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terça-feira, 27 de abril de 2010

15.7 - AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: AS GLORIOSAS CRIANÇAS DA VIAGEM ENCANTADA

NEUZA MACHADO






15.7 - AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: AS GLORIOSAS CRIANÇAS DA VIAGEM ENCANTADA

NEUZA MACHADO


Naquele Dia Glorioso,
Gloriosas Crianças iriam também
viajar no Tal Ônibus,
juntamente com suas Famílias.
O cheiro da pipoca mexeu
com os infantis narizinhos,
e com os narizes dos adultos, inclusive.
Já era hora do almoço
e os viajantes ainda não tinham almoçado,
e as crianças sinceras
sentiram o cheiro da pipoca
saboreada pela Veneranda Discípula
da Sábia Sabida Väjira Diamante
da Língua Pali Florida
do Oriente Distante
Uma Terra Garrida.

A Menininha Magrinha,
do outro lado da fileira de poltronas,
falou chorosa e dengosa para a mãe
que estava com fome,
e pediu-lhe pra comprar
“uma coisa pra mim comer, mãe!”
A Mãe da Menininha Magrinha
zangou-se com ela,
e mandou-a calar a boca
e ficar bem quietinha.

A Discípula da Sábia,
naquele momento,
percebeu o tamanho do estrago
que fizera ao comprar
o Tal Saco de Pipocas Cheirosas.
Sacudiu, então,
a sua Bolsa Mágica e Brilhante,
e tirou, lá de dentro,
um saquinho plástico,
colocando dentro dele um punhado
de pipocas cheirosas.
E ofereceu o saquinho
à Menininha Magrinha,
tão engraçadinha!
A Mãe imediatamente
aceitou a oferta,
muito contente,
saboreando também
a pipoca saborosa,
comendo muito muito mais!
que a Menininha Chorosa.

A Mãe da Menininha
não tinha dinheiro para comprar
alimento suculento pra filha,
durante a viagem,
mas portava nas mãos
um maço de cigarros
e uma caixa de fósforos.

Nesse entretanto,
uma outra Menininha,
entre as muitas Menininhas
de uma outra
Grande e Barulhenta Família,
sentiu também o cheiro da pipoca
e disse para a Mãe
Tão Novinha:
“Mãe, tô sentindo um cheiro
de pipoca estragada!
É mesmo!, de verdade!,
pipoca estragada, Mãe!”

A Veneranda Discípula
da Sábia Sabida
riu-se por dentro.
A Menininha queria
a pipoca cheirosa
que não lhe pertencia,
e por isto desdenhou
o cheiro que sentia.
O Bhima riu-se por dentro
também.
Não é que as cenas
se desenrolavam engraçadas,
dentro do Ônibus?!,
enquanto o Tal rodava
veloz e seguro
em direção
ao Futuro Sem-Muro?

A Discípula da Sábia
não teve outro jeito.
Sacudiu a sua
Mágica Bolsa Brilhante,
e retirou lá de dentro
outro saquinho
de plástico transparente.
Encheu o saquinho
com a pipoca cheirosa,
gostosa e quentinha,
e deu-o para a tal Menininha.
No mesmo instante,
uma Chuva de Meninas
Acompanhantes,
irmãs da Tal Menininha,
disputaram com ela
o saquinho de pipocas
fresquinhas.

A Veneranda Discípula da Sábia
se contentou em comer apenas
uma pequena porção de suas pipocas
cheirosas e saborosas.
A maior parte
foi distribuída com as Crianças
que viajavam no Ônibus.
A Veneranda pensou
Com seus botões antigões:
“Nunca mais vou comprar
Sacão de Pipocas de Microondas,
para comer em minhas
Viagens Encantadas”,
pensou e repensou
a Discípula da Sábia Sabida.
“Não se deve oferecer
Migalhas de Alimentos
às pobres Crianças
tão mal-amadas,
coitadas!
É melhor não assanhar
os sentidos olfativos
das Crianças Inocentes”.

A Discípula Esotérica da Sábia
não se conformava por ver
o maço de cigarros nas mãos
da Senhora Macérrima,
que viajava
na outra banda do Ônibus
com sua Filhinha Magrinha.
A Menininha não tinha sequer
um biscoitinho barato para comer
durante a viagem,
mas a Mãe tivera dinheiro
para comprar os cigarros.
“Isto é um absurdo!”,
pensou inconformada
a Veneranda Diana da
Curta Cabeleir’Alada.

Lá pelas tantas,
alguns passageiros desceram,
e a Discípula foi sentar-se
em uma poltrona,
um pouco distante,
no meio do Ônibus.
Não queria olhar
(através de seus Óculos
TriDimensionais
Escuros,
próprios para ver ao redor,
sem que os seus olhos
fossem vistos)
a Pobre Menininha Magrinha,
faminta, coitadinha!,
sorrindo-lhe em sua direção.

Não que a Veneranda
fosse uma Mulher sem coração,
não Senhor!,
mas irritava-lhe o fato
de existirem Mães
que preferiam comprar cigarros
ao invés de alimentos
para os próprios filhos.

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