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quarta-feira, 4 de abril de 2012

A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - A CAMELOTE BRASILEIRA DO FINAL DO SÉCULO PASSADO

NEUZA MACHADO


A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - A CAMELOTE BRASILEIRA DO FINAL DO SÉCULO PASSADO

NEUZA MACHADO


Na Antiga Camelote
do meu País Sem-Igual,
de nome raro – Brasília,
do Brasil a Capital –,
muitos Jaians – em magote –
dominavam o Espectral
– sem comida, sem mobília –,
o Povinho Fantasmal,
a caminhar sempre em lote,
sem um destino final
que o tirasse da miséria
de um viver com pouco sal,
a trabalhar por rala féria
sem valor comercial,
que mal dava p’ra despesa
do despender semanal,

enquanto a Alta Realeza
manjava Manjar Real
– picadinho de nobreza,
de Cozinha Imperial,
filet-mignon, com certeza!,
para o Jaião Principal,
pois a Corte – à francesa –,
da bendita Capital,
no Vinte Final – da Incerteza
do Brasileirinho Banal –,
nadava em luxo e esperteza,
sem ligar pro’Espectral
– o Tal da Vera Pobreza,
uma pobrez’anormal –,
em meio à Larga Riqueza
de um Gran Brasil Colossal.

Agora, um Excurso Legal
para entender os mosaicos
deste Cordel Neo-Graal:
Os paralogens arcaicos
exigem atenção total,
pois, levemente prosaicos,
neste “Lictígio Actual”,
à moda dos escritos laicos
da Era Medieval,
revelam a Gran Demanda
de um Povo que, ao Final
de um Domínio mui nefando
de Língua Não-Nacional
– um linguajar estrangeiro,
altivo, Senhorial,
no Vinte, muito guerreiro!,
Séc’lo de Guerra Viral –,
a Portuguesa apagando
do Compêndio Brasileiro,
– o Linguajar do Comando
de Proprietário Encrenqueiro –,
a colonizar, comandando!,
a Mente do Sem-Dinheiro,
Colônia Mental actuando
no Escolar Sem-Roteiro.

Portanto, neste Eixecal,
Um recontar Tramareiro
para um “Demandar Legal”
nas Aras do Mundo Inteiro
– a Nossa Aldeia Global –,
a que narra resolveu
visitar o Vei-Glossário
de um Cantarzão de Museu
– as Musas do Dicionário
em Festival Himeneu
com um Vei-Vocabulário
pra’um Neo-Povão Altaneiro –,
rectomando o Original
com a força do Verbo dado
por Navegador Cordial,
dinâmico, aventureiro,
provindo de Portugal,
um Linguajar Muito Amado
pelo Vero Brasileiro,
descendente, já provado
por DNA Verdadeiro,
de Pedro Álvares Cabral,
o “Chefe Enéias Primeiro”
da “Brasileida” Imortal
do Português Pioneiro.

Nos idos que lá se vão,
no Dezenove Final
da Moderna Convenção
de um viver Não-Social,
o Brasil, na contra-mão
do Progresso Maquinal,
vivia da Escravidão,
em retrospecto vital.

Foi então que apareceu
a Princesa Genial
e com u’a vera grandeza,
por certo!, meio anormal,
– pois o rico, com certeza!,
em seu viver especial,
não avalia a tristeza
de quem sofre o grande mal
de não ter comida à mesa
pra ter saúde normal –
a dicta cuja Princesa,
a Isabel Senhorial,
filha de Sua Alteza,
o Pedro Segundo Legal
oriundo da nobreza
provinda de Portugal,
em sua gran realeza,
com toda pompa real,
num gesto de gran justeza,
libertou o Espectral
da Escravidão-Malvadeza
no Dezenove Final.

Mas, o gesto cordial
da Princesa, no seguinte
Século, muito imoral!,
o dicto Século Vinte
de um Milênio Anormal,
o Segundo, do Acinte
de Guerrona Universal,
só na História ficou,
distinguindo a Imperial:
e o Pobrim continuou
a viver Inferno Astral;
no Brasil, nada mudou
para o Pobre Espectral,
pois a Escravidão se firmou,
quomodo fosse normal,
norma que o Rico impostou
no Cartório Principal
onde o Primeiro assinou
as Regras do Capital,
tomando de quem suou,
capinando vei-roçal,
tudo o que lhe restou
de dignidade e moral,
pagando a quem labutou
co’um ordenado banal.

No princípio sem ação
Do Vinte, Sec’lo infernal
da Moderna Convenção
de um viver Não-Social,
o Brasil, na contra-mão
do Progresso Maquinal,
rectomou o diapasão
d’uma Era Mui Treval
– o mesmo Velho Padrão
de trabalho artesanal –,
em que Fazendeiro-Patrão
de Nova Hora Abismal
de Mestiça Geração,
mas, com poder anormal
pra continuar Sinhozão,
tinha Lavrador Braçal
em cada Canto do Sertão
do Gran-Brasil, Gran-Terral,
onde impunha a Larga Mão
do Comandar Regional,
submetendo o Povão
e sua Prole Espectral
co’um soldo-escravidão
preso no Armazém Geral
(propriedade do Mandão,
o Sinhôzão Principal),
o soldo da refeição
da necessidade vital
para a rala mastigação:
o arroz bichado e o sal,
um punhado de feijão
e o cafezim matinal,
e nada de tropicão
– nada de carne com sal
e manteiguinha com pão
na refeição trivial
do Pobrezinho Peão,
a trabalhar por jornal.

(Carne de porco-capão
de saborzim sem-igual,
só na mesa do Chefão,
o Escravocrata Letal,
o dicto cujo Senhorzão
da Escravidão Serviçal).

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