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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ODISSÉIA MARIA - III

NEUZA MACHADO


ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



TERCEIRO CANTO



mas, quomodo ia contando, sou Odisséia Maria Intelectual Sertaneja, uma hétero-descendente de Bravos Caçadores Mui Machos de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas e Gatas do Mato e de Mineiras Matronas Mui Fêmeas, Caçadoras também de Onços Pintados e Jaguatiricos Noturnos e Gatos do Mato, Mineiras Cozinheiras Fagueiras do Leste de Minas Gerais do Brasil Varonil, uma viajante interiorizada destes annos finais do Século XX, deste final de noventa e oito, preste atenção!, de azarações mui políticas; leitora amadora de Gabriel Garcia Marquez; amante delirante de escritores hispânicos; do uruguaio Juan Onetti; daquele divo escrivinhador que foi casado com a tia Júlia, tia dele, prest’ atenção!, aquele escreveu sobre a Guerra de Canudos acontecida no Brasil, sem ser brasileiro, sem ter vivenciado a tal Guerra, o pós-moderno, genial e bellíssimo Mario Vargas Llosa; leitora de Jorge Luís Borges, o divino argentino; e tantos outros divinos latinos; eles, os latinos, me seduziram nesses annos todos, ficcionalmente, press’tenção!, quero dizer; incluindo aqueles escritores franceses e brasileiros e portugueses mui loucos dos anos 50 e 60 e 70; eu, leitora e amante de escritores latinos começo hoje uma insólita e incrível viagem, sabendo sempre pitonisamente, para viver um Singular Grande Amor Imaginário, durante esta minha epo-viagem repleta de ficção e lirismo, será necessário, antes de tudo, sagrar-me Odisséia Maria Guerreira, a enfrentar os moinhos de vento do Reino do Ão e do Reino dos Ões, amar o divino Vinícius, o divino Cervantes e o divino Camões, perscrutando minha mente favorecida, graças aos favores daqueles deuses de Hammurabi Sétimo Rei de Babilônia, os quais na hora do meu nascimento pronunciaram com muito muitíssimo respeito o meu nome, benfazejamente, é claro!, perscrutando meu sólido coração cinqüentão ainda aberto para o telúrico amor, perscrutando minha realidade terceiromundista avassaladora; por tais motivas reais totalmente avassalada, desestruturada, massificada, desequilibrada, lá vou eu, Circe Irinéia dos Anjos Guerreiros Antigos, voando atrás de Ulysses da Silva Ponderoso, querendo prender Ulysses em minha Ilha Mágica, singrando estes ficcionais ares poluídos nunca dantes navegados por nenhum avião de carreira, mas ansiosa por chegar a um aeroporto seguro, sem poluição atmosférica ou mesmo da mídia atual, com a ajuda de Vênus Maravilhosa Madrinha do Trabalho e do Amor Redentor em Capricórnio; e Mercúrio Carteiro Mensageiro dos Deuses Eternais novamente direto em Sagitário, neste dia memorável de 12 de dezembro de 1998, prest’ tençããão!, quando inicio esta epo-ficcional-fantástica viagem em meu próprio interior; talvez, James Joyce, no início do século, com o seu Ulysses volumoso, em apenas um dia, tenha feito uma caminhada mais agradável, mas não sou James Joyce, não sou Clarice Pernambucana Lispector, não sou Murilo Mineiro Rubião, não sou Roberto Mineiro Drummond e tantos outros portentosos divinosos, eles souberam narrar com criatividade seus incríveis desencontros com a realidade caótica do Século XX, e, óh!!!, coitadinha de mim!!!, estou apenas tentando descrever aqui esta minha aérea viagem já agora iniciada, e seja o que Deus quiser!, pois quomodo dizia o divo Machado Carioca Poeta, o que fica realmente da espécie humana é a glória de ter vivido aqui nesta Terrinha Azulinda; por isto, retomando o fio de Ariadne Aranha da Teia Esburacada, lá me vou à procura do Amor neste final de milênio, lutando sem medo contra o deus da decadência existencial, quomodo sempre fiz, des aquel’outro dia memorável do início de minha vida, há tantos e tantos e tantos anos atrás, em Minas Gerais, enfim, lutando para continuar mulher, querendo ser ainda bella na terceira idade; seria bom ser bella quomodo estas sedutoras atrizes das novelas das oito da Rede Globo de Televisão do Brasil Varonil, ainda hoje, há mais de quarenta anos, seduzindo seus parceiros de trabalho televisivo com seus sensuais beijos e olhares langorosos, belezas eternas, esqueceram elas a passagem do tempo, freqüentando os especialistas da eterna juventude, esses vendedores-doutores de ilusão, privilegiados dos deuses atuais, esses souberam compactuar com aqueles diferentes anjos habitantes das sombras, os anjos tortos do poeta mineiro Drummond, conhecedores quomodo ninguém de quomodo alegrar as mulheres do Século XX; por tudo isto, eis-me aqui, Diana Athenas Caçadora de Ilusões, neste 12 de dezembro de 1998, preste atenção!, meu Irmão!, relembrando Osíris Rolando Lero Amoroso, aquele que numa tarde de novembro me disse ser um enviado dos deuses eternais e meu amador para sempre, até à morte, apesar de ser imortal e tomar o chá dos imortais na Academia Brasileira de Letras; todavia, meu Osíris Amoroso Lero Rolando, divino Osíris, aquele que sabe quomodo ninguém alcançar os mais recônditos labirintos do infinito, falou da boca para fora e jamais cumpriu seus votos de amor, jamais me mostrou suas artes marciais no campo de guerra da sedução ficcional; assim, eu, Diana Afrodite Desiludida dos Antigos Deuses Egípcios Eternais, continuarei cantando, para sempre, aqueles versos inventados para ele, meu longínquo Osíris, hoje esses versos esquecidos são a minha lanterna-canção de Lionoreta Brasileira de França e Portugal e Afeganistão; eu, Diana Caçadora da Grande Floresta Verde d’Amazônia, com uma pequenina luzinha, embarco agora em um avião imaginário e vou para Campina Grande, Paraíba, Brasil, descobrir o Nordeste e os nordestinos, descobrir, quero dizer, um nordestino capitalista que me faça feliz, e, quando eu voltar, no anno de 1992, estarei flertando com um imberbe budista tibetano, seguidor religioso do Venerável Dalai Lama, perdido e encontrado aqui no Brasil, vinte anos mais novo, e que poderia, ai! Jesus!, ser meu filho; no entanto, o tibetano glabro mostrou-me o caminho da verdadeira felicidade amorosa, ensinou-me o desapego das coisas terrenas e a busca da iluminação; por isto, eu, Vájira Diamante Forte e Resistente batizada em 30 de junho de 1990 no Antigo Budismo Teravada do Olimpo Maravilhoso de Santa Teresa, do Bairro de Santa Teresa, quero dizer, eu, Vájira Diamante, amiga inconteste do Venerável Monge Vipassi do Manto Dourado, jamais fui budista, mas convivo e amo os budistas, tive essa amizade transcendental com aquele discípulo de Buda de outra corrente filosófica, é claro!, mas nem por isto menos verdadeira; eu, Vájira Diamante da Antiga Língua Pali dos Budistas Antigos, continuo a minha viagem, e espero jamais colocar um ponto final em minhas aventuras seguras por estes ares poluídos nunca dantes navegados; atenção!, a minha viagem só será pontuada com vírgulas e voltas necessárias; depois de 1992, retomo a minha contra-viagem sem destino final e recordo 1991, na França, viajando com o meu Anjo-Guru budista e intelectual Amazonense Rochel; não sei o motivo, a França me pareceu tão exótica; eu, Odisséia, habitante do país mais exótico do Universo, em 1996, morei em Manaus, o lugar mais exótico do Planeta, e convivi com índios, caboclos, escorpiões, anacondas e sucuris; hoje, 12 de dezembro de 1998, véspera do dia de Santa Luzia, minha padroeira, a padroeira de minha cidade natal perdida nos confins da Zona da Mata de Minas Gerais, enfim, repito, hoje, não quero falar de coisas tristes, neste final de século e de milênio, só as alegrias valem lembranças; por isto, recordar Paris será glorioso, principalmente o Hôtel Gerson, 14, rue de la Sorbonne, onde vivi os momentos mais bellos de minha vida terrena, ouvindo os suspiros de amor dos parisienses, eles não têm vergonha de demonstrar em alto som seus momentos de incríveis paixões, Paris, de madrugada, eu, professora do Brasil Varonil, ouvindo os gemidos de amor de um casal no quarto vizinho, a amante exaltada gritou de prazer duas horas seguidas, seu furor uterino espalhado sonoramente na madrugada de Paris, o amante parisiense amoroso retribuiu com barulhentos beijos estalados; e também as brigas sexuais dos gatos nos parisienses telhados; enfim, solitariamente em Paris, invejando os amantes felizes; mas o que é isto?!, sou tremendamente feliz!, por que invejei o casal desconhecido?!, sou uma mulher livre e viajo e canto na hora que bem desejo, sou uma egocêntrica descendente de Bravas Caçadoras de Onços Pintados, Jaguatiricos Noturnos e Gatos do Mato de Minas Gerais, heroína brasileira fragmentada de um mundo fragmentado, uma mulher-somatório de todas as mulheres-heroínas do Brasil Varonil; mas de Paris falarei depois, páginas adiante, por certo!, a minha perspectiva mágica me obriga a pensar o presente, e o presente agora é um ônibus velho, viajo agora de ônibus velho em direção a São Gonçalo, vizinho velhinho de São Sebastião do Rio de Janeiro, atravesso a incrível Ponte Rio-Niterói, a Ponte Incomensurável do Destino dos Gloriosos Homens do Brasil Varonil, misturando-me ao povo trabalhador muito mal remunerado neste final de 1998, preste atenção!, por favor!, eu disse 1998, desci temporariamente do mirante ideológico da imaginação mágico-substancial, daqui a pouco vestirei a minha farda de Alferes do tempo de Machado Carioca de Assis, quero dizer, o atualmente desvalorizado jaleco formal de Professora Universitária de Literatura Geral, na verdade, um deslumbrante overall azul metálico à moda americana, para dar aula em São Gonçalo vizinho de São Sebastião; viajo agora de ônibus velho gaiola dos pobres, atravessando a Ponte Interminável do Destino Brasileiro, situada no insólito imaginário-em-aberto dos juízos de descoberta, sob uma chuva imensa e aterradora, sem fim, em direção ao infinito dos meus sonhos secretos; ouço um barulho estranho, assustador, sem igual, é um velho homem fechando a janela do ônibus velho, decrépito, pois teme a chuva a invadir o nosso mundo praláde caótico; agora, atravessando a Ponte Rodoviária dos Motoristas Intrépidos, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro nos proteja, amém!, vou a direção de São Gonçalo do Estado do Rio; e esta é uma viagem epo-lírica ou epo-ficcional ou epo-dramática, não sei!, não sei precisar o Gênero Atual desta minha narrativa enrolada, espero que não seja epo-paraliterária!, que Deus me proteja!, tamanho é o perigo a nos rodear, a cerração política provocada pelo descomunal temporal apocalíptico; enfim, graças ao Senhor Deus Onipotente dos Antigos Hebreus, dos Católicos e Crentes, no qual acredito deveras, atravessamos o perigo!; o Rio Lethes fluminense-brasileiro em dias ensolarados é uma baía tão linda!,

Um comentário:

Unknown disse...

Graças professora, por essa odisséia contemporânea, de que serviriam os clássicos,senão para serem contextualizados no novo tempo, em outras geografia ocidentais!
Parabens, serei assidua participante do seu blog.
PARABENS !!!!!!