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sábado, 21 de novembro de 2009

ODISSÉIA MARIA - XXI

NEUZA MACHADO



ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



VIGÉSIMO PRIMEIRO CANTO



mas, como eu ia contando, vou atravessando agora a Baía Praláde Encantada, atravesso a Ponte Rio-Niterói do Sonho Legal, quero dizer, no ônibus Vila Isabel-São Gonçalo, muito animada!, um transporte real et cœtera e tal, em direção ao Templo do Maravilhoso Saber de Cultura Pós-Moderna Geral; vejo ao longe o Pão de Açúcar com um pouquinho de Sal e Manteiga Dourada; vejo o Cristo Redentor Francês-Brasileiro Universal abençoando o Local; meus olhos deparam com a Ilha Fiscal do meu País Equatorial-Tropical, e a minha Imaginação Entrópica Astral explora a Miniatural Ilha Fiscal; a Ilha Pequenina de um Passado Real assistiu ao Último Baile da Monarquia Portuguesa Sem-Sal no Brasil-Colonial do Passado Arbitral, e é um lugar tão lindo, deveras sensacional, meu Leitor do Futuro do Amor, se estas palavras aladas perdurarem, não sei, não sei se elas perdurarão, não sei, a Ilha foi palco de uma triste história, o Último Baile da Corte Portuguesa no Brasil Imperial, antes da Proclamação da República do Brasil Varonil; a Ilha Miniatural com seu Palacete Gótico-Provençal, com aparência de Igreja Gótico-Provençal, a pequena Ilha marcou a despedida do Imperador D. Pedro II e sua Família Real com um dantesco Baile Imperial; e foi um espetáculo incrível, meu Deus!, sem igual, três mil convidados dançando e comendo às custas do povo faminto, tão pobre, de longe, tão perto, o povo miúdo olhando a opulência, e as valsas vienenses marcando o compasso, e as polcas e mazurcas em ritmos dinâmicos, e a sociedade da época se despedindo do luxo demente sob as benções da Nova República emergente; estas coisas só acontecem mesmo no Brasil Varonil, três mil convidados dançando e comendo às custas do dinheiro do povo faminto; mas os estilos de governo mudam, vão mudando, por enquanto, só não muda a exploração ao pobre assalariado, o pobre será sempre explorado, nos Séculos XXI, XXII, XXIII e Seguintes, o pobre sempre foi explorado, mesmo na Corte de Henrique VIII, mesmo na Corte de Alexandre Magno, mesmo na Corte de Elizabeth da Inglaterra, não importa o anno, meu Deus!, não importa o século, meu Deus!, não importa o milênio, meu Deus!, o pobre será sempre explorado, vai comer sempre o pão que o diabo amassou, o pão que o diabo amassou com o rabo, pronunciando sempre as mesmas sentenças, se hoje não tem, amanhã deusdará; do Anno de 1889 ao Anno de 1999 deusdará o que falta ao povo faminto; e as valsas vienenses enchendo o salão, o Grande Salão de Bailes da Ilha Fiscal do Brasil Varonil, de música, risos e mentirosa alegria, o Grande Salão repleto de música, comida, elegância e perfume, e os três mil convidados aproveitando a festança, os Últimos Suspiros da Corte Agonizante, e a República Atilada à espera dos despojos para implantar posteriormente um governo austero; mas cadê austeridade na República do Ão, cadê a austeridade dos políticos do Ão, cadê as promessas do País do Ão, neste 1999, ainda hoje, é só servidão, só se ouve falação, o Governo do Fernando não cuida do pobre, não!, o pobre almeja é um pouco de pão, um salário digno, um salário justo, entrementes, nem isto existe no momento do Reino do Ão, pesquise este meu Presente já Passado, meu Irmão!, a maior parte do povo não tem teto nem pão, mesmo depois da queda dos Braganças, naquela noite de 09 de novembro de 1889, só os ricos entraram e o povo não, só a elite dançou na Ilha Fiscal, o povo se sujeitou a mais uma humilhação, o povo por enquanto não tem vez, não, em 1999, coitado do povo bobão, aqui nunca foi a França, não, aqui não se faz rebelião à moda francesa, aqui não há guilhotina, não senhor, aqui o Imperador foge tranqüilo para Portugal em um navio luxuoso, os vapores luxuosos da época, quero dizer, depois de um grandioso baile de despedida para a nobreza que permanecerá no poder; apesar da tal República Emergente, as Leis nunca mudaram no País do Ão, desde 1500 nada mudou, aqui por enquanto é o Reino do Ão, a elite comerá sempre as finas iguarias, nectares e ambrosias, os manjares dos deuses, e o povo ficará de longe lambendo com os olhos, óh!, meu Povo do Coração!; mas, como eu ia dizendo, em 09 de novembro de 1889, o povo será engabelado com bellos fandangos e com tristes lundus, na Praça defronte à Ilha Fiscal, separada da Ilha por um trecho de mar, mas o povo de agora, do Final do Segundo Milênio, tem o Carnaval do Brasil, se hoje não tem, amanhã deusdará, Deus dará o pão, a alegria e a vontade de viver, Deus dará o dinheiro para o Carnaval, para comprar a fantasia de Carnaval, e o povo faminto espera o Carnaval, e os pivetes do morro roubam para o Carnaval, os pivetes do Rio roubam no Carnaval, e os mais espertos exploram o povo no Reino do Ão; mas, quomodo eu ia dizendo, voltando ao passado, voltando ao Baile Esplendoroso da Ilha Fiscal do Passado, o Baile Esplendoroso da Ilha Fiscal é, hoje, apenas recordação, aquela Cesta de Luzes na escuridão do passado, o divino Machado de Assis soube tão bem retratar, numa única frase, o fantástico baile, na escuridão tranqüila do mar, uma Cesta de Luzes, a Mágica Ilha dos Meus Devaneios Infinitos era no passado uma Cesta de Luzes, as taças de champagne rebrilhando naquela Cesta de Luzes, as nobres figuras brilhando, os vestidos de renda francesa brilhando naquela Cesta de Luzes, os olhos das moçoilas brilhando, as damas e cavalheiros da Corte brilhando, brilhando, as milhares de luzes brilhando, brilhando, brilhando, o poder do Imperador findando, a construção do Palacete Gótico-Provençal brilhando, brilhando, brilhando, o gótico e o provençal brilhando e brilhando e brilhando, até hoje brilhando nas iluminadas noites tropicais de milhares e milhares e milhares de lâmpadas elétricas atuais, o Rio de Janeiro situado no Trópico de Capricórnio, a Baía de Guanabara tão tropical, a pobreza brasileira tão tropical, tropicando sempre sem cair no chão, digo, tropeçando sempre, mas, sem cair no chão, e a gótica construção embelezando a paisagem, e as vistosas vestimentas embelezando o passado, e a Ilha Fiscal faiscando, uma imensa Coroa de Luzes no Mar de Escolhos do Brasil Varonil, e o jornalista Coelho Neto descrevendo o Baile, a Flora Tão Bella do Machado de Assis abrilhantando o Salão, dividida entre os irmãos Esaú e Jacó, disputada pelos irmãos Pedro e Paulo, Pedro Esaú e Paulo Jacó, ou será Jacó Pedro e Esaú Paulo?, os nomes se confundem em minha veirota memória, o Machado de Assis vai me perdoar por ser tão esquecida, a Flora Dionóra Machado das Contendas Antigas, do clã valeroso dos Machados Mineiros do Calderão Tampado, nora do Grande Bolívar, filho do Memorável Theofilo, nora de Marieta Pereira, do Intrépido José Imortal descendente, da Polis da Imperatriz Leopoldina, os Machados Galhardos oriundos de Portugal, e hoje não sabem, no passado pertenceram aos novos cristãos radicados em Portugal, cristãos novos por imposição, cristãos novos pela Inquisição, a Inquisição que marcou a Igreja Ocidental, triste mácula no Ontem da Igreja de Cristo Nosso Senhor, Ele só queria o bem da humanidade pecadora, e os cristãos do passado perseguindo os judeus, queimando os judeus nas fogueiras inquisitoriais, triste acontecimento de uma Era tenebricosa; os cristãos de hoje abominam a Inquisição, no entanto, ela ainda existe, meu Deus!, disfarçada em preconceito geral; cada qual com suas crenças, vamos respeitar os judeus, e os judeus sempre perseguidos através dos séculos sem-fim, Hitler perseguindo os judeus da Alemanha, triste acontecimento do Século XX, triste ocorrência do Século Final do Segundo Milênio, triste espetáculo da Segunda Guerra, e os inocentes judeus sempre perseguidos, e os valentes judeus sobrevivendo no mundo, os unidos judeus resistindo no mundo, por certo!, os judeus mandando no mundo, a união faz a força e os judeus são unidos, são unidos e ricos, têm muito dinheiro para comprar o Mundo Rotundo, se eles quiserem comprar o Mundo no Próximo Século XXI, e os judeus, graças a Deus!, vivendo no mundo, e as matriarcas judias criando seus filhos, respeitando as Leis do Antigo Testamento, respeitando os dias santos judaicos, e os Machados e os Coelhos e os Baratas e et cœtera e tal distanciados das leis judaicas pela imposição do tempo vital, os Pereiras, os Cerejeiras e os Nogueiras desconhecendo o passado judeu, o sangue do povo assinalado corre em suas veias, Irmãos, desconhecem suas raízes existenciais, meus Irmãos, todos descendentes de Abraão e dos Novos Cristãos, eles abjuraram suas crenças com medo da morte na Fogueira Infernal, e a vida correndo, meu Deus!, e os homens matando em seu nome, meu Deus!, e os homens brigando em seu nome, meu Deus!, as Guerras Santas, meu Deus!, não concebo a existência de Guerras Santas, my God!, neste Final de Segundo Milênio, a Irlanda do Norte Europeu guerreando em seu nome, meu Deus!, católicos e protestantes guerreando, meu Deus!, Irmãos-Cristãos lutando entre si em seu nome, meu Deus!, os homens criando as atuais leis religiosas do mundo em seu Nome, todos interpretando os ensinamentos de seu Filho à revelia, meu Deus!, os hodiernos exegetas do Novo Testamento interpretando de qualquer maneira os ensinamentos de Jesus, deturpando as santas palavras de Jesus, Aquele deu sua vida para salvar a humanidade pecadora, mesmo assim, os homens continuam matando, continuam mentindo, o Século XX foi o século das guerras, a Primeira Guerra Mundial durou três anos de sangue e lágrimas, sangue de infelizes soldados, morriam ou matavam submetidos aos seus governantes, lágrimas de dor e desespero dos pais, das famílias, sofrendo por seus filhos-soldados tão distantes de casa, morrendo ou matando, matando outros inocentes de outras nações, triste matança, meu Deus!, milhões de hecatombes dos gregos antigos, cem bois já não satisfazem os deuses do progresso do Século XX, agora os homens são sacrificados aos milhões em nome dos deuses poderosos do tal progresso, depois, a Segunda Guerra Mundial de 1940 a 1945, cinco anos de bombardeios aéreos e muito terror, a guerrinha histórica, entre gregos e troianos, foi uma pequena contenda entre as cidadelas antigas, durou dez anos, mas não matou tanta gente, Homero Gigante foi brilhante ao narrar a Guerra Troante de versos sonantes destruidora dos infelizes troianos, seus versos hexâmetros deram vida e grandeza à contenda, os versos hexâmetros glorificaram o ocorrido, mas as guerras reais do Século XX foram muito mais cruéis, mil vezes mais destruidoras, pequenas bombas mortíferas destruindo cidades, pequeninos botões arrasando países, não há modelos de versos épicos que traduzam nosso medo, Senhor!, as bombas são jogadas do alto, dos aviões militares, os soldados de hoje possuem armas poderosas para a destruição da humanidade, os aviões transportam bombas mortíferas neste Final de Século XX, as bombas caem do céu e os inocentes morrem na Terra, Hiroshima e Nagasaki destruídas em segundos, mais de 300 mil mortos num instante, meu Pai!, o Japão destruído economicamente em segundos, bombas poderosas destruindo o mundo; cuidado, Mundo!, com as bombas do Mundo; e a Segunda Guerra quase destruindo o mundo, e os anos seguintes em pé de guerra, ninguém deseja fumar o Cachimbo da Paz para não perder o poder, pequenos focos de guerra em cada canto do mundo; e a Centúria 10 de Nostradamus prevendo o final, 1999 será o anno aziago; a Centúria 10 da quadra 72 dizendo, do Céu virá o Grande Rei do Terror, Marte Audaz Aviador Destemido destruindo o Mundo; dos aviões riscando os céus descerão as bombas fatais, o Grande Rei do Propalado Terror é um semideus muito louco, louco por mulheres mortais, quero dizer, no entanto, eu sei!, uma mulher sem-igual destruirá o Grande Rei do Terror, o Grande Rei do Terror não sabe o que o espera, uma mulher de 1999 vai destruir a profecia, a profecia de Nostradamus, quero dizer, Você viverá, sim Senhor, a Mulher de hoje quer um mundo de paz, meu Amado Rapaz!, o Rei do Terror vai se render a uma Mulher, sim senhor, ela vai segurar a boca do leão, fará o leão se ajoelhar a seus pés, fará o dito leão se curvar, sim senhor, fará do leão um cordeirinho sem valor, e o Grande Rei do Terror se transformará no Rei do Amor; Nostradamus do Século XVI se enganou, meu Leitor!, ele não viu direito o Futuro Sem-Muro,

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