NEUZA MACHADO
A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - ANDANDO DE BICICLETA NO SONHO DO GRAN PROFETA
NEUZA MACHADO
Naquelle Tempo de Então,
Um Tempo Que Longe Vai,
A Que Narra, Com Emoção!,
O Narrar do Veiro Pai,
Andava de Bicicleta
Nas Ruas de Carangola,
Uma Cidade Discreta
De Minas, da Vei-Parola.
Andava de Bicicleta,
Sem Pensar no Amanhã,
Uma Vidinha Correta
De Menininha-Aldeã.
Saia da “dos Romanos”,
Ruazinha Sem-Igual!,
Sem Pensar nos Grans Tiranos
Do Politicar Nacional.
Na Gran “Magalhães Queirós”,
Ruazona de Polaco,
Passava, Muito Veloz!,
Frente ao Posto da Texaco.
Em Sua Vida Infantil,
A Pobre Não Viu Primeiro
Que os Mandantes do Brasil
Provinham do Estrangeiro.
A Rua Toda Exalava
O Poder do Gran Patrão,
A Texaco Oficiava
Naquelle Tempo de Então.
O Petróleo Brasileiro,
Naquelle Tempo Aleivão,
Já Tinha o Gran Forasteiro
Tirando-lhe Um Bom Quinhão.
Naquelles Annos Cinquenta
No País da Redenção,
O Pobrim da Vei-Tormenta
A Esperar ReNovação.
E a Que Narra a Pedalar,
Na Bicicleta de Então,
Nas Asas do Bom Sonhar,
Sem Medo de Assombração.
Era o Anno Cinco Seis
Do Vinte Desafinado,
E a Profecia se Fez
Em Sonho Santificado:
Anno Que Começou
O Governo Em Ascensão,
Daquelle que Aproveitou
O Sonho do Sancto João.
O Sonho do Gran Profeta
Do Mundo Dicto Cristão,
Um Profeta Neo-Asceta
Com o Dom da Previsão.
Pois o Profeta Previu
A Terra da Promissão,
No Centro do Gran Brasil,
Com Muito Ouro e Carvão,
Minérios e Pedras Mil,
Petróleo em Profusão,
Uma Terra Sem Ardil,
Mui Propensa à Mansidão.
Um Sonho Com Muita Luz:
A Neo-Terra Prometida
Ao Gran Povo de Jesus
Que nos Baixios da Vida
Carregava Grande Cruz,
Enfrentando Fome e Frio,
Sem Casaco, Sem Capuz,
Em Seu Viver Mui Sombrio.
Na Sancta Folha Cristã,
O Sonho Foi Registrado,
Demarcando o Amanhã
De Um País Muito Dourado.
O Sancto Bosco Sonhou
Um Sonho-Revelação
E o Sancto Pai Rubricou
O Sonho do Sancto João.
E o Juscelino ReNovou
O DesMedido Sonhão,
E ao Gran Sancto Dedicou
A Capital da Gran Nação.
A Lua Cheia Reinava
No Anno 56
E o Pobrim Já Venerava
O Sonhador de Novas Leis.
A Lua do Sonhador
Da Gran Tribuna-Holofote...
Do Dicto Gran Construtor
De Brasília-Camelote...
E a Presidência Passou
Para as Mãos do Superfino,
O Que’Amplas Metas Sonhou
O Gran Jaião Juscelino.
E a História Agora Começa
Em 31 de Janeiro,
Com Governança Tripeça:
Além do Vice, o Escudeiro.
Um 31 de Janeiro,
Por Certo!, Abençoado!
Reservado ao Padroeiro
Do Sonho Mui Bem Sonhado.
Dia da Sancta Morte
De Dom Bosco, o Pré-Vidente,
O Que Doou Boa Sorte
Ao Jota Ka Presidente.
No Anno 56,
Em 31 de Janeiro,
Iniciou-se o “Já Podeis”
De Um Brasil Bell-Altaneiro.
Assumiu a Presidência
Um Gran Mineiro Afamado,
Com a Ajuda da “Eminência”
E do Goulart Mui Amado,
E A Narradora Pedalando
Em Narrar Continuado,
A História, Repensando
P’ra Não Perder o Amarrado...
No Anno Cinquenta e Cinco,
O do Mercúrio Esquentadão
(O Que Tinha a Chave e o Trinco
de Um Portal-Transformação),
Em Um Quatro de Abril
Do Tal Anno Assinalado,
Em Comício Mui Febril
Do Coligar Ajustado,
Juscelino Bell Falava,
Prometendo Muit’Acção,
Com Muito’Empenho Buscava
O Apoio do Gran Povão.
Do Povo de Jataí,
Cidade da Convenção,
Um Lugar Longe D’Aqui,
Em Goiás, Médio-Centrão.
Mercúrio Já Começava
A Mexer no Gran Chavão...
E a Platéia Delirava
Com o Discurso do Jaião...
Um Parolar Grandioso
Com Promessa-Mutação:
Fazer do Brasil Idoso
Uma Novinha Nação.
Se Eleito Governante,
O Progresso Chegaria
Àquelle Lugar Distante,
Perdido na Periferia.
Em Meio às Horas Solares,
Às Vésperas, Um Assuntou,
Era o Toniquinho Soares
Que ao Gran Líder Perguntou
Sobre o Projecto Sagaz
Da Demanda’Imperial:
A Construção em Goiás
Da Sonhada Capital.
E o Jaião Pegou no Ar
A Demanda Imperial,
E, Sem Um Pestanejar!,
Prometeu a Capital.
No Dia Quinze Seguinte,
Já Com o Projecto Legal,
Demarcou-se, Com Requinte!,
O Local do Gran Sinal.
Ali Já Se Confirmava
O Êxito da Eleição,
A Coligação Já Mandava
P’ros Quintos, a Oposição.
E o Pobrinho Miudinho,
Em Minas da Tradição,
A Ouvir no Neo-Radinho
As Notícias do Acordão.
E a Que Narra, ’Inda Menina,
De Bicicleta, a Andar,
U’a Menina Traquina
Que Só Sabia Sonhar.
Mas, Hoje, Uma Boa Filha!
Apresentando a Grande Glória
Da Construção de Brasília
(O Outro Lado da História),
Relatada Por Quem Viveu
O Momento-Transição,
Mas Que Nunca Conheceu
A Valorização do Povão.
Mas a História do Prodígio
Do Precursor Genial,
Levando o Voto-Lictígio
Para o Planalto Central,
Do Que Driblou o Incréu
Com Promessa Sem-Igual,
Prometendo Um Novo Céu
Para o Pobrim-Espectral,
Pois o Dicto do Estrondado
Da Estrutura da Nação,
Será, Por Certo!, Apresentado
Na Próxima Capitulação.
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