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terça-feira, 21 de setembro de 2010

A AUTORIDADE DO DOM SOBRENATURAL

NEUZA MACHADO



A AUTORIDADE DO DOM SOBRENATURAL

NEUZA MACHADO


Esta segunda fase/face do personagem Nhô Augusto (Guimarães Rosa, A Hora e Vez de Augusto Matraga) se assimila, sob diretrizes weberianas, à "autoridade do dom da graça" (um personagem oriundo do "ontem eterno" agora benevolente (com os sertanejos mais necessitados), amigo, repleto de dons advindos de uma dimensão suprafísica).

"Por sorte, um preto que morava na boca do brejo viu quando o corpo de Nhô Augusto caiu precipício abaixo, e viu também quando os capangas do major se afastaram. O preto e sua mulher encontraram vida no corpo maltratado e procuraram fazê-lo recuperar-se.

No princípio, nos raros momentos de lucidez, pedia que o matassem; mas, aos poucos, quis viver. Enquanto se recuperava podia pensar."

Sobretudo, pensar. Não é pelo pensamento que o homem reencontra seus poderes perdidos? O homem que pensa, possui poder. Observem os intelectuais. Pensar é o início do poder. Pensar e saber.

O personagem começa a pensar em uma nova forma de reestruturar-se. A seguir, faz-se necessário defender-se contra o espaço (o mundo com suas fortes ideologias) e os acontecimentos (imprevisíveis), mas o espaço social de meados do século XX, nesta etapa da narrativa, escamoteia tal pretensão, impondo-lhe a substância religiosa que sobrevive sob diversos matizes no sertão.


MACHADO, Neuza. O Narrador Toma a Vez: Sobre A Hora e Vez de Augusto Matraga de Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: NMachado, 2006 – ISBN 85-904306-2-6

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