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domingo, 29 de novembro de 2009

ODISSÉIA MARIA - XXV

NEUZA MACHADO




ODISSÉIA MARIA

NEUZA MACHADO



VIGÉSIMO QUINTO CANTO



mas, como eu ia dizendo, viajo agora em meu Imaginário Avião Supersônico fabricado na Cidade Maravilhosa e Fermosa dos Cariocas Intrépidos, quebrando as Barreiras Genéricas da Linear Narrativa Ordenada, para a invasão de um Novo Mundo Espiralado e Profundo no Próximo Terceiro Milênio da Era de Aquário; um Avião Supersônico pra lá de arretado, voando e voando através dos tempos, vou passando e voando sobre Antigas Cidades, vejo os Templos Tão Firmes de Jerusalém, as Pirâmides Antigas do Antigo Egito, proprietário daquele outro Grande Rio Sagrado, o Rio Nilo Fermoso Adorado na Época da Fartura de Trigo, vejo as Tumbas Memoráveis dos Faraós Memoráveis, mas sofro e choro quando a seca vem e acaba com os grãos de trigo que darão o pão, e o Povo Antigo sofrendo, sofrendo, o Povo da Antiga Nação implorando a seus deuses muita proteção, a abundância voltando a reinar no Egito pelas mãos de José Neto DeLabão ― óh! Assinalado José dos Hebreus!, salve o Brasil da Fome Voraz! ―, aquele José tão amado pelo Deus de Abraão, ele foi vendido pelos próprios irmãos ao Faraó divinizado, tornou-se escravo maltratado, depois, foi transformado em seu braço direito, poderoso, o Deus dos Hebreus jamais o abandonou e fez dele um Grande Adivinho, sim! Senhor!, e o José do Egito, o José dos Hebreus, salvou a Nação da fome feroz, guardou os grãos preciosos para o momento mais crítico da fome implacável, José do Egito soube estocar e guardar; e o povo aceitou seu inteligente comando; o José do Egito não roubou os egípcios, não roubou o povo que o adotou e amou, não! Senhor!, na época da fome distribuiu a farinha, antes guardada nos celeiros reais, o povo egípcio não morreu de fome; época incrível, meu Deus!, os governantes egípcios se preocupavam com o povo!; neste Anno de 1999, não sei não!, aqui, no meu Brasil Varonil, neste início de 1999, não sei não!, mas, como eu ia dizendo, vou viajando na Carruagem do Sonho Doloroso, que pena! meu Sonho do Agora não é um Sonho Fermoso!, vejo o Sertão do Brasil Varonil, o Povo Infeliz do Sertão Sem-Tostão morrendo de fome na seca inclemente, não tem José do Egito aqui para resolver a questão, o Povo da Seca, neste início de 1999, preste atenção!, espera o Sertão virar Mar, os peixes do mar invadindo o Sertão, se o Sertão virar mar, a fome acabará, o Pobre do Brasil Varonil terá peixe em perene abundância na refeição, mesmo sem pão, a água salgada matará a sede terrível, o Sertanejo do Brasil Varonil transformará a água salgada em água doce tratada, descobrirá com certeza uma engenhoca pós-moderna para retirar o sal da Água Encantada do Mar do Sertão, fará a água salgada se tornar água doce bebível, o Sertanejo, neste início de 1999, preste atenção!, espera o Maná, o maná cairá do Céu do Brasil Varonil quando a seca chegar; porém, maná que é maná não existe acá no Reino do Ão e do deusdará, se existir maná, o rico o venderá, um rico qualquer registrará o maná do Sertão Nordestino, fará com que o maná seja de sua propriedade e venderá o maná aos pobres coitados de lá, até os ossos raspados de animais consagrados são comercializados no Mundo Global, se transformam em farinha, têm muito cálcio para fortificar os ossos dos Homens Ricaços, a farinha de ossos vai mesmo é para a mesa do rico, agora, só os ricos comem farinha de ossos, o pobre não tem direito à nutritiva farinha de ossos, a farinha de ossos é um alimento caríssimo, tem muito cálcio, é saudável, nem mesmo os ossos sobraram para os pobres terráqueos sem-eira-nem-beira, aqui no meu Brasil Varonil, neste Final de Segundo Milênio; as pelancas de carne antigamente nada valiam, hoje valem muito dinheiro; tudo agora é vendido na Terra do Ão!; as sobras de carne, no passado, eram distribuídas aos mendigos da rua, agora, salgadas e ensacadas, em bellíssimas embalagens atraentes, atraem os fregueses, perdão!, os Clientes dos Grandes Maravilhosos Hipermercados, Imensas MegaLojas de arrepiar os cabelos praláde compridos, as ditas pelancas de carne são vendidas para o hiper endinheirado consumidor, o consumidor rico, meu Futuro Leitor, os pedacinhos de sobras de carne, salgadas e ensacadas, agora vão para a mesa do sabido ricão, os ricos compram pedacinhos de sobras para a feijoada ou para colocar na sopa do Domingão do Faustão, agora, neste início de 1999, é chique comprar sobras de carne, nem as sobras sobram mais para o trabalhador sofredor, aquele trabalha, trabalha, trabalha, nem mesmo as sobras de carne salgada ele pode comprar, agora (não s’esqueça jamais!, início de 1999), no Brasil Varonil, é chique comprar sobrinhas de carne bellamente ensacadas nos Hipermercados, enquanto isto o dinheiro altaneiro sobra no Banco dos Grandes Onzeneiros e Milhardeiros e Bilhardeiros e Mega Megatrilionários do Reino da Ilusão e do Ão, o dinheiro do rico onzeneiro, quero dizer, Leitor!, as sobras se transformaram em comida de rico neste final de Século/Milênio famigerado famoso (olhe a redundância da ganância, Leitor!), os Mestres-Cucas de Comidas Malucas da Televisão Mundial e do Brasil Varonil que o digam, não mais se oferecem sobras de comida aos desamparados famélicos, agora (final do Século XX, 1999, prest’atenção!), tudo se reaproveita, com muita paixão!, para o dinheiro render no Bolso do Rico Patrão, não se reparte mais o Pão Consagrado e o Vinho Abençoado na Terra do Ão,

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