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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ODISSÉIA MARIA - XVII

NEUZA MACHADO




ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



DÉCIMO SÉTIMO CANTO



mas, quomodo ia contando, em janeiro do Anno de 1996, depois de uma loooooooonga viagem de avião, voando pelos Céus do Brasil numa confortável poltrona da Primeira Classe, lanchando e almoçando no avião, sendo servida por aeromoços solícitos; eles morrem de medo de avião, medo do avião despencar do Céu do Brasil Maioral e cair na Matta Tropical-Equatorial, se isto acontecer, por Tupã!, não haverá salvação!, todos os passageiros morrerão!; as anacondas engolirão os sobreviventes, se por acaso houver sobreviventes, se o avião cair na Floresta Maioral; as piranhas comerão os cadáveres, se o avião cair no Rio Negro ou então no Solimões ou então no Rio da Morte; os índios antropófagos comerão os cadáveres, se o avião cair numa Taba indígena antropófaga; a Taba é a aldeia dos índios, sejam eles antropófagos ou não; é a Polis dos índios, et cœtera e etc e tal; preste atenção a estas palavras aladas!, Vossa Mercê do Futuro Sem-Muro, talvez, ouvireis falar da existência de índios no passado distante do Brasil Varonil, os índios de hoje já estão em extinção; a cultura do índio foi prascucuias, já está quase esquecida; neste 10 de janeiro de 1999, Mercúrio Brilhante Falante e Certeiro Guia Vigia está em Capricórnio, por isto, estou relembrando janeiro do Anno de 1996 quando fui para Manaus Capital do Amazonas; Capricórnio é um signo muito sério e sabe trabalhar para o Futuro-Sem-Muro e sabe, quomo ninguém, dramatizar o Passado Enrolado; por isto este trecho da viagem pertence ao passado; Mercúrio está brilhando em Capricórnio, nesse janeiro de 1996, nesse passado recente que aconteceu anteontem; e o avião chegou em paz no Aeroporto Eduardo Gomes, um herói brasileiro das Forças Aéreas, amanhã irei conhecer a Cidade de Manaus, a Imensa Cidade no Meio da Floresta Descomunal Tropical-Equatorial, a Longínqua Cidade Perdida na Floresta dos Vermelhos Índios Encantados Dourados; depois, em Canoa de Proa, à toa, ao acaso, irei pescar no Igarapé Mais Fermoso e Grandioso do Mundo Rotundo e Profundo, vou pescar um Grande Jaú Amazonense Circense; mas, primeiro, preciso contratar um Guia-Caboclo de Olhar Amoroso Fermoso, ele me guiará pelo rio até encontrar o Jaú Grandioso, quero pescar o maior Tambaqui Varonil existente acá; vou apreciar o Amanhecer na Grande Floresta Sem-Igual, pescar Luzentes Peixões Amazonenses, acampar no meio do Matto, tendo ao meu lado Amoroso Deiforme o meu Guia-Caboclo, o Guia-Caboclo Mais Bonito do Mundo, a um deus dos silvícolas semelhante, solto, forte e indomável, atuante, para me proteger dos perigos da noite intrigante; depois, de manhã, pescar uma Pirapitinga Milenária, uma espécie de Pacu Gigante, aquele tem olfato e come frutos silvestres; os frutos da Floresta Tropical do Brasil Varonil caem no rio e os peixes pulam fora d’água para abocanhar os tais frutos, os peixes pulam buscando comida; o rio é uma imensa cobra perigosa, silencioso, sinuoso, misterioso e lendário; o rio é cheio de cachoeiras e armadilhas terríveis, onde muitos desavisados cabocleses pereceram; é preciso viajar com cuidado, acampar com cuidado, os Incomuns Bichos da Floresta Brasileira estão soltos por lá e são ferozes demais, o rio é imenso e silencioso, os Peixes Milenares são Gigantes da Água, os Bichos Milenares enfeitam a Floresta, as Árvores Milenares vão ser derrubadas, depois, o que será da humanidade, meu Deus!, não teremos as árvores, as árvores purificam a atmosfera maltratada; por enquanto, quomodo Dite Criteriosa, por ora, viajo de Canoa Argentada pelo Rio Misterioso com meu Deiforme Mestiço Caronte Charmoso, almoço peixe com farinha de macaxeira à moda do Norte, e vou de canoa atrás dos peixões, e os peixes vão atrás de mim, pacu e matrinchã, pegando o pão em minha mão, os peixes inocentes pulando felizes na água brilhante, saltando fora d’água em busca do pão, sem medo do homem destruidor insensível; os pacus botando suas caras de peixe para fora da água, com as bocas abertas pedindo comida; os matrinchãs bailarinos comendo meu pão, e os peixes gulosos do rio disputando o pão, pão que esmigalho e jogo na água do riachão, e é um espetáculo tão lindo, de rara beleza, esses peixinhos do rio parecem gatinhos fofinhos, pulando felizes para pegarem o meu pão; os patos selvagens aparecem também, e eu vou, aos poucos, descobrindo o Desconhecido Brasil Varonil, sem medo de jacarés, piranhas e sucuris; sem medo, Godofredo!, de ser deveras feliz!; mas, tranqüilize-se!, eu não vou mexer com os jacarés das turvas águas do Brasil Varonil, não senhor!, o bote do jacaré de má-fé é mortal, meu amor!; Deus me livre, não quero ser comida de predador, não quero ser comida per predador, não senhor!, quero é pescar pirarara, sim senhor!, um pirarara de vinte e cinco quilos, minha Nossa Senhora!, depois, vou jogá-lo no rio outra vez, no rio desconhecido com milhares e milhares de peixes desconhecidos; no dia seguinte, quero apreciar o Sol Apolíneo Grandioso HiperAmazonense com seus raios bellíssimos; quero conversar com Tupã, o deus da Floresta Tropical-Equatorial, tão forte e poderoso quanto qualquer outro deus da mitologia pagã; deixarei para trás os deuses do Olimpo Greco-Romano e de outras Culturas Antigas!; o nosso índio inocente cultuava Tupã, e o homem branco do Mundo Rotundo chegou e adonou-se da Aldeia do Índio, para destruir sua crença, destruir a crença e destruir o índio, agora, são poucos os habitantes da Floresta Sem-Festa; quero conversar com Tupã Magnífico no Silêncio da Matta, pedir a sua proteção para as tribos restantes; óh! Tupã!, óh! Tuuu-Pã!, não deixe o índio desaparecer da face da Terra!, afaste, Tupã!, o homem branco malvado das Tabas dos Índios Mestiços!; depois da conversa deífica, no dia seguinte!, a apreciar novamente o Bello e Charmoso Sol da Floresta Tropical-Equatorial, sairei para pescar outros peixes imensos, mas devolverei todos às águas do Rio Eternal; a minha pesca é ecológica, Amor!, é pura brincadeira!, não quero matar os míticos peixes milenares!, não, senhor!, só quero conhecer os peixes existentes nos rios do Brasil Varonil Cor de Anil antes da hecatombe final; se houver hecatombe, Amaral!, milhares e milhares e milhares de peixes milenares serão sacrificados!, vão desaparecer para sempre da Terra Rotunda!; por isto, talvez, eu me atreva a cozinhar apenas um peixinho de nada, só para matar a fome do dia, ou para uma oblação a Cupido Querido; isto já faz parte das Leis da Existência Vital, o bicho-homem precisa se alimentar, e peixe é alimento também; comer peixe não é pecado, não senhor!; neste Final de Século XX, assamos peixe, galinha, porco e cabrito; ainda assamos animais para alimentar a humanidade enricada, fazemos libações perfumosas à moda do Ontem; a fumaça dos assados, nas Grandes Churrascarias Milionáqrias de hoje, reverencia os deuses-narizes afortunados; há também os que morrem de fome!; metade da humanidade não tem o que comer, não senhor!, aqueles sofrem os pobres trabalhos sem conta; o dinheiro, hoje, é o grande vilão!; sem ele, não se come, não senhor!; e poucos conseguem riqueza neste nosso Capitalista Mundo Atual!; mas, quomodo eu ia dizendo, os Peixes Mitológicos são Gigantes das Águas Eternais, os Ferozes Bichos Milenares enfeitam a Floresta do Norte da Sorte, as Árvores Centenárias vão ser derrubadas; o que será da humanidade, my God!, não teremos as árvores, as árvores purificam a atmosfera desse Mundo de Deus dos Cristãos e Hebreus; por ora, viajo de Canoa Argentada, pelo Igarapé Mui Misterioso, acompanhada de um Guia-Caboclo pra lá de charmoso, almoço peixe com farinha à moda do Norte do Brasil Varonil, correndo atrás dos peixes e os peixes atrás de mim, vou pescando, pescando os peixes do Grande Amazonas, depois, vou acomodá-los outra vez no Rio Eternal, eles não podem viver fora d’água, não!, são centenas, milhares de peixes desconhecidos; no dia seguinte, quero apreciar o Sol Fabuloso Brilhoso, o Carro de Apolo Cantor nos Céus de Manaus, buscando sempre a trilha aquática dos Peixes Imensos; depois, vou para o Pantanal Matogrossense, com o meu Guia-Caboclo-Amazonense, o Guia-Caboclo Mais Bonito do Mundo Nonsense, olhar as garças graciosas, as inhumas brilhantes e as gaivotas voadoras, descendo de barco o Rio Guaporé do Caboclo José, escondido ainda, não sei quomo!, na Floresta Preservada; o meu objetivo, nesta viagem, é pescar o Tambaqui Gigante Já Em Extinção, estou procurando nas águas eternais o Tambaqui Gigante Que Não Mais Existe, mas pesco mesmo é o Peixe-Tigre, todo listrado, quomodo um tigre das águas; talvez, quem sabe?, deparo-me com um Boto Cor-de-Rosa e com a Lendária Onça Pintada Gigante das Histórias de meu avô Emiliano Romano caçando; a Onça comedora de Boto Cor-de-Rosa, meu Netinho!, querendo pegar o Tambaqui Gigante!; entretanto, eu pego mesmo é o Pirarara Pequeno; no fim da viagem, da pescaria, quero dizer, nada de Tambaqui por aqui, não é mais possível pescar Tambaqui Gigante neste Final de Segundo Milênio!; mas, óh!, peguei, sim senhor!, acredite, meu Netinho!, o Maior Tambaqui Dessas Águas Milenares!; foi uma Odisséia digna do Jônico Homero, filho de Apolo e Meone!, por Zeus!, por Júpiter!, por Oxalá!, por Tupã!, o deus Maior da Floresta dos Índios Amazonenses!, pegar o maior Tambaqui do Universo Sem-Fim!; um Tambaqui de mais de trinta quilos, minha Nossa Senhora das Prosopopaicas Causas!, um grande Tambaqui divinal, talvez, o último deus-Tambaqui do Milênio de Peixes!, maior do que o Piraíba Gigante também endeusado; talvez já não existam mais, não senhor!, Piraíbas Gigantes; ainda, há peixes gigantes no mundo atual, não mais tão gigantes quomodo os do passado dos gregos e romanos; o Piraíba Gigante, se ainda existir, se esconde no Pará, no Estado do Pará, no Brasil Varonil, quero dizer, o Piraíba Gigante, se ainda existir, poderá ser encontrado na divisa do Pará com Mato Grosso do Norte da parte Oeste do Brasil Varonil; por Zeus!, já estou cansada de viajar atrás dos Peixões Milenares do Imenso Largo Caudaloso Rio Encantado!, vou voltar p’ra Manaus com meu Bello Cicerone-Caboclo, quero dizer, meu Guia-Caboclo Pralá de Atraente, voltaremos de Jeep e não de Canoa; quero dizer, meu Guia-Caboclo prefere viajar de Jeep Indomável; quem sou eu?, para contrariar o meu Guia-Caboclo de Pele Vermelha, lindo e brilhante?, sou apenas uma mineira matreira a viajar pelo Mundo Praláde Profundo, Vagante!; viajo pelo interior de meu mundo profundo e gigante; eu sei!, você entendeu, meu Mercúrio Gigante Caboclo!, no momento, é você o meu Guia Bonito!, em qualquer Era do Mundo Rotundo e, também, do Profundo, guiando-me nesta Voadeira Ligeira até a Ilha do Amor Transcendental Redentor!; mas, de verdade!, meu Guia prefere viajar de Jeep Veloz; a Barca de Caronte ficou atracada no Rio Guaporé; o jeep é um carro possante e enfrenta estradas esburacadas e abandonadas; o jeep enguiçou nesta minha viagem inventada, as rodas das supermáquinas de hoje não agüentam o rojão; abandonamos o jeep e viajamos a pé; o jeep não transita na matta, não senhor!, e eu vou diapé até a Sete Quedas; quando você nascer, meu Leitor do Futuro!, com certeza, ela será a extinta Cachoeira das Sete Quedas; a vida brota das rochas; nesta minha viagem, a vida brota das Incríveis Rochas Sagradas das Plagas Gerais, Rochas Sagradas que abrigam Sagrados Animais; por isto, desisto de voltar para a Grande Manaus; mas, eu quero ainda pescar o Piraíba Gigante das Histórias Indígenas Antigas, e vou escorregando nas pedras do Misterioso Caminho Super-Fluvial, nas Misteriosas e Embaraçadas Veredas, atrás da Sorte Distante que é pegar o Piraíba Gigante; no entanto, só pesco minúsculos Jaús de quinze quilos cada um, mas não desisto, não senhor!, jogo os jaús pequeninos novamente no rio; agora, óh!, emoção sem razão!, pesco um Pirarara dos Grandes, depois, um Jundiá Gigantesco, também chamado de Peixe-Onça; Piraíba Gigante?, não sei não!; agora, só vejo a Irara Curiosa me olhando de longe!; o Piraíba Gigante é hoje um peixe mui raro, talvez já não existam piraíbas gigantes no mundo atual, uma espécie de bagre gigante dos rios tropicais; daqui a pouco, vou voltar pra Manaus, vou recuperar minha Barca de Caronte atracada no Rio Guaporé do Gigante, vou voltar de Barco Bacante com meu Lindo Guia Brilhante, o Guia-Caboclo Mais Bonito do Mundo Circundante; eu vou voltar pra Manaus, sim senhor!, seu doutor!, vou recuperar a minha Barca Brilhante de Barqueiro QuironAmante atracada no Rio Gigante, vou voltar de barco com o meu Guia-Caboclo Mais Bonito do Mundo Profundo, eu vou voltar para Manaus, sim senhor!,

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