Fotografia de Joana Martins (Jane Mamãe) aos 45 anos
DE VOLTA PARA O PASSADO: OS SEGREDOS DA CULINÁRIA MINEIRA DE ODISSÉIA MARIA
NEUZA MACHADO
Então, quomodo estava a dizer-lhe em nossa conversa de ontem, desde o meu nascimento em uma data qualquer do Final de Novembro de Meados do século XX, eu, Odisséia Maria, vi-me envolvida com a arte de alimentar-me muito bem. Só para Vocês terem uma idéia, pendurei-me aos seios de minha Jane Mamãe e mamei seu precioso leite, ininterruptamente, até aos Sete Annos. Ocorre que Jane Mamãe era uma camponesa saudável, uma descendente de Valerosos e Imortais Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais (meu Papai Antônio Aquileu também). Então afirmo-lhes: Minas Gerais é uma região mítica, mágica, sem-igual no Mundo Global, localizada na parte Leste do Brasil Varonil, e, assim, Jane Mamãe aguentou, com incomparável galhardia mineira, o apetite descomunal de sua excêntrica filhinha.
Quomodo Vocês já notaram, nasci em um Alto de Serra Of Hinterland de Minas Gerais (aqui, em minha Pátria Natal-Brasil, neste Anno de 2001 - não s’esqueça do Anno: estou a escrever-lhe em 2001 -, adoramos os idiomas estrangeiros, aliás, adoramos os idiomas estrangeiros desde o Anno de 1995) e, portanto, possuo o conhecimento dos segredos inumeráveis, mitológicos, sobre culinária, ervas, simpatias e muito mais, que estavam e estão ainda guardados a sete chaves pelas Matriarcas Mineiras. Aprendi as Sigilosas Receitas de Minas Gerais com minha Avó Justiniaña de Ogiges, descendente da lendária Calipso, aquela que muito amou o navegador grego Ulisses, o Eversor de Cidades, (minha Avó Justiniña era também parenta distante do Centauro Quirón; talvez, uma tataraneta, não tenho certeza!). Foi graças a essa minha inesquecível Avó Camponesa (entretanto, muito Lady, uma senhora da roça mui fidalga à moda portuguesa), a poderosa Maga Quiromântica Justiniaña, neta de uma portuguesa de olhos glaucos, misteriosos, oriunda da indescritível Ilha de São Miguel, aquele Arcanjo Poderoso, que Jane Briseides Mamãe, filha de Emiliano de Brises, teve a feliz idéia de batizar-me, nas águas eternais do Rio Carangola, com o nome de Odisséia Maria.
Depois destas explicações, mui necessárias, e antes de revelar-lhes os meus Segredos da Incomparável Cozinha de Minas Gerais-Brasil, gostaria de dizer-lhes que esta minha predileção por Culinária (incluindo a minha vocação para literatura) já havia sido pressagiada pelos Astros que presidiram o instante, aquele espaço pequeníssimo ― mas indeterminado ― de tempo, de meu nascimento. Naquele momento, a Lua estava a 19o graus do signo de Sagitário, em minha Casa Dois do Dinheiro VagaMundo, se penso em meu Ascendente a 21o do signo de Escorpião. Ocorre que o meu Sol de Nascimento estava a 3o de Sagitário, na Casa Um, compartilhando com Escorpião o privilégio de também direcionar a minha vida interior práláde agitada. Por esta razão, o meu signo de nascimento sempre se imiscuiu na Casa Um do Ascendente e, também, na Casa Dois do dinheiro volátil, a bagunçar para sempre as misteriosas exigências de vida de meu misterioso Ascendente. Também por esta razão, a minha paixão por Horizontes Dilatados, sem preocupações existenciais, quomodo as preferências dos sagitarianos sortudos, encontrou, por parte do Ascendente em Escorpião, a intimação, em função de direito suposto, de impulsionar, para minha vida terrena (agitadíssima) uma série de transformações radicais.
Hoje, vou parar por aqui. Amanhã conversaremos mais um pouquinho. Por agora, recebam, Homens e Mulheres do Futuro Brasileiro Sem-Muro, o meu afeto incondicional e um imenso, amplo e carinhoso abraço transtemporal.
ODISSÉIA MARIA, filha de Antônio Aquileu Pelides Papai e Jane de Brises Mamãe, descendentes de Imortais Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma região incrivelmente mágica situada na parte Leste do Brasil Varonil.
P.S.: Junto a esta Cartinha escrita em Novembro do Anno de 2001, envio-lhes mais uma deliciosa receita de Minas Gerais-Brasil (para Vocês do Brasileiro Futuro Sem-Muro Repleto de Fartura, fartura para todos sem distinção e, principalmente, um Futuro Brasileiro Sem Xenofobia). Experimentem! É uma receita fácil! Tenho plena convicção que Vocês vão apreciar! (Por favor, sejam gentis brasileiros e repassem a receita de Minas Gerais também para os amigos estrangeiros).
COSTELINHA DE PORCO COM CANJIQUINHA DE MILHO E MOSTARDA
1k de costelinhas de porco
½k de canjiquinha de milho (amarelo ou branco)
Folhas de mostarda/verdura (não confundir com creme de mostarda para sanduíches)
2 cebolas médias (cortadas batidinhas)
1 colher (das de sopa) de óleo de cozinha
4 dentes de alho (2 dentes para temperar as costelinhas e 2 dentes para o refogado)
1 cálice de cachaça da roça (optativo)
1 colher (das de chá) de pimenta-do-reino
½ colher (das de chá) de pimenta malagueta (optativo)
Sal (o suficiente para temperar as costelinhas e a sopa-creme de canjiquinha)
Cebolinha verde (para enfeitar)
Modo de fazer:
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