho direitinho.
Ele também era um Anjo,
e merecia Folgar no Tal
Feriado Angelical,
só que ele
era um Anjo Diferente,
com Funções Diferentes,
Oriundo
de Planeta e Galáxia
desconhecidos
dos Indômitos Crentes.
Aí,
ele compreendeu
tudo,
tudinho!
“O Supremo Senhor
é mesmo
para se Admirar!”,
pensou o Bhima!,
“sabe direitinho
quomodo
as Diversas
Religiões
Agradar!”
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