NEUZA MACHADO
SONHOS DILATADOS E BEM LEMBRADOS: A CASA ILUMINADA - 6
NEUZA MACHADO
Em uma de minhas noites repletas de sonhos com circunstâncias diferenciadas, com muita dificuldade eu comecei a subir um caminho, estreito, ermo, a direção de uma altíssima serra, muito parecida com as inúmeras serras e montanhas que compõem a geografia do Estado de Minas Gerais, meu Estado natal (serras estas recortadas por uns poucos restritos caminhos, próprios para os trabalhadores do campo).
A direção do tal caminho, pela perspectiva de meu sonho, ao longo da subida, voltava-se para a minha direita. No entanto, apesar de ser ainda um dia claro, estava deserto. E, da mesma forma, nas encostas próprias para plantações diversificadas, não se percebia nenhuma movimentação laboriosa.
Já estava caminhando, serra acima, por um bom tempo, respirando com inquietação, quando ouvi estampidos de arma de fogo, e me vi obrigada a esconder-me atrás de uns arbustos (do lado direito da estrada, sempre pela minha perspectiva). Nesse ínterim, descendo a ladeira, em desabalada carreira, apareceu um homem, e, atrás dele, vinha um outro, em seu encalço, com um revólver na mão. Os dois – o perseguido e o perseguidor – não deram pela minha presença por entre os arbustos, e sumiram nos desvãos de meu sonho.
Depois da cena perigosa, retomei a minha caminhada e continuei, morro acima, o meu cansativo passeio. Nos incomuns entrementes do percurso, outros obstáculos surgiram, tais como alguns trechos problemáticos abarrotados de pedregulhos e lama. E a estreita trilha de meu sonho continuava despovoada.
Nesse meio tempo, consegui chegar à parte de cima da serra. Nesse trecho do trajeto de meu sonho (ainda à direita de meu ponto de observação), o tal caminho terminava em um outro, sobre a elevação montanhosa. Continuei tomando o rumo de minha direita e entrei no tal percurso, reto, um pouco mais largo do que o anterior, por cima do dito monte de base extensa. Dali, do alto, eu visualizava os dois lados. E a visão panorâmica era de uma beleza extraordinária, um cenário por demais colorido. Nesse espaço de tempo do sonho eu já caminhava descansada, sem os incômodos próprios dos tais entrementes do pesadelo inicial.
Depois de muito andar, eu percebi que o dia ensolarado já estava se aproximando do declínio, como se eu já estivesse a andar sem destino na parte da tarde. Senti-me momentaneamente agoniada, pois não enxergava por ali, para o meu conforto, nenhum abrigo disponível. No sonho, eu tinha pleno controle de minhas emoções, pois estava consciente de minha solidão, ali, naquela estrada de terra, ao entardecer, no alto de uma desconhecida montanha. E já estava também começando a sentir uma espécie de medo, pois me percebia ansiosa e expectante, como se algo extraordinário estivesse por suceder-se. O meu olhar percorria o cenário, buscando uma solução para o impasse de meu próprio sonho.
Foi então que uma grande casa (com a porta e as janelas abertas) apareceu, diante de mim, como que por encanto. O caminho do alto da montanha terminava nela. A casa estava espantosamente iluminada, por fora e por dentro. Ainda não era noite e a tal casa brilhava diante de meus olhos maravilhados. Corri em sua direção, para abrigar-me.
Não havia cercas ao redor da casa. A porta de entrada estava aberta e iluminada, assim como as janelas. Um pouco receosa, entrei no grande salão estranhamente vazio. Não havia móveis em seu interior (um único e imenso cômodo), mas, as inúmeras lâmpadas iluminavam-na de uma forma extraordinária. A incomum luminosidade abrangia todo o aposento, alcançando também o lado de fora, translucidamente. Dominada por uma atmosfera de deslumbramento, vi-me envolvida por aquela luz intensa.
Acordei, logo a seguir, com o impacto do climax do sonho. Não me lembro de ter saído daquela incrível casa, completamente transbordante de luzes.
SONHOS DILATADOS E BEM LEMBRADOS: A CASA ILUMINADA - 6
NEUZA MACHADO
Em uma de minhas noites repletas de sonhos com circunstâncias diferenciadas, com muita dificuldade eu comecei a subir um caminho, estreito, ermo, a direção de uma altíssima serra, muito parecida com as inúmeras serras e montanhas que compõem a geografia do Estado de Minas Gerais, meu Estado natal (serras estas recortadas por uns poucos restritos caminhos, próprios para os trabalhadores do campo).
A direção do tal caminho, pela perspectiva de meu sonho, ao longo da subida, voltava-se para a minha direita. No entanto, apesar de ser ainda um dia claro, estava deserto. E, da mesma forma, nas encostas próprias para plantações diversificadas, não se percebia nenhuma movimentação laboriosa.
Já estava caminhando, serra acima, por um bom tempo, respirando com inquietação, quando ouvi estampidos de arma de fogo, e me vi obrigada a esconder-me atrás de uns arbustos (do lado direito da estrada, sempre pela minha perspectiva). Nesse ínterim, descendo a ladeira, em desabalada carreira, apareceu um homem, e, atrás dele, vinha um outro, em seu encalço, com um revólver na mão. Os dois – o perseguido e o perseguidor – não deram pela minha presença por entre os arbustos, e sumiram nos desvãos de meu sonho.
Depois da cena perigosa, retomei a minha caminhada e continuei, morro acima, o meu cansativo passeio. Nos incomuns entrementes do percurso, outros obstáculos surgiram, tais como alguns trechos problemáticos abarrotados de pedregulhos e lama. E a estreita trilha de meu sonho continuava despovoada.
Nesse meio tempo, consegui chegar à parte de cima da serra. Nesse trecho do trajeto de meu sonho (ainda à direita de meu ponto de observação), o tal caminho terminava em um outro, sobre a elevação montanhosa. Continuei tomando o rumo de minha direita e entrei no tal percurso, reto, um pouco mais largo do que o anterior, por cima do dito monte de base extensa. Dali, do alto, eu visualizava os dois lados. E a visão panorâmica era de uma beleza extraordinária, um cenário por demais colorido. Nesse espaço de tempo do sonho eu já caminhava descansada, sem os incômodos próprios dos tais entrementes do pesadelo inicial.
Depois de muito andar, eu percebi que o dia ensolarado já estava se aproximando do declínio, como se eu já estivesse a andar sem destino na parte da tarde. Senti-me momentaneamente agoniada, pois não enxergava por ali, para o meu conforto, nenhum abrigo disponível. No sonho, eu tinha pleno controle de minhas emoções, pois estava consciente de minha solidão, ali, naquela estrada de terra, ao entardecer, no alto de uma desconhecida montanha. E já estava também começando a sentir uma espécie de medo, pois me percebia ansiosa e expectante, como se algo extraordinário estivesse por suceder-se. O meu olhar percorria o cenário, buscando uma solução para o impasse de meu próprio sonho.
Foi então que uma grande casa (com a porta e as janelas abertas) apareceu, diante de mim, como que por encanto. O caminho do alto da montanha terminava nela. A casa estava espantosamente iluminada, por fora e por dentro. Ainda não era noite e a tal casa brilhava diante de meus olhos maravilhados. Corri em sua direção, para abrigar-me.
Não havia cercas ao redor da casa. A porta de entrada estava aberta e iluminada, assim como as janelas. Um pouco receosa, entrei no grande salão estranhamente vazio. Não havia móveis em seu interior (um único e imenso cômodo), mas, as inúmeras lâmpadas iluminavam-na de uma forma extraordinária. A incomum luminosidade abrangia todo o aposento, alcançando também o lado de fora, translucidamente. Dominada por uma atmosfera de deslumbramento, vi-me envolvida por aquela luz intensa.
Acordei, logo a seguir, com o impacto do climax do sonho. Não me lembro de ter saído daquela incrível casa, completamente transbordante de luzes.
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