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domingo, 22 de agosto de 2010

3 - O NARRADOR TOMA A VEZ: SOBRE A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA

NEUZA MACHADO



3 - O NARRADOR TOMA A VEZ: SOBRE A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA

NEUZA MACHADO


Em razão da necessidade de se produzir teorias objetivas, limitarei a análise do narrador e da matéria enfocada a dois aspectos apenas: o semiológico (Semiologia de Segunda Geração) e o sociológico. Além da Semiologia anunciada, o estudo sociológico de base weberiana mostrar-se-á aqui visível, mas, para que fique claro o meu parecer teórico-reflexivo, esta propedêutica se centralizará na diegese do texto, na qual afloram as substâncias ideológicas modernas (Era Moderna) e os aspectos sociais de um determinado ontem histórico.

Desejo esclarecer que não afastarei outras contribuições teóricas. Elas aparecerão páginas adiante, porque concebo a minha interação analítica com este texto ficcional dentro de um raciocínio transmutativo, pois, neste momento repleto de informações globalizadas, estou consciente de que não devo esquecer-me das contribuições filosóficas e científicas que me forem úteis.

Estes subsídios, principalmente os filosóficos, irão permitir-me ultrapassar os limites da Semiologia — o estudo esquemático e a análise semiológica — e alcançar a compreensão das representações e invenções subjacentes no espaço absoluto da arte.

Fecharei minhas considerações, certa da importância de tais exames cujos enfoques recaem na figura paradoxal do narrador roseano de A hora e vez de Augusto Matraga, um personagem que reflete os paradoxos do Artista Ficcional do novecentos.

Como já afirmei, esta teoria enfocará o supracitado narrador, um diferenciado alter ego do citadino ficcionista do século XX, entretanto (sem esquecer as origens do escritor), mesmo já citadino, um ficcionista nato do sertão de Minas Gerais. A partir desse narrador paradoxal, esta teoria questionará o narrador moderno (Era da Modernidade em fase de transição para a Pós-Modernidade), personagem problemático (conferir a nomenclatura de George Lukács), refletor da burguesia do século XX e de um capitalismo contemporâneo que se instala sobre um capitalismo periférico brasileiro.


MACHADO, Neuza. O Narrador Toma a Vez: Sobre A Hora e Vez de Augusto Matraga de Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: NMachado, 2006 – ISBN 85-904306-2-6

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