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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ODISSÉIA MARIA - XXIII

NEUZA MACHADO




ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



VIGÉSIMO TERCEIRO CANTO



mas, como eu ia dizendo, a Sorte estava a meu alcance, num lance, segundo os Incríveis Magos Adivinhos do Século XX Final, no entanto, ela passou bem longe de mim, insensata que sou, simplesmente não atendi ao Oráculo, não joguei um centavo sequer, não Senhor!, não saí de casa em Busca da Sorte, mas sou uma sagitariana pra lá de sortuda, a Sorte por certo virá para mim, não preciso jogar para ter Sorte na vida, tenho a Sorte de possuir um Mundo de Sonhos, de sair por aí sem destino, sem aeroporto seguro, sem pouso, sem dogmas, viajando feliz numa Epo-Ficcional Aeronave Brilhante, tenho a sorte de ter nascido com Sorte, pois, na hora do meu nascimento, os deuses de Hammurabi Sétimo da Antiga Babilônia pronunciaram meu nome, e aquele deva mineiro magrinho e careca também, vai Doña Odisséia Maria Felix das Horas Felizes ser musa de poeta, vai dizer ao teu poeta Agustín, te quiero, te quiero, te quiero, solo tu és o amor de mis amores, e o divino Agustin mirando mis ojos, diciendo tener ganas de un beso mio, Agustin, dime si me quieres!, ya non me acuerdo de ti, Agustin!, usted nasció em setembro de 1900 e eu nasci em novembro de quarenta e seis, numa linda madrugada do dia 25, quando a Aurora dos dedos de rosa apontava no Horizonte Acima do Monte, com as Três Parcas Bondosas do Século XX tecendo meu destino, um destino diferente, é verdade!, de muitas aventuras incríveis, reais e imaginárias; as Parcas desta minha narrativa são todas bondosas!; as Parcas Antigas, Cloto, Láquesis e Átropos eram malvadas, elas fiavam, dobavam e cortavam o fio da vida; mas, como eu ia dizendo, o Agustin do passado distante preenchendo meu instante de paixão e amor, com seu canto mavioso e mui sedutor, eternamente gravado num disco de vinil, depois o disco antiquado foi repassado para um Compact Disc atual, totalmente recuperado por técnicas americanas do Final do Século XX, resgatando totalmente a voz do Cantor; no entanto, Agustin, você não é meu único Amor, Doña Maria Felix do Acapulco Monte Mineiro é uma mulher infiel, ela beija todos os atores de filmes americanos, digo, eu beijo todos os atores americanos do norte e do sul, sonho sempre que sou a mulher do mocinho, sou uma atriz de cinema beijando John Wayne às margens do Rio Vermelho ou Rio Bravo, não me lembro bem, e sou também a Odisséia Mineira do Leste Brasileiro, cansada das Guerras Inglórias do Final do Milênio de Peixes, amante ficcional do maior poeta da América Hispânica, aquele deiforme caleidoscópio desbravador sentimental da Cordilheira dos Andes, seduzindo e amando as chicas de lá, amanhã viajará o Tal pelo Mar do Caribe em um Magnífico e Invejável e Suntuoso Navio Fantasma, acompanhando amigável o divo Gabriel das Narrativas Insólitas; pois no jogo da paixão eu saio sempre na frente, eu sonho com o meu poeta latino flutuando no espaço, um deus caipira empunhando sua lança de guerra, conquistando as meninas e velhas do Rio, parolando e encantando as balzaquianas de acá, andando pelas calçadas de Ipanema Fermosa, bebendo cachaça e catuaba nos botecos do Rio, perseguindo as ninfas da Baía Sagrada, à noite retorna para o Olimpo dos Imortais Criadores do Mundo das Letras, andando nas Trilhas Inóspitas do Mundo Pralá de Profundo, do Mundo Amorfo, Sem-Forma, quero dizer, buscando sempre a palavra primeira, a palavra ainda não-pronunciada, a palavra impronunciada; mas, como eu ia dizendo, a noite passou, tive bellos sonhos mui coloridos, de madrugada, sonhei que estava em uma festa de sonhos, do alto da galeria enfeitada apreciando o espetáculo dinâmico, um grupo de jovens dançando dançando e encantando, com suas lindas vestimentas mui coloridas, dançando e encantando em um palco de areia, os jovens dançavam em uma das praias do Rio de Janeiro Vibrante, dançavam na praia do Arpoador, Leitor!, e os barcos coloridos desfilavam no mar, e era um espetáculo de rara beleza; meu Felizardo Ouvinte do Século Seguinte, no seu século, o Mundo será muito mais cordial, mais limpo e mais bello; os jovens cariocas dançavam e cantavam e encantavam, e eu, na galeria, apreciando o espetáculo, tendo ao meu lado o meu Anjo-Guru Amazonense Rochel; mas, como eu ia dizendo, a noite passou, e o 23 de janeiro de 1999 chegou, sim senhor!, com quatro planetas favoráveis no memorável Céu Astrológico, Sol, Júpiter, Netuno e Mercúrio, aumentando as minhas possibilidades de muito sucesso no amor, na sociedade e na profissão, e o Oráculo Vidente me empurrando pra frente, espere as boas surpresas que virão pra você!, mas não deixe de se divertir e amar!, curta cada segundo de vida ofertada!, os deuses do Olimpo, os deuses da Floresta dos Celtas, os deuses do Egito, os deuses dos Índios do Amazonas, os do candomblé, os deuses indianos e as divindades budistas, os astros poderosos et cœtera e tal, todos reunidos em um Grande Agorá olhando por você; solucione seus problemas da vida na Terra!, vá em frente, sem medo do Porvir, Odisséia Maria De Mente De Idéia!, cumpra seu destino no Mundo Vital!, você terá seu mundo de sonhos e et cœtera e tal, pois o Sol em Aquário lhe é favorável, os Sóis Aquarianos lhe envolverão, os aquarianos estão de olho em você, cuidado!, não se envolva com aquariano, não!, senão, adeus liberdade e viagens sem fim, os aquarianos estão todos à espreita, Mulher!, querendo laçar uma sagitariana feliz, e a liberdade é um bem precioso demais, cuidado com aquariano neste mês de janeiro, cuidado com aquarianos até 19 de fevereiro de 1999, depois, fique muito tranqüila, os piscianos perseguirão você; mas, como eu ia dizendo, Mercúrio está favorável em Capricórnio neste 23 de janeiro de 1999, e eu tenho de aproveitar as boas vibrações de Mercúrio Veloz da Astrologia Antiga e Moderna também, para trabalhar trabalhar e muito dinheiro ganhar; mas hoje é sábado e a Cidade descansa, vai descansar no domingo o meu Bem, e eu não poderei me valer de Mercúrio Veloz Falador, sou professora horista e não trabalho aos sábados, meu Amor!, mesmo assim, vou me aproveitar de Mercúrio Intrigante, não estarei tão falante quomo de costume, Mercúrio em Capricórnio me deixa acanhada, graças a Deus!, no dia vinte e sete, ele estará radiante em Aquário!, e eu também estarei bem falante, as Palavras Aladas me conduzirão a um Futuro Absolutamente Sem Muro, usarei a minha linguagem de filiação sumeriana, difícil e engrumada, entrarei na Carruagem Dourada do Tempo Incontido Quase Interdito dos Pensamentos Fervilhantes em direção ao Porvir, conversarei animada com os habitantes de lá, conhecerei as Cidades Antigas Flutuantes dos Desaparecidos Atlantes, descobrirei seus segredos incríveis e mirabolantes e et cœtera e tal; mas, como eu ia dizendo, retomando este fio enrolado de Ariadne Aracnídea Teceloa de Sonhos Impossíveis Dantanho, neste 23 de janeiro de 1999, Júpiter e Netuno também velam por mim; a Lua está momentaneamente em Áries, reforçando os meus loucos desejos de aventura e paixão, e eu vou sair por aí à procura do tal Supra-Homem Ideal, esbarrarei com ele a qualquer momento numa das esquinas das inúmeras ruas da Cidade Fatal, o Rio é a Cidade do Amor Sedutor, é a Cidade da Paixão, meu Varrão!, o Rio é a Cidade dos Amantes Divinos; São Paulo só serve para quem almeja ganhar dinheiro, só serve pra quem quer trabalhar e enricar; New York só serve para quem quer fazer compras e dinheiro gastar; os ricos do Brasil fazem compras em New York, entram em seus jatinhos e vão para New York, almoçam no Rio de Janeiro e jantam em New York, a Grande Cidade da América do Norte; mas, como eu ia dizendo, vou sair por aí, vou a Copacabana Bacana, ao Posto 4, na praia, neste 23 de janeiro de 1999, assistir ao show do meu aluno João, baterista de uma banda de música agitada, vibrante; as bandas de música, de 1960 per acá, já não são parecidas com as bandas de outrora, as saudosas furiosas bandinhas de minha infância mineira, tocando dobrados e valsas vienenses nos coretos das ágoras das pequeninas cidades do interior do Brasil, encantando as crianças e os adultos também, e os músicos todos com suas fardas azuis, com lindos apliques da cor do ouro velho, e os músicos todos com seus brilhantes instrumentos, espalhando pelo ar os sons maviosos, orgulhosos, tocando instrumentos de sopro, flauta doce, saxofone, trombone e pistom, vários outros instrumentos e et cœtera e tal, todos acompanhando a batida do bumbo, é pura emoção, meu Deus!, recordar isto tudo!, meu Pai tão amado foi trombonista da Banda de minha Cidade Natal, tocava marchas e hinos e encantava os habitantes de lá, naquelas tardes distantes dos annos cinqüenta, no Antigo Coreto da Ágora Central, um Bello Monumento Que Não Foi Tombado, aquela praça defronte à Igreja Matriz, a Igreja Matriz de Santa Luzia dos Cegos Videntes de minha Carangola Frajola, a mesma Igreja Católica de meu batizado, no dia treze de julho de quarenta e sete, meus pais e padrinhos (o Antônio e a Joanna, o José e a Rita) juraram em meu nome qu’eu sempre seguiria os preceitos romanos, adorando a Deus Pai sobre todas as coisas, rejeitando sempre as outras crenças infiéis; entretanto, todas as crenças acreditam em um Ser Supra-Divino, e todas elas acreditam também em um Céu Divinal, acreditam em um lugar especial, para onde irão os que acreditaram, e eu não posso atirar pedras nas outras com pedras!, não acredito que o meu Deus dos Cristãos aprovasse isso, não!, por isto, respeito as Águas Espirituais de Todas as Fontes Brilhantes; Compadre Meu Quelemém, aquele compadre também de Riobaldo Guerreiro, amigo sincero de João Cordisburgo dos Guimaranes de Portugal, foi quem me ensinou, ele segue os preceitos de um crente Matias, mas não deixa de ler os ensinamentos de Kardec, e de vez em quando vai ao candomblé dos deuses baianos; ainda tem também o meu Anjo-Guru adepto inconteste dos ensinamentos budistas, ele segue a orientação dos Sakias divinos, uma família budista de Katimandu, que outrora reinou no Lindo Tibet das Altas Geladas Montanhas, hoje o Tibet pertence ao povo chinês e et cœtera e tal, cujo chefe se chama Sakia Trinzin, e tem uma irmã sacerdotisa, a venerável e amável Jetsun Kushola, monja budista também, atualmente morando no Canadá, a Venerável viaja pelo mundo de avião supersônico, levando para o Racional Ocidente as Crenças do Oriente, invertendo a caminhada feita no passado pelos missionários de Cristo no Oriente; mas, quomodo eu ia dizendo, não fui ao show, não, não vi o meu aluno João bater o compasso de sua banda agitada, ele é baterista de uma banda de rock dos annos 90, o rock foi a trilha sonora de uma geração inteira, a geração barulhenta dos annos sessenta, os grandes rockeiros de então hoje são velhos sessentões; alguns já morreram!; Pink Loid, a Banda dos Rolls Stone, os Beatles, os rockeiros cabeludos dos annos sessenta, cidadãos mitológicos do Século XX; assim, João Baterista!, meu Aluno Rockeiro dos dias atuais!, vai ficar para outra vez!, na verdade, meus ouvidos veirotos são sensíveis demais, não agüentam os estridentes sons das bandas de rock atuais, os sons violentos e altissonantes são uma chuva de pedras nos meus ouvidos senis, longe está a década de sessenta de minha mocidade agitada, quando eu vibrava com os rocks da época, ouvindo as músicas loucas da juventude de então, dançando freneticamente a dança dos Beatles, e eu era jovem, bonita e muito faceira, dançava, requebrava e pulava, acompanhando o som daquele ritmo infernal, e foi a época de minha rebeldia, Leitor!, os jovens dos anos sessenta mudaram a face do Mundo Vital, os anos rebeldes de uma década rebelde, os jovens se rebelando contra os preceitos antigos, abaixo o sutiã, diziam as lindas mocinhas, os moços não queriam cortar os cabelos, moços cabeludos enfrentando seus pais, moças transando com seus namorados, todos desrespeitando as ordens severas, todos fugindo com medo da guerra, guerreando às avessas per um mundo de paz, e as drogas e o vício acabando com os jovens, maconha, cocaína, heroína e LSD; hoje é o crack, matando a pobre juventude, atrizes de novela lutando contra o vício e a morte, perecendo per culpa das próprias ações insensatas, jovens famosos morrendo de Aids, contaminados por usarem agulhas infectadas, jogando em suas veias o vício e a morte; pobre juventude do Final do Milênio!, pobre juventude com medo do Amanhã!, se drogando e fugindo das responsabilidades impostas pelas leis sociais, fugindo, fugindo de um futuro incerto; e vão fugindo da vida sofrida, amedrontados e trôpegos, os filhos dos antigos jovens de sessenta, inseguros e infelizes, com pavor do Futuro, do Futuro Sem-Muro; óh, minha Gente Brasileña! óh, meu Povo Americano do Sul!, sinto o peito excruciado só por relatar tais agruras!, preferia, antes disso, sofrer em minh’alma trabalhos cansativos sem conta; e seus pais, coitadinhos!, os vibrantes jovens rebeldes do Ontem, agora, carecas, sem suas vastas cabeleiras e grossas pulseiras de metal argentado, e suas mães, no passado também jovens rebeldes, se preocupam e temem pelo futuro dos filhos, alguns, esquecidos dos annos de rebeldia, querem por força mudar o destino dos filhos, aconselham e brigam, quomodo qualquer pai do passado, colocando regras nas atitudes dos filhos, infernizando, quomodo qualquer pai do passado, a vida dos filhos, jurando de pés juntos que foram obedientes e souberam respeitar os pais no passado, mas todos infelizes filhos do pós-guerra; os annos dourados da década de cinqüenta foram o período de bonança, depois da tempestade, depois da guerra, um período de paz, mas os alicerces familiares já estavam abalados, depois da Guerra, o Mundo mudou, o Mundo sentiu sua fragilidade, cada Chefe de Nação querendo falar mais alto, todos gritando e mandando para impor respeito, cada qual a seu modo querendo o Poder, e as nações mais fortes dominando as mais fracas, submetendo os fracos com a força do money, e as pobres nações com medo de guerras, preocupadas com o futuro de seus filhos queridos, e as grandes potências oferecendo dinheiro, e as pobres nações aceitando o dinheiro, o tal dinheiro não será pago jamais, os juros cobrados são altos demais, e as pobres nações vão ficar na miséria, e o Brasil do final do novecentto jamais saldará a dívida externa, cobrando do trabalhador, com juros insólitos altíssimos, o dinheiro repassado para a conta do provedor, aquele mesmo provedor do dinheiro emprestado, as prestações devidas nunca terão fim, o saco da dívida é um saco sem fundo, neste Anno de 1999, o pobre brasileiro trabalha sem parar, e no fim das contas o salário é uma miséria total, mal dá pra comprar o leite dos filhos, o sal, e et cœtera e tal, e o governante estrangeiro brasileiro altaneiro exalando superioridade, somos preguiçosos e et cœtera e tal, o aposentado é preguiçoso legal, e o estrangeiro-brasileiro ainda diz que somos vagabundos e et cœtera e tal, o estrangeiro bem vestido tem os bolsos cheios de dinheiro, e viaja pelo mundo aproveitando as férias anuais, e tem amante em alguma casa suntuosa, real, talvez em Portugal, ou na Espanha, ou na América do Norte e et cœtera e tal, e não sabe como é difícil ser brasileiro, o brasileiro vive sem um tostão, aqui, o rico estrangeiro alienado não fala a língua do brasileiro, ele come filé mignon picadinho no salão-refeitório dourado, e o brasileiro vivendo sem um tostão furado, vivendo de brisa minuanóica e ao deusdará, comendo o pão que o diabo amassou, o pão que o diabo amassou com o rabo, mas sempre esperando o dia da caça, se hoje não tem, amanhã deusdará, amanhã deusdará o arroz e o feijão, se não tiver feijão, deusdará o pão, se não tiver o pão, deusdará a ilusão, ilusão de que o pobre terá o que comer no dia seguinte deste Final de Século XX; enquanto isto, a exploração continua, neste anno da graça de noventa e nove, os provedores estrangeiros querem seus dinheiros, mesmo às custas do pobre infeliz, ele trabalha, trabalha, trabalha, e no fim do mês só tem conta pra pagar, é o dinheiro da conta de luz, o dinheiro do gás, o dinheiro da água; se não pagar a água, vai morrer de sede; se não pagar o gás, vai morrer de fome, o fogão não cozinhará a pouca comida para um batalhão do sertão, muita gente para comer a pouca comida do pobre trabalhador, muita gente abonada, o pobre conseguiu comprar um tantinho de comida; no entanto, se não tiver dinheiro pra pagar a luz, vai ter de viver com a luz apagada, na cidade não se usa lamparina, as velas são caras e acabam depressa, o lume é matéria caríssima na Terra do Ão neste noventa e nove sem pão, ninguém na cidade usa carvão, os fogões de lenha não existem mais, usar querosene nem é bom pensar; mesmo assim, o pobre vai levando a sua vidinha ao deusdará, comendo o pão que o diabo amassou, conformado com a miséria e com o sofrimento sem-fim, que seja tudo per amor de Deus em minha vida, óh! Senhor!, seja o que Deus quiser!, se Deus quiser que o pobre padeça, será feita a vontade de Deus nesta Terra Globalizada Rotunda Azulinda; mas Deus não quer isto, não, Ele quer os seus filhos bem amparados, com casa e pão, Ele quer os seus filhos alegres e felizes; o Homem Ricaço se acha dono do mundo e inventa a fórmula secreta de dominar seus irmãos, os mais fortes nadando em ouro e riqueza, com muito dinheiro guardado nos Bancos da Suíça, e o pobre coitado, entresilhado, a chupar o dedo fininho, cada dia mais fino e fraco, nem osso o pobre pode roer, agora até osso se vende nos Grandes Mercados, quando o dinheiro dá, o pobre compra feliz um bello osso pra botar na sopa, uma sopa rala que deusmelivre, uma sopa insossa e sem vitaminas, feita com as sobras da feira, recompensa magra pra quem trabalhou e suou carregando os caixotes pesados de legumes, frutas e et cœtera e tal, e o pagamento é um saco de restos apodrecidos de alimentos fedorentos foetentos infectados,

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