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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

11 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 8

NEUZA MACHADO



Esta minha Epístola aos Homens do Futuro (não s'esqueçam da data!) foi escrita em:

11 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 8

NEUZA MACHADO


Ao iniciar esta minha cartinha, com as notícias de hoje, dia 11 de Novembro de 2001, desejo que esta os encontre repletos de saúde e riquezas fabulosas. Que o Futuro-Sem-Muro aí de Vocês seja um lugar de paz, tranquilidade e harmonia, incluindo a permanente abundância de alegrias espontâneas e felicidades autênticas.

As notícias de meu tempo, neste 11 de Novembro de 2001, não são boas. A semana transcorreu quomodo o já esperado. Nós Brasileses, neste Mês de Novembro do Anno Inicial do Terceiro Milênio (2001), não estamos guerreando, mas as Guerras Insolúveis de Outros Povos do Mundo nos envolvem inexoravelmente. A Incrível Máquina Internet nos mostra todos os Acontecimentos do Globo Terrestre ― todas as guerrilhas que acontecem nas diversas regiões de nosso Planeta ― no mesmíssimo instante do ocorrido. Ontem mesmo (10 de Novembro de 2001) caiu um helicóptero na África (pesquisem aí no Futuro!), em uma localidade da África, e a Humanidade toda recebeu a notícia uns segundinhos depois, inclusive [Nós] os Brasileses, habitantes de uma Região Paradisíaca, Bela e Agradável, Incrustada no Espaço de Fogo do Orbe Guerreiro.

É bem verdade que o Nosso Paraíso não se parece nem um pouco com o Paraíso Celestial das Profecias Religiosas, aquelas inúmeras profecias que acompanharam a humanidade, desde o Princípio do Mundo até este meu Insólito Momento (desculpem-me a insistência temporal: 11 de Novembro de 2001). Muitas Manchas Negras e Nuvens Escuras poluem a Nossa Atmosfera, que deveria ser, sem nenhuma dúvida, de uma Pureza Celestial, já que nos consideramos os Privilegiados de Deus. Saibam Vocês, Meus Amigos do Futuro Sem-Muro do Brasil Varonil, que a frase mais propalada aqui no Meu País, neste Meu Tempo de Incertezas (11 de Novembro de 2001), é esta: Deus é brasilês! Realmente, somos um Povo Feliz. Não há inflação declarada (assim afirmam os economistas do Governo Brasilês deste 2001); a economia se mantém estabilizada (assim afirmam nossas autoridades competentes do Governo Brasilês deste 2001); uma Parte do Povo se alimenta bem (uma Pequena Parte, bem entendido!, a parte elitizada) e se veste dignamente (uma Mínima Parte, bem entendido!, a parte elitizada); os Homens Brasileses são vigorosos e as Mulheres Belas saem nas Capas das Revistas Culturalmente Conceituadas (uma Pequena Parte, bem entendido!, a parte elitizada).

É bem verdade que, Neste Final de 2001 (até este 11 de Dezembro de 2001), muuuuuuitos (milhõõõõõões e milhõõõõõões!) Passam Fome nas Regiões Atrasadas de Nosso Vastíssimo Território Brasilês (pesquisem aí no Futuro, para não falar bobagens contra o Governo de Vocês, os Governantes do Futuro, os que vão tirar o Brasil da Miséria! A Internet está aí para Vocês pesquisarem! Aproveitem!), milhõõõõõões passando fome nas regiões de seca inclemente, mas, um dia, os Beneficiados da Sorte olharão por eles. De qualquer maneira, no momento (11 de Novembro de 2001), que seja feita a vontade de Deus! Infelizmente, neste nosso Agora Atual (neste 11 de Novembro de 2001), nesta nossa Praça do Rio de Janeiro (neste 11 de Novembro de 2001), onde, segundo o deífico Poeta Chico Buarque, desde eras imemoriais passaram, passam e, por certo!, ainda passarão inúmeras festivas bandas, cantando coisas de amor, neste minuto-mito de nossa realidade (11 horas e 11 minutos do dia 11 de Novembro de 2001), não há quomodo pretender perfeição celestial em nosso Paraíso.

Neste 11 de Novembro do Anno de 2001, no Brasil Varonil, há muitos desempregados (pesquisem aí no Futuro Radioso de Vocês! por favor!), uma Legião de Heróicos Brasileses que vivem em condições de Extrema Miséria (Pesquisem aí no Futuro, por favor! Olhar o Passado no Retrovisor da História Não-Oficial não é pecado!).

Mas, Deus, Meus Amados!, é maravilhosamente brasilês e, de vez em quando (até esta incrível data de 11 de Novembro de 2001), acontece o inesperado: alguns, entre muitos, enviam Cartinhas Dolorosas aos Animadores de Programas de Televisão, revelando seus infortúnios vivenciais, e são sorteados, e depois vão aos Programas Televisivos e ganham Cestas de Alimentação por um anno, Casa Mobiliada, Automóvel, Plano de Saúde por um anno, Assistência Odontológica por um anno, Vestuário Completo (comprado nas mais famosas lojas dos grandes Shoppings de nossas mais importantes Urbes). Acreditem! Por aqui, até esta data de 11 de Novembro de 2001, há umas poucas pessoas riquíssimas, pessoas super elitizadas, com muito dinheiro no Banco, e que não se preocupam, em absoluto!, com o Famigerado Imposto de Renda ou mesmo com o chamado Caixa Dois, e, às vezes, seus corações se enchem de compaixão por uns poucos mais pobres! São milhares e milhares e milhares de Pobres Brasileses, no entanto, somente uns poucos (infelizmente!) são agraciados pela Sorte Benfazeja. Apenas os que foram sorteados na Roleta da Sorte Benfazeja! No esperado Dia de Glória, para os incríveis assinalados da Boa Sorte, a comoção é geral. A Grande e Tão Esperada Sorte sempre comparece nas Tevês do Brasil Varonil, neste anno de 2001, aos Domingos, buscando a passiva aceitação dos Telespectadores.

Hoje, por exemplo (não s’esqueçam da Data: 11 de Novembro de 2001), à tarde, com os olhos marejados, estarei assistindo, pela televisão, confortavelmente instalada em minha macia poltrona de cor incrivelmente dourada (apesar do minguado salário de sofressora), os Programas que se esmeram em proporcionar a estes Desvalidos um pouco de conforto vital, mesmo que seja instantâneo. Quero deixar claro, aos meus Amigos do Futuro, que não me coloco contra os Programas Televisivos que assim agem. Ao lado da disputa pela atenção do Telespectador, existe uma Grave Revelação (uma Importante Denúncia), em outras palavras, esses Programas conseguem mostrar nitidamente (para aqueles espectadores-eleitos, aqueles que sabem avaliar criticamente as mensagens subentendidas) o ponto ― que não seja irreversível ― de miséria absoluta e abandono que atinge a maior parte da população brasilesa neste final do Anno de 2001.

Mas, não se impressionem, meus Amigos do Futuro Sem-Muro!, olhando para os lados, observando a realidade circundante, repensando o Mundo já Globalizado (neste 11 de Novembro de 2001), aqui ainda é um Lugar Maravilhoso. Existe, por acá, o chamado jeitinho brasilês, e, assim, graças a esse jeitinho, vamos vivendo quomodo Deus quer.

Por ora, neste dia 11 de Novembro de 2001, sem mais notícias (e, infelizmente, sem boas notícias), despeço-me com um carinhoso e caloroso aperto de mão transtemporal.

ODISSÉIA MARIA, filha genuína de Antônio Aquileu e Jane Briseis, neta per lado paterno dos mitológicos José de Sousa Peleu e Antoniña de Tetis, e per lado materno dos inigualáveis Emiliano de Brises e Justiniana de Ogíges, descendentes — os meus dois maravilhosos troncos ancestrais — de Imemoriais Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma Região Mitológica localizada na parte Leste do Brasil Varonil.

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