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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

18 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 9

NEUZA MACHADO



Esta minha Epístola aos Homens do Futuro (não s'esqueçam da data!) foi escrita em:

18 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 9

NEUZA MACHADO


Inesquecíveis Amigos e Amigas do Futuro Sem-Muro do Imenso e Grandioso Brasil Varonil! Hoje, 18 de Novembro de 2001 (não s’esqueçam da Data desta Cartinha!), quase finalizando o Primeiro Anno do Terceiro Milênio, lembrei-me de informar-lhes algo muito importante. Eu e meus Contemporâneos vivemos ainda sob as Ordens do Impositivo Patriarcalismo Imemorial. O Mátrio Poder, por enquanto, ainda não conseguiu o almejado e total sucesso em sua luta pela igualdade entre Homens e Mulheres (espero confiante que no Tempo de Vocês já exista o Mátrio Poder). Conto-lhes isso, porque, até o momento, sempre direcionei minhas Cartinhas aos Homens do Futuro, aparentemente, excluindo as Mulheres. Quero que saibam o motivo: quando me refiro aos Homens do Futuro, estou, também, incluindo as Valerosas Mulheres do Tempo Vindouro (as Valerosas Mulheres do Tempo de Vocês). Ocorre que, neste meu tempo, neste 18 de Novembro de 2001 (não s’esqueçam da Data, por favor!), ao nos referirmos aos seres humanos ― Homens e Mulheres ―, de qualquer Era deste nosso Mundo Rotundo, enlaçamo-os em uma só Categoria Genética. Por exemplo: os Homens do Passado eram fortes e corajosos (em outras palavras: os Homens e as Mulheres do passado eram fortes e corajosos).

Neste dia 18 de Novembro de 2001 (prestem atenção à Data, por favor!), procurarei explicar-lhes, da melhor forma possível, o motivo de minhas elucubrações sobre o Assunto em questão. Dei-me conta, de repente, da possibilidade das Mulheres do Futuro se rebelarem contra mim, tachando-me de adepta inconteste do Poder Patriarcal. Desde o início da Semana (a segunda-feira já passada; neste Anno de 2001, a segunda-feira se caracteriza quomodo o início da semana) venho cogitando o assunto desta minha cartinha. E se as mulheres forem as Supremas e Poderosas mandatárias aí no tempo futuro de Vocês, Meus Amigos do Futuro Sem-Muro do Brasil Varonil? Quem lerá o meu missivo dominical, se elas se acharem desprestigiadas aqui nesta humilde Epístola Semanal?

Por esta razão, depois das explicações necessárias, neste meu 18 de Novembro de 2001, quero que as minhas Poderosas Amigas do Amanhã saibam que, daqui para frente, todas as notícias de meu Agorá (esta Praça da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro) serão endereçadas às Mulheres e Homens do Futuro. Infelizmente, não sou pitonisa (não sei, neste meu momento de 2001, se as Mulheres do Futuro Brasileiro serão respeitadas), não adivinho nada!, e quero agradar aos Gregos e às Troianas que se encontram no Porvir aí de Vocês (mesmo que esse Porvir se localize no meu próprio Amanhã). Agora, depois de minhas sinceras desculpas às minhas Amigas do Futuro Brasileiro Sem-Muro, passarei a narrar-lhes as principais ocorrências da Semana que passou (desde o dia 11 de Novembro de 2001 até este 18 de Novembro de 2001).

Meus Amigos do Grandioso Futuro Brasilês (Homens e Mulheres), em uma outra Cartinha, falei-lhes que o meu Brasil Varonil é considerado o País do Futebol. Neste Anno de 2001, gostar de futebol faz parte de nossa realidade. Endeusar nossos jogadores, também. Com isto, esquecemos nossos hodiernos problemas sociais, nossas angústias existenciais, as Inúmeras Guerras que nos cercam (este anno tooodo de 2001 foi terrível; pesquisem aí na Maravilhosa Internet de Vocês; saibam separar o joio do trigo, não sejam preguiçosos!).

Imaginem Vocês! Homens e Mulheres do Abençoado Futuro do Brasil!, neste meu Momento Histórico, neste 18 de Novembro do Anno de 2001, (Nós, os Brasileses) fingimos que não há Guerra no Brasil Varonil. Aqui, neste Mês de Novembro de 2001, para a Maior Parte do Povo Brasilês existe uma Dolorosa Guerra: há a batalha diária pela sobvivência (ou subvivência, se Vocês preferirem!). Há um percentual pequeno que vive dignamente (são os muuuuuuito ricos); há um outro percentual, também pequeno, que sobrevive (são os oriundos da Antiga Classe Média); e há, em graaaaaande quantidade, os sobviventes (são os que sobvivem ou subvivem em meio a mais Horrenda Miséria).

Não saberei narrar-lhes como sobvivem esses Meus Irmãos Brasileses, neste anno de 2001, porque (graças a Deus! Que é Brasilês e está sempre olhando pelos Pobres do Brasil!) pertenço à Classe Número Dois: luto quomodo uma condenada, toooooodos os dias!, para sobreviver neste Anno de 2001, neste Meu Mundo de Incertezas Constantes. Mas, graças ao Deus dos Católicos e dos Evangélicos!, ainda posso escrever Cartinhas para os Meus Brasileses Amigos e Amigas do Glorioso Futuro do Brasil. A Minha Mente (graças a Deus!) continua sã (sei repensar esta minha atual realidade!). Ainda posso comprar alimentos com o parco salário de Sofressora Horista, algumas roupas, calçados e, melhor ainda, não tenho dívidas (faço uma economia incrível para não ter dívidas!). Quando não puder mais trabalhar (para sobreviver depois que a Extrema Velhice chegar), irei para o Maravilhooooooso Asilo de Velhos. Quando esse dia sem-guia chegar, conhecerei (oh! Deus! espero que não!) a Atual Classe Número Três deste 2001.

Meus Amigos e Amigas do Futuro Sem-Muro Ideológico, neste Anno Aziago de 2001, rogo a Deus, sempre, que não me deixe conhecer a Classe Existencial Número Três. Vou batalhar muuuuuuito, acreditem em mim!, para terminar os meus dias aqui na Terra Rotunda com um certo conforto.

Entretanto, Amigos e Amigas do Incrível Futuro Abençoado!, aqui no Brasil Varonil, desde o Século XX já passado e, principalmente, neste Anno de 2001, gostamos de Futebol (um jogo incrível, saibam Vocês!). Só para Vocês terem uma idéia, estamos eufóricos porque o Brasil Varonil se classificou valentemente para a Copa do Mundo de 2002. Vai começar tudo de novo. Vamos esquecer nossos atuais insolúveis problemas de 2001. Vamos torcer pela vitória de nossa Seleção em 2002 (que seja uma vitória insuspeita!).

Agora, para Vocês não se esquecerem deste Passado Anno de 2001, envio-lhes notícias do Planeta Terra (repetindo sempre, neste Anno da Graça de 2001-11-18): as Guerras, Meus Amigos e Amigas, infelizmente, continuam. Existe prostituição infantil em cada cantinho do Mundo Global (principalmente aqui no meu Brasil Varonil). Há inúmeras pobres crianças abandonadas, em muitos Países do Terceiro Mundo (principalmente aqui no meu Brasil Varonil, por enquanto, ainda, neste 2001 um País de Terceiro Mundo), revirando lixeiras, buscando alimento, roupas velhas, calçados velhos, no meio do lixo. Os Restaurantes do Mundo jogam as sobras de comida no lixo (e não oferecem as sobras aos pobres). Os infectos ratos ― propagadores de doenças ― proliferam nos esgotos mal cuidados de minha Cidade Maravilhosa neste Anno de 2001. As infectas baratas também. Os caríssimos cachorros das elegantes Madames (neste 2001) fazem cocô nas calçadas do Rio de Janeiro, Megalópole do Brasil Varonil. Os rios do Mundo estão poluídos. O ar ― purificador ― está poluído. As florestas nativas estão desaparecendo. Neste 2001 a Corrupção Política continua inapelavelmente. Uma doença mortal ― chamada Aids ― também. Os Impostos Sociais estão cada vez mais altos. O dólar ― o dinheiro do mundo americano do norte ― está altíssimo (por enquanto, eles mandam no Mundo). A passagem do ônibus ― transporte de pobre ― aumentou no Rio de Janeiro neste Mês de Novembro do Anno de 2001. Os subnutridos da sobvivência irão morrer de fome (todos eles, inapelavelmente): o salário-escravidão mensal não dará para comprar alimentos nos Hiper Mercados. Et cœtera. Et cœtera. Etc. Etc. Então, meus Amigos e Amigas do Maravilhoso Futuro Brasilês!, acreditem!, neste Anno de 2001, só porque somos Brasileiros e não desistimos nunca, continuamos vivendo quomodo Deus quer!

Meus Amigos e Amigas do Futuro Brasilês Sem-Muro, estou aqui, neste incomum dia 18 de Novembro de 2001, a escrever-lhes esta Cartinha Doída, esperando que Vocês a recebam aí no Futuro (só para que possam avaliar este Meu Histórico e Triste Presente, e incrivelmente já um Passado para Vocês) e que recebam também o meu Fervoroso Carinho Transtemporal!

ODISSÉIA MARIA, conhecida também por Circe Irinéia, filha de Antônio Aquileu Pelides e Jane Briseides, neta de José Peléias per lado paterno, e de Emiliano de Brises per lado materno, todos descendentes de Imbatíveis Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma Região Insólita Paradisíaca Sensacional localizada na parte Leste do Brasil Varonil.

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